• Nenhum resultado encontrado

ENSINO JURÍDICO NA BAHIA: DE SALVADOR A BARREIRAS UM BREVE RELATO

No documento Download/Open (páginas 42-46)

CAPÍTULO 1 O ENSINO JURÍDICO NO BRASIL E A FORMAÇÃO DO

1.2 ENSINO JURÍDICO NA BAHIA: DE SALVADOR A BARREIRAS UM BREVE RELATO

1.2.1 Faculdade de Direito de Salvador

Assim se apresenta a Faculdade de Direito, hoje integrada à Universidade Federal da Bahia, em seu site oficial: “Em 15 de abril de 1891 foi fundada a Faculdade Livre de Direito da Bahia. Reconhecida, já na vigência da nossa primeira Constituição republicana, pelo Decreto n. 599, de 18 de outubro de 1891, do Governo Federal, foi, afinal, federalizada pela Lei n. 3.038, de 19 de dezembro de 1956. A Faculdade inaugurou-se num velho prédio colonial na antiga Ladeira da Praça n. 19. A casa da Ladeira da Praça, depois Rua Visconde do Rio Branco, acolheu a Faculdade de Direito, como uma catedral recebendo em festa o Sacerdos Magnus. Tudo ali falava da “glória da Bahia”, que o novo inquilino vinha continuar.

23

RODRIGUES, Horácio Wanderlei. Pensando o ensino do direito no século XXI. Diretrizes curriculares,

Foi ali, numa daquelas salas, precisamente a em que se proclamou inaugurada a Faculdade, que tinha sido assinado o decreto de abertura dos portos do Brasil, inspirado a D. João VI por José da Silva Lisboa, Visconde de Cairu. Esse prédio confrontava com um modesto sobradinho, onde na primeira vintena do século (século XIX) nasceu, de pai português e mãe baiana, quem viria a ser o Visconde do Rio Branco.” 24

Fruto do movimento do Ensino Livre, que desmonopolizou o ensino jurídico de Recife e São Paulo, a faculdade de Direito da Bahia é uma conquista tardia da primeira capital do país. Fatores sócio-econômicos impediram que a capital baiana recebesse o curso de Direito pioneiro no país, sendo ultrapassada politicamente pelos pernambucanos.

Teve como figura mais influente no cenário nacional a pessoa de Orlando Gomes, civilista festejado praticamente em todas as faculdades do Brasil, formado pela própria faculdade em 1930 com apenas 21 anos, e que foi Diretor da mesma por duas vezes (1952- 1961, e 1966-1970). No prédio que hoje funciona a faculdade federal de Direito, uma estátua sua recebe os visitantes, além de outras homenagens merecidas (uma avenida recebe seu nome na capital, assim como uma fundação anexada ao prédio da UFBA, além de diversos outros prédios forenses pelo Estado da Bahia, bem como o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra em 1982).

1.2.2 A expansão do Ensino Superior e a chegada a Barreiras-BA

Mais uma vez, por falta de interesse e força política, agregada à centralização de recursos na capital Salvador, os cursos de Direito (e muitos outros) ficaram por décadas recolhidos ao Recôncavo.

A afirmação é auferida dos dados levantados do site oficial do Ministério da Educação: até a década de 90, somente a Universidade Católica do Salvador – UCSAL e a Universidade Federal da Bahia – UFBA tinham a autorização para funcionar, ambas somente com campi na cidade de Salvador.

Porém, ressalte-se o avanço do ensino privado ensino superior naquela década e na década seguinte. Essa política de expansão do número de Instituições de Ensino Superior

tomou força a partir do Governo de Fernando Henrique Cardoso, através do Ministro da Educação Paulo Renato, que visava diminuir o número de pessoas que não cursavam o Curso Superior, em muitos casos, devido à falta de vagas ofertadas.

O Brasil continua com uma grande defasagem em relação a outros países do mundo, inclusive da própria América Latina, de jovens em idade universitária, fora dos bancos universitários.

A meta daquele governo era de alcançar 30% dos jovens de idade entre 18 e 24 anos para que estejam cursando um Curso Superior, conforme Plano Nacional de Educação aprovado pelo Congresso Nacional (Lei nº 10.172, de Nove de janeiro de 2001).

Com o objetivo de aumentar o número de jovens visando alcançar a meta acima citada, medidas têm sido tomadas, como a criação do PROUNI (Programa Universidade Para Todos) que objetiva isentar as IES privadas de Impostos Federais como Imposto de Renda, CSLL, PIS e COFINS em troca de oferta de bolsas totais e parciais no sistema privado de Ensino

Assim, durante a década de 90, diversas foram as faculdades abertas (mas ainda no Recôncavo): Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Faculdade Batista Brasileira – FBB, Faculdade Dois de Julho - F2J, Faculdade Metropolitana de Camaçari – FAMEC, Faculdade Maurício de Nassau de Salvador - FMN SALVADOR, Instituto de Educação Superior Unyahna de Salvador – IESUS, Universidade Estadual de Santa Cruz– UESC, Universidade Salgado de Oliveira – UNIVERSO, e Universidade Salvador – UNIFACS.

Naquela década, somente a Faculdade São Francisco de Barreiras - FASB, o Instituto de Educação Superior Unyahna de Barreiras – IESUB e a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB entraram em funcionamento longe da capital baiana.

Todas as outras faculdades foram abertas nos anos 2000 em diante, como pode ser observado na lista completa das faculdades em funcionamento no Estado da Bahia.

Especificamente na Região Oeste da Bahia, estão em funcionamento apenas a Faculdade São Francisco de Barreiras - FASB, o Instituto de Educação Superior Unyahna de Barreiras – IESUB, e a Faculdade Arnaldo Horácio Ferreira – FAAHF na cidade de Luís Eduardo Magalhães. Para esta pesquisa, considerou-se somente a FASB, na cidade de Barreiras, para analisar os modos de pensar e agir jurídico apropriado pelos alunos do curso de direito da FASB e identificar elementos sócio culturais, institucionais, administrativos e

ideológicos presentes no contexto do curso e sua relação com a internalização desse modo de pensar.

Conforme mencionado, no campo educacional, a Teoria Histórico-Cultural e a Teoria do Ensino Desenvolvimental oferecem subsídios para a compreensão da constituição de um modo de pensar próprio da atividade jurídica. O capitulo a seguir apresenta os pressupostos e conceitos básicos destas teorias.

CAPÍTULO 2 - CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL PARA O

No documento Download/Open (páginas 42-46)