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Entrevista com a consumidora, Marina Alodi, terapeuta

No documento fernandadosreis (páginas 103-114)

Parte III – Estudo de Caso

Apêndice 2 Entrevista com a consumidora, Marina Alodi, terapeuta

1) O que é ética nos produtos pra você?

R: Consciência em relação ao Planeta. Ética nos produtos para mim, é principalmente preservar o meio ambiente e a raça humana, algo que hoje eu vejo de fuma forma meio prostituída pelos industriais. Eu não acho que eles tem essa consciência de manter a ética nos produtos, acho os que tem, são poucos.

2) Acha que as informações sobre os produtos existentes no mercado atendem suas expectativas?

R: De novo acho que algumas indústrias, de cosméticos, enfim, fazem questão de informar ao consumidor do que ele composto, ainda acho, que eles não colocam informações básicas, que fora do Brasil eu percebo que as leis são mais rígidas, com os critérios, a ética, inclusive. Informações como, se são testados em animais, mesmo não testando em animais , se esse produto foi feito de alguma forma que lese muito o ambiente. Eu não vejo isso com clareza, não. Hoje o que eu vejo no Brasil, é que os produtos têm um marketing imenso, como: é natura;, 100% algodão; maravilhoso, temos um programa com a natureza, mas se você for olhar a bula do produto não é nada daquilo, tem mistura. Por exemplo, na roupa 100% algodão, sempre tem poliéster, elastano. Na parte cosmética, principalmente. Eu uso no meu consultório alguns produtos para massagem e, mesmo os produtos que se dizem mais naturais, têm gordura hidrogenada, toda uma composição que não ali, que não tão natural assim. Eles não deixam claro pelo marketing, o que eu não acho que deprecie o produto. Acho que algumas coisas, se você matem a qualidade naquilo que você faz e não deteriora o meio ambiente, ta tudo certo, não tem importância, porque afinal de contas, a gente vive em uma época que as coisas são diferentes. Não dá par você ter tudo puro, até porque seria impossível. Acho que falta informação, porque se tem demais, o marketing vai por terra. Ta lá dizendo que o produto é 100% natural e não é. Não dá.

3) Que critérios que utiliza para compra de produtos?

R: Primeiro que ele estimule o meu sistema sensorial. Olho muito se o produto é visivelmente legal, se meu olfato fica feliz com ele, se meu tato fica feliz com ele, porque eu acredito que esses alarmes do corpo trazem uma resposta imediata, sem usar o racional, se aquilo, realmente, é bom. Ainda mais na minha área, porque eu sou terapeuta corporal, eu tenho um tato muito desenvolvido. Se eu ponho na mão e aquilo é gorduroso, não vai embora nunca, aquilo é muito químico, então, primeiro eu experimento em mim. Depois eu uso o critério se, aquilo é hipoelergenico, porque eu trabalho com pessoas diferentes, com diferentes sensibilidades. Eu nunca sei se um paciente é alérgico, então, escolho algo muito neutro. Não escolho nada que seja invasivo na pele. Outra coisa que eu olho, é se não vai agredir o meio, tanto o corpo como o meio ambiente. Produtos muito químicos eu não utilizo. No máximo um óleo de amêndoa, gordura hidrogenada que tenha uma base uma matneiga de cupuaçu de carité. Agora produtos pessoais, eu também uso esses critérios. Eu procuro produtos que agradem os meus sentidos, não olho só o visual, olho o tato, e, muito a proveniência desse produto. Da onde ele vem? Como foi produzido?

4) Já precisou e acessou os órgãos brasileiros de defesa do consumidor:

R: Já e foi horrível. Eles não funcionam. Eles não são reais. Acho que eles têm uma distância muito grande da realidade. É complicado para você como consumidor, primeiro, se queixar, porque você demora muito para acessar um ouvinte que vá fazer alguma coisa. E todos eles orientam você, para você faça algo, eles não têm acesso à ação. Eles não resolvem, eles te indicam um advogado, te mostram uma lei, mas não ajudam, não te apóiam, não fazem a parte deles. Até porque eles existem para isso. São órgãos que deveriam funcionar para resolver algo que o consumidor não resolvem. Acho que não são práticos, eles são teóricos. O Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) mesmo. Eu comprei um celular da LG, que funcionou dois meses e quebrou a placa. Eu mandei para LG, umas cinco vezes. O celular chegava, eu ligava e a placa

queimava. Mandei carta, e-mail, ninguém fez nada, então, liguei para o Idec. Eles me mostraram várias leis, falaram, mas quem tinha que acessar o advogado, contratar, era eu, ou seja, o prejuízo era meu. Enfim, joguei o celular fora e comprei outro.

