• Nenhum resultado encontrado

Figura 69– Sistema exposto a água quente.

6.3. Resistencia de aderência a tração

Os ensaios para determinar a resistência de aderência à tração das placas cerâmicas foram realizados aos 122 dias de idade dos sistemas. Posteriormente foram realizados os ensaios de permeabilidade a água e ao vapor, ficando assim o prazo de 90 dias entre o término das análises com presença de água e os ensaios destrutivos de resistência a aderência à tração, buscando-se a minimização da influência desse fator no desempenho dos resultados.

Conforme a NBR 13749 (ABNT, 2013) as 12 amostras exigidas para cada sistema ensaiado foram realizadas apenas em BRC, BLD, BRD, BLI e BRI. Os demais sistemas apresentaram problemas oriundos do processo executivo, tendo sido retiradas 11 amostras em BRE e BLC, e para BLE, foram retiradas apenas nove amostras, conforme Apêndice 3.

De acordo com os resultados obtidos, todas as amostras atenderam a resistência mínima de aderência à tração previsto na NBR 13528 (ABNT, 2010), sendo o valor mínimo medido de 0,3 MPa e o valor máximo de 0,8 MPa, conforme mostra a Figura 71. Os coeficientes de variação foram de 22% e 55,2%, ficando assim na faixa esperada para esse ensaio, o qual apresenta variações médias de até 35%, podendo alcançar faixas de até 60% quando o método utilizado para o corte das amostras é do tipo circular (CARASEK, 2017).

A Figura 71 apresenta os resultados da resistência de aderência à tração de modo crescente, juntamente com o coeficiente de variação calculado para cada sistema.

Figura 71– Resultados médios dos ensaios de resistência de aderência a tração e o

seu respectivo valor do coeficiente de variação.

Não foi possível afirmar que as variações observadas nos coeficientes de variações de cada sistema tenham vinculação com o tipo de bloco ou substrato analisado, mas foi possível observar que para os blocos com faces ranhuradas este valor manteve-se em uma faixa mais próxima, sendo ela entre 28,3 e 39%, enquanto que para os blocos com faces lisas a variação foi entre 22 e 55,2%.

Todos os dados obtidos foram submetidos ao teste das pressuposições do modelo matemático (normalidade e homogeneidade das variáveis). A análise de variância foi realizada por meio do teste F e as medias comparadas pelo teste Tukey com nível de probabilidade de erro de 5%. Para os resultados plotados no gráfico, determinou-se o intervalo de confiança (P≤0,05).

Devido à alta variabilidade intimamente vinculada a esse tipo de ensaio, e buscando-se reduzir a dispersão dos valores, foram descartados os dois valores extremos de cada sistema, sendo assim o valor extremo máximo e o valor extremo mínimo, não necessitando assim da apresentação de valores outliers.

Se os resultados forem comparados por meio da variável tipo de bloco, todos os pares correspondentes para cada tipo de substrato, por exemplo BLE e BRE; BLC e BRC; BLD e BRD e por fim BLI e BRI, não apresentaram diferenças estatísticas entre si, o qual não ocorreu de modo genérico quando comparados os variados tipos de substratos entre si, pois se a variável analisada for o tipo de substrato, os sistemas

que apresentam emboço (BLE e BRE), não se diferem estatisticamente dos valores obtidos para os sistemas que tiveram as placas cerâmicas aplicadas diretamente sobre o bloco estrutural (BLD e BRD) e os sistemas onde foram utilizados camada de impermeabilizante (BLI e BRI), como pode ser observado na Figura 72.

Figura 72– Resistência de aderência à tração média e coeficiente de variação.

Quanto à resistência de aderência a tração, para este estudo, o tipo de sistema de revestimento que apresentou melhor resultado foi o com o bloco cerâmico estrutural com face ranhurada e a placa cerâmica aplicada sobre camada de chapisco (BRC), com 0,8 MPa. O que apresentou o resultado mais próximos ao mínimo exigido por norma foi o com o uso de bloco cerâmico de faces lisas e cerâmica aplicada sobre camada de emboço (BLE), com 0,3 MPa.

De modo tão importante quanto o valor medido no ensaio de resistência de aderência à tração, também deve ser observado de modo cuidadoso o tipo de ruptura. Em todos os oito sistemas foram observadas rupturas na argamassa colante, do tipo coesiva, sendo variável entre cada um dos sistemas a porcentagem de incidência.

