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LISTA DE ABREVIATURAS

2. ENQUADRAMENTO PESSOAL

11 2. ENQUADRAMENTO PESSOAL

O estudante estagiário é um sujeito ativo que aprende a ser professor sendo, desde logo, influenciado pelo seu percurso biográfico e pelas suas conceções explícitas, ou não, do seu papel como professor.

Tratando-se de um processo pessoal e idiossincrático, este poderá assumir distintos contornos e ter diferentes epílogos, variando consoante as caraterísticas dos formandos e os contextos em que o seu desenvolvimento tem lugar. A grande variabilidade intra e interindividual observada define-o como um desenvolvimento em espiral (Alarcão & Tavares, 2003). É na sinergia e na conflitualidade entre as diferentes dimensões do funcionamento do indivíduo, em interação com todo um conjunto de variáveis contextuais, que o desenvolvimento ocorre (Machado, 1996, citado por Caires, 2003).

Segundo Maynard (1990) entre os fatores pessoais constam aspetos como a biografia do sujeito, as suas necessidades individuais ou as suas caraterísticas psicológicas (personalidade, autoconceito, autoestima e sentido de autoeficácia). “Igualmente importante é o sentido de controlo detido pelo estagiário em relação ao EP, no sentido de gerir os recursos pessoais, em termos de personalidade, da forma como encara o momento de estágio, expetativas em relação à profissão e a si próprio como professor, o apoio recebido em termos de supervisão (nível técnico, instrumental e emocional) e o ambiente do trabalho e da escola onde o estágio tem lugar, funcionando como um poderoso mecanismo de redução do sentido de ameaça por vezes vivenciado” (Caires, 2003, p.163).

Poder-se-á dizer então que o EP é um processo marcado pela individualidade do estudante estagiário, assumindo caminhos distintos em função das caraterísticas próprias de cada formando e de cada contexto em que decorreu o seu desenvolvimento.

Essa individualidade terá sem dúvida influência nas expetativas e objetivos que cada um pode estabelecer nesta fase particular da formação de professores, assim como o significado que lhe será atribuído para a construção da sua própria identidade profissional.

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Deste modo, mais do que realizar uma descrição detalhada e pormenorizada, demonstrando quem sou, quais as minhas origens e principais caraterísticas, qualidades e defeitos, entendo que neste ponto é essencial compreender de que forma, tudo aquilo que me carateriza e distingue pode influenciar a minha forma de pensar e atuar durante a minha atividade como professor de EF.

Finalmente, alerto que neste capítulo será efetuado desde já o desenvolvimento de alguns temas (Ser Professor, Ser Estudante Estagiário, Ser Professor Reflexivo e Ser Professor Eficaz) que à partida se esperaria encontrá-los dentro do Enquadramento da Prática. Porém, esta opção justifica- se por considerar que as ilações retiradas da minha identificação, percurso biográfico e espetativas pessoais relativamente ao EP, conduzem naturalmente à minha visão de Ser Professor.

2.1 - Identificação e percurso biográfico que conduziu ao segundo Estágio Profissional

Segundo Gori (2001, p.2), “para se analisar a inserção profissional de um professor iniciante é necessário considerar os fatores que interferiram no seu processo de adaptação ao contexto escolar, como por exemplo a história de vida de cada professor.”

Neste sentido, pode-se afirmar que para se perceber as opções pela carreira de professor, no caso particular de EF, torna-se essencial a compreensão dos aspetos que influenciaram essas mesmas opções, de entre eles, destacando-se o seu percurso de vida e formação académica.

Para Nóvoa (2009, p.3) a “profissionalidade docente não pode deixar de se construir no interior de uma pessoalidade do professor.” Podemos então perceber que, para além de ser impossível separar o eu profissional do eu pessoal, a identidade não é um dado adquirido e estagnado, mas sim um lugar de lutas e conflitos, um espaço de permanente construção de formas de ser e estar na profissão. Esta configuração de identidades passa pela construção da história pessoal e profissional, precisando de tempo para refazer conceções, acomodar inovações e assimilar mudanças.

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Perceber então quem sou e como cheguei aqui, é o ponto de partida para perceber o porquê das minhas ações, crenças e atitudes. Ao apresentar brevemente o meu percurso de vida pretendo transmitir de que modo essa trajetória contribuiu para as minhas opções e conceções, atendendo a que a preferência por esta profissão está certamente marcada pelas minhas vivências passadas.

