• Nenhum resultado encontrado

Relatório de Estágio Profissional - Uma Aventura Decisiva no Meu Futuro Profissional

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Relatório de Estágio Profissional - Uma Aventura Decisiva no Meu Futuro Profissional"

Copied!
224
0
0

Texto

(1)
(2)
(3)

Uma Aventura Decisiva no meu Futuro Profissional

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, com vista à obtenção do grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro).

Orientadora: Professora Doutora Paula Maria Leite Queirós

Leandro Abreu Pereira Porto, julho 2013

(4)

Ficha de Catalogação

Pereira, L. (2013): Uma Aventura Decisiva no meu Futuro Profissional. Relatório de Estágio Profissional. Porto: L. Pereira. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS – CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA; ENSINO; ESTÁGIO PROFISSIONAL; FORMAÇÃO INICIAL; PROFESSOR REFLEXIVO.

(5)

III

DEDICATÓRIA

À minha FAMÍLIA pelo permanente apoio ao longo de todo o meu percurso de vida.

Ao meu filho MARTIM, o qual privei-o da minha presença no seu primeiro momento de vida, por me encontrar nos Açores a realizar este Estágio Profissional.

À minha esposa PRISCILA, que sempre me apoiou em todo este processo, mesmo implicando a minha ausência do nosso lar. Foste, és e sempre serás uma grande mulher.

(6)
(7)

V

AGRADECIMENTOS

Mais que um mero formalismo, aproveito este espaço para agradecer a todos aqueles que, de uma forma direta ou indireta, me acompanharam e apoiaram nas diferentes etapas desta caminhada. Quero manifestar a minha gratidão e o meu muito obrigado de uma forma mais particular:

- À minha família, por todos os ensinamentos e o apoio incondicional. Apesar da distância entre nós ser longínqua, estão sempre presentes.

- A ti, Martim, espero que um dia compreendas que privei-te da minha presença neste teu primeiro ano de vida para te puder proporcionar um melhor futuro.

- A ti, Priscila, porque sei que minha ausência durante este ano implicou, de ti, um trabalho redobrado. Mesmo que a palavra "obrigado" tenha um elevado significado, nunca expressará por inteiro o quanto és importante para mim.

- À professora Paula Queirós, pelo acompanhamento, partilha e sabedoria que sempre me transmitiu.

- Ao professor Luís Paulo Vieira, pela sua forma de orientar. Obrigado pelo seu exemplo de profissionalismo e por me transmitir inúmeros ensinamentos ao longo deste ano.

- Aos meus colegas de estágio, que sempre me souberam compreender e apoiar.

- À ESL e ao grupo de Educação Física, pela disponibilidade de cada dia e pela forma como me acolheram.

(8)
(9)

VII

ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA III

AGRADECIMENTOS V

ÍNDICE GERAL VII

ÍNDICE DE FIGURAS XI

ÍNDICE DE QUADROS XIII

ÍNDICE DE ANEXOS XV

Resumo XVII

Abstract XIX

LISTA DE ABREVIATURAS XXI

1. INTRODUÇÃO 3

1.1 - Estrutura do Relatório de Estágio Profissional 4 1.2 - Caraterização geral do Estágio Profissional 6

1.2.1 - Enquadramento legal/institucional 6

1.2.2 - Objetivos 7

1.3 - Finalidade e processo de realização do Relatório de Estágio Profissional

7

2. ENQUADRAMENTO PESSOAL 11

2.1 - Identificação e percurso biográfico que conduziu ao segundo Estágio Profissional

12

2.2 - Expetativas pessoais em relação ao Estágio Profissional 15

2.2.1 - Ser Professor 19

2.2.2 - Ser Estudante Estagiário 24

2.2.3 - Ser Professor Reflexivo 27

2.2.4 - Ser Professor Eficaz 32

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL 39

3.1 - Macro-contexto 40

(10)

VIII

3.1.2 - Papel da Educação Física 42

3.2 - Micromeio 44

3.2.1 - Escola Secundária das Laranjeiras 44

3.2.2 - Complexo Desportivo das Laranjeiras 46

3.2.3 - Departamento de Educação Física 47

3.2.4 - Laranjeiras Clube 48

3.2.5 - Núcleo de Estágio Profissional 48

3.1.3 - Micro-contexto 48

3.1.3.1 - Importância das conclusões que advêm da caraterização da turma

49

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL 57

4.1 - Área 1 – Organização e gestão do ensino e da aprendizagem

59

4.1.1 - Conceção 60

4.1.1.1 - Importância do Programa Nacional de Educação Física 60 4.1.1.2 - Importância do Documento de Organização e Gestão do

Departamento de Educação Física e Desporto

62

4.1.2 - Planeamento 63

4.1.2.1 - Planeamento Anual 64

4.1.2.2 - Unidade Didática 67

4.1.2.2.1 - Reflexão sobre a Unidade Didática de Natação 68

4.1.2.3 - Plano de Aula 74

4.1.2.4 - Heterogeneidade da turma - Informática/Desporto 75 4.1.2.5 - Importância da reflexão para a aula seguinte 77

4.1.3 - Realização 78

4.1.3.1 - Controlo da turma 79

4.1.3.2 - Criar e manter regras e rotinas 84

4.1.3.3 - Estratégias que aumentaram os diversos tipos de tempo 88 4.1.3.4 - Ser simultaneamente professor e ator na relação com os

alunos

(11)

IX

4.1.3.5 - Marcar a diferença pela diversificação das aulas - Danças Sociais, Orientação Desportiva, Golfe e Musculação

95

4.1.3.6 - A importância de observar e ser observado 98 4.1.3.7 - Presença do Modelo de Educação Desportiva no Estágio

Profissional 100 4.1.4 - Avaliação 115 4.1.4.1 - Avaliação diagnóstica 115 4.1.4.2 - Avaliação formativa 117 4.1.4.3 - Avaliação sumativa 118

4.1.4.4 - Humanização das notas 120

4.1.5 - Experiência de ser Professor a Tempo Inteiro 121 4.2 - Área 2 e 3 – Participação na Escola e Relação com a

Comunidade

124

4.2.1 - Atividades presentes no Plano Anual de Atividades do Departamento de Educação Física e Desporto

124

4.2.1.1 - Atividades Desportivas Escolares - Taça 3D 125

4.2.1.2 - Mega Sprinter 126

4.2.1.3 - XIII Corta Mato Escolar Jovem 126

4.2.1.4 - Mega Salto 128

4.2.1.5 - XII Romaria Escolar 128

4.2.1.6 - XVIII Supertaça Escolar 129

4.2.1.7 - Flash Desportivo 130

4.2.1.8 - Laranjeiras Clube 130

4.2.2 - Atividades não presentes no Plano Anual de Atividades do Departamento de Educação Física e Desporto

132

4.2.2.1 - VII Jornadas da Adolescência 132

4.2.2.2 - Reuniões do departamento de Educação Física e desporto, do desporto escolar, de diretores de turma e geral de professores

134

4.2.2.3 - Apresentação do Projeto de Formação Individual à

comunidade escolar 135

(12)

X

4.2.2.5 - Ação de formação - “Quebrar as rotinas das aulas de Educação Física”

136

4.2.2.6 - Direção de turma 137

4.2.3 - Importância da Participação na Escola e da Relação com a Comunidade

140

4.3 - Área 4 – Desenvolvimento Profissional 142 4.3.1 - A importância da elaboração do Projeto de Formação

Individual no Estágio Profissional

142

4.3.2 - Oito Modelos de Estrutura de Conhecimentos - a árdua, mas útil tarefa da sua elaboração

144

4.3.3 - Estudo - Autoperceção da Competência Profissional nos Estudantes Estagiários e Professores de Educação Física

