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3 O PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO

4 O PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA NA REORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA

4.4 ENTIDADES ADMINISTRATIVAS PÚBLICAS

4.4.2 Entidades Administrativas Públicas Paraestatais

As entidades administrativas públicas paraestatais são pessoas jurídicas de direito privado autorizadas por lei a prestarem serviços ou realizarem atividades de interesse público ou coletivo (MEIRELLES, 1999). Conhecidas também como entes de cooperação com o Estado, funcionam em regime de iniciativa particular dentro do Setor de serviços públicos não exclusivos do Estado.

No setor saúde, dois são os tipos principais de entidades administrativas públicas parestatais: Organização Social e Parceria Público-Privada.

4.4.2.1 Organização Social

Organização Social (OS) é uma entidade administrativa de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, qualificadas como organizações sociais pelo poder público mediante atendimento de requisitos específicos definidos em lei (BRASIL, 1998).

A criação de Organizações Sociais foi autorizada pela Lei Federal nº 9.637, de 15 de maio de 1998. Por meio dessa lei, unidades de serviços públicos, com seus bens móveis e imóveis e recursos humanos e financeiros passaram a poder ser transferidos para entidades filantrópicas sem fins lucrativos, cooperativas, associações, entre outras organizações da sociedade civil qualificadas como OS.

A Organização Social recebe do ente público contratante um conjunto de obrigações especificando os serviços a serem prestados, consubstanciadas num instrumento legal específico denominado Contrato de Gestão (Artigo 5º ao Artigo 10º da Lei 9.637/98).

A Organização Social apresenta autonomia administrativa e financeira para gerir os recursos e o patrimônio que recebe do ente público contratante, sendo as obrigações do hospital definidas por indicadores e metas de desempenho quando da assinatura do Contrato de Gestão. A fiscalização do Contrato de Gestão é exercida pelo poder público contratante por meio de uma comissão de avaliação que acompanha o cumprimento das metas de resultados estipuladas para a prestação dos serviços, bem como a prestação de contas do exercício financeiro (BRASIL, 1998). Quanto à categoria regime de vinculação de pessoal, a Organização Social apresenta trabalhadores predominantemente sob o Regime Celetista. Quando da assinatura do Contrato de Gestão com o ente público, há o recebimento de trabalhadores sob o regime estatutário provenientes da administração estatal anterior, desde que com anuência desses servidores e havendo uma igualdade das condições de trabalho deles às dos trabalhadores celetistas.

As Organizações Sociais não estão submetidas às exigências de contratações pelos procedimentos licitatórios definidos nas leis federais 8.666/1993 e 10.520/2002. Esses entes têm

autonomia para definir, por meio do seu conselho de administração, regulamento próprio a ser adotado para a contratação de obras, serviços, compras e alienações. Por tratar-se de emprego de recursos provenientes do Poder Público, essas entidades, entretanto, têm obrigação de publicizar quais serão esses procedimentos usados no prazo máximo de noventa dias contado da assinatura do Contrato de Gestão (BRASIL, 1998).

Cabe, nesse momento, fazer uma ressalva para apontar a existência da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), entidade administrativa análoga a Organização Social criada a partir da Lei Federal n° 9.790, de 23 de março de 1999. Há correspondência na estrutura de ambas até mesmo no instrumento de vinculação com o ente público contratante, com a instituição do Termo de Parceria como correlato do Contrato de Gestão. Devido à similaridade nas regulamentações legais das duas entidades, elas foram consideradas, para fins deste trabalho, uma única entidade administrativa genericamente denominada Organização Social (OS).

4.4.2.2 Parceria Público-privada

A Parceria Público-privada (PPP) é uma entidade administrativa de personalidade jurídica privada, com fins lucrativos, a qual é outorgada a permissão, por meio de licitação, para prestar os serviços públicos interagindo diretamente com o usuário e, se necessário, cobrando taxas para garantir a continuidade da provisão (BRASIL, 2004d).

As entidades administrativas anteriormente citadas - Autarquia, Fundação, Empresa Pública e Organização Social – representam um transferência da execução de serviços públicos não exclusivos do Estado como saúde, educação, cultura e outros de infraestrutura social às organizações públicas ou às organizações de interesse público paraestatais. Com a PPP, essa transferência é feita para o setor privado com fins lucrativos (vide Figura 3), num aprimoramento dos processos de concessões.

Os contratos de concessões foram autorizados na administração pública brasileira pela Lei Federal 8987, de 13 de fevereiro de 1995, em conformidade com o Artigo 175 da Constituição

Federal, sendo dada permissão para a remuneração do ente privado por tarifação do usuário pelo uso do serviço público, além da contrapartida financeira garantida pelo poder público concedente (concessões patrocinadas). Com a Lei Federal nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, que normatiza as PPPs, houve uma ampliação do regime de concessões. Para alguns serviços, sobretudo aqueles que necessitam de uma anterior disponibilização de obras de infraestrutura, a tarifação paga pelo usuário não era suficiente para garantir o retorno do ente privado, sendo necessária à concessão de empreendimentos inteiros, bem como tornar o próprio poder concedente num usuário capaz de manter a viabilidade do serviço (concessão administrativa) (BRASIL, 2004d).

As PPPs apresentam autonomia administrativa e financeira total. Recebem os seus recursos como contraprestação pecuniária do poder concedente e, em alguns casos, também por tarifação do usuário. O pagamento é condicionado ao atendimento das metas quantitativas e qualitativas estabelecidas em contrato e verificadas pelo poder concedente e avaliador externo contratado. Os contratos são de longo prazo, de cinco a trinta anos, com valor sempre superior a 20 milhões de reais (BRASIL, 2004d).

A vinculação de pessoal é sob o Regime Celetista, não sendo obrigatória a realização de concurso público.

As PPPs, assim como as OSs e diferentemente das organizações estatais, não estão submetidas à obrigação de contratações por meio de procedimentos licitatórios. Há liberdade plena do conselho diretivo dessas organizações para alocação dos recursos recebidos.

4.5 ESTRUTURA GERENCIAL DAS ENTIDADES ADMINISTRATIVAS PÚBLICAS