5) O que pensa sobre credibilidade e informação institucional leva em consideração quando pensa na produção?

R: Com certeza quando eu compro um produto eu observo o que ela faz, o que ela desenvolve em anos, o que ela traz para o público e se tem coerência com a imagem-marketing que ela tem. Converso com pessoas que já usaram aquele produto, mais do que só ver a publicidade, porque acredito muito mais na coisa prática, ou seja, pessoas que já usaram, conhecem o produto e acham que aquilo funciona, vão me envolver mais, do que se eu olho ou assisto uma propaganda em revista, com certeza, a informação humana é mais importante para mim, a credibilidade. A parte institucional da coisa, não me convence.

6) Empresa responsável, como definiria?

R: Primeiro uma empresa que mantém seus funcionários trabalhando de uma forma honesta, ela produz e não abusa dos funcionário para produzir. Ela paga descentemente, ela escolhe uma mão-de-obra qualificada, um funcionário que possa exercer sua função, que ela invista no desenvolvimento humano. Para mim responsabilidade empresarial, não é só cuidar do meio ambiente, contribuir para que as coisas funcionem sem prejudicar a fauna e a flora e, sim para que o próprio ser humano produza, cresça, se desenvolva e tenha condições de avaliar se o que ele está produzindo é de qualidade ou não. Porque se uma empresa coloca mão- de-obra desqualificada, paga muito mal, o funcionário jamais vai conseguir avaliar se o que está produzindo é de qualidade. Então, você acaba perdendo a qualidade dos produtos, não porque você não tenha idéias boas, porque você não têm meios de produzir e, sim, porque você não mantém essa produção com estrutura. As empresas ao meu ver decaem por isso. Por que elas vão diminuindo a verba para o trabalho braçal mesmo, pra trabalhar no marketing, trabalhar a

imagem e não a qualidade real do produto. Então, acredito que a responsabilidade, antes de tudo é com o próprio produto. Então, fica aquela coisa muito demagoga “nós cuidamos da fauna, da flora”, mas o próprio produto é um lixo. Consumi um tempo atrás um chocolate, que não sei agora que empresa que era. Um chocolate feito com cacau, tal, mas horrível. Ele era duro, não tinha elasticidade, não derrete na boca. Então, assim, é puro, é natural, mas não é bom. Então, também não adianta. Então, pra mim é a empresa que produz com qualidade, depois você parte para a questão do meio, do meio ambiente.

7) É Influenciada pela mídia quando escolhe produtos?

Se o produto é bom não importa para mim o que ele usa como recurso de propaganda, normalmente eu já acesso. Por exemplo, a Lancomme coloca uma personalidade na propaganda, eu vou olhar e vou achar bonito, mas eu já acho o perfume bom. Não significa que aquela propaganda vai me mover, não é isso que me importa. Eu levo em consideração o meu mundo, a propaganda não faz parte dele. Acho que a mídia tem o papel de informar você, porque não tem condições de você conhecer tudo. Então, ela é um veículo feito para isso. Ela trás uma novidade “olha lançaram tal coisa”, mas não é isso que me convence, não é esse o caminho final. Mesmo que eu conheça um produto através da mídia, eu primeiro vou ver se ele serve para mim, antes de consumir.

8) Já ouviu falar em produtos verdes?

R: Não sei, acho que não. Eu conheço os do Greenpace. Tem aquela questão que Greenpace o fez uma lista das industrias que agridem muito o meio ambiente. Indústrias grandes tipo a Jonhson, a Nestlé, da onde vem a matéria-prima, e que essa matéria-prima, realmente, não é legal. Não sei se isso é produto verde, mas não tenho certeza se já vi.

9) Como vê a questão dos limites do consumo?