Nascido a 16 de agosto de 1983, vivido e criado no seio de uma família açoriana de classe média – baixa, desde cedo fui confrontado com a exigência de vida e com a importância de sermos nós próprios a lutar e a transcendermo- nos para construir o nosso percurso. Pelas reduzidas possibilidades financeiras e caraterísticas inatas dos meus pais, nunca fui habituado a excessos ou grandes bens materiais, mas tive sempre a felicidade de ser presenteado com uma boa educação.

O meu percurso desportivo começou desde cedo (8 anos), mais concretamente no Futebol Clube Velense. Desde essa altura que o fator competição induziu-me a agir por mim e a lutar por ser o melhor, sim o melhor, não porque tenha qualquer sentido de superioridade ou prepotência, mas porque considero que tentar ser o melhor é uma condição indispensável em qualquer campo da nossa vida, tal como o oxigénio o é para a vida.

À imagem do que se sucedia no campo de treino, local de esforço, aperfeiçoamento e superação, a transferência destas caraterísticas foi automática para o campo escolar. A incessante busca por mais e melhor e aliado ao meu espírito de sacrifício e de competitividade, proporcionava-me, por um lado, a diferença relativamente aos meus colegas e, por outro lado, o reconhecimento dos meus treinadores e professores. De facto, penso que a vivência desportiva permitiu-me aprendizagens importantes para a vida, e para o desempenho da minha profissão, visto que ser Professor nos dias de hoje é porventura uma das “tarefas” mais complicadas e difíceis, implicando indiscutivelmente uma formação moral e volitiva sólida para ultrapassar os contextos e situações adversas da atualidade.

Em 2001, na altura com os 18 anos acabados de serem completados, fui obrigado a abandonar o meu “ninho” e a partir rumo ao Porto e à FADEUP.

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Esta instituição foi sempre a minha primeira opção, por se tratar da faculdade mais conceituada e reconhecida de todo o país. Foi aí que começou a caminhada para o meu objetivo claramente definido: Ser Professor de EF.

Por motivos financeiros, em 2002 e com apenas 19 anos, comecei a dar aulas de musculação e de grupo, tendo disso dado continuidade até aos dias de hoje. A minha entrada nesta área foi indubitavelmente o fator decisivo para que no término da minha licenciatura (2006), optasse por não regressar aos Açores, mas sim dar continuidade à minha carreira profissional no fitness e, consequentemente, permanecer na cidade do Porto.

A minha conceção do “Ser Professor” e, particularmente do “Ser Professor de EF” numa escola, que tinha sido construída e reconstruída sucessivamente ao longo do meu percurso académico, fora-se desvanecendo com o passar dos anos.

Em 2012, em virtude de não conseguir, consecutivamente, ingressar no ramo educacional público, consequência dos frequentes cortes do governo na área da educação, e das condições de trabalho oferecidas pelos Health Clubs se terem deteriorado vertiginosamente nos últimos anos, decidi aproveitar a oportunidade, há muito desejada e procurada, de ingressar no Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário com realização do EP nos Açores.

Era então chegado, uma vez mais, o momento de realizar o EP, sendo desta vez na ESL. Esta foi sempre a minha única e exclusiva opção, dada a sua localização e consequente possibilidade de obter a prioridade no concurso de docentes da região futuramente. “Repetir” o EP implicou, não apenas uma responsabilidade acrescida devido à maturidade, entretanto alcançada pela minha idade, mas também o dever de cumprir, com excecional competência e profissionalismo, todas as tarefas de estágio, ambicionando ser um exemplo para os alunos, colegas de estágio e professores. Só assim, conseguiria, não apenas ser o melhor por o ser, mas tal como referido anteriormente, obter bases fortes e sólidas na reconstrução do meu ser, saber e pensar com vista ao tão desejado objetivo: Ser Professor de EF.

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2.2 - Expetativas pessoais em relação ao Estágio Profissional

No início deste EP foi-me proposto realizar o meu Projeto de Formação Individual (PFI) no qual teria de especificar e expor as minhas expectativas, bem como confrontá-las com as dificuldades que caraterizavam o meu EU.

Efetuar um levantamento inicial das minhas principais expetativas, por vezes confundidas como limitações ou dificuldades pessoais, bem como delinear estratégias e planos de ação para o combate das mesmas foi, inequivocamente, decisivo para um bom desempenho durante a minha intervenção ao longo deste processo. Ouso mesmo dizer, que essa identificação foi determinante para a diminuição e disfarce das minhas limitações, centrando-me fortemente nas estratégias para as ultrapassar.

