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5. MATERIAIS E MÉTODOS

5.3 Ensaios realizados

Os ensaios realizados buscaram identificar todos os meios capazes de promover a perda de desempenho dos sistemas de revestimento cerâmico. Considerou-se como ambiente padrão os revestimentos de banheiros e cozinhas, que estão constantemente expostos a água e ao vapor de água, e tinham como objetivo medir sua capacidade de resistência de aderência a tração, conforme a norma estabelece. Os critérios estabelecidos para a determinação da permeabilidade são de caráter qualitativo, pois não há ensaios normalizados que abranjam a exposição a água de modo global, bem como a presença de vapor de água, como foram realizados neste estudo. Para o ensaio de resistência de aderência à tração o caráter avaliativo é quantitativo, devendo assim atender aos critérios e padrões normalizados.

5.3.1 Permeabilidade a água

O ensaio de permeabilidade a água foi realizado em duas etapas distintas, sendo a primeira com a colocação de uma coluna de água de 15 cm, o que correspondeu a uma média de 96 L em cada caixa, a qual foi mantida a temperatura ambiente por um período de sete dias monitorado a cada 12 h. Para a segunda etapa foi realizado o aquecimento da mesma coluna de água de 15 cm por meio do uso de ebulidores elétricos por um período médio de 4 h, tendo sido monitorado antes e posteriormente ao aquecimento.

A Figura 6 apresenta, em corte, o modelo criado para a exposição a coluna de água do sistema de revestimento vertical cerâmico.

Figura 6– Coluna de água para o ensaio de permeabilidade a água em temperatura

ambiente e com o aquecimento da água.

Fonte: Autor (2018).

Para a primeira etapa foi colocada a coluna de água e acompanhada sua perda ou ganho de volume apor meio de uma régua de 15 cm fixada no interior da caixa. Durante o período de avaliação a temperatura média no interior do laboratório foi de 20,8 ˚C e a umidade relativa do ar de 72,8%, com a temperatura mínima registrada de 17 ˚C, e a temperatura máxima de 25 ˚C. A umidade relativa do ar no período teve o mínimo valor registrado de 59%, e o máximo de 86%.

As faces externas foram monitoradas por meio do acompanhamento fotográfico, mantendo-se assim registradas todas as manifestações patológicas, bem como seus processos de evolução e regressão ao longo das avaliações.

Para a segunda etapa das avaliações foi realizado o aquecimento da coluna de água presente no interior das caixas por meio do uso de ebulidores elétricos com capacidade de 1000W e 1500W, alcançando-se uma temperatura média de 45 ˚C, tendo sido mantida a caixa aberta em sua porção superior.

O monitoramento foi feito realizado por meio de imagens termográficas anterior e posteriormente o aquecimento da coluna de água, tendo sido possível a identificação de pontos de umidade e vazamento de água nos diferentes sistemas de revestimento vertical cerâmico.

5.3.2 Permeabilidade ao vapor de água

Outro meio comumente encontrado em compartimentos como banheiros e cozinhas é a exposição ao vapor de água. Para se medir a capacidade de estanqueidade do sistema de revestimento vertical a esse meio, foi retirada a coluna de água presente nas caixas através de um furo no piso, e colocado um balde metálico com água no interior das caixas. Para a produção de vapor foram colocados os ebulidores elétricos utilizados anteriormente no aquecimento da coluna de água, os quais mantiveram uma atmosfera interna de vapor por um período de 6 h, conforme mostra a Figura 7.

Para que não houvesse perda de vapor foi executada uma cobertura com estrutura metálica e mantas plásticas. Para que não houvesse infiltração de água pela face posterior do sistema de revestimento tomou-se o cuidado de aplicar silicone na interface entre o revestimento vertical e bloco cerâmico. Outro cuidado tomado foi que ao longo do período, quando necessária a reposição da água no interior do balde, a água condensada na cobertura plásticas fosse depositada no interior da caixa que tinha revestimento cerâmico, evitando-se que essa umidade infiltrasse pelos furos dos blocos ou gerasse umidade que não correspondessem a proveniente de infiltrações ou falhas do sistema pelo vapor de água.

