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2. Apresentação e análise de resultados

2.2. Inquéritos dos Professores

2.2.5. Ensino dos conceitos inerentes ao estudo da disciplina de Geografia à distância

Após a análise sobre como se desenvolveu e como se desenrolou a disciplina de Geografia, tanto ao nível da logística, no contacto com os alunos e no método de avaliação a utilizar, é também importante, perceber quais as preferências dos professores, nos recursos a utilizar na disciplina de Geografia em formato de EaD (gráfico 36). No inquérito realizado aos alunos, umas das principais conclusões incidia na preferência de recursos e aulas, onde o estímulo visual e os estímulos instantâneos estejam presente, que vai de encontro à opinião dos professores, que também tendem a preferir esse tipo de recursos, uma vez que 66% dos inquiridos concorda ou concorda totalmente com a utilização de vídeos e filmes para o ensino dos conceitos

geográficos.

Outro tipo de recursos onde existem respostas rápidas e estímulos instantâneos com perguntas e respostas, através de enigmas ou jogos, também é algo que os professores apresentam uma maior preferência. É por isso possível perceber que 74% concorda ou concorda totalmente com a aula baseada de questões e enigmas, com vista à

resolução por parte do aluno. As aulas online, a partir da realização de jogos didáticos como o Socrative ou Kahoot, também é uma das ferramentas preferenciais, apesar de se verificar que apenas 24% concordam totalmente e 37% concorda. Estes dados demostram que, embora considerem interessante e interativo e apresentem benefícios para a aprendizagens dos alunos, os professores, devido às poucas

formações realizadas na utilização das TIC na Geografia, acabam por não saber utilizar com o total proveito, o que leva 32% a nem concordar nem discordar por,

provavelmente, não saber utilizá-las da forma pretendida.

Tal como concluímos no inquérito dos alunos, os professores também não têm preferência pelas aulas ditas tradicionais no EaD. Em resposta à afirmação acerca de uma aula online com recurso, exclusivamente à leitura do manual, cerca de 79% discorda ou discorda totalmente. Esta não irá trazer enriquecimento à disciplina nem às aprendizagens dos conceitos geográficos, uma vez que o professor de Geografia deve abrir o horizonte aos alunos, de forma a verem o mundo e o espaço geográfico com clareza.

Gráfico 35- Preferência acerca do tipo de aula e recursos a lecionar em EaD

Utilizando somente o manual, estes objetivos serão mais difíceis de atingir, uma vez que este se foca numa abordagem sucinta dos conceitos e menos interativa. Ainda neste grupo de recursos mais tradicionais, os inquiridos também não apreciam aulas onde são o principal orador e os alunos transcrevem o que diz, quase como um monólogo. Neste ponto, 76% discorda ou discorda totalmente, pois esta trará problemas à aprendizagem dos alunos, pois nem todos conseguirão acompanhar o discurso do professor, nem existirá uma troca de ideias entre professor e alunos, com vista ao desenvolvimento da oralidade e do seu espírito crítico.

Dentro do grupo de recursos a utilizar em aulas online, esta pode-se também cingir a tirar dúvidas aos alunos, ou seja, o docente recomenda o estudo de certos conceitos geográficos, de forma assíncrono e depois em conjunto criam uma sessão síncrona, por exemplo, em formato de videoconferência, onde os alunos colocam dúvidas relativas à matéria estudada. Esta privilegia o trabalho autónomo, o que poderá criar desigualdades e ter efeitos negativos, uma vez que os alunos com menos autonomia e com dificuldades de aprendizagem, poderão ser prejudicados na compreensão da matéria. Devido à fragilidade desta metodologia, 58% dos professores refere discordar ou discordar totalmente com a utilização desta, mas apesar das suas limitações, 24% revela ter preferência por este formato. Neste ponto alunos e professores estão de acordo, visto que a grande percentagem dos discentes, referiu discordar ou discordar totalmente.

Por último, em relação às metodologias utilizadas nos trabalhos (gráfico 36), os

professores optam por trabalhos semanais de forma a monitorizar as aprendizagens ao longo das aulas, ao invés de pedirem um trabalho mais longo. É demostrado que, apesar de 43% concordar com definir trabalhos para os alunos apresentarem, 37% não concorda nem discorda, o que nos leva a concluir que provavelmente, consideram que não serão muito úteis para a consolidação e acompanhamento da aprendizagem. Por outro lado, quando se referem aulas onde sejam realizados trabalhos semanais, a opinião do professor tende a ser mais favorável, sendo que 60%, concorda ou concorda totalmente com a afirmação. A utilização de trabalhos semanais faz mais sentido no EaD para alunos do ensino básico e secundário, uma vez que é fundamental um acompanhamento contínuo das aprendizagens, para se poder detetar as principais dificuldades.

