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Entrevista a stakeholder 1 (Ensino Profissional)

Capítulo 3 – Estudo exploratório

3.1 As perspetivas dos atores do EE (stakeholders)

3.1.2 Realização das entrevistas

3.1.2.2 Entrevista a stakeholder 1 (Ensino Profissional)

a) A importância do empreendedorismo para a comunidade

A participante começa por salientar as características em que a Escola Profissional Forave foi criada. Segundo a entrevistada, juntaram-se vários “stakeholders da região” para se “pensar num projeto à medida que fosse enquadrado geograficamente” e também com o objetivo de criar “respostas, dinâmicas e sinergias que fossem necessárias para todos os atores da região”. Passados cerca de 30 anos desde a criação da escola, ainda existe um “processo de desenvolvimento e crescimento contínuo”. A participante deixa claro que não se trata de um crescimento físico, mas sim um “crescimento qualitativo” e das “ligações que nós fomos criando ao longo destes 30 anos, de captar mais empresas, de tentar fazer melhor e diferente, de promover e alavancar uma cultura de empreendedorismo e inovação”.

No que diz respeito à importância do empreendedorismo para a comunidade, a informante refere que “quando falamos de um município ou de uma região empreendedora, não nos referimos apenas à escola. Temos de pensar com visão global, desde os responsáveis políticos da região, até todos os agentes que trabalham e consertam

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um projeto de sustentabilidade e inovação para essa região”. No geral tem “funcionado muito bem”. “Todas as pessoas e stakeholders são ouvidos, todos têm a possibilidade de participar e de dar o seu contributo e depois há uma visão que é criada e definida para a região, sendo que o mais importante é passar à ação”. São as características “criativas, empreendedoras, proativas e cooperantes” dos munícipes que fazem do concelho de Famalicão e dos concelhos limítrofes um exemplo em empreendedorismo. Os concelhos de Vila Nova de Famalicão, Trofa e Santo Tirso são dos mais exportadores da Região Norte e “têm expressão mundial no desenvolvimento das suas empresas, na colocação dos seus produtos”.

Ao nível do Município de Vila Nova de Famalicão, o executivo da Câmara procura ouvir a opinião das pessoas e, por isso, realizaram-se reuniões de auscultação. A participante relembra uma destas atividades em que participou, como elemento de um grupo temático. Acrescenta que os habitantes de Vila Nova de Famalicão são “pessoas empreendedoras” e que o concelho tem “características empreendedoras”.

b) A dinâmica dos atores no concelho e na região

A dinâmica dos atores no concelho e na região é abordada pela participante. “Eu penso que esta dinâmica tem tido grandes frutos. Tem tido frutos e ganhos notórios, falados a nível nacional e internacional. Este é o alinhamento e a visão que temos de ter para o futuro. Trabalhar de uma forma global, partilhar, criar sinergias para conseguirmos ir mais longe. Ninguém consegue resultados tão bons se trabalhar de forma isolada”. Contudo, ainda “existe muito a fazer para que os empresários possam ser mais empreendedores”. Há aspetos que podem ser melhorados e “situações de caráter burocrático ou que são menos favoráveis ao desenvolvimento do investimento”.

No setor da educação, “as coisas já mudaram bastante”, mas “ainda é possível fazer mais”. Ao nível do Ministério da Educação, assistiu-se, no passado ano, “à entrega de alguma autonomia às escolas em termos de criarem o seu próprio projeto educativo e de o gerirem com vista ao sucesso dos alunos. Disponibilizaram-se “ferramentas e oportunidades que têm de ser utilizadas para criarmos mais valor” e fazê-lo com esta autonomia, capacidade e possibilidade de sermos mais empreendedores e mais criativos na educação”.

c) Ações junto dos públicos escolares para a promoção do empreendedorismo

Procura-se promover o empreendedorismo junto dos públicos escolares, através de “concursos e prémios que são atribuídos”. “A Forave candidatou-se a um galardão de empreendedorismo, o ‘Famalicão Visão 25’”, promovido pelo Município. Além disso, promove “um programa de mérito e distinção que visa não só os alunos, mas também os colaboradores da instituição e as instituições que trabalham connosco”. Esse reconhecimento é efetuado anualmente, “com a atribuição de certificados de mérito e de um galardão”. Os alunos são também reconhecidos pelas empresas onde estagiam. Todos os cursos existentes na escola “têm um diploma de mérito para o melhor aluno”. Existe ainda “um prémio de mérito para o melhor projeto de final de curso (…) que é o reconhecimento do esforço e do valor que vão acrescentando através do percurso nesta escola e da sua formação.

Em suma, a participante refere que “se dinamizarmos internamente um concurso com um objetivo determinado, tentamos sempre alavancar as atitudes empreendedoras dos alunos. Isto é uma coisa que fazemos diariamente na nossa atividade, estimulando a participação deles em determinados concursos nacionais e internacionais, tecnológicos e não tecnológicos e no âmbito do empreendedorismo social”. A Forave participa em determinados certames de empreendedorismo. Um deles “é ‘A Minha PAP Empreendedora’, promovido pelo concelho de Famalicão; outro é o Projeto SOEN que tem a ver com o orçamento participativo e onde envolvemos os alunos e os estimulamos a criar valor para a instituição através de ideias inovadoras”. Existem outros concursos em que a escola participa, como por exemplo o My Machine, na Aptipro com projetos de Empreendedorismo Tecnológico e na Junior Achievement, onde “os alunos são estimulados a criar a sua própria empresa e um produto e onde desenvolvem competências para empreender esse mesmo produto”.

d) Sensibilização do corpo docente e não docente

Na Forave o corpo docente e não docente está sensibilizado para as questões ligadas ao empreendedorismo e a importância deste para as gerações mais novas. Para existirem dinâmicas ao nível escolar trabalhadas pelos jovens, “têm de passar primeiro pelo

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professor. Este tem de estar envolvido e tem de saber passar a motivação necessária para que os alunos adiram a estas atividades. Se não tivermos professores motivados dificilmente vamos ter alunos motivados. O entusiasmo e a paixão que são próprios do empreendedorismo, da inovação e da criatividade têm de estar presentes em todas as pessoas da comunidade escolar. Se não estiverem, dificilmente vamos conseguir atingir os resultados pretendidos”.

e) As iniciativas e apoios realizados pela autarquia

É referido que “as iniciativas e os apoios ao empreendedorismo são divulgados constantemente por todos os meios, não só digitalmente, mas também através de sessões de esclarecimento que realizam junto das instituições. A autarquia promove muitas reuniões para debatermos estas questões e, portanto, o empreendedorismo e todas as dinâmicas a ele associadas são muito estimuladas no sentido vertical, desde a autarquia até aos atores que compõem o Ecossistema Empreendedor”.