145

4.3.3.1 - Resumo 145

4.3.3.2 - Introdução 146

4.3.3.3 - Breve Revisão da Literatura 148

4.3.3.4 - Objetivos do Estudo 152

4.3.3.5 - Material e Métodos 152

4.3.3.6 - Apresentação dos Resultados 156

4.3.3.7 - Discussão dos Resultados 165

4.3.3.8 - Conclusões 169

4.3.3.9 - Limitações do Estudo 171

4.3.3.10 - Bibliografia 171

4.3.4 - Construção de uma identidade profissional 174

5. CONCLUSÃO 179

6. PERSPETIVAS FUTURAS 183

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 187

(13)

XI

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Instalações da ESL 45

Figura 2: Instalações do Complexo Desportivo 46 Figura 3: Instalações do Complexo Desportivo - Pista de Atletismo, Piscina, Polidesportivo Ar Livre e Pavilhão

47

Figura 4: Caraterização da Turma - Área de Residência - Gráfico 1 50 Figura 5: Caraterização da Turma - Encarregado de Educação - Gráfico 2

51

Figura 6: Caraterização da Turma - Habitação - Gráfico 3 51 Figura 7: Caraterização da Turma - Refeições Diárias - Gráfico 4 52 Figura 8: Caraterização da Turma - Retenção Escolar - Gráfico 5 52 Figura 9: Caraterização da Turma - Gosto pela Disciplina - Gráfico 6 52 Figura 10: Caraterização da Turma - Modalidade Favorita - Gráfico 7 53 Figura 11: Caraterização da Turma - Modalidade com Maiores Dificuldades - Gráfico 8

53

Figura 12: Modelo de educação desportiva (adaptado de Siedentop, 1994)

103

Figura 13: Médias das dimensões dos Estudantes Estagiários - Gráfico 9

159

Figura 14: Médias das dimensões dos Professores - Gráfico 10 160 Figura 15: Médias das categorias nos Estudantes Estagiários - Gráfico 11

162

Figura 16: Médias das categorias nos Estudantes Estagiários - Gráfico 12

(14)
(15)

XIII

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1: Comparação dos resultados da avaliação diagnóstica com a sumativa

73

Quadro 2: Horário da semana de professor a tempo inteiro 121 Quadro 3: Média e desvio padrão da idade da amostra total 153 Quadro 4: Média e desvio padrão da idade dos Estudantes Estagiários

153

Quadro 5: Média e desvio padrão da idade dos Professores 153 Quadro 6: Resumo dos itens presentes no instrumento aplicado na Autoperceção da Competência Profissional

155

Quadro 7: Média dos itens respondidos pelos Estudantes Estagiários

156

Quadro 8: Média dos itens respondidos pelos Professores 157 Quadro 9: Diferenças entre o nível de Autoperceção da Competência Profissional entre os dois grupos em estudo

158

Quadro 10: Diferenças entre o nível nas dimensões nos Estudantes Estagiários

159

Quadro 11: Diferenças entre o nível nas dimensões nos Professores

160

Quadro 12: Diferenças entre o nível nas dimensões entre os dois grupos em estudo

161

Quadro 13: Diferenças entre o nível nas categorias nos Estudantes Estagiários

162

Quadro 14: Diferenças entre o nível nas categorias nos Estudantes Estagiários

164

Quadro 15: Diferenças entre o nível nas categorias entre os dois grupos em estudo

(16)
(17)

XV

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1: Artigo do Jornal VitaL sobre o trabalho desenvolvido no Laranjeiras Clube

XXII

Anexo 2: Artigo do Jornal Correio dos Açores sobre os Projetos de Vida das VII Jornadas da Adolescência

XXIV

Anexo 3: Programa da Ação de Formação “Quebrar as rotinas nas aulas de Educação Física”

XXVI

(18)
(19)

XVII

Resumo

O presente documento reflete de forma crítica e fundamentada sobre a experiência do Estágio Profissional, inserido no 2º Ciclo em Ensino da Educação Física nos ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, e realizado na Escola Secundária das Laranjeiras. O Estágio Profissional assume-se como uma oportunidade de excelência para convocar conhecimentos, que estão na base da justificação da ação, colocando-os em prática no contexto real de ensino. Procurando uma perspetiva biográfica e desenvolvimentalista do aprender a ensinar, este documento encontra-se dividido em seis partes fundamentais. O primeiro capítulo, “Introdução”, consiste na caraterização geral do estágio e apresenta a pertinência da realização de um relatório. O segundo capítulo refere-se ao “Enquadramento Pessoal”, onde é feito uma breve caraterização do eu pessoal e uma reflexão sobre as expetativas em relação ao estágio. Neste último ponto, reporto-me às caraterísticas do ser professor e aos seus conhecimentos, bem como às caraterísticas do professor iniciante. O terceiro capítulo apresenta um “Enquadramento da Prática Profissional”, quer a nível institucional, quer a nível funcional. Também é realizado um enquadramento concetual, nomeadamente, no que concerne à educação, à conceção de educação e da Educação Física. Posteriormente, o quarto capítulo, “Realização da Prática Profissional”, é organizado em três áreas - “Organização e gestão do ensino e da aprendizagem”, “Participação na escola e relações com a comunidade”, “Desenvolvimento Profissional” e tem por base as reflexões elaboradas ao longo do ano letivo e o seu contributo para o potenciamento das minhas capacidades. Será ainda desenvolvido um estudo sobre a Autoperceção da Competência Profissional em Estudantes Estagiários e Professores de Educação Física. Por fim, nos dois últimos capítulos, tendo em conta a riqueza do Estágio Profissional, será realizada uma sistematização das conclusões e uma projeção do futuro enquanto professor de Educação Física.

PALAVRAS – CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA; ESTÁGIO PROFISSIONAL;

PROFESSOR REFLEXIVO; AUTOPERCEÇÃO; COMPETÊNCIA

(20)
(21)

XIX

Abstract

This document reflects a critical and founded on the experience of the Professional Traineeship, of the 2nd cycle in Physical Education teaching in basic and secondary schools, in the Faculty of Sport of the Oporto University, and performed in the High School of Laranjeiras. The Professional Traineeship is assumed as an excellent opportunity to convert knowledge that underpins the justification of the action, putting them into practice in the real context of teaching. Bearing in mind a biographic and development perspective of learning how to teach, this document is divided into six parts. The first chapter, "Introduction", presents an overall characterization of the pre-service and shows the relevance of a report. The second chapter is the "Personal Framework", where is provided a concise characterization of the personal self and reflection on the expectations of the practicum year. On this last item, I refer to the characteristics of being a teacher and to his knowledge, as well as to the characteristics of the teacher who is just beginning. The third chapter presents a “Framework of the Professional Practice”, both at institutional and functional level. A conceptual framework is also accomplished, in particular, with regard to education, concept of education and Physical Education. Thereafter, the fourth chapter, “Professional Practice Implementation”, is organized into three areas - "Teaching and Learning Organization and Management", "Participation in school and community connections", "Professional Development", and is based on the reflection developed throughout the school year and their help to enhance my skills. Will be still developed a study on the Autoperception of Professional Competence in Students Trainees and Teachers of Physical Education. Finally, in the last two chapters, given the wealth of the Professional Traineeship, a systematization of the findings will be carried on, as well as a projection of the future as a Physical Education teacher.

KEY WORDS: PHYSICAL EDUCATION; PROFESSIONAL TRAINEESHIP; REFLECTIVE PRACTITIONER; AUTOPERCEPTION; PROFESSIONAL COMPETENCE.

