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LISTA DE ABREVIATURAS

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

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3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

A natureza complexa, unitária e integral do processo de ensino- aprendizagem e as caraterísticas gerais da atividade do professor decorrem num contexto balizado pelas condições gerais do sistema educativo, pelas condições locais da educação e pelas condições mais próximas da relação educativa, exigindo uma integração e interligação das várias áreas e domínios a percorrer no processo de formação e, em particular, no EP. Mialaret (1991) apresenta os três grupos de fatores que condicionam a educação da seguinte forma:

- Condições gerais da Educação/Instituição - têm interferência direta sobre as situações de educação e a própria relação professor – aluno, tais como: tipo de sociedade (a história, os aspetos económicos, sociais, políticos), sistema de educação, programas gerais e particulares, métodos e técnicas pedagógicas, arquitetura da escola, recrutamento e formação dos professores.

- Condições locais das situações de Educação - referem-se a uma escala mais local, na qual podem ser analisados três aspetos: local onde se encontra o estabelecimento de ensino, os meios familiares, o nível socioeconómico e cultural; estabelecimento de ensino – as suas particularidades arquiteturais e pedagógicas; equipa docente – uma equipa de professores competentes e colaboradores, pode marcar a diferença na qualidade de uma escola.

- Condições da relação educativa - são alusivas à turma, sala de aula, professor e relação grupo – turma e aluno.

Podemos então concluir que a intervenção do professor será sempre marcada pela missão da educação no país e em particular o papel da EF, pela forma que a escola é regulamentada e pelo contexto da comunidade escolar em que atua e suas caraterísticas e necessidades. Obter um conhecimento situacional aprofundado relativo à própria instituição de ensino em que atuamos torna-se imperativo para o desenvolvimento de um ensino de qualidade.

Por conseguinte, atendendo a esta importância, efetuar-se-á neste capítulo uma caraterização do contexto onde decorreu toda a PES, tentando

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não realizar uma descrição exaustiva dos contextos específicos da ação pedagógica, mas sim compreender um conjunto de condições que influenciaram o ato de ensino durante o ano letivo e respetivas repercussões.

Assim, no Enquadramento da Prática Profissional será feito um enquadramento do Macro-contexto, onde se inserem questões como a “Importância da Educação na Atualidade” e o “Papel da Educação Física”. A opção por estes temas resulta fundamentalmente das experiências vividas ao longo do processo de estágio e que me fizeram sentir o valor das mesmas no âmbito deste projeto e da minha atuação enquanto estudante estagiário de EF. Ainda num âmbito concetual reservei a abordagem da “Importância do Programa Nacional de Educação Física” e da “Importância do Documento de Organização e Gestão do Departamento de Educação Física” para o capítulo seguinte, Realização da Prática Profissional, por entender que é nessa parte que a análise desses temas é mais assertiva e pertinente.

De seguida, ciente da importância que o conhecimento do contexto em que se atua tem para que a nossa intervenção na comunidade escolar contenha um verdadeiro sentido educativo, apresentarei breves descrições sobre as caraterísticas do “Micromeio”, da “Escola Secundária das Laranjeiras”, do “Complexo Desportivo das Laranjeiras”, do “Departamento de Educação Física”, do “Laranjeiras Clube” e do “Núcleo de Estágio Profissional”.

Por fim, no “Micro-contexto”, demonstrando as condições que influenciaram a relação educativa, caraterizarei a “Turma” e demostrarei a “Importância das conclusões que advêm da caraterização da turma”.

3.1 - Macro-contexto

A educação é hoje unanimemente considerada como um dos principais veículos de socialização e de promoção do desenvolvimento individual. Inserindo-se num contexto histórico, social e cultural amplo, os sistemas educativos acabam por ilustrar os valores que orientam a sociedade e que esta pretende transmitir.

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3.1.1 - Importância da Educação na atualidade

Segundo Freire (1979, p.14) “a educação tem um caráter permanente. Não há seres educados e não educados. Estamos todos nos educando. Existem graus de educação, mas estes não são absolutos. O homem, por ser inacabado, incompleto, não sabe de maneira absoluta.”

Delors (1999) defende que a educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. É claro que estas quatro vias do saber constituem apenas uma, dado que existem entre elas múltiplos pontos de contacto, relacionamento e permuta.