Depois de se perceber que os professores têm maior preferência pelo tipo de aula onde o estímulo visual e os jogos estejam presentes, torna-se também interessante entender se utilizam as TIC e quais as ferramentas didáticas digitais que utilizam no ensino de Geografia à distância (gráfico 37). Os professores tendem a concordar ou concordar totalmente (53%) que a utilização de aplicações digitais foi prioridade nas suas aulas. Observa-se que a aplicação mais utilizada foi o Google Earth, com 55% de respostas positivas. Já outras aplicações de mapeamento ou de localização, como o GPS ou o Wikiloc e Strava, não são utilizadas nas aulas. Também a utilização do SIG, para a criação de materiais para a disciplina de Geografia, não foi praticamente utilizada. Esta não utilização dever-se-á, fundamentalmente, à maior dificuldade e ao trabalho inerente à sua utilização.

Gráfico 36- Utilização de ferramentas digitais na disciplina de Geografia à distância

Por fim e depois de percebermos todos os processos relativos à logística e à preparação dos professores, do método de avaliação utilizados, da metodologia preferencial e do comportamento dos alunos no contexto de EaD, é também fundamental fazer um balanço acerca do EaD e da perceção dos professores acerca deste na disciplina de Geografia (gráfico 38). Estes ao longo da análise, tentaram diversificar as aulas, utilizando diferentes recursos e utilizando metodologias

interativas. Os professores utilizam-nos de forma a atrair a atenção dos alunos e assim aumentar a complexidade da aula, dado que a grande maioria tenta que os alunos entendam os diferentes conceitos geográficos. Esta tentativa é positiva, pois apesar de ser um processo mais demorado, os alunos vão interiorizar e perceber melhor os conceitos e a matéria. Quando apenas se pede aos alunos que decorem os conceitos, esta abordagem trará consequências negativas, visto que, embora aprendam no imediato, a longo prazo os discentes vão esquecer essas aprendizagens. Os professores estavam cientes disso, ao que 87% respondeu que discorda ou discorda totalmente com esta abordagem.

Ao utilizar uma abordagem mais morosa, para que os alunos compreendessem, efetivamente, os conceitos que estavam a aprender, levou a que nem todos os temas pudessem ser lecionados com a mesma minúcia ou até não ser lecionados de todo (gráfico 38). Este fator, aliado ao tempo disponível, determinou que 55% dos

inquiridos não tenha concluído os temas das aprendizagens essenciais (AE). Contudo, 53% dos docentes tendem a discordar ou a discordar totalmente, quando afirmado que foi dada mais importância à aprendizagem dos conceitos em detrimento das AE.

Apesar de terem tentado que os alunos percebessem os conceitos, o tempo parece ter sido o principal problema, pois se no ensino presencial cumprir o programa já é difícil, no contexto de EaD ainda mais. Isto fez com que os professores tivessem de realizar escolhas e lecionar os conceitos com maior importância.

Gráfico 37- Balanço do ensino dos conceitos geográficos em EaD

Relativamente à avaliação dos professores em relação ao seu trabalho e à sua

prestação, estes tendem a ter diferentes opiniões (gráfico 39). A inexperiência no EaD reflete-se no ensino e aprendizagem dos conceitos ligados à Geografia e, neste caso, metade dos professores afirma que a prestação não piorou, enquanto 18% nem concorda nem discorda e, por fim, existem professores que têm a perceção que a sua prestação foi negativa (29%). Contudo não é exequível perceber se a prestação piorou na globalidade. Observamos que 79% dos inquiridos refere que os conceitos

geográficos são mais difíceis de expor no EaD, além de que 61% aponta que a disciplina necessita do contexto de sala de aula, o que poderá estar relacionado com a sua inexperiência com o EaD

Gráfico 38- Balanço do EaD em Geografia

Depois de perceber que a Geografia se torna mais difícil de ensinar no contexto do EaD, também é importante especificar e perceber qual o ramo da Geografia, física ou humana, com mais dificuldade e facilidade de ensinar (gráfico 40). Vemos claramente que a Geografia física (68%) é a que os professores apresentam mais dificuldade em ensinar e a Geografia humana (51%) é a que têm mais facilidade, ou seja, se na aula presencial existe uma maior dificuldade do ensino da Geografia física, esta poderá se ter agravado com o EaD. A maior dificuldade no ensino de um ramo da Geografia, não teve influência direta nos conceitos com maior dificuldade para os alunos, pois estes tanto referem os subdomínios da “Dinâmica da bacia hidrográfica”, “Agricultura, pecuária e pesca” e os “Serviços e turismo” como a matéria onde tiveram maiores dificuldades. Por outro lado, referem os subdomínios do “Clima” e “As redes e modos de transporte e telecomunicações”, como a matéria com maior facilidade de aprender.