(22)
(23)

XXI

LISTA DE ABREVIATURAS

DOG - Documento de Organização e Gestão EF – Educação Física

EP – Estágio Profissional

ESL – Escola Secundária das Laranjeiras

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto MEC – Modelo de Estrutura de Conhecimento

MED – Modelo de Educação Desportiva PA - Planeamento Anual

PAA – Plano Anual de Atividades

PES – Prática de Ensino Supervisionada PFI – Projeto de Formação Individual

PNEF - Programa Nacional de Educação Física PTI - Professor a Tempo Inteiro

REP – Relatório de Estágio Profissional UD – Unidade Didática

(24)
(25)
(26)
(27)

3 1. INTRODUÇÃO

O processo de estágio profissional (EP) é um momento específico da formação de professores de Educação Física (EF), no qual, assumimos a responsabilidade pela docência de uma turma e vivenciamos situações reais do desempenho da profissão.

As aprendizagens mais significativas e duradouras são as que decorrem de experiências concretas e da experimentação ativa, implicando o envolvimento direto dos formandos em atividades e contextos reais de trabalho (Schön, 1987). Nesse sentido, o presente relatório de estágio profissional (REP) procura explorar as minhas principais vivências, perceções e reflexões associadas ao “tornar-se professor”, dando a conhecer os aspetos mais significativos, os maiores ganhos, as dificuldades ultrapassadas e as estratégias implementadas.

O EP é um processo de constantes descobertas, no qual nos conhecemos como professores e apercebemos das reais condições em que se exerce a nossa futura profissão. Engloba ainda a tomada de consciência das semelhanças e das diferenças entre o nosso processo reflexivo de formação e aquele que propomos aos alunos. Como tal, o EP constitui-se palco de um dos processos mais ricos e decisivos da capacitação e da integração do jovem professor no mundo da docência (Alarcão, 1996).

Ao longo de um ano letivo e por meio da metodologia investigação - ação e aprender fazendo, temos a oportunidade de construir ativamente uma forma pessoal de conhecer, bem como de nos familiarizarmos com as normas, os valores e a cultura da classe profissional, na qual estamos prestes a integrar, assim como, a oportunidade de construir ativamente uma forma pessoal de conhecer e de agir na profissão (Schön, 1987). Por outro lado, o envolvimento num conjunto de papéis, atividades e responsabilidades, de âmbito e natureza diversa, em interação com diferentes agentes e encerrando diversos desafios e níveis de exigência e reflexão, fazem do EP um espaço privilegiado do desenvolvimento pessoal e profissional dos candidatos a professores (Matos, 2012a).

(28)

4

Segundo Caires (2003), importa ler os estágios e os estudantes estagiários à luz de questões como o enquadramento político, social e, mesmo, ético em que tem lugar a preparação para a profissão, bem como à da pessoa do futuro professor. Assim, o EP trata-se de um momento em que o passado do indivíduo, o seu presente e futuro são colocados numa tensão dinâmica. Como tal, serão tomados em consideração as expetativas, valores e motivações em relação ao ensino, tendo em conta a minha personalidade, o meu passado, os modelos que idealizo e as experiências vivenciadas. No fundo, este documento procurará realizar um enquadramento do passado, um discurso sobre a realização e, ainda, perspetivar o futuro, uma vez que aprender a ensinar é sempre o processo de formação e transformação, de escrutínio em relação ao que se está a fazer e ao que se pode melhorar.

As propostas que recentemente têm surgido e destacado, ao nível da investigação e da formação inicial de professores, defendem que o desenvolvimento profissional não deve ser realizado apenas como derivando acumulação (de cursos, conhecimentos ou técnicas), mas também, de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal (Nóvoa, 1992). Por conseguinte, neste âmbito surgem palavras de ordem como reflexão, exame crítico, responsabilidade, criatividade e (auto)formação participada (Dewey, 1990; Schön, 2000; Alarcão & Tavares, 2003; Caires, 2003), às quais procurar-se-á dar sentido através da explicitação da multiplicidade de experiências, ensaios, erros, frustrações e conquistas que marcaram o meu desenvolvimento profissional neste EP, dando a conhecer a complexidade, o grau de exigência e a multiplicidade de desafios que a prática docente pode encerrar.

1.1 - Estrutura do Relatório de Estágio Profissional

O REP é um documento altamente singular e pessoal que decorre num contexto único e num momento irrepetível e que resulta dos conhecimentos, do percurso de vida e de formação, dos valores e postura face à profissão.

Assim, atendendo a esta perspetiva biográfica e ecológica do EP, este documento apresenta-se dividido em seis capítulos fundamentais.

(29)

5

O primeiro capítulo constitui-se numa caraterização geral do estágio e seus objetivos, enquadrando este processo ao nível legal e institucional. É apresentado ainda a finalidade da realização do REP sobre a prática do ensino supervisionada e os objetivos de tal procedimento.

No segundo capítulo é realizado um enquadramento pessoal como forma de contextualizar o meu percurso de vida e as minhas expetativas em relação ao EP. Nesse sentido, procurei compreender qual o papel do estágio na formação inicial de professores, e de que forma, este processo é determinante na construção da competência profissional de um professor reflexivo e questionador das suas práticas.

O terceiro capítulo apresenta um enquadramento concetual da prática profissional, onde são tratadas questões relativas à conceção de educação e da EF, o entendimento da escola e das suas caraterísticas institucionais e funcionais, e um “micro - contexto” de um grupo concreto, no caso a minha turma.

O quarto capítulo discursa sobre a realização da prática profissional. É feita uma introspeção sobre tudo o que foi concebido, planeado, realizado e avaliado ao longo do ano letivo, recorrendo essencialmente aos diferentes momentos de reflexão, que suportam o nível de conhecimento que tais tarefas me permitiram alcançar. Este capítulo assume-se como central em todo o REP, pelo que optei por organizá-lo tendo em conta as diferentes áreas de desempenho previstas. Assim, subdivido-o em três partes: O primeiro ponto é relativo à organização e gestão do ensino e da aprendizagem, no qual são tratadas questões como a conceção da EF na escola; o planeamento nos seus vários níveis de profundidade e as suas particularidades, dando realce à unidade didática (UD) de Natação; as dificuldades e as estratégias adotadas e refletidas durante a realização da prática, salientando as UD de Voleibol e Futebol, pela aplicação do Modelo de Educação Desportiva (MED); e, finalmente, todo o processo de avaliação inerente ao processo e à profissão. O ponto 2 é referente às atividades desenvolvidas, ao nível da participação na escola e das relações com a comunidade. Depois, tendo em vista o valioso contributo do Estágio, no ponto 3 abordo o processo de desenvolvimento

(30)

6

profissional, debatendo todas as questões que o influenciaram, incluindo nesse ponto o estudo sobre a autoperceção da competência profissional nos Estudantes Estagiários e nos Professores.

O quinto capítulo corresponde ao balanço final de todo este processo e as respetivas conclusões obtidas deste em função deste EP, deixando para o sexto, e último capítulo, uma projeção do futuro enquanto professor de EF.

1.2 - Caraterização geral do Estágio Profissional

Após concluir a minha formação inicial (licenciatura pré-Bolonha) em 2006, através da realização do EP na Escola Secundária do Castelo da Maia, e ter desempenhado a minha profissão ao longo destes últimos anos, foi-me concedida a oportunidade de realizar pela segunda vez o EP nos Açores, sendo que os motivos desta repetição serão apresentados no capítulo “Enquadramento Pessoal”. Como tal, durante este EP pude (re)adquirir conhecimentos, pô-los em prática, testar teorias, expetativas e representações construídas rumo à (re)edificação de um estilo próprio de atuação, segundo um enquadramento legal e institucional específico.