Quando falamos em educação, referimo-nos a um fenómeno que pode acontecer em toda a parte e que as influências educativas podem ocorrer sem serem planificadas, ao qual designamos por educação no sentido lato. Esta remete-nos para pessoas, para situações, para factos, para experiências, que de algum modo nos educam. No entanto, quando falamos no sentido restrito, referimo-nos à educação planificada para desempenhar um papel específico, por exemplo, a educação escolarizada, onde se estabelecem relações interpessoais, nas quais pessoas com níveis superiores de educação exercem conscientemente influências sobre outras. A atividade educativa carateriza-se então por uma ação consciente, organizada, participada e coerente. Há uma parceria entre o educador e o educando, na medida em que há um objetivo comum, fundamentado nas obrigações sociais e profissionais (Bento, 1995).

A sociedade vive mergulhada num caos de problemas e angústias (pobreza, fome, violência, falta de saúde, famílias desajustadas), em consequência das constantes medidas políticas, económicas e culturais implementadas ultimamente pelos órgãos de soberania e outros organismos de poder. Tudo isto acaba por se repercutir na vida do homem (os nossos alunos, pais e auxiliares educativos são exemplos disso mesmo) e em todas as áreas,

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inclusive na educação. Por outras palavras, a crise da sociedade expressa-se fortemente na educação.

Neste contexto, e apesar da continuada desvalorização da classe profissional docente, levando, por vezes, a um desincentivo pela profissão, verifica-se que a importância e a responsabilidade dos professores como educadores têm vindo a aumentar significativamente nos últimos tempos. Assim, cabe a nós, enquanto profissionais da educação e independentemente dos recentes percalços desta profissão, acreditarmos que a nossa intervenção é preponderante e, possivelmente, decisiva nos dias de hoje. Independentemente de todas as condicionantes, é nosso dever exercer um papel educativo de qualidade, competência e profissionalismo.

3.1.2 - Papel da Educação Física

A escola tendo uma enorme importância na educação dos alunos, a EF também contribui para essa mesma função. Contudo, os últimos tempos têm sido de grandes desafios para os profissionais da EF no que se refere à afirmação da sua importância enquanto disciplina escolar. De facto, para além do ceticismo instalado em relação aos resultados e à qualidade da formação dos professores, a EF tem também enfrentado uma enorme desconfiança quanto à sua relevância educativa. O último exemplo dos constrangimentos pelo qual a disciplina tem vindo a atravessar, foi a publicação do decreto-lei n.º 139/2012 em Diário da República, estabelecendo que a nota de EF deixará de contar para todos os alunos matriculados no ensino secundário após o término do ano letivo 2014/2015.

Como tal, para vencer o desafio que tal cenário nos coloca, urge a necessidade de ter sempre presente os valores que autenticam a importância e o papel da EF enquanto disciplina escolar.

Matos & Graça (1991) afirmam que disciplina de EF tem um papel privilegiado e insubstituível na promoção e criação de hábitos de vida saudáveis, pela criação dos pressupostos para a aquisição de um estilo de vida ativo, impondo-se esta promoção como meta de qualquer sistema educativo, dado que muitas crianças não terão na sua vida outra oportunidade de praticar

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atividade física organizada e regular, a não ser nas experiências proporcionadas em aulas de EF.

Segundo Crum (1993) existem três papéis principais da EF, sendo eles a estruturação do comportamento motor, a aquisição de condição física e a formação pessoal, cultural e social, derivando todos eles da sua principal função – ensinar.

Para Bento et al. (1999), o argumento central a favor da importância da EF e da sua presença na escola justifica-se por ser a única disciplina que trata preferencialmente a corporalidade. Por conseguinte, a EF reflete o modo como o sistema educativo entende o corpo e como concebe a sua formação. Podemos mesmo afirmar ainda, de acordo com o mesmo autor, que a EF representa o modo como o sistema educativo intervém na construção e configuração de uma importante dimensão humana – o corpo.

Continuando com a perspetiva de Bento (1995), o desporto sendo conteúdo da EF, emana uma natureza profundamente educativa porque contém na sua essência ideais, valores, normas, regras, atitudes, desafios, exigências e metas. Surge então, como cultura de relações, condutas humanas e códigos do trato humano, postos à prova no jogo e na competição.