Figura 7– Sistema utilizado para avaliar o desempenho do sistema ao vapor de água Fonte: Autor (2018).

Ao longo do período de exposição ao vapor foram medidas as temperaturas internas, as quais variaram entre 51,7 ˚C e 82 ˚C, e a umidade relativa do ar entre 87% e 100% ao longo das oito caixas. Essas medições foram realizadas em momentos de estabilização do sistema, nunca tendo sido realizados logo após a abertura da cobertura para a colocação de mais água nos baldes, e também logo anterior a este momento, onde seriam encontrados valores máximos. No interior do laboratório a temperatura medida nos dias de avaliação foi em média de 18 ˚C, e a umidade de 82%.

Do mesmo modo com que foi analisada a permeabilidade a coluna de água aquecida, também foram realizados levantamentos termográficos antes a exposição ao vapor de água e após a exposição ao vapor de água, buscando-se assim identificar a presença de pontos de água no interior do sistema de revestimento.

5.3.3 Resistencia de aderência à tração do revestimento cerâmico

Por tratar-se de um ensaio com alto grau de variabilidade devido à sua sensibilidade aos mais variados fatores construtivos, produtivos e executivos, optou- se por aguardar por um tempo superior ao determinado por norma para sua execução, pois a exposição prévia do sistema a água e ao vapor de água, por isso ele foi realizado somente 78 dias após o último ensaio, sendo assim 116 dias após o término da execução do sistema de revestimento vertical.

Foram retiradas, em média, 12 pontos de amostragem para cada sistema, sendo três pontos por face de parede de cada caixa. Para este estudo optou-se por utilizar- se os métodos prescritos na NBR 13749 (ABNT, 2013), a qual permite que sejam realizados cortes circulares de 50 mm e posteriormente executada a colagem da placa metálica padrão de 5 cm x 5 cm com cola do tipo epóxi, para a posterior realização do ensaio de resistência de aderência a tração do revestimento vertical.

O equipamento utilizado para a medição da resistência de aderência à tração foi um Dinamômetro com indicador Alfa Instrumentos modelo 3105, sendo a resistência calculada conforme a norma vigente.

Por tratar-se de um ensaio com variabilidade entre 10 e 35% (CARASEK, 2010), foram afastados os valores extremos máximos e os valores extremos mínimos medidos em cada sistema, os ensaios foram realizados no interior de caixas, as quais dificultaram o acesso e manuseio dos equipamentos por parte do operador, aumentando assim a variabilidade e a dispersão de valores esperada. Para avaliar o

tipo de ruptura e identificar os problemas que a promoveram foram utilizados os critérios descritos por Carasek (2010), que descreve as rupturas do tipo coesiva, quando ocorre na argamassa ou no substrato, conforme mostram os tipos B e C da Figura 8, onde não há chapisco no sistema de revestimento. Nesses casos esse tipo de ruptura se mostra perigosa para o sistema quando seus valores são muito baixos, mas não representando importância quando se encontram em condições normais. O outro tipo de ruptura, segundo esse autor são as adesivas. Essa é apresentada no tipo A, onde a ruptura ocorre na interface entre o substrato e a argamassa colante. Quando ocorre esse tipo de ruptura esperam-se valores elevados, pois se trata de uma interface com grande expectativa de aderência. Caso isso não se comprove pode comprometer todo o sistema de revestimento, bem como o aparecimento de patologias. Quando a ruptura for do tipo D têm-se que a camada superficial do revestimento argamassado é a mais fraca.

Figura 8– Tipo de ruptura em sistemas sem chapisco. Fonte: Adaptado de Carasek (2007).

Quando o sistema de revestimento apresenta na sua composição o chapisco, os tipos de ruptura que podem ocorrer são as mesmas, tendo a opção de rompimento na interface entre o chapisco/argamassa e chapisco/substrato, como é apresentado nos tipos A e F, respectivamente, conforme Figura 9.

Figura 9– Tipos de ruptura em sistemas com chapisco. Fonte: Adaptado de Carasek (2007).