1.2.1 - Enquadramento legal/institucional

O EP engloba a prática de ensino supervisionada (PES) e o respetivo RE, sendo uma unidade curricular inserida no 2º Ciclo de estudos em Ensino da Educação Física nos ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), tendo lugar no terceiro e quarto semestres deste ciclo de estudos.

Este é regido pelas orientações legais, nomeadamente as constantes do Decreto-lei nº74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº45/2007 de 22 de Fevereiro e pelo regulamento geral dos segundos ciclos da UP, o regulamento geral dos segundos ciclos da FADEUP e o regulamento do curso de mestrado em ensino de EF (Matos, 2012b).

Importa salientar que este processo de estágio decorreu na Escola Secundária das Laranjeiras (ESL), situada na cidade de Ponta Delgada da ilha de São Miguel pertencente ao arquipélago dos Açores, num núcleo de estágio

(31)

7

constituído por três elementos, tendo o acompanhamento sido realizado ao longo de todo o ano letivo por um professor da escola, denominado Professor Cooperante, e uma professora da faculdade, denominada Professora Orientadora.

1.2.2 - Objetivos

De acordo com o artigo 2º, do regulamento do EP o objetivo desta unidade curricular engloba a “integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da PES em contexto real, desenvolvendo as competências que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão” (Matos, 2012b, p.2).

Pretende-se que o desenvolvimento dessas competências decorra da atividade do estudante – estagiário nas três áreas de desempenho:

I. Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem; II. Participação na escola e III - Relações com a comunidade; IV. Desenvolvimento profissional.

1.3 - Finalidade e processo de realização do Relatório de Estágio Profissional

A realização do REP representa uma oportunidade de análise e reflexão sobre todo o percurso realizado ao longo deste ano letivo, explorando efetivamente a relação teoria – prática. Como tal, pretende-se que este documento seja reflexivo e descritivo da atividade desenvolvida no EP, tendo como principal objetivo a sua justificação, compreensão e meditação.

O constante fluir e confronto entre o que é realizado (ação) e as expetativas e saberes que o sustentam (reflexão), permitem, em situações reais de prática, a tomada de consciência das minhas limitações e potencialidades face às exigências do exercício profissional. O REP revela sobretudo um caminho pessoal, percorrido durante a realização da PES, de confronto com situações de prática real, de resolução de problemas, de análise da minha própria intervenção, que no seu conjunto contribuíram para uma

(32)

8

experiência de aprendizagem fundamental no desempenho futuro da profissão. Portanto, este REP sendo inerente à própria PES, foi construído de acordo os aspetos e acontecimentos mais marcantes, que influenciaram toda a minha prática pedagógica de modo positivo ou negativo, onde as experiências vivenciadas, fundamentais na formação, foram potenciadas por momentos de reflexão que levaram, sempre que isso fosse necessário, a formas alternativas de atuação, à luz dos referenciais teóricos acerca da ação do professor.

Em suma, este RE pretende apresentar o meu trajeto ao longo da PES baseado num posicionamento crítico e reflexivo acerca da minha atuação, evidenciando o meu perfil e postura profissional, tendo em vista uma educação valiosa e uma EF que contribua para tal.

(33)

2. ENQUADRAMENTO

PESSOAL

(34)
(35)

11 2. ENQUADRAMENTO PESSOAL

O estudante estagiário é um sujeito ativo que aprende a ser professor sendo, desde logo, influenciado pelo seu percurso biográfico e pelas suas conceções explícitas, ou não, do seu papel como professor.

Tratando-se de um processo pessoal e idiossincrático, este poderá assumir distintos contornos e ter diferentes epílogos, variando consoante as caraterísticas dos formandos e os contextos em que o seu desenvolvimento tem lugar. A grande variabilidade intra e interindividual observada define-o como um desenvolvimento em espiral (Alarcão & Tavares, 2003). É na sinergia e na conflitualidade entre as diferentes dimensões do funcionamento do indivíduo, em interação com todo um conjunto de variáveis contextuais, que o desenvolvimento ocorre (Machado, 1996, citado por Caires, 2003).

Segundo Maynard (1990) entre os fatores pessoais constam aspetos como a biografia do sujeito, as suas necessidades individuais ou as suas caraterísticas psicológicas (personalidade, autoconceito, autoestima e sentido de autoeficácia). “Igualmente importante é o sentido de controlo detido pelo estagiário em relação ao EP, no sentido de gerir os recursos pessoais, em termos de personalidade, da forma como encara o momento de estágio, expetativas em relação à profissão e a si próprio como professor, o apoio recebido em termos de supervisão (nível técnico, instrumental e emocional) e o ambiente do trabalho e da escola onde o estágio tem lugar, funcionando como um poderoso mecanismo de redução do sentido de ameaça por vezes vivenciado” (Caires, 2003, p.163).

Poder-se-á dizer então que o EP é um processo marcado pela individualidade do estudante estagiário, assumindo caminhos distintos em função das caraterísticas próprias de cada formando e de cada contexto em que decorreu o seu desenvolvimento.

Essa individualidade terá sem dúvida influência nas expetativas e objetivos que cada um pode estabelecer nesta fase particular da formação de professores, assim como o significado que lhe será atribuído para a construção da sua própria identidade profissional.

(36)

12

Deste modo, mais do que realizar uma descrição detalhada e pormenorizada, demonstrando quem sou, quais as minhas origens e principais caraterísticas, qualidades e defeitos, entendo que neste ponto é essencial compreender de que forma, tudo aquilo que me carateriza e distingue pode influenciar a minha forma de pensar e atuar durante a minha atividade como professor de EF.

Finalmente, alerto que neste capítulo será efetuado desde já o desenvolvimento de alguns temas (Ser Professor, Ser Estudante Estagiário, Ser Professor Reflexivo e Ser Professor Eficaz) que à partida se esperaria encontrá-los dentro do Enquadramento da Prática. Porém, esta opção justifica-se por considerar que as ilações retiradas da minha identificação, percurso biográfico e espetativas pessoais relativamente ao EP, conduzem naturalmente à minha visão de Ser Professor.

2.1 - Identificação e percurso biográfico que conduziu ao segundo Estágio Profissional

Segundo Gori (2001, p.2), “para se analisar a inserção profissional de um professor iniciante é necessário considerar os fatores que interferiram no seu processo de adaptação ao contexto escolar, como por exemplo a história de vida de cada professor.”

Neste sentido, pode-se afirmar que para se perceber as opções pela carreira de professor, no caso particular de EF, torna-se essencial a compreensão dos aspetos que influenciaram essas mesmas opções, de entre eles, destacando-se o seu percurso de vida e formação académica.

Para Nóvoa (2009, p.3) a “profissionalidade docente não pode deixar de se construir no interior de uma pessoalidade do professor.” Podemos então perceber que, para além de ser impossível separar o eu profissional do eu pessoal, a identidade não é um dado adquirido e estagnado, mas sim um lugar de lutas e conflitos, um espaço de permanente construção de formas de ser e estar na profissão. Esta configuração de identidades passa pela construção da história pessoal e profissional, precisando de tempo para refazer conceções, acomodar inovações e assimilar mudanças.

(37)

13

Perceber então quem sou e como cheguei aqui, é o ponto de partida para perceber o porquê das minhas ações, crenças e atitudes. Ao apresentar brevemente o meu percurso de vida pretendo transmitir de que modo essa trajetória contribuiu para as minhas opções e conceções, atendendo a que a preferência por esta profissão está certamente marcada pelas minhas vivências passadas.

Nascido a 16 de agosto de 1983, vivido e criado no seio de uma família açoriana de classe média – baixa, desde cedo fui confrontado com a exigência de vida e com a importância de sermos nós próprios a lutar e a transcendermo-nos para construir o transcendermo-nosso percurso. Pelas reduzidas possibilidades financeiras e caraterísticas inatas dos meus pais, nunca fui habituado a excessos ou grandes bens materiais, mas tive sempre a felicidade de ser presenteado com uma boa educação.

