MUSICA LITERATURA
ensino, de acordo com aquele princípio inicial de adequação âs etapas de desenvolvimento, deve orientar-se ba
seando-se somente no desenvolvimento já produzido, na etapa superada.
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etapa de desenvolvimento já realizada é ineficaz sob o p on
to de vista geral d o .desenvolvimento da criança, pois não é capaz de dirigir o processç de desenvolvimento, mas vai atrás dele.
Assim, a teoria de desenvolvimento potencial contra
ria este princípio na medida em que este pode adiantar-se ao desenvolvimento. A tarefa da escola ê desenvolver na crian
ça o que lhe falta, encaminhando a criança na direção de formas de pensamento mais abstratas.
Todas estas idéias enfatizam o papel da escola no de
senvolvimento da criança e que resulta numa nova concepção da relação entre aprendizagem, educação e desenvolvimento psico-intelectual, de vez que a aprendizagem e desenvolvi
mento já não são consideradas nem como processos indepen
dentes nem como processos idênticos, mas são processos que possuem simultaneamente unidade e diversidade.
Kostiuk salienta ainda que existem poucas p e s quisas específicas para o esclarecimento desta relação mas algumas investigações recentes p odem servir de base para al
gumas conclusões, tais como:
Estes dados d e s c r e v e m a a quisição de e xperiências sociais pelas c r i a n ç a s, o papel esse n ci al d es e mpenhado neste .processo pela con v ic çã o que a e d u c a
ção exerce sobre a a t i vi da de e a u t o nomia da criança, sobre as m o d a l i d a des de e l a b o r a ç ã o de novas ações e sobre d s con e xõ es entre o primeiro e o segundo sist e ma de sinais
subja-1 subja-1 3
centes a elas. 98
Tudo isto, continua o autor, permite uma explicação do processo da aprendizagem como o que estabelece condiçoes para o desenvolvimento psico-intelectual e também, possibi
lita uma compreensão mais profunda da sua condicionalidade social, de como a criança na interação com o seu ambiente (entre ela e adulto) desenvolve a organização de sua pr ó pria atividade e assim, de novas características psico-in-
telectuais. .
Assim sendo, o ensino não deve somente transmitir aos alunos determinados conhecimentos. A sua tarefa passa a ser
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a de desenvolver as suas faculdades mentais no todo.
No entanto, nem sempre o ensino tem assumido tal fun
ção e ao contrário, como diz Gruzdev f re q ü e nt e m e nt e o e n s i no estã a tal nivel q ue3 em vez de c o n t ri b ui r para o d e s e n volvimento das capacidades i n t e l e c t u a i s3 na realidade s u f o ca-as . 9 9
Dal ser necessário se verificar quais são as condi
ções em que o ensino possa ser melhor desenvolvido, de for
ma eficaz. Segundo Kostiuk as pesquisas até agora realiza
das revelaram muito pouco, mas que em princípio o ensino po
de conduzir a um desenvolvimento mental quanto está dire
cionado para a formação de um sistema de conexões temporais
" K O S T I U K , G.S. A l g u n s a s p e c t o s da r e l a ç ã o r e c í p r o c a e n tre e d u c a ç ã o e d e s e n v o l v i m e n t o da p e r s o n a l i d a d e . In: V I G O -T SK Y et alii. P s i c o l o g i a e P e d a g o g i a I . L i s b o a , E s t a m p a , s.
d . , p . 58.
" G R U Z D E V apud K O S T I U K , i b i d ., p . 60.
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ou seja um ensino que identifique as mudanças que se produ
zem nos sistemas já estruturados na formação de novos con
ceitos de conhecimento, de forma a explicar como se coorde
nam e se organizam tais sistemas, verificando quando se dá a passagem de um nível inferior de organização dos sistemas de conhecimento a níveis superiores.
Além disso, conforme este autor, outros fatores tam
bém devem sèr conhecidos entre eles, os sistemas motivacio- nais do aluno e seus interesses e necessidades.
Geralmente argumenta-se que a consideração sobre in
teresses e necessidades da criança é ponto central para o planejamento do conteúdo c u r r i c u l a r .
