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Entrevista a stakeholder 5 (Indústrias Criativas)

Capítulo 3 – Estudo exploratório

3.1 As perspetivas dos atores do EE (stakeholders)

3.1.2 Realização das entrevistas

3.1.2.6 Entrevista a stakeholder 5 (Indústrias Criativas)

a) Motivação inicial do empreendedor

O participante teve, desde a sua infância, a ambição de se tornar um designer de moda. A oportunidade de apresentar a sua coleção no Portugal Fashion, desenvolvida em contexto escolar, foi a alavanca para a criação da marca e através do apoio do Invest Santo Tirso, o Gabinete de Apoio ao Investidor da Câmara Municipal de Santo Tirso.

b) Apoios na implementação da ideia de negócio

A escolha do Invest Santo Tirso deveu-se à localização geográfica do participante, mas também à proximidade geográfica com empresas têxteis. O pedido de auxílio tinha como objetivo a realização da coleção primavera/verão de 2019 para apresentação na 43.ª edição do Portugal Fashion. O Invest Santo Tirso cedeu “um espaço para trabalhar na Fábrica de Santo Thyrso” e “os materiais da coleção”. No evento seguinte, o jovem designer não contou com uma fonte de financiamento por parte do Invest Santo Tirso, apenas com o espaço de incubação. Para conseguir realizar a coleção, teve de procurar o apoio de empresas têxteis sediadas na região, tais como a Troficolor e a bymyside.

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c) Reconhecimento do empreendedor pela comunidade

A marca João Sousa tem tido visibilidade na imprensa nacional e internacional, sobretudo aquando a realização dos eventos de moda. Após os desfiles, o feedback por parte do público-alvo permite “aumentar o número de seguidores nas redes sociais, que vão estar atentos ao meu trabalho”. A menção em publicações na imprensa nacional e em empresas de renome como por exemplo a Vogue Itália, dão ânimo e motivam o jovem a continuar a construir a marca.

d) Papel da autarquia na promoção do empreendedorismo

Para o participante, a autarquia não aposta suficientemente no empreendedorismo e refere: “pensei que a autarquia ia continuar a ajudar-me quando eu pedisse, mas eu voltei a pedir ajuda antes do desfile de março e não conseguiram ajudar-me por causa dos timings”. A autarquia devia ter um papel mais ativo e construtivo junto da comunidade, especialmente dos jovens designers. Santo Tirso afirma-se como um município que aposta nas atividades culturais e criativas, por isso, devia ter em consideração os prazos apertados com que os profissionais deste setor têm de lidar. No caso do Invest Santo Tirso, o prazo de resposta teria de ser no mínimo de dois meses. “Não tinha esse tempo e mesmo explicando isso, eles não me ajudaram nesse aspeto. Ainda assim, estou agradecido na mesma por eles terem-me ajudado na primeira coleção”.

O participante considera ainda que os projetos da autarquia “têm de ter uma abordagem e comunicação mais jovem e eficiente”. Acrescenta que “se a minha mãe não estivesse ligada à comunicação social e estivesse diretamente a trabalhar com a Câmara, eu não saberia do apoio do Invest Santo Tirso, por isso teria de desenrascar-me de outra forma”. Devem-se procurar sempre oportunidades de promoção, especialmente junto do público mais jovem. Uma festa “organizada pela Câmara e com o patrocínio do Invest Santo Tirso” pode constituir uma boa oportunidade de comunicar com esse público, uma vez que a “pessoa pode-se divertir e ao mesmo tempo ser informada sobre os projetos da Câmara, os apoios que eles possam ter”. Fazerem “palestras nas escolas ou organizarem eventos com abordagens diferentes e direcionadas para os jovens” também pode ser benéfico.

e) Incremento ou melhoria da iniciativa empreendedora

Em primeiro lugar, é referido que “um empreendedor não pode desistir ao primeiro ‘não’ que lhe aparecer à frente”. Deve “procurar sempre a solução e ter muita motivação” para realizar o seu empreendimento. É preciso “ter uma ideia bem definida e não desistir no primeiro (…) obstáculo que aparece. Se eu acredito na minha ideia e luto pela sua realização, não é um ‘não’ que me vai deitar abaixo… Por isso, a pessoa não deve desistir, tem de estar ciente de que tudo não é assim tão fácil”. Por último, o participante revela que a exploração de outras áreas são sempre uma mais-valia para o empreendedor. Há sempre alguma coisa que pode ser extraída para benefício próprio e para isso recorre à sua experiência pessoal: “o evento em que participei em Espanha, não tinha a ver com a minha área, mas serviu para ter uma experiência com o mercado espanhol, conhecer novas pessoas, conhecer novos apoios ao nível europeu”.

f) A importância do trabalho em rede e da cooperação

No ponto de vista do participante, “o trabalho em rede e a cooperação são fundamentais”, principalmente na área da moda. Para se chegar a uma coleção, tem de se realizar o desenho dos coordenados e é necessário trabalhar em confeção e modelação. Para isso, são precisas “empresas que me cedam materiais ou que me facilitem nessa questão do material… Pelo menos na indústria da moda acho que funciona assim em todo o lado. A indústria da moda é muito pelo timing, se calhar uma pessoa sozinha consegue fazer aquilo, mas demora muito tempo. Então, se eu tenho uma boa equipa a colaborar comigo, eu consigo estabelecer os timings. Isso é fundamental”.

g) Papel na direção/liderança do ecossistema empreendedor

Em relação à direção/liderança do ecossistema empreendedor, é importante o “contacto que um designer possa ter com uma empresa têxtil”. No caso do participante, são as empresas têxteis que ajudam no processo de criação da coleção e, por isso, considera que é essencial existir sempre “contacto direto”. Desta afirmação, infere-se a importância de as empresas dinamizarem o ecossistema empreendedor, por meio da colaboração com jovens empreendedores e comunicação destas atividades.

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Por outro lado, o município também deve ter um papel de destaque na comunicação dos apoios e de informação útil aos empreendedores.