O meu percurso desportivo começou desde cedo (8 anos), mais concretamente no Futebol Clube Velense. Desde essa altura que o fator competição induziu-me a agir por mim e a lutar por ser o melhor, sim o melhor, não porque tenha qualquer sentido de superioridade ou prepotência, mas porque considero que tentar ser o melhor é uma condição indispensável em qualquer campo da nossa vida, tal como o oxigénio o é para a vida.

À imagem do que se sucedia no campo de treino, local de esforço, aperfeiçoamento e superação, a transferência destas caraterísticas foi automática para o campo escolar. A incessante busca por mais e melhor e aliado ao meu espírito de sacrifício e de competitividade, proporcionava-me, por um lado, a diferença relativamente aos meus colegas e, por outro lado, o reconhecimento dos meus treinadores e professores. De facto, penso que a vivência desportiva permitiu-me aprendizagens importantes para a vida, e para o desempenho da minha profissão, visto que ser Professor nos dias de hoje é porventura uma das “tarefas” mais complicadas e difíceis, implicando indiscutivelmente uma formação moral e volitiva sólida para ultrapassar os contextos e situações adversas da atualidade.

Em 2001, na altura com os 18 anos acabados de serem completados, fui obrigado a abandonar o meu “ninho” e a partir rumo ao Porto e à FADEUP.

(38)

14

Esta instituição foi sempre a minha primeira opção, por se tratar da faculdade mais conceituada e reconhecida de todo o país. Foi aí que começou a caminhada para o meu objetivo claramente definido: Ser Professor de EF.

Por motivos financeiros, em 2002 e com apenas 19 anos, comecei a dar aulas de musculação e de grupo, tendo disso dado continuidade até aos dias de hoje. A minha entrada nesta área foi indubitavelmente o fator decisivo para que no término da minha licenciatura (2006), optasse por não regressar aos Açores, mas sim dar continuidade à minha carreira profissional no fitness e, consequentemente, permanecer na cidade do Porto.

A minha conceção do “Ser Professor” e, particularmente do “Ser Professor de EF” numa escola, que tinha sido construída e reconstruída sucessivamente ao longo do meu percurso académico, fora-se desvanecendo com o passar dos anos.

Em 2012, em virtude de não conseguir, consecutivamente, ingressar no ramo educacional público, consequência dos frequentes cortes do governo na área da educação, e das condições de trabalho oferecidas pelos Health Clubs se terem deteriorado vertiginosamente nos últimos anos, decidi aproveitar a oportunidade, há muito desejada e procurada, de ingressar no Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário com realização do EP nos Açores.

Era então chegado, uma vez mais, o momento de realizar o EP, sendo desta vez na ESL. Esta foi sempre a minha única e exclusiva opção, dada a sua localização e consequente possibilidade de obter a prioridade no concurso de docentes da região futuramente. “Repetir” o EP implicou, não apenas uma responsabilidade acrescida devido à maturidade, entretanto alcançada pela minha idade, mas também o dever de cumprir, com excecional competência e profissionalismo, todas as tarefas de estágio, ambicionando ser um exemplo para os alunos, colegas de estágio e professores. Só assim, conseguiria, não apenas ser o melhor por o ser, mas tal como referido anteriormente, obter bases fortes e sólidas na reconstrução do meu ser, saber e pensar com vista ao tão desejado objetivo: Ser Professor de EF.

(39)

15

2.2 - Expetativas pessoais em relação ao Estágio Profissional

No início deste EP foi-me proposto realizar o meu Projeto de Formação Individual (PFI) no qual teria de especificar e expor as minhas expectativas, bem como confrontá-las com as dificuldades que caraterizavam o meu EU.

Efetuar um levantamento inicial das minhas principais expetativas, por vezes confundidas como limitações ou dificuldades pessoais, bem como delinear estratégias e planos de ação para o combate das mesmas foi, inequivocamente, decisivo para um bom desempenho durante a minha intervenção ao longo deste processo. Ouso mesmo dizer, que essa identificação foi determinante para a diminuição e disfarce das minhas limitações, centrando-me fortemente nas estratégias para as ultrapassar.

Neste momento, revendo o que aí foi traçado e efetuando uma análise à distância, consigo compreender como é que essas expetativas se concretizaram ao longo do ano letivo e qual a sua contribuição para a formação da minha conceção de Ser Professor.

De seguida, dividindo em seis áreas relacionadas entre si, apresento as expetativas iniciais e respetivas estratégias delineadas no PFI, bem como os resultados obtidos ao longo do ano letivo.

Na minha turma…

 Expetativa - “ (…) apesar de não conhecer ainda os seus costumes,

comportamentos e atitudes, espero obter uma relação de

companheirismo, carinho, atenção e dedicação, possibilitando um clima propício à aprendizagem”.

Estratégia - “ (…) tentarei sempre manter o respeito, a distância e diferenciação de papéis entre professor e aluno”.

Resultados - “ (…) considero que neste momento mantenho uma boa relação com os alunos, na qual eles percebem as diferenças de posições e respeitam-me como professor, promovendo um clima positivo de aprendizagem (Reflexão da aula nº57 e nº58).”

(40)

16

Expetativa - “ (…) observei que o nível de desempenho da minha turma de 12º ano é elevado (…) permitir-me-á trabalhar num patamar de excelência, com vista a atingir um conjunto variado de benefícios que a aula de EF acarreta”.

Estratégia - “ (…) planificar exaustivamente as aulas, transformando-as em momentos motivantes e, consequentemente, despoletar nos alunos uma vontade intrínseca de se tornarem desportivamente cultos e intérpretes de um estilo de vida ativo”.

Resultados - “ (…) a minha postura, dedicação e planificação foi recompensada (…) foi visível o empenho e motivação dos alunos

(Reflexão da aula nº75 e nº76). “ (…) foi satisfatório ouvir dos meus alunos o

comentário que estão muito bem preparados fisicamente com as aulas deste ano letivo e que durante o seu trajeto escolar nunca tinham tido um professor tão exigente. Como é óbvio há que saber interpretar e medir as palavras dos mesmos, tendo sempre consciência que nem tudo o que é dito corresponde bem à verdade, que por vezes a memória é curta e que a vontade de agradar o professor do momento é grande. Contudo, é sempre positivo e, de certa forma, reconfortante receber este tipo de feedbacks, reconhecendo o meu empenho e aplicação durante todas as aulas e demonstrando que a minha conceção do que deve ser uma aula de EF, possivelmente, estará a ser aplicada na prática (Reflexão

da aula nº97 e nº98).”

No meu núcleo de estágio…

 Expetativa - “ (…) espero que consigamos manter sempre o espírito de coesão, cooperação e entreajuda, face à elevada carga de trabalho que o EP exige”.

Estratégia - “ (…) a realização de várias tarefas em comum e a observação recíproca de aulas possibilitará uma aprendizagem mútua através dos nossos erros”.

(41)

17

Resultados - “ (…) para que possa melhorar ou reajustar o processo ensino -aprendizagem na próxima aula, seguirei o conselho dos meus colegas de núcleo de estágio (…) (Reflexão aula nº61 e nº62).”

O professor cooperante…

Expetativa - “ (…) é sem dúvida um dos elementos fundamentais, se não o mais importante para a orientação/sucesso deste EP, (…) dedicado, disponível, profissional, competente e personalidade vincada”.

Estratégia - “ (…) procurarei através das suas orientações e feedbacks pertinentes, realizar uma introspeção exaustiva sobre os erros cometidos e estratégias de ensino/sequências metodológicas para ultrapassar os mesmos”.