A conceção da EF apresentada nos Programas Nacionais centra-se no valor educativo do desporto pedagogicamente orientado para o desenvolvimento multilateral e harmonioso do aluno. Pode-se definir como a apropriação das habilidades técnicas e conhecimentos, na elevação das capacidades do aluno e na formação das aptidões, atitudes e valores, proporcionadas pela exploração das suas possibilidades num desporto adequado – intenso, saudável, gratificante e culturalmente significativo. O desporto, “materializado” na escola por via da disciplina de EF, ensina também o aluno a superar as suas limitações. No desporto é possível aprender que no plano ético, estético, espiritual e racional, o Homem não tem limites. Assim, a grande tarefa pedagógica do professor é conseguir transmitir aos alunos que a vitória é somente parte do prazer do jogar e que na derrota há também vitórias. Segundo, Rosado (2009, p.11), “educar através do desporto, pela via da EF, para além do aperfeiçoamento físico e adoção de estilos de vida saudáveis, é

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construir um projeto de educação social, cívica e intelectual, alicerçado em valores da fraternidade, camaradagem, convivência social, respeito e cooperação e contribuir para que cada aluno adquira competências de vida como o autoconhecimento, o autocontrolo, a autorrealização, perseverança, a valorização do esforço, o autoaperfeiçoamento e harmonia pessoal”.

Por tudo isto, entendo que os princípios e valores presentes na EF contemplam mais do que o domínio das habilidades motoras. Subentende-se um projeto que, sim, englobe a aprendizagem de habilidades motoras, mas que seja muito mais do que isso, promovendo uma educação integral, cívica, ética, de desenvolvimento de competências de vida aplicáveis para além do âmbito do desporto.

3.2 - Micromeio

A ilha de São Miguel é a maior do arquipélago dos Açores, tendo uma superfície de 746,82 km² e uma população a rondar os 130.000 habitantes. É composta por vários concelhos, nos quais se incluí o de Ponta Delgada. Esta, com mais de cinco séculos de existência, foi elevada a cidade a 2 de abril de 1546 e possui atualmente uma área 231,90 km² e cerca de 69.000 habitantes. É nesta cidade, mais concretamente na freguesia de São Pedro, que se encontra localizada, a 3 km a nordeste do centro, a ESL.

3.2.1 - Escola Secundária das Laranjeiras

A ESL foi inaugurada a 17 de dezembro de 1986 e programada para uma capacidade máxima de 1260 alunos, principalmente, com residência nas freguesias Fajã de Baixo, São Roque, Livramento e São Pedro.

É constituída por 152 docentes, 2 psicólogas, 1 chefe de serviços de administração escolar, 11 assistentes técnicos e 43 assistentes operacionais e tem como uma das suas principais caraterísticas, a diferenciação dos espaços das salas de aula e laboratórios dos restantes espaços mais públicos. Na figura seguinte pretende-se ilustrar de forma simples os espaços da escola:

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Rés-do-chão 1º Andar

• Gabinete dos Servidores da Escola • Biblioteca

• Instalações dos Serviços Administrativos • Instalações do Conselho Executivo • 2 Armazéns de Consumíveis • 8 Salas de Aula • Anfiteatro • Refeitório/Cozinha • Sala de alunos • Papelaria/Pré-pagamento • Bufete de alunos

• Sala de Educação Tecnológica • Sala de Estudo

• Laboratório de Física com 1 anexo

• 2 Laboratórios Biologia/Geologia com 2 anexos

• Laboratório de Química com 1 anexo • Sala de pesagens dos Laboratórios • 2 Salas de Informática

• 2 Gabinetes de Departamento • 1 Pátio interior coberto • Gabinete da telefonista

• Gabinete do Encarregado Pessoal Não Docente

• Sala de Pessoal não docente

• 26 Salas de Aula • 1 Sala de Professores • 1 Sala de Reuniões

• 2 Salas de Educação Visual

• Gabinete Informática Professores/Diretores Turma

• Gabinete Atendimento Encarregados de Educação

• Gabinete Psicóloga/Ensino Especial • Gabinete Psicóloga

• Armazém da Secretaria • 8 Gabinetes de Departamento • 1 Sala de Informática

• Instalações sanitárias para pessoal docente • Bufete de Professores • Arrumos • Reprografia • Sala de Encaminhamento Disciplinar/Sala de Associação de Estudantes

Figura 1: Instalações da ESL.

