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– Entrevista com a consumidora, Cristhiane

No documento fernandadosreis (páginas 97-103)

Parte III – Estudo de Caso

Apêndice 1 – Entrevista com a consumidora, Cristhiane

1) Pra você o que significa ética nos produtos?

R: Penso em um conjunto de normas que os fabricantes deveriam pensar quando colocam um produto no mercado. Além de informações, porque as informações nem sempre que você entende e também não tem tempo de parar para analisar aquilo, tem haver com a embalagem, informações de origem, mais direta menos cientifica. Isso, a nível de fabricante, sem falar no meio ambiente de onde buscam os recursos.

2) Como vê a amplitude das informações encontradas quando adquiri um produto?

R: Limitadíssimo. Acho que falta, porque o que tem a gente não entede. Muito complexo, você vai olhar quantas proteínas, valores diários de vitaminas, ninguém faz conta. Acho que deveria existir uma coisa mais acessível.

3) Que critérios utiliza para compra de produtos?

R: Qualidade. E qualidade para mim, vem de resultado. Vejo o preço, vejo o que posso comprar, se é honesto, se vale aquilo. Meu critério é esse.

4) Já teve acesso aos órgãos brasileiros de defesa do consumidor. Tem algum caso, onde tenha utilizado?

R: Tenho. Já usei. O Procon e o Tribunal de pequenas Causas. O Procon foi um serviço de mão-de-obra. Um prestador de serviços, que não entregou e nem deu uma solução no prazo determinado. O Pequenas Causas um acidente de trânsito, que a pessoa não se responsabilizou. Outra coisa são os produtos. Já cheguei a trocar muitos produtos com defeito, onde eu comprei. Nunca liguei para empresa, sempre tentei resolver com o distribuidor.

5) Leva em consideração, ao adquirir um produto, a credibilidade e a informação institucional da organização?

R: Considero isso. Procuro a credibilidade na marca. Tem marca que eu não mudo, apesar de ser mais cara, eu não mudo. Tento tornar uniforme o que eu consumo. Procuro informações, da onde vem. Faço isso muito com cosméticos, porque não é uma coisa do dia-a-dia, você pode parar escolher, agora sabão em pó, por exemplo, eu não sei como é feito, não tenho essa informação. Cosmético já existe uma publicidade sobre isso, então, eu tenho algum indicio de informação. Agora daquilo que não se fala, você não tem início e então, não se informa. Essa escolha de prestar mais atenção no que eu consumo, começou com a minha procura em ter mais qualidade de vida, de não poupar tempo em detrimento de qualidade, porque não funciona.Por exemplo, você pensa: eu vou comprar um purê de batatas de saquinho, em vez de descascar as batatas e cozinhá-las. Eu escolho, descascar e esperar, em vez de comer um pó. Porque no caso do purê você não está comendo as batatas. Então, eu prefiro a qualidade de vida. É difícil devido ao tempo e porque é caro. Hoje em dia existe alimentos orgânicos, ou seja, o resto é veneno. Então, é uma escolha, pagar num macinho de salsa e cebolinha R$ 3,00. A gente acaba ficando sem opção, porque não tem acesso a informação e é muito caro. Penso que viver melhor é um processo. Voltando ao cosmético, eu penso que temos mais informação. Já vi por exemplo, muita reportagem sobre isso, a própria publicidade dessas empresas, quando existe uma preocupação sobre isso, elas procuram divulgar mais. Então, é uma coisa que se levantou, tem muita coisa errada, mas acredito que exista uma preocupação maior. Tem um caso, aquela empresa Onodera. Eu vivia vendo publicidade de tratamento com alcachofra, têm pessoas que devem ter gasto fortunas com esse tratamento e nunca foi comprovado cientificamente. Eu vi os autdoores e depois via reportagem que esse tipo de substância era proibido. Eu não sou de procurar muito, mas chegou. Então, está por aí. Eu nunca vou fazer um tratamento nessa empresa, percebe?Eu jamais iria lá, perdeu a credibilidade. Ela divulgava um cosmético, proibido. Não passo nem na porta. Sempre que olho: Clinica Onodera, eu lembro.