Resultados - “ (…) que as alterações introduzidas, sugeridas pelo professor cooperante, surtiram os efeitos pretendidos (…) (Reflexão da aula

nº63 e nº64).” “ (…) os conselhos emitidos pelo professor cooperante foram pertinentes e fizeram todo o sentido, ajudando-me a reduzir o risco de possíveis lesões (…) (Reflexão da aula nº69 e nº70).”

A professora orientadora…

Expetativa - “No que diz respeito à supervisão (…) será realizada pela professora orientadora ao longo de todo o ano (…) detentora de enorme experiência de supervisão de ensino (…) ”.

Estratégia - “ (…) deverei aproveitar e interpretar todos os seus conselhos, com objetivo de aperfeiçoar as minhas valências como professor e educador.”

Resultados - “Hoje coincidiu com a 2ª vinda da professora orientadora à ilha/escola (…) terá como objetivo principal saber como está a decorrer o estágio (…) demonstrou estar numa função de amiga, com vista a ajudar na resolução de eventuais problemas relacionados com as aulas, mas sobretudo apoiou-nos e esclareceu-nos dúvidas sobre a elaboração do estudo e do relatório de estágio (…) (Reflexão da aula nº83 e nº84).

(42)

18 O departamento de EF e desporto…

Expetativa - “ O primeiro contacto que tive (…) foi extremamente positivo, dado ao clima de companheirismo e partilha de experiência e informação que existiu entre todos (…) ”.

Estratégia - “ (…) aproveitar toda a disponibilidade demonstrada para aperfeiçoar as minhas competências profissionais através da experiência vivida e consumada deste grupo coeso, empenhado e profissional.” Resultados - “ (…) o grupo de EF desta escola é composto por docentes extremamente profissionais. Aproveitar toda esta sabedoria, competência e profissionalismo e retirar todo o tipo de informações pertinentes para o meu futuro, tem sido um dos meus principais objetivos deste ano. Conviver com professores, para além do meu professor cooperante, como a professora G.P. ou professor F.M. poderá ser difícil de repetir (Diário de Bordo - Reunião do Departamento).”

A nível pessoal...

Expetativa - “ (…) durante este meu interregno da vida académica os hábitos de estudo regular foram-se perdendo (…) ”.

Estratégias - “ (…) o importante nesta fase é não ficar agarrado às minhas lacunas e demitir-me da responsabilidade das minhas limitações, mas sim tirar proveito da minha formação de base e experiência acumulada. Por outro lado, deverei “ (…) aumentar e diversificar o meu conhecimento, renovar e atualizar a minha formação inicial e aperfeiçoar as minhas competências com vista a atingir o sucesso profissional”. Resultados - “ (…) frequentei a ação de formação de Danças Sociais (…) hoje, tive a oportunidade de aplicar pela primeira vez os conhecimentos adquiridos na mesma. (…) para o sucesso desta tarefa contribui ainda a minha experiência no contexto dos ginásios (Reflexão

aula nº35 e nº36).” “ (…) esta predisposição poderá também ter sido sustentada pelo facto de possuir experiência de lecionação de aulas de natação em ginásios e por ter frequentado durante o último ano duas ações de formação de ensino de natação (Reflexão aula nº61 e 62).”“Com o

(43)

19

objetivo de colmatar estas minhas lacunas iniciais optei, previamente, por visualizar jogos de equipas federadas, elaborar o Modelo de estrutura de conhecimentos (MEC) de Voleibol e estudar com maior afinco a matéria abordar durante as aulas (Reflexão aula nº55 e nº56).”

De acordo com os excertos anteriores, podemos verificar que o levantamento dessas expetativas iniciais e das estratégias delineadas previamente foi extremamente importante para clarificar as próprias exigências e objetivos do estágio e sustentar o modo como atuei.

Contudo, sendo o EP o verdadeiro momento onde podemos operacionalizar todos os conhecimentos académicos adquiridos até então e colocá-los, através da nossa intervenção, ao serviço da prática do dia-a-dia, seria um erro crucial e grave não expor a maior de todas as minhas expetativas para este EP e, consequentemente, projeto de vida: Ser Professor.

2.2.1 - Ser Professor

O papel do professor como agente da socialização tem sofrido relevantes modificações devido à transformação do contexto social. A sociedade presente, marcada pela diversidade e pela pluralidade, exige da escola funções acrescidas no sentido de preparar os jovens para a realidade do futuro concebendo um ensino de qualidade.

Alarcão (1996, p.176) afirma que “os professores desempenham um importante papel na produção e estruturação do conhecimento pedagógico porque refletem na e sobre a interação entre a pessoa do professor e a pessoa do aluno, entre a instituição escola e a sociedade em geral.” Reconhece-se então que o professor só poderá desempenhar de forma condigna a sua missão se tiver tripla competência: no plano do conhecimento, no plano psicológico e no plano psicossociológico (Mialaret, 1991).

Por outro lado, Shulman (1986) enfatiza a dimensão conhecimentos na profissão de professor quando afirma que, Ser Professor implica possuir conhecimentos, quer ao nível da compreensão do que ensina como da forma de o transmitir. Aliás, é o conhecimento pedagógico do conteúdo que distingue

(44)

20

o professor de uma disciplina de um especialista (não professor) dessa mesma disciplina. O professor, ao contrário do especialista, mais do que possuir os conhecimentos, sabe como transmiti-los, como criar representações nos seus alunos.

Para Siedentop (2000) existem 4 categorias do conhecimento do professor:

- Conhecimento do conteúdo ou da matéria de ensino - está relacionado com a matéria ou modalidade que o professor vai ensinar. É necessário ter um bom conhecimento da matéria de ensino, conseguindo-o através da análise da atividade ou modalidade desportiva em estruturas do conhecimento e integrando categorias mais transdisciplinares. Este conhecimento é a base da qual emergem as restantes categorias do conhecimento, fornecendo a orientação norteadora para planificação do ensino, em que, através do conteúdo delimita-se o objeto, objetivos e tarefas.

- Conhecimento pedagógico do conteúdo - está relacionado com a forma como o professor transporta o conteúdo, a forma como o transmite aos alunos, para que estes percebam, devendo também, saber quais as matérias onde os alunos têm mais ou menos dificuldades. Permite a tradução da matéria para o ensino através de uma abordagem criativa dos programas, é a maneira como o professor interpreta a matéria, na prática, de acordo com as condições que se lhe deparam, capacidade de adaptar a matéria à realidade específica da escola. Por isso, o professor deverá conhecer e compreender a matéria, conhecimento esse que advém de formação académica, experiências pessoais, influência de crenças e valores. O conhecimento pedagógico do conteúdo supõe, por parte do professor um conhecimento dos alunos (vivências, expetativas, dificuldades, crenças, potencialidades, entre outros), dos propósitos de ensino (que refletem os objetivos do processo), do curriculum (atividades e projetos curriculares) e dos métodos/metodologias educativo-didáticas.

- Conhecimento dos contextos do sistema educativo - refere-se ao conhecimento curricular da matéria. Neste conhecimento integram-se a forma como o professor organiza a matéria, os textos a que recorre, as

(45)

21

contraindicações de alguns exercícios, entre outros. Encontra-se intimamente ligado ao conhecimento pedagógico do conteúdo, sendo que o professor deve conhecer e modificar o conteúdo (adaptação dos materiais) para responder às exigências programáticas. O professor estuda as exigências e escolhe uma metodologia de ensino de acordo com esse estudo, precisa de apreender o nível de conhecimentos e capacidade dos alunos, as exigências do programa são ajustadas às possibilidades destes e à estrutura global das condições. O conhecimento dos contextos do sistema educativo parte do princípio que o professor conhece as normas, as leis, as regras e os princípios subjacentes ao funcionamento da escola no seu geral e da EF em caso particular. Supõe que este conheça os espaços existentes via escola e como estes se organizam ao nível da condição física.