Através do meu primeiro contacto com a escola e da leitura cuidada do Projeto Educativo da ESL, fiquei elucidado sobre as caraterísticas anteriormente apresentadas. De seguida, apresento parte da reflexão sobre o primeiro dia naquele que se viria a tornar como o meu local predileto ao longo deste último ano, a ESL:

“As memórias deste primeiro dia estão ainda bem vivas dentro de mim. Tal como combinado, pelas 09:00 dirigi-me ao pavilhão do Complexo Desportivo das Laranjeiras para reunir com o professor cooperante. (…) o qual tive oportunidade de finalmente conhecer. Este efetuou-me uma visita guiada pela ESL/Complexo Desportivo das Laranjeiras, apresentando-me a toda a comunidade escolar (auxiliares educativos, conselho executivo, coordenadora de departamento, professores no geral e colegas estudantes estagiários). A primeira impressão foi excelente a todos os níveis, antevendo excelentes condições para realizar o meu EP. Saliento ainda, que apesar do nervosismo que reinava em mim neste primeiro dia, tentei abstrair-me do mesmo e

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absorver o máximo de informações uteis e pertinentes para o futuro. Diário de Bordo - 1º Contato com a ESL.

Neste momento, fazendo uma análise ao texto escrito na altura, posso constatar que as minhas primeiras impressões não foram defraudadas ou deturpadas. De facto, tive sempre ao meu dispor excelentes condições de trabalho a todos os níveis. A ESL para além de possuir excelentes instalações para a EF, tema que será abordado mais à frente, caraterizou-se por um ambiente acolhedor, de união e, simultaneamente, de rigor.

A recetividade e o apoio dado aos estudantes estagiários, onde a maioria já conhece as particularidades do trabalho exigido ao “professor” estagiário, foi excelente. Poderei mesmo afirmar que uma das mais-valias deste segundo EP terá sido a oportunidade concedida pela ESL, e correspondente comunidade escolar, para vivenciar e perceber a panóplia de assuntos que envolve a escola.

3.2.2 - Complexo Desportivo das Laranjeiras

As aulas de EF decorrem num espaço multifuncional anexo à escola designado de Complexo Desportivo das Laranjeiras. Este está, preferencialmente, disponível para as aulas de EF durante o horário diurno das 08h30 às 17h30 e possui uma gestão autónoma efetuada pelos Serviços do Desporto da Ilha de São Miguel.

De seguida apresento o conjunto de instalações disponíveis para a prática das aulas de EF:

Figura 2: Instalações do Complexo Desportivo.

Interiores Exteriores

- Pavilhão desportivo com ar condicionado e bancada

- Sala de Ginástica (Ginástica de Solo, Aparelhos e Trampolins)

- Sala de Judo

- Sala de Treino Físico e Musculação - Piscina de 25 metros

- Pista sintética de Atletismo

- Polidesportivo exterior com piso em relva sintética (2campos de futebol 5)

- Campo de Futebol relvado 100x64 metros com bancada

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Figura 3: Instalações do Complexo Desportivo - Pista de Atletismo, Piscina, Polidesportivo Ar

Livre e Pavilhão.

A riqueza deste complexo desportivo assenta na quantidade e qualidade das instalações e equipamentos disponibilizados, sendo esta, sem dúvida, um aspeto diferenciador da maioria das escolas do nosso país. Podemos mesmo afirmar que estão reunidas condições muito próximas das ideais para a prática pedagógica da EF.

3.2.3 - Departamento de Educação Física

O departamento de EF é constituído por 14 docentes, sendo a sua maioria efetivos na ESL, o que por si só espelha o elevado grau de experiência presente no seio do grupo. É um grupo coeso, dinâmico, trabalhador e aberto sempre à discussão de diferentes ideias com vista ao progresso. De salientar ainda, o espírito de colaboração que demonstraram e a disponibilidade para partilha de informação e experiência de ensino para com os estudantes estagiários.

Após um ano de contacto diário, estou ainda mais convicto do que o profissionalismo dos docentes que constituem o grupo de EF e o rigor com que

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encaram a profissão e a disciplina, são, certamente, qualidades que muito contribuem para a competência que lhes é reconhecida na escola.

