• Nenhum resultado encontrado

ENTREVISTA À DIRECTORA E EDUCADORA DO “JARDIM-DE-INFÃNCIA

Capítulo V – TESTEMUNHOS PARA A HISTÓRIA

ANEXO 4 ENTREVISTA À DIRECTORA E EDUCADORA DO “JARDIM-DE-INFÃNCIA

Em muito boa hora, foi definido para ser entrevistada, a directora pedagógica do Jardim-de-infância Waldorf, em Alfragide.

A pessoa entrevistada, sendo educadora com responsabilidades na direcção de um Jardim-de-Infância com pedagogia Waldorf, ajusta-se, na íntegra, ao perfil definido na escolha da amostra para o estudo empírico da actual dissertação de mestrado em Administração e Planificação da Educação, a apresentar na Universidade Portucalense – Porto, intitulada “A Pedagogia Waldorf: Um contributo para a Educação em Portugal”.

Caracterização do Entrevistado Nome: Entrevistada A

Funções: Educadora e Directora Pedagógica do “JI Waldorf”, localizado em Alfragide

1. Como surgiu a ideia do projecto “Jardim-de-infância Waldorf”?

A ideia deste projecto de surgiu de um grupo de professores e pais interessados em desenvolver este tipo de pedagogia no nosso país. Os professores, tendo adquirido formação em Pedagogia Waldorf no estrangeiro, nomeadamente em Inglaterra, ambicionavam poder desenvolve-la cá; os pais, tendo vivido também no estrangeiro (Alemanha) onde tomaram contacto com esta pedagogia, queriam uma escola em Portugal para os seus filhos. Desses interesses que se complementavam, surgiu em 1984 a “Associação de Pais para o Desenvolvimento de um Ensino segundo Rudolf Steiner”.

2. Para que público-alvo surgiu?

O público-alvo deste projecto foram as crianças das pessoas que o impulsionaram, bem como todas as crianças cujos pais se encontravam descontentes com o ensino oficial e procuravam uma visão mais “alternativa” da educação. Ainda hoje é este o público-alvo.

3. O que motivou este projecto? O que levou a construir este Jardim, nos princípios da Pedagogia Waldorf?

Para além do que foi dito anteriormente, a convicção profunda de que a Pedagogia Waldorf e a ideia de ser humano que lhe está subjacente são o caminho para a formação de um ser humano verdadeiramente livre.

4. Em que ano e contexto surgiu o “Jardim-de-infância Waldorf”? (ver anteriores)

5. Quais os pontos fortes deste Jardim?

Considero que um dos pontos fortes nesta pedagogia e neste Jardim-de-infância seja o facto de cada criança poder expressar e manifestar a sua própria individualidade, enquanto ser único no seu processo de desenvolvimento, onde o medo e a dúvida não têm lugar.

6. Quais as principais dificuldades/obstáculos sentidos?

As diferentes posturas face à Infância por parte de outros agentes educativos.

7. Que dificuldades se encontraram ou se encontram, tendo em conta a actual politica educativa portuguesa?

Nenhumas. Somos ainda um mundo à parte.

8. Onde pensa que pode melhorar este tipo de pedagogia?

A possibilidade de melhorar está sempre na Auto-Educação…Quem promove e aplica esta Pedagogia pode e deve sempre evoluir para melhor.

9. Quais são as actividades privilegiadas deste Jardim?

Todas as que têm um verdadeiro sentido para as crianças. Actividades que estejam ligadas aos diferentes ritmos vividos no jardim-de-infância, como as que estão ligadas aos processos que culminam nas festividades (ritmo anual), por exemplo.

10. As novas tecnologias também têm lugar, no processo educativo dos alunos que frequentam o jardim?

11. Concorda com a divisão em seténios, tal como a concebe Steiner? Durante o primeiro, que é que considera importante ensinar?

Concordo. Considero importante proporcionar um leque diversificado de experiências e vivências boas, belas e verdadeiras que constituam um “bom alimento” para a criança pequena.

12. Qual a importância do ensino/inclusão das actividades música, o canto, a fala, e euritmia nos primeiros anos de vida?

Nos primeiros anos de vida o canto é dos mais importantes. Tocar Lira é bom para os bebés também. A música e a Euritmia vêem posteriormente, a partir dos 3 anos. Constituem um grande contributo para a harmonização das forças da vontade e do sentimento da criança do 1º seténio.

13. Qual a participação que os alunos têm?

Toda. As crianças vivem no presente e onde estão inteiras. A sua participação é plena.

Se a pergunta se refere a que por vezes as crianças não aderem todas às mesmas propostas, obviamente que nem sempre estão dispostas a tudo, pelas mais variadas razões.

14. Quais os valores, tradições e símbolos Waldorf no “Jardim-de-infância Waldorf”?

Valores: o Amor, a Amizade, o Respeito, a Reverência, A Paz, o Cuidado pelo Ambiente.

Tradições: as festividades adequadas a cada cultura.

Símbolos Waldorf: o próprio professor/ educador, constitui o símbolo Waldorf

15. Como é que tem sido a integração das crianças no primeiro ciclo, comparativamente com as outras?

Depende de cada criança e depende do(a) professor(a) que cada criança encontrar no seu percurso escolar. No entanto, normalmente as nossas crianças estão ávidas de aprender e socialmente estão bem preparadas.

16. Que vantagens traz este tipo de pedagogia, no seu ponto de vista?

Muitas. Se esta pedagogia for bem aplicada, contribui para que o ser humano se sinta seguro de si, com uma boa auto-estima, com capacidades criativas notáveis, que servem muitas vezes para resolver problemas humanos de várias ordens, com um bom espírito crítico em relação ao mundo, no sentido de se tornar um ser livre!

17. Como foi (tem sido) a aceitação deste tipo de ensino, na comunidade, em geral, e nos pais, em particular?

Boa.

18. Quais as perspectivas de futuro, quanto à implementação desta pedagogia? Crescer, crescer, crescer. Crescer em consciência e em trabalho conjunto!

Muito obrigada pelo contributo e pela gentileza e cordialidade prestados na presente entrevista. Desejo que continue a desempenhar um papel de profissional correcto e a empenhar-se na prestação de serviços às crianças e/ou à educação, para que, tendo como este exemplo, outras instituições e pessoas saiam das suas comodidades e se multipliquem na busca pela construção de uma SOCIEDADE MAIS: saudável, feliz, fraterna, tolerante, responsável, … e democrática!