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ENTREVISTA AO DIRECTOR EXECUTIVO DA “ESCOLA DAS VIRTUDES WALDORF”,

Capítulo V – TESTEMUNHOS PARA A HISTÓRIA

ANEXO 2 ENTREVISTA AO DIRECTOR EXECUTIVO DA “ESCOLA DAS VIRTUDES WALDORF”,

Em muito boa hora, foi definido para ser entrevistado, o director executivo da “Escola das Virtudes Waldorf”, situada no Porto.

A pessoa entrevistada, com ligações, pedagógicas e de direcção à “Escola das Virtudes Waldorf”, ajusta-se ao perfil definido na amostra do estudo empírico da actual dissertação de Mestrado em Administração e Planificação da Educação, a apresentar na Universidade Portucalense – Porto, intitulada “A Pedagogia Waldorf: Um contributo para a Educação em Portugal”.

Caracterização do Entrevistado Nome: Entrevistado A

Funções: Director Executivo e Vice-Presidente da Direcção da “Escola das Virtudes Waldorf”, entidade proprietária do extinto “Projecto Waldorf”.

Situação Profissional: Director da “Escola das Virtudes Waldorf”

1. Como surgiu a ideia do projecto “Projecto Waldorf”?

Por proposta do Doutor Jacinto Rodrigues, quando se discutiam no seio da Cooperativa Árvore as formas de concretizar o projecto de formação humanística pela via da arte, desde a pré-primária até ao ensino superior.

2. Qual era o seu público-alvo?

Crianças oriundas da classe média e classe média-alta, devido ao grau de informação das suas famílias, e crianças com necessidades educativas especiais.

3. Em que ano e contexto surgiu o “Projecto Waldorf”?

Como projecto de ensino formal em 1982, com a criação das “cooperativas de ensino artístico Waldorf”, dando seguimento ao processo iniciado em 1980 no seio da “Cooperativa Waldorf”, de ensino informal.

4. O que motivou este projecto? O que levou a construir o “Projecto Waldorf”, nos princípios da Pedagogia Waldorf?

O facto de possibilitar uma fusão entre o ensino formal e o ensino artístico.

5. Quais os pontos fortes do “Projecto Waldorf”?

A comunicação entre as crianças e os jovens e adolescentes, em virtude da partilha de espaços com o ensino secundário e o ensino superior.

6. E os pontos fracos?

Os parcos recursos materiais e as insuficiências de financiamento.

7. Quais as principais dificuldades/obstáculos sentidos? (angústia educativa). A incompreensão da tutela perante o projecto educativo.

8. Que dificuldades se encontraram ou se encontram, tendo em conta a actual politica educativa portuguesa?

No contexto em que o projecto foi vivido (entre 1982 e 1992), não havia ainda condições subjectivas para a sua existência. O Ministério não foi capaz de compreender a importância da partilha entre os diferentes sectores de ensino, fazendo sair legislação a impedir a utilização comum dos espaços.

9. Onde pensa que pode melhorar este tipo de pedagogia?

Actualmente, o “Projecto Waldorf” não existe. Mas, se nos fosse permitido recriá-lo, iríamos reforçar o peso da educação informal, com a introdução de novas artes no projecto e o alargamento para o domínio ambiental, que não foi inicialmente concretizado por ausência de meios.

Na definição dos trabalhos a realizar, e na aprendizagem da responsabilidade. 11. Quais eram as actividades privilegiadas pelo “Projecto Waldorf”?

As artes visuais (desenho, pintura, objectos tridimensionais, cinema de animação).

12. Em seu entender qual a importância do ensino/inclusão das actividades música, o canto, a fala, e euritmia nos primeiros anos de vida?

Considero que são fundamentais para a formação integral da pessoa humana. No caso concreto do “Projecto Waldorf”, não as pudemos realizar inteiramente, por dificuldades materiais.

13. As novas tecnologias também tinham lugar, no processo educativo dos alunos que frequentavam o “Projecto Waldorf”?

Não época, as novas tecnologias da comunicação e informação davam ainda os primeiros passos... não havia Internet. Se fosse hoje, teriam um papel importante na vida da instituição, a exemplo do que acontece na formação inicial de jovens. Contudo, fomos os primeiros a utilizar a tecnologia do cinema com crianças do ensino primário, produzindo filmes de animação.

14. Quais os valores, tradições e símbolos Waldorf seguidas no “Projecto Waldorf”?

A complementaridade da formação formal com a formação informal. No nosso caso, a integração das artes visuais, dado não termos meios para mais.

15. Como foi a integração das crianças no primeiro ciclo, comparativamente com as outras?

Ocorreu sempre com naturalidade.

Uma educação mais completa e integral, com um acentuado desenvolvimento da responsabilidade, da afectividade e da sensibilidade estética.

17. Como foi a aceitação deste tipo de ensino, na comunidade, em geral, e nos pais, em particular?

Os pais aceitavam bem, pois reconheciam os resultados da educação. A comunidade em geral e o M.E. em particular, manifestavam algum estranhamento.

18. Em Steiner, o programa educativo contempla disciplinas como Inglês, História, Ciências (que engloba áreas como Astronomia, Meteorologia ou Geografia), Matemática, Farmácia, sem nunca abdicar da Educação Física, Jardinagem e Artes Performativas e Decorativas. O mesmo acontecia no ensino outrora ministrado no “Projecto Waldorf”? Havia variâncias? Se sim, quais e porquê?

Parcialmente. Como foi afirmado atrás, assentávamos a nossa acção em educação no domínio das artes, com predominância das artes visuais e do cinema de animação.

19. O que falhou no “Projecto Waldorf”, dado que actualmente não existe?

O financiamento. O impedimento de partilha comum dos espaços com os outros níveis de ensino, levou à criação de um novo espaço específico para o “Projecto Waldorf”, com o respectivo acréscimo de custos com funcionários, dado não ser mais possível gerir uma partilha comum de recursos materiais e humanos. Visto tratar-se de uma escola pequena, o disparar dos custos determinou a sua inviabilização financeira.

20. Quais as perspectivas de futuro, quanto à implementação desta pedagogia? Parecem-nos boas, e penso que a maturidade alcançada pelo país, permite agora uma maior abertura para projectos inovadores, de que é exemplo o sucesso da Escola da Ponte.

Muito obrigada pelo contributo e pela gentileza e cordialidade prestados na presente entrevista. Desejo que continue a desempenhar um papel de profissional correcto e a empenhar-se na prestação de serviços às crianças e/ou à educação, para que, tendo como este exemplo, outras instituições e pessoas saiam das suas comodidades e se multipliquem na busca pela construção de uma SOCIEDADE MAIS: saudável, feliz, fraterna, tolerante, responsável, … e democrática!

ANEXO 3 – ENTREVISTA AO DOCENTE DO EXTINTO “PROJECTO