- Conhecimento pedagógico geral - engloba todos os saberes, as informações que refletem o modo como o professor julga que os alunos aprendem. São linhas do professor, não existindo normalmente nenhum tipo de fundamento teórico que as sustente.

As definições anteriores clarificam eficazmente as caraterísticas e exigência da nossa profissão. Contudo, considero que a visão apresentada por Nóvoa (2009) é aquela que melhor se adequa à minha conceção de Ser Professor. Como tal, apresentarei de seguida o conjunto de disposições fundamentais defendidas pelo autor, comprovando simultaneamente com alguns dos exemplos vividos durante a minha prática pedagógica:

- Conhecimento: o importante é, sem dúvida, conhecer bem aquilo que se ensina. O trabalho do professor consiste na construção de práticas docentes que conduzam os alunos à aprendizagem. Assim, o conhecimento corresponde a um conjunto de caraterísticas, capacidades, crenças e valores pessoais do docente que vão ser determinantes na sua profissão. A tomada de decisão é uma caraterística fundamental do professor. Contudo, para tomar decisões é necessário possuir conhecimentos, pois ninguém pensa no vazio, mas antes na aquisição e na compreensão do conhecimento. Como tal, consciente da importância de conhecimentos sólidos para a atuação na prática, investi na

(46)

22

incessante busca por mais informações sobre a E.F. Isso mesmo encontra-se ilustrado no seguinte excerto. “ (…) no sentido de estar preparado para ensinar e tomar decisões hoje, tive obrigatoriamente que investir num estudo profundo sobre Voleibol e Testes de Aptidão Física. Contudo, não encaro este processo como uma mera obrigação, mas sim como uma tarefa gratificante que possibilitará que a progressão do meu conhecimento. Tenho plena consciência que só assim poderei vir a tornar-me num profissional de EF de excelência (Reflexão da aula nº45 e nº46).

- Cultura profissional: é necessário, para além de uma formação inicial, uma formação contínua, pois as exigências da própria prática docente vão-se alterando, exigindo uma procura constante de conhecimento. A formação e a profissão vão-se desenrolar no confronto entre a teoria e a prática. Ser professor é compreender os sentidos da instituição escolar, integrar-se numa profissão, aprender com os colegas mais experientes. Como tal, é na escola e no diálogo com os outros professores que se aprende a profissão. O registo das práticas, a reflexão sobre o trabalho e o exercício da avaliação são elementos centrais para o aperfeiçoamento e inovação, sendo estas rotinas que fazem avançar a profissão. Neste seguimento, também existiram inúmeras ocasiões em que o relacionamento com colegas de profissão fez aumentar a minha cultura profissional, tendo vivido um desses momentos quando “ (…) uma vez mais, tive uma conversa extremamente produtiva com o professor A.N., sobre o assunto: Aquecimento na aula de EF. (…) Ao colocar parte da minha conversa com o professor A.N. neste tópico Conversas de Intervalo, não pretendo que seja este o tema central da minha reflexão, mas sim compreender e transmitir que as várias conversas efetuadas ao longo deste ano com alguns professores, como por exemplo professor L.P.V, professora G.P., professor Z.C., têm sido deveras enriquecedoras. Inicialmente, defini como um dos meus principais objetivos para este EP, também incentivado pelo professor cooperante, passar o máximo de tempo possível na escola. Só assim, é que conseguiria integrar-me na escola, perceber a profissão, aprender com os colegas mais experientes, refletir sobre o trabalho, dialogar e trocar ideias com outras pessoas. Resumidamente, só assim conseguiria perceber

(47)

23

verdadeiramente no que consiste Ser Professor (Diário de Bordo - Conversas de Intervalo).

- Tato Pedagógico: é muito importante para a ação, para agir com eficiência e corresponde à dimensão subjetiva, ao cruzamento da dimensão profissional com a dimensão pessoal. Esta é uma dimensão fruto das questões da pessoalidade, ou seja, integrar tudo o que é objetivo, mas também desenvolver alguns indicadores pessoais e subjetivos. Relativamente a meu tato pedagógico, este foi patente em diversas circunstâncias ao longo de todo o ano, tendo sido “ (…) necessário durante as aulas ter alguma subjetividade e bom senso para lidar com os problemas surgidos, diversas personalidades, imprevistos, etc., para além disso, também se configura como importante demonstrar alguma sensibilidade na hora de classificar e atribuir os valores que identificam os alunos (Reflexão aula nº119 e nº120).”

- Trabalho em equipa: os novos modos da profissão de docente implicam um reforço das dimensões coletivas e colaborativas, do trabalho em equipa, da intervenção conjunta nos projetos educativos de escola. O exercício profissional organiza-se, cada vez mais, em torno de “comunidades de prática”, no interior de cada escola. Este mesmo espírito de trabalho em grupo foi também sentido “ (…) após ter passado pela experiência de organizar a VII Jornadas da Adolescência, uma vez que considero que o trabalho em equipa e a colaboração de todos os professores responsáveis pela organização dos stands de EF proporcionou a apresentação de um evento repleto de atividades interessantes e dinâmicas a toda comunidade escolar. (Diário de Bordo - Organização das VII Jornadas da Adolescência).

- Compromisso social: refere-se a um conjunto de aspetos que ligam a profissão a uma envolvência social, bem como aos princípios, valores, inclusão social e diversidade cultural. O ato de educar é também um ato social, devendo ser exercido, não apenas durante o horário letivo, mas sim permanentemente. Como tal, “ (…) estando o anfiteatro repleto de alunos, era meu dever aproveitar este momento para me dirigir aos alunos e transmiti-lhes a minha opinião sobre os princípios e valores da sociedade atual, bem como alertar-lhes

(48)

24

para da importância dos mesmos para o seu futuro (Diário de Bordo - Palestra de Projetos de Vida - Jornadas da Adolescência).”

Prosseguindo nesta caminhada, de constantes vaivém, sobre o que nos diz a literatura e o que foi vivido na prática, somos levados, uma vez mais, às seguintes questões: Será que o EP encerra em si todas as caraterísticas da futura profissão? Dar aulas apenas a uma turma, possibilitará obter uma visão global do que é Ser Professor? Saber que em última instância a responsabilidade dos alunos pertence ao professor cooperante, permitirá sentir verdadeiramente na pele qual a responsabilidade de Ser Professor? Em suma, será o EP capaz de gerar uma conceção clara e definida da abrangência do Ser Professor?

2.2.2 - Ser Estudante Estagiário

Grande parte da nossa vida profissional joga-se nestes anos iniciais e na forma como nos integramos na escola e na profissão. Nóvoa (2009, p.6) diz mesmo que “nestes anos em que transitamos de aluno para professor é fundamental consolidar as bases de uma formação que tenha como referência lógicas de acompanhamento, de formação em situação, de análise da prática e de integração na cultura profissional docente.”

Segundo Alves (1997, citado por Braga, 2001, p.66) “o professor iniciante ao chegar à realidade escolar sofre o denominado «choque da realidade», que representa os dilemas, as dificuldades na nova profissão. Esse choque, se não for bem gerido pelo professor com apoio de outros profissionais da educação mais experientes, pode provocar sérios danos à construção do perfil do docente que neste momento inicia a sua carreira profissional. Contudo, apesar do início do ano ser marcado por momentos amargos e difíceis, no final do ano emerge no professor um sentimento de identificação com a profissão, tornando-se numa experiência gratificante para ele.” Realizar uma formação acompanhada, orientada e refletida, poderá proporcionar ao professor o desenvolvimento de competências e atitudes necessárias para um desempenho consciente, responsável e eficaz no futuro.