Neste momento, revendo o que aí foi traçado e efetuando uma análise à distância, consigo compreender como é que essas expetativas se concretizaram ao longo do ano letivo e qual a sua contribuição para a formação da minha conceção de Ser Professor.

De seguida, dividindo em seis áreas relacionadas entre si, apresento as expetativas iniciais e respetivas estratégias delineadas no PFI, bem como os resultados obtidos ao longo do ano letivo.

Na minha turma…

 Expetativa - “ (…) apesar de não conhecer ainda os seus costumes,

comportamentos e atitudes, espero obter uma relação de

companheirismo, carinho, atenção e dedicação, possibilitando um clima propício à aprendizagem”.

Estratégia - “ (…) tentarei sempre manter o respeito, a distância e diferenciação de papéis entre professor e aluno”.

Resultados - “ (…) considero que neste momento mantenho uma boa relação com os alunos, na qual eles percebem as diferenças de posições e respeitam-me como professor, promovendo um clima positivo de aprendizagem (Reflexão da aula nº57 e nº58).”

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Expetativa - “ (…) observei que o nível de desempenho da minha turma de 12º ano é elevado (…) permitir-me-á trabalhar num patamar de excelência, com vista a atingir um conjunto variado de benefícios que a aula de EF acarreta”.

Estratégia - “ (…) planificar exaustivamente as aulas, transformando-as em momentos motivantes e, consequentemente, despoletar nos alunos uma vontade intrínseca de se tornarem desportivamente cultos e intérpretes de um estilo de vida ativo”.

Resultados - “ (…) a minha postura, dedicação e planificação foi recompensada (…) foi visível o empenho e motivação dos alunos

(Reflexão da aula nº75 e nº76). “ (…) foi satisfatório ouvir dos meus alunos o

comentário que estão muito bem preparados fisicamente com as aulas deste ano letivo e que durante o seu trajeto escolar nunca tinham tido um professor tão exigente. Como é óbvio há que saber interpretar e medir as palavras dos mesmos, tendo sempre consciência que nem tudo o que é dito corresponde bem à verdade, que por vezes a memória é curta e que a vontade de agradar o professor do momento é grande. Contudo, é sempre positivo e, de certa forma, reconfortante receber este tipo de feedbacks, reconhecendo o meu empenho e aplicação durante todas as aulas e demonstrando que a minha conceção do que deve ser uma aula de EF, possivelmente, estará a ser aplicada na prática (Reflexão

da aula nº97 e nº98).”

No meu núcleo de estágio…

 Expetativa - “ (…) espero que consigamos manter sempre o espírito de coesão, cooperação e entreajuda, face à elevada carga de trabalho que o EP exige”.

Estratégia - “ (…) a realização de várias tarefas em comum e a observação recíproca de aulas possibilitará uma aprendizagem mútua através dos nossos erros”.

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Resultados - “ (…) para que possa melhorar ou reajustar o processo ensino -aprendizagem na próxima aula, seguirei o conselho dos meus colegas de núcleo de estágio (…) (Reflexão aula nº61 e nº62).”

O professor cooperante…

Expetativa - “ (…) é sem dúvida um dos elementos fundamentais, se não o mais importante para a orientação/sucesso deste EP, (…) dedicado, disponível, profissional, competente e personalidade vincada”.

Estratégia - “ (…) procurarei através das suas orientações e feedbacks pertinentes, realizar uma introspeção exaustiva sobre os erros cometidos e estratégias de ensino/sequências metodológicas para ultrapassar os mesmos”.

Resultados - “ (…) que as alterações introduzidas, sugeridas pelo professor cooperante, surtiram os efeitos pretendidos (…) (Reflexão da aula

nº63 e nº64).” “ (…) os conselhos emitidos pelo professor cooperante foram pertinentes e fizeram todo o sentido, ajudando-me a reduzir o risco de possíveis lesões (…) (Reflexão da aula nº69 e nº70).”

A professora orientadora…

Expetativa - “No que diz respeito à supervisão (…) será realizada pela professora orientadora ao longo de todo o ano (…) detentora de enorme experiência de supervisão de ensino (…) ”.

Estratégia - “ (…) deverei aproveitar e interpretar todos os seus conselhos, com objetivo de aperfeiçoar as minhas valências como professor e educador.”

