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O Entendimento da noção de Competência

5. O SEGUNDO CASO: A FORMAÇÃO DO ADMINISTRADOR EM UMA

5.2. O Entendimento da noção de Competência

A vinculação da IES com o mundo dos negócios tem implicação direta no entendimento do que consideram um curso de boa qualidade, pois, quando se solicitou que escolhesse, entre cinco respostas possíveis, qual a que representava o entendimento sobre um bom curso de Administração, a escolha recaiu sobre a alternativa que indicava como um bom curso de Graduação em Administração aquele que é capaz de reproduzir rapidamente, no ambiente escolar, todas as inovações que ocorrem no mercado de trabalho.

Nos dados coletados, há evidências de que o projeto pedagógico é permeado por tal concepção, pois, em diversos momentos da entrevista com o coordenador do

curso, houve referência à preocupação em incluir nas aulas elementos que pudessem antecipar o que o aluno encontrará no mercado de trabalho. O alto índice de empregabilidade dos alunos formados confirma o acerto desse entendimento da IES, pois, por meio do acompanhamento dos alunos concluintes e egressos do curso, constatou-se que 95% deles encontram-se exercendo uma atividade profissional relacionada ao curso.

Entende-se a noção de competência como todas as ações desenvolvidas pela escola que possam facilitar a empregabilidade do aluno. Trata-se de uma definição bastante peculiar, mas perfeitamente alinhada com a visão de um curso de qualidade adotada pela escola. Os dados coletados indicam que são as oito competências relacionadas a seguir que essa IES se propõe a desenvolver:

Ɣ Capacidade para se relacionar e para trabalhar em grupo em um contexto de diversidade cultural;

Ɣ Capacidade para atuar com uma visão de sustentatibilidade social e ambiental; Ɣ Desenvolver uma visão crítica da realidade;

Ɣ Capacidade para criar valor para os acionistas, que é o resultado do trabalho do administrador;

Ɣ Capacidade de realizar análise financeira; Ɣ Desenvolver a capacidade de raciocinar; Ɣ Desenvolver uma visão humanista;

Ɣ Desenvolver a capacidade de empreender.

As competências relacionadas a seguir foram as cinco consideradas como mais importantes:

Ɣ Capacidade para se relacionar e para trabalhar em grupo em um contexto de diversidade cultural;

Ɣ Capacidade para atuar com uma visão de sustentatibilidade social e ambiental; Ɣ Desenvolver uma visão crítica da realidade;

Ɣ Capacidade para criar valor para os acionistas, que é o resultado do trabalho do administrador;

Ɣ Capacidade de realizar análise financeira.

Observando-se a relação das competências definidas por essa IES, fica evidente que algumas foram elaboradas a partir de descritores do fazer do administrador e, portanto, podem ser caracterizadas como habilidades. Outras são mais genéricas e possuem elementos de diferentes dimensões humanas. Mas, ao elegerem as cinco mais importantes, evidencia-se a preferência pelas embasadas nos descritores profissionais, numa demonstração de que a ação escolar está mais voltada para o desenvolvimento de habilidades do que de competências.

Isso se combina com o modo como foram entendidos os Conteúdos de Formação Complementar, ou seja, como um espaço de inclusão de novos conteúdos disciplinares, e se caracteriza como mais uma evidência de uma visão de escola que tem como papel a transmissão ou difusão de conhecimentos.

Tal entendimento pode explicar a não inclusão do trabalho interdisciplinar na grade curricular, realizado nos três primeiros anos do curso e o Trabalho de Graduação, exatamente duas atividades que podem ser caracterizadas como as que apresentam potencial de desenvolver as competências.

No entanto, os dados que foram coletados permitiram verificar se há alguma orientação, no projeto pedagógico, para o desenvolvimento das competências: constatou-se que os professores possuem autonomia para escolher as estratégias de ensino que considerarem mais adequadas para a disciplina que ministram, mas

são orientados a utilizar algumas estratégias de ensino como: trabalhos realizados em grupo, seminários e estudo de casos.

Como se pode observar, são estratégias de ensino que exigem um maior envolvimento dos alunos e, portanto, podem ser consideradas como adequadas para o desenvolvimento de competências. No entanto, os dados coletados não permitem fazer uma análise mais aprofundada sobre esse tema, uma vez que não se dispõe de informações sobre a extensão dos conteúdos de cada disciplina e sobre as estratégias propostas pelos docentes para desenvolver os conteúdos disciplinares. Mas, acredita-se que o modo utilizado pelos alunos da IES para realizar os trabalhos dessa natureza pode tornar-se um elemento significativo para atender aos objetivos dessa orientação.

Por meio das informações coletadas, constatou-se que a IES não desenvolve os casos que utiliza em sala de aula, o que deixa evidente que conhecem as implicações em relação à metodologia para elaboração de casos para serem utilizados como recurso didático nos cursos de Graduação em Administração, apesar do vínculo com uma organização de prestação de serviços, o que permitiu incluir entre os objetivos estabelecidos, na época da sua fundação, a elaboração de um banco de casos para ser utilizado em seus cursos. Constatou-se que essa meta ainda não foi cumprida, pois está claro para os dirigentes da escola que é necessário utilizar um procedimento metodológico que possua certo grau de complexidade e que exige disponibilidade de tempo por parte dos docentes para transformar experiências empresariais em casos possíveis de serem utilizados como estratégia de ensino.

Quando se questionou se os docentes da IES estão preparados para o desenvolvimento dessas competências, além da resposta positiva, foram citados os

seguintes pontos como justificativas: primeiro, o fato de a escola se caracterizar como um ambiente empresarial; seguido, da relativa estabilidade do corpo docente; por último, há uma ação conduzida pela coordenação acadêmica que faz reuniões com a equipe de professores para reafirmar os valores da IES; discutir os resultados da avaliação institucional; encaminhar soluções para corrigir os problemas apontados. O último elemento apontado foi o trabalho interdisciplinar realizado nos três primeiros anos do curso, definido “como um diferencial do curso”.