(49)

25

Alarcão (2009, p.121) afirma que “o professor mais experiente é o professor que ajuda. Permanece a ideia da ajuda, do apoio, da atenção ao outro, às circunstâncias e às necessidades. A essa ideia de apoio associa-se sempre a de desafio. Aliás, a supervisão é fundamentalmente um processo de desafios, acompanhados de apoios para que as pessoas sejam capazes de responder aos desafios.”

Para Schön (1991) o estágio orientado por um profissional faculta ao estudante estagiário a possibilidade de praticar e de se confrontar com problemas reais, cuja resolução exige reflexão, levantamento e averiguação de hipóteses, a vivência dos erros cometidos e a tomada de consciência da importância da colaboração dos outros. Acima de tudo o estágio profissional é o momento de aprender com a experiência do que acontece na prática.

Santos (1991, citado por Gori, 2001, p.5) refere que “a experiência de campo - o estágio - assume primordial importância na formação do professor, por se constituir num espaço intermediário entre o mundo da prática e o mundo académico.”

Depreende-se facilmente que EP visa possibilitar ao estudante estagiário a passagem por um período de transição que reduza os riscos do confronto com a realidade escolar. No meu caso pessoal, um desses momentos especiais, no qual pude atuar apoiado e em que a experiência adquirida me ajudará no futuro a minimizar o impacto da responsabilidade implícita à função, de docente foi vivido no Conselho de Turma do 2º período. “Este foi sem sombra de dúvidas, mais um momento marcante na minha formação como futuro professor. Ser professor de EF remete-nos, não apenas para a lecionação das mais diversas modalidades, mas também, para um sem número de tarefas que a escola nos dias de hoje exige constantemente. Nesse sentido, o professor cooperante, o qual tenho trabalhado na direção de turma, incentivou-me a assumir neste 2º período o Conselho de Turma. Obviamente, que aceitei prontamente esta oportunidade de perceber mais um dos parâmetros que constituem a abrangência da minha futura profissão. Decorrido o Conselho de Turma, e efetuando uma análise ao meu desempenho durante o mesmo, poder-se-á considerar que estive à altura do desafio. Fui capaz de

(50)

26

dirigir a reunião calmamente e seguir o protocolo da mesma com sucesso. (Diário de Bordo - Conselho de Turma do 2º Período).

De facto, face à dupla condição, estudante estagiário e professor, que somos alvo e na qual, naturalmente, ocorrem erros que muitas vezes poderão passar despercebidos ou até mesmo não serem entendidos através de uma introspeção e análise, percebe-se que é fundamental o papel de uma orientação pedagógica nesta etapa da formação, visando uma integração progressiva no papel da docência e desenvolvendo um conjunto de caraterísticas e exigências que um professor deverá dominar no exercício da sua função. Alarcão (1997, p.9) refere que “a competência do professor não se constrói por justaposição, mas por integração entre o saber académico, o saber prático e o saber transversal. A presença de um formador bem preparado junto do formando em desenvolvimento justifica-se pela necessidade de interpretação da dialética que se estabelece entre estes saberes e pela necessidade de análise e síntese que este processo implica.” Podemos então deduzir que através da proteção do professor cooperante, que nos retira, em certa medida, a responsabilidade direta na tomada de decisão perante toda comunidade escolar, é pertinente encarar esta fase como determinante na criação de uma identidade profissional e de uma forte e sólida conceção do que é Ser Professor.

Podemos então concluir que Ser Estudante Estagiário é ter a possibilidade de praticar e de se confrontar com problemas reais do ensino, de encontrar soluções e aprender com os erros cometidos e de analisar e refletir permanentemente sobre as tomadas de decisão com o auxílio e colaboração do professor cooperante. Em suma, é perceber quais as caraterísticas do Ser Professor.

Contudo, há que salientar, que Ser Professor nunca poderá ser considerado como um produto final ou cessado, mas sim, como um processo contínuo de desenvolvimento que se inicia com a necessária formação especializada e que, sendo alvo de uma profunda e permanente reflexão, as várias experiências vão ganhando significado.

(51)

27 2.2.3 - Ser Professor Reflexivo

O modelo de estágio preconizado pela faculdade promove o desenvolvimento de Professores Reflexivos e assenta numa constante procura de novos conhecimentos, soluções e estratégias de ensino. Todavia, em que consiste ser Professor Reflexivo?

Um Professor Reflexivo será aquele que é capaz de se interrogar, analisando construtivamente a sua própria prática e fazendo juízos de valor sobre o seu trabalho e o produto que dele resulta (Amaral et al., 1996). De acordo com este entendimento ganha sentido a compreensão da designação do Professor Reflexivo, ou seja, aquele que tem a capacidade de analisar e refletir sobre a prática e reajustar o processo em função dessa mesma reflexão.

Segundo Dewey (1959, citado por Silva, 2009, p.40) “a função do pensamento reflexivo é transformar situações problemáticas, caraterizadas pela dúvida e pelo conflito, em situações claras e coerentes por recurso ao exame mental do assunto. O processo reflexivo carateriza-se por um vaivém permanente entre o que acontece e a sua compreensão, na procura do significado das experiências vividas, sendo que, é através das práticas, que progressivamente vai-se obtendo um maior entendimento das mesmas.”

Para Esteves (2002) desenvolver uma prática reflexiva envolve um processo de resolução de problemas e de reconstrução de significações, sendo que esta observa-se ao longo de um continuum de ação e não em ato isolado. Neste processo é identificado um problema pelo professor, que deriva de uma situação concreta da prática, tendo significado para o prático. De seguida, são imaginadas soluções possíveis para os problemas, sendo as mesmas criadas ou fundamentadas a partir de teorias, implicando um exame crítico das suas ações profissionais ou das suas implicações em termos de efeitos sobre outros. Posteriormente é posta em prática essa solução e avaliada quanto aos seus efeitos sobre as ações-alvo e quanto às suas consequências para os resultados dos alunos. Finalmente, o último atributo crítico é relativo à aprendizagem que permite ao professor, ou seja, um aprofundamento da compreensão do professor, e é utilizado para atribuir significado ao contexto profissional em que o problema foi identificado.

Referências

Documentos relacionados

Utilizou-se inicialmente a estatística descritiva, para caracterização da amostra e ao nível da estatística inferêncial, recorreu-se a testes não paramétricos,

O estudo objetiva contribuir para a compreensão dos processos históricos e para a formulação de estratégias de promoção do desenvolvimento local propondo a inclusão, no Mapa

Antes de criar suas sprites e arquivos de áudio para serem usados no seu projeto e im- portados pela Construct 2, você precisa saber quais são os melhores formatos para se- rem

Reduzir desmatamento, implementar o novo Código Florestal, criar uma economia da restauração, dar escala às práticas de baixo carbono na agricultura, fomentar energias renováveis

Reducing illegal deforestation, implementing the Forest Code, creating a restoration economy and enhancing renewable energies, such as biofuels and biomass, as well as creating

A investigação ainda, partiu de abordagem metodológica mista, descritiva, correlacional e exploratória, com amostra por conveniência, utilizando como procedimento

O modelo apresentado é uma abstração que contempla as competências para o empreendedor de startups, apresentadas nas dimensões: Conhecimento; Planejamento; Ação e

Os candidatos reclassificados deverão cumprir os mesmos procedimentos estabelecidos nos subitens 5.1.1, 5.1.1.1, e 5.1.2 deste Edital, no período de 15 e 16 de junho de 2021,