Como vimos anteriormente os autores da teoria de cur
rículo, desenvolvem muitas idéias sobre estes dois aspec
tos .
No entanto, algumas dificuldades na aplicação destes princípios na prática escolar podem surgir.
A um nível teórico t e m o s , por exemplo, de decidir qual a conceituação mais adequada para os termos, que como vimos pode ser diferente, a s sim como também a identificação de quais são os interesses e necessidades que temos de l e var em conta.
K e l l y 100 captou muito bem tal questão dizendo em re
lação aos interesses que é muito difícil distinguir entre um interesse passageiro e u m permanente e ainda em identi-100K E L L Y , A l b e r t V i c t o r . C u r r í c u l o : t e o r i a e p r a t i c a . São Paulo, H a r p e r & R o w do B r a s i l , 1980. p . 56.
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ficar do ponto de vista do adulto (o professor) aquele tipo de interesse que é real, isto ê, que corresponda realmente ao que está por detrás do çomportamento aparente da crian
ça. . - ' ' '
Com relação ãs necessidades isto também ocorre pois a idéia de necessidade em si mesmo, devido às várias clas
sificações e conceituações teóricas não proporciona nenhum critério objetivo cuja referência decida uma escolha de con
teúdos .
Portanto, com estas dificuldades, uma outra visão destas bases do conteúdo pode ser proposta, a fim de iden
tificar alguns aspectos que servem de ponto mais permanente
e que podem servir como critério. ‘
Talvez uma solução seja a de considerar os interes
ses e necessidades do ponto de vista mais objetivo que s ub
jetivo, de forma a captar que o que forma as atitudes sub
jetivas são conseqüências de ações educativas não só do e n sino como toda a mudança nas relações entre a personalidade e meio s o c i a l .
A eficácia do ensino passa a se referir ao grau de correspondência deste com as diferentes exigências da re a lidade em que o aluno organiza a sua vida.
As teorias de currículo já apresentam uma preocupa
ção com este aspecto do sócio-cultural nas considerações acerca das necessidades e interesses dos alunos como algu
mas idéias apresentadas por Taba, Saylor e Alexander.
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Parece-nos que uma orientação neste sentido das b a ses psicológicas do currículo, não deturpa o conhecimento da criança de um ponto de vista mais global, de forma que a sua identidade social seja resguardada.
Assim sendo, esta consideração das necessidades e in
teresses da criança seria compreendida a partir do que a criança vive fora da escola, que dá objetivo e sentido à sua vida.
Portanto, deveríamos tomar consciência de que a e x periência social que a criança jã possui ê válida e signi
ficativa e que, enquanto tal, deve ser devolvida esta ima
gem à criança e esta só será devolvida se fizer parte das
experiências educativas. • ■
Como diz Bernstein:
Se con s ag ra ss em o s tanto tempo à r e flexão sobre tudo isso - quando c o n sagramos ãs teorias e d ucativas de Piagetj seria p o s s í v e l } e n t ã o 3 que as escolas se t ornassem locais de e n contros i n te re ss an te s e apaixo n an te s para os p a i s, cri a nç as e p r o fes s o res . 1 0 1
Podemos concluir a partir dessa afirmação de Berns
tein que a consideração das etapas de desenvolvimento m e n tal da criança são importantes, mas não constituem exclusi
va e rigidamente o único critério de análise do comporta-1 0 ^ E R N S T E I N , Basil. U m a c r í t i c a do c o n c e i t o de e d u c a ç ã o c o m p e n s a t ó r i a . In: B R A N D A O , Zaia, org. D e m o c r a t i z a ç a o do en
sino: m e t a ou mito. Rio de J a n e i r o , F r a n c i s c o A l v e s , 1979.
p. 55.
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mento da criança, na sua totalidade.
Com esta discussão em termos psicológicos conclui-se o estudo teórico sobre os critérios de seleção e organiza
ção de c o n t eúdos. Tendo em vista os procedimentos metodoló
gicos deste trabalho, podemos propor a forma de operaciona- lização do quadro referencial teórico.