3.2.4 - Laranjeiras Clube

O Laranjeiras Clube, com sede na escola, é um clube desportivo escolar com o objetivo da promoção de atividades recreativas, desportivas e culturais. Através da minha integração neste, tive a possibilidade de desenvolver diversas atividades pelo núcleo de Ar Livre e Exploração da Natureza, em colaboração com a minha colega de estágio R.F., com sessões às quintas- feiras das 14:00 às 15:30 e sextas-feiras das 15:30 às 17:00. Apraz-me ainda dizer, que foi iniciado o desenvolvimento de um núcleo de Voleibol com sessões às quartas-feiras das 16:00 às 17:30 e às sextas das 14:00 às 15:30. Contudo, devido à falta de assiduidade dos alunos inscritos, houve a necessidade de encerrar o mesmo em janeiro de 2012.

3.2.5 - Núcleo de Estágio Profissional

A ESL recebeu durante este ano letivo dois núcleos de EP provenientes da FADEUP, tendo sido os mesmos atribuídos a diferentes professores cooperantes. No meu caso específico, fiquei inserido no núcleo 2 juntamente com os meus colegas estudantes estagiários D.V. e R.F, sobre a orientação do professor cooperante L.P.V.

Convicto que o ambiente criado em volta do núcleo de estágio no EP é um fator preponderante para o atingir dos objetivos propostos, confesso que tive algum receio inicial por não saber com quem iria trabalhar. Contudo, e à posteriori, posso afirmar que me identifiquei com espirito de coesão, trabalho e união que reinou durante todo o ano letivo.

3.1.3 - Micro-contexto

Compreender o micro-contexto é um dado necessário para o professor e, provavelmente, a base da sua atuação no desenvolvimento de um ensino consciente, individualizado e de qualidade. De facto, a realização do estudo da turma no início do ano foi importante para o conhecimento dos meus alunos,

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não apenas no contexto escola/aula, mas também fora dele. Esse aprofundamento das caraterísticas da turma foi decisivo na compreensão de certas atitudes tomadas pelos alunos ao longo das aulas, na minha atuação perante as mesmas e, consequentemente, na melhoria e aperfeiçoamento da interação inerente a todo o processo ensino-aprendizagem.

3.1.3.1 - Importância das conclusões que advêm da caraterização da turma

O professor aquando do planeamento e preparação do ensino deve conhecer “o mais exatamente possível as situações concretas da vida dos seus alunos (…) deve preocupar-se com a esfera direta da vida e dos interesses dos alunos” (Bento, 2003, p. 74).

Partindo deste entendimento, a caraterização pormenorizada dos alunos da minha turma e respetivas conclusões recolhidas, possibilitaram, sem dúvida, um conjunto de informações úteis e pertinentes para a minha atuação durante as aulas.

A elaboração da caraterização da turma foi realizada no início do ano letivo através da aplicação do “Questionário Individual do Aluno” e, respetiva, recolha das informações presentes no mesmo. As questões foram intencionalmente selecionadas para que dessem resposta apenas aos possíveis assuntos com ligação direta à aula de E. F.

A turma do 12º ano era constituída por 15 alunos, 4 do sexo feminino e 11 do sexo masculino. Esta diferença substancial entre os sexos permitiu-nos perceber que não existia homogeneidade relativamente a este parâmetro, tendo sido esta conclusão determinante durante a abordagem de algumas modalidades, tais como, Futebol, Voleibol e Danças Sociais. Esta mesma afirmação pode ser comprovada através do exemplo vivenciado na aula de Futebol. “É de salientar ainda a forma como estruturei as equipas previamente. Apesar de não ter sido a forma pedagógica mais correta relativamente aos diversos níveis de jogo que a turma apresenta, considero que foi assertiva e adequada em termos de sexos. Assim, optei por dividir as 4 raparigas que a turma possui pelas 3 equipas efetuadas, bem como introduzir a regra de passar

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a bola pelo elemento feminino antes de se marcar golo. Sendo o futebol uma das modalidades que, preferencialmente, os rapazes evitam jogar com as raparigas, encaro que as estratégias adotadas ajudaram, de certa forma, a prevenir o exacerbar estereótipos de sexo que poderia vir a acontecer e, consequente, desmotivação dos elementos femininos (Reflexão da aula nº19 e nº20).”

A média de idades da turma era aproximadamente 19 anos, três alunos

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