Resultados - “Hoje coincidiu com a 2ª vinda da professora orientadora à ilha/escola (…) terá como objetivo principal saber como está a decorrer o estágio (…) demonstrou estar numa função de amiga, com vista a ajudar na resolução de eventuais problemas relacionados com as aulas, mas sobretudo apoiou-nos e esclareceu-nos dúvidas sobre a elaboração do estudo e do relatório de estágio (…) (Reflexão da aula nº83 e nº84).

18 O departamento de EF e desporto…

Expetativa - “ O primeiro contacto que tive (…) foi extremamente positivo, dado ao clima de companheirismo e partilha de experiência e informação que existiu entre todos (…) ”.

Estratégia - “ (…) aproveitar toda a disponibilidade demonstrada para aperfeiçoar as minhas competências profissionais através da experiência vivida e consumada deste grupo coeso, empenhado e profissional.” Resultados - “ (…) o grupo de EF desta escola é composto por docentes extremamente profissionais. Aproveitar toda esta sabedoria, competência e profissionalismo e retirar todo o tipo de informações pertinentes para o meu futuro, tem sido um dos meus principais objetivos deste ano. Conviver com professores, para além do meu professor cooperante, como a professora G.P. ou professor F.M. poderá ser difícil de repetir (Diário de Bordo - Reunião do Departamento).”

A nível pessoal...

Expetativa - “ (…) durante este meu interregno da vida académica os hábitos de estudo regular foram-se perdendo (…) ”.

Estratégias - “ (…) o importante nesta fase é não ficar agarrado às minhas lacunas e demitir-me da responsabilidade das minhas limitações, mas sim tirar proveito da minha formação de base e experiência acumulada. Por outro lado, deverei “ (…) aumentar e diversificar o meu conhecimento, renovar e atualizar a minha formação inicial e aperfeiçoar as minhas competências com vista a atingir o sucesso profissional”. Resultados - “ (…) frequentei a ação de formação de Danças Sociais (…) hoje, tive a oportunidade de aplicar pela primeira vez os conhecimentos adquiridos na mesma. (…) para o sucesso desta tarefa contribui ainda a minha experiência no contexto dos ginásios (Reflexão

aula nº35 e nº36).” “ (…) esta predisposição poderá também ter sido sustentada pelo facto de possuir experiência de lecionação de aulas de natação em ginásios e por ter frequentado durante o último ano duas ações de formação de ensino de natação (Reflexão aula nº61 e 62).”“Com o

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objetivo de colmatar estas minhas lacunas iniciais optei, previamente, por visualizar jogos de equipas federadas, elaborar o Modelo de estrutura de conhecimentos (MEC) de Voleibol e estudar com maior afinco a matéria abordar durante as aulas (Reflexão aula nº55 e nº56).”

De acordo com os excertos anteriores, podemos verificar que o levantamento dessas expetativas iniciais e das estratégias delineadas previamente foi extremamente importante para clarificar as próprias exigências e objetivos do estágio e sustentar o modo como atuei.

Contudo, sendo o EP o verdadeiro momento onde podemos operacionalizar todos os conhecimentos académicos adquiridos até então e colocá-los, através da nossa intervenção, ao serviço da prática do dia-a-dia, seria um erro crucial e grave não expor a maior de todas as minhas expetativas para este EP e, consequentemente, projeto de vida: Ser Professor.

2.2.1 - Ser Professor

O papel do professor como agente da socialização tem sofrido relevantes modificações devido à transformação do contexto social. A sociedade presente, marcada pela diversidade e pela pluralidade, exige da escola funções acrescidas no sentido de preparar os jovens para a realidade do futuro concebendo um ensino de qualidade.

Alarcão (1996, p.176) afirma que “os professores desempenham um importante papel na produção e estruturação do conhecimento pedagógico porque refletem na e sobre a interação entre a pessoa do professor e a pessoa do aluno, entre a instituição escola e a sociedade em geral.” Reconhece-se então que o professor só poderá desempenhar de forma condigna a sua missão se tiver tripla competência: no plano do conhecimento, no plano psicológico e no plano psicossociológico (Mialaret, 1991).

Por outro lado, Shulman (1986) enfatiza a dimensão conhecimentos na profissão de professor quando afirma que, Ser Professor implica possuir conhecimentos, quer ao nível da compreensão do que ensina como da forma de o transmitir. Aliás, é o conhecimento pedagógico do conteúdo que distingue

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o professor de uma disciplina de um especialista (não professor) dessa mesma disciplina. O professor, ao contrário do especialista, mais do que possuir os conhecimentos, sabe como transmiti-los, como criar representações nos seus alunos.