Esse tipo de ruptura, como foi descrito anteriormente, não apresenta perigo para o desempenho do sistema de revestimento quando apresenta valores médios iguais ou superiores ao determinado por norma, sendo perigosa sua incidência em resistências baixas, como foi o caso observado no sistema BLE, onde das sete

amostras consideradas válidas para a análise, quatro apresentaram valores inferiores a 0,3 MPa.

Mesmo o sistema tendo tido alcançado o valor médio mínimo exigido pela norma vigente, é importante destacar que a probabilidade do aparecimento de manifestações patológicas provocadas pela falta de aderência é elevada, podendo esta ser desde o aparecimento de infiltrações e umidades, até o desplacamento e risco estrutural do sistema de revestimento vertical.

Os demais sistemas analisados, mesmo apresentando ocorrência de ruptura nas interfaces dos sistemas de revestimento, ou ainda em camadas especificas, não apresentaram valores compatíveis com a presença de risco ao desempenho do sistema de revestimento vertical.

Todos os resultados medidos na análise de resistência de aderência à tração dos sistemas de revestimento cerâmico com os blocos estruturais cerâmicos estão no Apêndice 2.

7. CONCLUSÕES

De acordo com os modelos experimentais desenvolvidos e as análises realizadas, tendo-se em vista as condições ambientais as quais os modelos foram expostos, bem com as técnicas e mão de obra utilizados no processo produtivo deste estudo, pode-se concluir:

• Nas análises qualitativas, que mediram o desempenho do sistema de revestimento a estanqueidade à água em temperatura ambiente somente o sistema composto por bloco cerâmico de faces lisas e camada de impermeabilizante (BLI) não apresentou nenhum tipo de manifestações patológicas, podendo assim ser considerado o de melhor desempenho. Importante destacar que, o sistema composto por bloco cerâmico de faces ranhuradas e camada de impermeabilizante (BRI) teve seu resultado inconclusivo, não se podendo assim determinar a existência ou não de desempenho no sistema. Para os demais seis sistemas analisados, todos apresentaram manifestações patológicas, demonstrando assim sua falta de desempenho quanto a estanqueidade à água em temperatura ambiente.

• Quando os sistemas foram expostos a coluna de água aquecida e a atmosfera de vapor por meio de análise qualitativa, todos os oito apresentaram manifestações patológicas, não atendendo assim aos critérios de desempenho estabelecidos pela norma ABNT NBR 15575 (2013).

• Todas as manifestações patológicas observadas nas análises qualitativas estavam localizadas nas interfaces entre a laje de concreto armado e a argamassa da primeira fiada de alvenaria, e em uma faixa situada junto a interface entre a argamassa de assentamento da segunda e terceira fiadas. Por meio da compatibilização entre a paginação dos revestimentos cerâmicos e os pontos das manifestações foi possível identificar o padrão claro de seu aparecimento: juntas entre placas cerâmicas no piso e nas faces verticais, sendo elas predominantemente no encontro entre as faces, e nos pontos onde houveram cortes manuais das placas cerâmicas em obra.

• Na análise quantitativa, que mediu a resistência de aderência à tração dos sistemas de revestimento vertical, os oito sistemas analisados atenderam ao mínimo determinado pelas normas. Os valores mínimos e máximos medidos variaram, respectivamente, entre 0,3 MPa para o sistema com bloco cerâmico de faces lisas e cerâmica aplicada sobre camada de emboço (BLE), e 0,7MPa para o sistema composto com bloco cerâmico de faces ranhuradas e cerâmica aplicada sobre camada de chapisco.

Por mais próximos ao limite mínimo que tenha sido os valore medidos para BLE, não houve a verificação de nenhum tipo de ruptura que pudesse determinar risco estrutural ao sistema. (ABNT NBR 13749, 2010; ABNT NBR 13528, 2010). • Como a norma que determina os índices a serem alcançados para que o sistema

seja considerado com desempenho não apresenta ensaios específicos para que os sistemas de revestimento sejam testados, mantém-se como padrão de avaliação apenas a realização do ensaio de resistência de aderência à tração, o qual, por meio deste estudo comprovou não ser capaz de determinar o desempenho de um sistema de revestimento no que tange sua estanqueidade. Este fator determina grande risco para a cadeia produtiva, que não têm parâmetros normativos para medir o produto que entrega, bem como os riscos para os usuários, que sofrem com manifestações patológicas que deterioram as estruturas, gerando perda da vida útil, segurança de uso e operação, bem como um passivo moral, ambiental e financeiro.