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Entidades promotoras de programas na Comarca de Pamplona

CAPÍTULO II Separação de resíduos e reciclagem – da Escola à Sociedade

2.2. Educação Ambiental na escola

2.2.3. Entidades promotoras de programas na Comarca de Pamplona

Como referíamos no ponto anterior, há vários factores que contribuem para o sucesso da abordagem e da implementação da EA no âmbito escolar. Um deles é a parceria com entidades públicas e/ou privadas. Esta situação revela-se extremamente frutífera e produtiva, na medida em que se estabelece uma relação de continuidade entre os conteúdos abordados na escola e a sua consolidação na sociedade. Desta forma, os alunos podem até perceber a importância destas aprendizagens fora do contexto escolar, uma vez que se apercebem de que esses temas são uma preocupação comum de vários ramos sociais.

Assim, a escola deve estabelecer parcerias com os concelhos comarcais e os ajuntamentos, já que “podem ceder as infraestruturas necessárias para a escola: contentores para papel, vidro, pilhas, etc; possibilitam a realização de visitas gratuitas e propõem campanhas educativas específicas para a escola.” (Carol, 1997, p. 45). Funcionando como uma extensão dos conhecimentos escolares, essas entidades podem, então, colaborar com as entidades educativas em projectos promovidos pelas escolas ou podem desempenhar também elas um papel de difusão primordial, oferecendo voluntariamente os seus serviços aos centros educativos e prestando a sua contribuição

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através da promoção de programas, actividades ou projectos. Para além disto, o desenvolvimento de programas e parcerias ajudam a promover a reflexão sobre aspectos ambientais, o que se revela uma mais-valia para a concretização dos objectivos da EA (Lecumberri & Arbuniés, 2001). Ainda, no momento em que cada município decide construir a sua Agenda 21 Local, a participação dos centros escolares tem de ter uma especial relevância e ainda mais quando são as próprias escolas a produzir a sua Agenda 21 Escolar, representando esta um processo de diferentes fases em que a parceria com outras entidades deve estar presente. (Ayuntamiento de Barcelona in Madroñero, 2002). Neste sentido, as Agendas 21 Escolares pretendem implicar os mais pequenos no processo da Agenda 21 Local, levando-os a reflectir sobre as repercussões do seu estilo de vida na qualidade do meio ambiente que os rodeia e incentivá-los a dar a sua opinião, o seu ponto de vista crítico e as suas propostas de solução (Ayuntamiento de Vitoria- Gasteiz in Madroñero, 2002).

É neste contexto, e incidindo no caso particular do nosso estudo, que passamos a enunciar as entidades de Pamplona que concorrem para a promoção da EA no campo escolar, não só através da sua receptividade para colaborar com os projectos educativos como sugerindo e promovendo, por iniciativa própria, os seus próprios projectos e programas com os seus respectivos objectivos e finalidades.

Em primeiro lugar, a MCP tem, sem sombra de dúvidas, um lugar de destaque como entidade pública que colabora com os centros escolares. A MCP é una entidade local fundada em 1982, e, como vimos anteriormente, foi criada para fazer a gestão e administração de diversos serviços. Entre esses serviços está o „Programa de Educação e Sensibilização Ambiental Comunitário‟. Este programa, constituído por um conjunto de sub-programas tem como objectivos informar, formar e sensibilizar a população para a necessidade de preservar o património ambiental.

De todos esses sub-programas, os que mais se enquadram no âmbito do nosso estudo são, o „Programa de Sensibilização do Cidadão‟ e o „Programa de Educação Ambiental Escolar‟.

O „Programa de Sensibilização do Cidadão‟ tem como objectivo a sensibilização de toda a população e é operacionalizado sobretudo através de campanhas de sensibilização, ateliês e palestras. O „Programa de Educação Ambiental Escolar‟ tem como objectivo intervir no meio escolar. Para o efeito, a MCP tem ao seu serviço quatro educadores ambientais que dispõem de três centros de índole ambiental, o Centro de Informação e Educação Ambiental de Góngora, o Centro de Interpretação Sócio-

41 ambiental da EDAR de Arazuri e o Centro de Educação Ambiental da Nascente do Arteta. Destes três centros, o mais relevante em termos de gestão de resíduos é o Centro de Informação e Educação Ambiental de Góngora, que coloca à disposição de todos os munícipes, estudantes e outros grupos interessados, vários recursos educativos tais como ateliês, maquetas, projecções audiovisuais, painéis e recriações interactivas e outros recursos e actividades que permitem desenvolver hábitos responsáveis para com o ambiente (MCP, 2009). Além das instalações referidas, a MCP disponibiliza ainda diversos manuais para professores e alunos, CDs e DVDs e jogos interactivos.