Para Siedentop (2000) existem 4 categorias do conhecimento do professor:

- Conhecimento do conteúdo ou da matéria de ensino - está relacionado com a matéria ou modalidade que o professor vai ensinar. É necessário ter um bom conhecimento da matéria de ensino, conseguindo-o através da análise da atividade ou modalidade desportiva em estruturas do conhecimento e integrando categorias mais transdisciplinares. Este conhecimento é a base da qual emergem as restantes categorias do conhecimento, fornecendo a orientação norteadora para planificação do ensino, em que, através do conteúdo delimita-se o objeto, objetivos e tarefas.

- Conhecimento pedagógico do conteúdo - está relacionado com a forma como o professor transporta o conteúdo, a forma como o transmite aos alunos, para que estes percebam, devendo também, saber quais as matérias onde os alunos têm mais ou menos dificuldades. Permite a tradução da matéria para o ensino através de uma abordagem criativa dos programas, é a maneira como o professor interpreta a matéria, na prática, de acordo com as condições que se lhe deparam, capacidade de adaptar a matéria à realidade específica da escola. Por isso, o professor deverá conhecer e compreender a matéria, conhecimento esse que advém de formação académica, experiências pessoais, influência de crenças e valores. O conhecimento pedagógico do conteúdo supõe, por parte do professor um conhecimento dos alunos (vivências, expetativas, dificuldades, crenças, potencialidades, entre outros), dos propósitos de ensino (que refletem os objetivos do processo), do curriculum (atividades e projetos curriculares) e dos métodos/metodologias educativo-didáticas.

- Conhecimento dos contextos do sistema educativo - refere-se ao conhecimento curricular da matéria. Neste conhecimento integram-se a forma como o professor organiza a matéria, os textos a que recorre, as

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contraindicações de alguns exercícios, entre outros. Encontra-se intimamente ligado ao conhecimento pedagógico do conteúdo, sendo que o professor deve conhecer e modificar o conteúdo (adaptação dos materiais) para responder às exigências programáticas. O professor estuda as exigências e escolhe uma metodologia de ensino de acordo com esse estudo, precisa de apreender o nível de conhecimentos e capacidade dos alunos, as exigências do programa são ajustadas às possibilidades destes e à estrutura global das condições. O conhecimento dos contextos do sistema educativo parte do princípio que o professor conhece as normas, as leis, as regras e os princípios subjacentes ao funcionamento da escola no seu geral e da EF em caso particular. Supõe que este conheça os espaços existentes via escola e como estes se organizam ao nível da condição física.

- Conhecimento pedagógico geral - engloba todos os saberes, as informações que refletem o modo como o professor julga que os alunos aprendem. São linhas do professor, não existindo normalmente nenhum tipo de fundamento teórico que as sustente.

As definições anteriores clarificam eficazmente as caraterísticas e exigência da nossa profissão. Contudo, considero que a visão apresentada por Nóvoa (2009) é aquela que melhor se adequa à minha conceção de Ser Professor. Como tal, apresentarei de seguida o conjunto de disposições fundamentais defendidas pelo autor, comprovando simultaneamente com alguns dos exemplos vividos durante a minha prática pedagógica:

- Conhecimento: o importante é, sem dúvida, conhecer bem aquilo que se ensina. O trabalho do professor consiste na construção de práticas docentes que conduzam os alunos à aprendizagem. Assim, o conhecimento corresponde a um conjunto de caraterísticas, capacidades, crenças e valores pessoais do docente que vão ser determinantes na sua profissão. A tomada de decisão é uma caraterística fundamental do professor. Contudo, para tomar decisões é necessário possuir conhecimentos, pois ninguém pensa no vazio, mas antes na aquisição e na compreensão do conhecimento. Como tal, consciente da importância de conhecimentos sólidos para a atuação na prática, investi na

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incessante busca por mais informações sobre a E.F. Isso mesmo encontra-se ilustrado no seguinte excerto. “ (…) no sentido de estar preparado para ensinar e tomar decisões hoje, tive obrigatoriamente que investir num estudo profundo sobre Voleibol e Testes de Aptidão Física. Contudo, não encaro este processo como uma mera obrigação, mas sim como uma tarefa gratificante que possibilitará que a progressão do meu conhecimento. Tenho plena consciência que só assim poderei vir a tornar-me num profissional de EF de excelência

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