6) Pra você, o que significa uma empresa responsável?

R: Penso primeiro no meio ambiente, de onde vem a matéria-prima que confecciona o produto. Em segundo, a relação dela com os funcionários, a política que ela tem.Eu penso nisso. Se eu tenho a informação de uma empresa que pensa nisso e estou comprando um produto de uma concorrente, eu escolho essa empresa. Se eu posso, eu prefiro ela. A Weleda é um exemplo, ela é associada a produtos naturais. Eu sei que ela não faz testes em animais, eu sei que tem toda uma política com funcionários, porque eu tinha um acumputurista que me falava. Uma que eu não uso, porque não é meu estilo, mas eu sei que tem toda uma política, é a Azaléia, só não uso porque não gosto. Se fosse meu estilo eu levaria isso em conta. O Boticário, eu suo, sei que tem. Acho que as empresas deveriam mais que publicidade, discutir debater as questões. Levantar a voz, não usar só para a publicidade. Claro, está a frente, mas deveriam debater. Colocar mais no plano das discussões. Trazer para a sociedade, interagir.

7) Qual a sua posição em relação a influência da mídia nos hábitos de consumo?

R: Acho que é positiva, se ela informa a verdade e não está só vendendo algo que não existe, é bom, é positivo. Mas no meu ponto de vista a mídia não tem esse critério, a empresa usa a informação par vender, mas se existe essa informação, é verídica, eu acho legal, porque foi assim que chegou em mim. Aquela história da mensagem: como se utiliza. Quanto a personagens criados para um campanha, para mim não tem importância. Sei que são imagens criadas.

9) Pensa em limites de consumo, insere esse valor na sua vida? O que pensa?

R: Eu penso, mas cai na questão da informação. Se eu não tenho nenhuma fonte que me informe, eu não sei. Por exemplo as questões químicas que são mais sérias. O spray, não se soube que faz mal para camada de ozônio etc. Mas eu pergunto: Não tem tanto spray no mercado? Eu opto por não usar. Agora tem produtos que só existem em spray e então, o que a gente faz? É um paradoxo, ta

acabando com a camada de ozônio, mas ta todo mundo produzindo. Por que continuam fabricando? Acho que aí entra o papel do Governo, que é o intermediário entre o que se produz e o consumidor, é ele que autoriza. Ele tem a informação e o poder. A nível de massa acho que é, sim, responsabilidade do Governo, depois as escolhas pessoais. Como chega em nós no consumidor: Vamos pesquisar item por item? Não tem condições é utópico.

10) Já participou de algum grupos de discussão sobre consumo?

R: Não, nunca participei, mas me interessa. Acho que tudo começa das ações pessoais, do seu dia-a-dia que mudam alguma coisa.

11) Pensa que o ato de consumir é uma forma de desenvolver a cidadania?

R: Acho que é sempre assim oferta e mercado. Então, existe uma situação muito delicada, agente está falando de produto, mas vou dar um exemplo mais radical: droga. Se tem gente que vende tem gente que consome. Animais, se tem gente que vende é porque existe gente que consome. Eu não saberia dizer, quem é pior. Quando você compra um produto, um móvel de ipê rosa, sei-lá,você gasta uma fortuna e coloca na sua casa, você ta contribuindo para que as madereiras destruam a Amazônia, mas que controle que é feito, será que ele foi feito para isso? Casacos de pele, por exemplo, eu sou incapaz de usar. Se tivesse um produto com todas as informações, onde foi produzido, como, eu consumirira, e pagaria mais caro, com certeza. É uma questão de valor. Você tem um valor menor para as coisas que tem mais, é uma questão de controle. Eu não compro um móvel desse, hoje, porque eu não posso. Mas se eu for consumir uma coisa dessas, com certeza, eu vou me informar, antes de consumir. Eu acredito que estou desenvolvendo minha cidadania ao consumir, porque estou contribuindo ou não com a devastação, por exemplo. Acho que devemos ser um agente, mas vejo que ainda não estamos pronto para isso. É uma questão de cultura. A gente aprende que o consumo é descartável, aquela coisa: você consome e jogue, consome e joga. Compra uma roupa usa, compra outra para ir à uma festa, não tem consciência, que aquele tecido acaba, que tem pessoas que não tem, não

