MUSICA LITERATURA
grupo minoritário ê culto enquanto o restante da sociedade ê considerado inculto. Desta forma, a situação de
desintegração cultural brasileira ê entendida em termos de desequilíbrios e fraquezas dos vínculos que unem o s . diver
sos grupos, o que leva a uma marginalização cultural da grande maioria da sociedade pela fraca comunicação entre a dita sociedade culta e a inculta. A educação deverá, por
tanto, situar-se como um instrumento do fortalecimento dos laços da sociedade.
E isso sõ poderá ocorrer
na medida em que for capaz de siste- 7 2 SAVIANI, o p . c i t . , p.124.
8k das aspirações populares, deixando de inculcar a cultura di
ta erudita para enfatizar uma cultura popular emergente.
Todas estas colocações realizadas até agora têm im
plicações diretas para o conteúdo curricular, jã que, como podemos verificar pelas considerações acerca da concepção de cultura, as idéias acumuladas constituem um aspecto da cultura e é nesse sentido que a transmissão da cultura pela escola implica uma nova visão da relação escola-cultura, e conseqüentemente uma nova visão dos conteúdos curriculares.
Nildecoff assim se expressa:
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Este papel se revela a medida que a escola é uma das instituições que oficializa a cultura, e para atuar neste contexto, é fundamental que confronte a existência destes valores distintos das sub-culturas.
O autor supra-citado aponta algumas características da cultura burguesa que a escola difunde, tais como:
~ S u p e r va lo ri za çã o do livro - incentiva-se a leitura de li
vros mas raramente incentiva-se a observação das condi
ções de vida e o questionamento dos fatos reais.
- Menosprezo pelo trabalho manual - o trabalho intelectual é valorizado e o trabalho manual é relegado a 29 plano co
mo por exemplo as ilustrações dos livros raramente apre
senta um p a i - o p e r ã r i o .
- Valorização do saber pelo saber em si - valoriza a cultu
ra geral entendida como coisas que se devem saber para ser uma pessoa culta.
Em contraposição, conforme este autor, a escola po
derá detectar características da cultura popular, tais co
mo: a valorização da experiência, a autenticidade na expres
são dos sentimentos e idéias, a valorização do coletivo e o uso da linguagem direta. Detectando estes comportamentos e trabalhando a partir deles a escola valorizaria as sub-cul
turas o que equivale a desenvolver uma consciência da r ea
lidade .
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2.3. Critérios Psicológicos
As bases psicológicas para a seleção e organização do conteúdo estão diretamente relacionadas ã necessidade de planejadores do currículo de conhecer o educando nas suas r e a ç õ e s , interesses e potencialidades.
A maioria dos modelos de teoria curricular aponta o conhecimento do aluno, como o ser que aprende, como um dado importante no planejamento curricular e, principalmente, em termos de seleção e organização de conteúdos.
M a tentativa de explicação destes aspectos, os teó
ricos recorrem âs contribuições das Teorias Psicológicas acerca da aprendizagem e Desenvolvimento. No entanto, não nos parece tão simples a questão do conhecimento dos alunos nestes termos de uma explicação psicológica, de vez que im
plica múltiplas interpretações neste campo e principalmente em termos de seleção e organização de conteúdos, a viabili
dade de se definir uma explicação direta destes conceitos teóricos a situações de ensino.
O u seja: até que ponto as explicações das teorias psicológicas como base para seleção e organização do conteú
do podem ser esclarecidas como critério, sem incorrermos nu
ma psicologisação. Na verdade, a aplicação dos conceitos psicológicos â educação tem constituído uma idéia muito atraente para a teoria da educação, principalmente quando esta é dominada pelos resultados da pesquisa psicológica.
Assim, considerando-se a complexidade da questão
acer-8 7
ca das bases psicológicas do planejamento curricular, é que o presente capítulo objetiva discutir alguns aspectos rela
tivos a aplicação das teorias psicológicas como critério de seleção e organização de conteúdos.
Neste sentido é que organizamos os temas deste capí
tulo, iniciando com algumas considerações acerca da organi
zação lógica e psicológica do conteúdo a fim de esclarecer o sentido destes conceitos. Em seguida faremos uma aborda
gem das bases psicológicas indicadas pelos teóricos de cur
rículo com a finalidade de estabelecer suas semelhanças e diferenças e, por fim, trataremos das implicações diretas da aplicação de alguns princípios psicológicos para o con
teúdo curricular.
-2.3.1. A organização TÕgica e psicoló gic a dos conteúdos
Quando definimos no capítulo precedente o conteúdo como o conhecimento sistematizado pela escola, queríamos di
zer que tal conteúdo se refere a qualquer conteúdo da esco
la, seja qual for a sua forma de organização: matérias, dis
ciplinas, unidades de conteúdos das disciplinas, etc.. De s ta forma consideramos o termo conteúdo curricular de forma bem ampla. No entanto, a fim de compreendermos as relações entre a organização lógica e a psicológica de forma mais di
dática temos que fazer algumas diferenc i a ç õ e s .
Primeiro, o conteúdo pode ser visto como matéria, ou
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campo de conhecimento, que por sua vez pode ser transforma
do em disciplina. D i sciplina.assume aqui a conotação de co
nhecimento em sua forma pedagógica.
Estas formas de organização de conteúdos é o que ge
ralmente aparece nas escolas. Estas matérias ainda podem ser organizadas de duas formas: seqüência horizontal e seqüên
cia vertical. A seqüência horizontal constituiria a forma de interrelação das disciplinas num determinado curso, ten
do em vista uma finalidade comum, ou a interrelação entre as próprias unidades de conteúdos que constituem estas dis
ciplinas. A seqüência vertical seria aquela relacionada com a ordenação sucessiva das diversas disciplinas que compõem um curso ou grau de ensino. Assim, verificamos que existem diversos níveis de conteúdos como também diferentes manei
ras de seqüenciã-los, sendo que estas seqüências podem ser
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veis de c onteúdo em segundo l u g a r. 75
A partir daí, podemos então dizer que para diferen
ciar a organização lógica da psicológica é necessário defi
nir-se qual a função do conteúdo das m at ér ia s no desenvol
vimento dos processos intelectuais por um lado (organização lógica) e por outro as disposições psicológicas que existem para aprender (organização p s i c o l ó g i c a ) .
Quando um currículo ê organizado por matérias a su
posta lógica da disciplina é que determina a forma de orga
nização. Ou seja a seqüência do conteúdo proporciona auto
maticamente uma seqüência apropriada de aprendizagem.
Esta ênfase à organização lógica dos conteúdos está associada a idéia da disciplina mental, ou seja a idéia de que cada matéria tem um determinado valor intrínseco no d e senvolvimento mental da criança e isso implica considerar o ensino das disciplinas formais como um meio para desenvol
ver capacidades mentais. Isto implicaria, portanto, dizer que a organização lógica excluiria a organização psicológi
ca e que os dois processos o de aprendizagem e desenvolvi
mento intelectual são processos totalmente diversos.
Ê neste ponto em que a relação entre aprendizagem e desenvolvimento intelectual como processos que se excluem é que nos parece constituir o ponto fundamental de toda a questão da organização lógica e psicológica das disciplinas.
7 5 TABA, Hilda. E l a b o r a c i o n dei c u r r í c u l o . B u e n o s Aires, T r o q u e i , 1974 . -p.395.
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V i g o t s k y 76 ao estabelecer a relação que pode existir entre a aprendizagem e desenvolvimento coloca três grupos de teorias:
19 grupo - teorias que consideram o processo de d e senvolvimento e de aprendizagem como processos independen
tes.