Uma outra entidade de promotora de programas e projectos de EA é o Centro de Recursos Ambientais de Navarra (CRANA). Esta entidade sem fins lucrativos, financiada pelo Governo de Navarra e por um conjunto de empresas públicas que a ela se associaram, tem como missão trabalhar para alcançar uma sociedade comprometida com o meio ambiente (CRANA, 2010). Uma das formas que esta fundação encontrou para atingir o seu objectivo primordial é a colaboração com o Governo de Navarra e com demais organizações sociais, juntado sinergias para aprofundar o conhecimento do meio ambiente e da sociedade navarra. Assim, O CRANA tem entre outras funções:

 O assessoramento empresas para questões ambientais, seja ele para elaboração de projectos ou apoio legal e jurídico;

 Fornecer informação sobre entidades empresas que desenvolvam trabalhos no âmbito ambiental;

 Disponibilizar informação, manuais e demais documentos gráficos e audiovisuais, pois possui uma extensa base de dados, uma biblioteca especializada em meio ambiente, sustentabilidade e Educação Ambiental, além de publicações próprias, muitas delas para o sector educativo;

 Fazer formação e sensibilização, pois realiza inúmeras palestra e formações no âmbito da Educação Ambiental, dirigidas a empresa, e entidades;

 Organizar vistas de estudo, passeios, debates e demais actividades;  Desenvolve e implementa programas de EA para toda a comunidade.

Actualmente o CRANA conta com 15 técnicos para dar resposta a 7 programas, entre elos o Programa de Resíduos e o Programa de Centros Escolares. É através destes programas que colabora com professores e escolas para aprofundar os conhecimentos destes sobre o meio ambiente e desenvolvimento sustentável da região de Navarra.

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A terceira entidade que vamos destacar como promotora de programas e projectos é o Museo de Educación Ambiental San Pedro - MEASP. Esta entidade autodefine-se como um espaço público que disponibiliza informação relacionada a EA e o desenvolvimento sustentável, a todos os cidadãos (MEASP, 2011). De toda a informação que disponibiliza vamos destacar os materiais didácticos destinados a todos os alunos, desde a Educação Infantil até ao último ano do ensino secundário e onde são abordados os mais variados temas de Educação Ambiental. De referir que o tema do nosso estudo, os resíduos é abordado nos manuais de Educação Infantil.

Além dos manuais, o museu, ao ter como missão educar para a sustentabilidade, organiza visitas guiadas às suas instalações para grupos escolares, empresariais e demais entidades locais. As vistas escolares foram englobadas no Programa de Educação Ambiental para a Sustentabilidade e destinam-se a todos os alunos desde o 1º ano de Educação Infantil ao último ano do Ensino Secundário, sem esquecer os cursos de formação profissional. Estas visitas escolares são guiadas por fénicos que preparam diversas actividades ambientais. De referir que o programa está concebido de forma a permitir que um mesmo grupo de alunos possa visitar o museu em todos os ciclos educativos sem repetir os tópicos e as actividades realizadas.

Por último, como entidade promotora de programas vamos destacar as autarquias, que implementaram, ou deveriam ter implementado a Agenda 21. A Agenda 21 Local foi a forma encontrada pelos governos para colocarem em prática a Agenda 21 de cada país, aquando da Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992. Assim, cabe ao poder local implementar a Agenda 21 Local de cada município, de forma a garantir o desenvolvimento sustentável. No momento em que os municípios decidem projectar a sua Agenda 21 Local, a participação dos centros escolares tem de ter uma especial relevância, pois as escolas podem também produzir a sua Agenda 21 Escolar, sendo no entanto um processo diferente e independente, mas onde as parcerias com outras entidades devem estar presentes. (Ayuntamiento de Barcelona in Madroñero, 2002)

Assim, as escolas como agentes de formação cívica e de valores devem formar e educar os seus alunos, mas as autarquias não podem, nem devem distanciar-se das escolas. Assim, autarquias e escolas necessitam de um projecto que englobe a Agenda 21 Local e Escolar de forma a desenvolverem um trabalho articulado e abrangente para servir o cidadão e o aluno, em prol de uma educação de valores que vise o desenvolvimento sustentável.

43 As Agendas 21 Escolares pretendem implicar os mais pequenos no processo da Agenda 21 Local, levando-os a reflectir sobre as repercussões do seu estilo de vida na qualidade do meio ambiente que os rodeia e incentivá-los a dar a sua opinião, o seu ponto de vista crítico e as suas propostas de solução. (Ayuntamiento de Vitoria-Gasteiz in Madroñero, 2002). É necessários que a escola implemente a Agenda 21, que trabalhe em parceria com outras entidades, que aprofunde os programas educativos, que trabalhe a EA de uma forma transversal e que tenha projectos sérios e eficazes, pois é necessário fazer mais que trabalhar a horta escolar, fazer a recolha de resíduos ou ter o clube de ecologia da escola. (Leite, 2001). Parece-nos que todas estas premissas serão necessárias, e fundamentais, mas terá a escola recursos humanos capazes de responder a este desafio?