pensamos nisso. A gente não pensa nas questões políticas, não vê o consumo como transformador, estamos longe disso. Eu faço isso na minha vida, mas poderia fazer mais. Nós não temos acesso. Essa consciência é aos poucos e não temos isso disponível, não existe muito acesso. Por exemplo, ir lá comprar uma cenoura sem agrotóxico, não tem em qualquer esquina. Carne , a gente compra congelada, que já perdeu as proteínas. Então, é uma estrutura. Gastamos o dobro do tempo e do dinheiro para estar um pouco mais perto disso. Não temos facilidades, temos sim, obstáculos para ter um consumo mais consciente. Acho que é a questão da consciência. A partir do momento que as pessoas questionam, se informam, isso vai se expandindo. Agora é complexo, como essas pessoas enxergam isso, tem que ser algo de mão-dupla. Quando o micro evolui o macro se transforma. São questões pessoais. Se fosse só pela minha educação, minha mãe não sabe essas coisas, não tem interesse. Se ouve uma notícia, vai refletir. No meu caso, por um motivo ou outro, eu sempre quis uma coisa mais natural, a partir disso eu conheci pessoas com mais informação. Acredito que o consumidor forma uma rede e que pode mudar, sim. Eu tenho uma filha, e tento mostrar para ela que deve escolher o melhor, o que não tem haver com preço, mas com qualidade de vida. Gastar mais se preciso, mas usar produtos melhores.

12) Já troucou alguma marca por questões éticas?

R: Nunca troquei.

13) Governo o que pensa sobre o seu papel em relação ao consumo?

R: Acredito que o Governo tinha que se preocupar mais com a questão da qualidade, porque acho que no geral a gente não tem qualidade. Sobre as questões ambientais o Governo Brasileiro só vê o lado político. Então, acredito que deva juntar a qualidade e a questão ambiental. Você não pode chegar para uma pessoa que não tem arroz e feijão na mesa e falar para ela não consumir porque tem agrotóxico. Então, penso que o Governo deveria fazer mais pela questão social, desenvolver mais o povo brasileiro. Eu morei na Itália, lá existe um respeito muito grande pelo consumidor, lá as pessoas tem mais acesso à

educação, as necessidades básicas, então, são mais exigentes. Com certeza lá o consumidor é mais respeitado nas questões da qualidade, da matéria-prima. Anos luz de comparação. Tem mais informação. Lá você é respeitado. Eu vivia recebendo caixinhas com amostras de produtos, falando para que servia, como era bom ser utilizado. Nas revistas você sempre ganha algo. Ou seja, outra maneira de vender e informar. Aqui as empresas, se der, ainda tiram de você. Fora o mercado, que todos tem acesso, à qualidade. Qualquer um pode comprar um produto de qualidade, independente da questão social. Aqui a gente paga uma nota em um produto e não tem qualidade.

14) O que pensar significar consumo sustentável?

R: Acredito que é a questão da consciência na utilização da matéria prima, de como chega aquele produto ao consumidor. Não só de onde se extrai, mas deve se preocupar em que circunstâncias ele é produzido, distribuído, até chegar ao consumidor. Acho que é relevante a questão de como a empresa trata seus funcionários. Porque empresas que não tem convênio médico, política para gestante...Se você vai pesquisar e descobre, já perdeu tudo. Tem a questão do cidadão, do Governo, cada um em seu setor. Garantir acesso.

15) Já ouviu falar em consumerismo?

Apêndice 2 – Entrevista com a consumidora, Marina Alodi, terapeuta

No documento fernandadosreis (páginas 97-103)

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