R: Como todo ser humano, eu tenho instinto de sobrevivência. Então, quando você está mais equilibrado eu acho que você usa melhor isso. Por exemplo, eu

começo com a minha própria saúde. Se eu vou consumir um frango, se eu vou consumir um leite, eu procuro aquele menos alterado por químicas. Então, eu não gosto de leite, mas se eu tomasse, eu compararia um leite que não têm antibióticos. Busco nos produtos, sim, o menor grau de agressão possível para o meio e para os animais que produzem aquele produto. Peixe, frango, ovo. Busco, por exemplo, o frango do Corin, que é uma empresa que tem, realmente, um tipo de granja, que não usa antibiótico. A carne também, eu compro uma carn, peixe. Só que é inviável você consumir produtos que não tem nada de químico e, também é caro demais. Por exemplo, a diferença de um frango do Corin é de quase 50%. Então, 1 kg de frango do Corin custa R$ 8,00 ou R$ 9,00. Também essa questão do meio ambiente acaba ficando na mão de poucas pessoas. Aparentemente as pessoas pensam nisso, mas de fato, uma pessoa que ganha R$ 2.000,00 não pode consumir esse frango. Então, isso não é real. Não existe uma preocupação, real, no mundo, para que isso seja acessível. Eu acho isso muito caro, ainda. Um café orgânico custa o dobro de um café comum.

10) Pensa que o ato de consumir é uma forma de desenvolver a cidadania;

R: Claro, até porque consumir significa estar presente na sua sociedade, como: primeiro a consciência do que você consome, o giro financeiro que você faz, você dar retorno para aquele produtor, você dá condições para que aquele produtor continue funcionando. Então, você faz com que a coisa funcione, porque é um sistema vivo, então, eu acho que a gente tem um papel importante consumindo. Principalmente pela consciência, do que você vai permitir. O que você consome é o seu limite da sociedade, do que ela pode romper, de equilíbrio ou não.

11) É fiel à marca?

R: Algumas marcas eu sou fiel. Por quê? As que eu acredito que tem todos os componentes importantes para mim, ética, qualidade, responsabilidade, eu mantenho. Por exemplo, tem uma roupa que eu costumo usar que é da Reserva Natural. Por que eu uso essa roupa? Porque, realmente, o fio é de algodão. Eu não gosto de usar náilon, então, eu uso essa roupa porque eles mantém isso. A

Weleda, eu mantenho porque meu corpo responde bem, ao creme, ao óleo, os remédios. A Essencial Cosméticos, que eu uso no meu consultório, eles também mantem a qualidade. O custo benefício é grande. Ele tem qualidade, rende e não é tão caro. No mercado também, eu mantenho, então, acabo seguindo marcas. Por exemplo, por questões éticas eu parei de consumir Natura. Porque eu tenho um tio que mora em Interlagos, ele é arquiteto tal. Ele mora perto do rio, há muitos anos, mais de 40 anos. E a Natura era lá, não sei se atualmente ela é lá. Mas ela poluiu. Ela foi um indice importante de poluição naquele rio. Ela não tinha filtros, ele fez um serviço de hidráulica e viu que não tinha um filtro. Nunca eles pensaram no que estavam causando ao ambiente. E eles não tem nada de puro nos produtos deles, portanto. E também, se você olha atrás, na bula, nada é natural. Eles usam óleos essenciais, perfumes, mas, realmente, o produto é bem químico. Tem outros que eu deixei de consumir porque a qualidade caiu. Creme dental sorriso, eu não uso mais. Ou então, coisa que tem um agente muito agressor ao corpo, por exemplo, tintura de cabelo, eu não uso, passo henna. Tem algumas coisas que eu não uso. Meu cabeleireiro me falou que o Welaton, tem nitrato de prata, uma agente químico nocivo, é uma toxina. Ninguém sabe que tem, mas sabe que aquilo é nocivo, tóxico para o organismo.

12) Já ouviu falar em consumerismo?

R: Não. Só por você, não por outra fonte.

13) Hoje o que vemos são extremos, ou o consumidor é tratado como marionete ou é visto como, totalmente racional e apto a realizar escolhas, você acredita em um meio termo?

R: Acho que tem. Acho que isso é uma conseqüência, na verdade do comportamento humano atual, onde as pessoas, realmente, sabem...dizem que sabem muito ou não sabem nada. Onde as pessoas, realmente, não têm espaço para exercer a simplicidade do dia-a-dia, elas não tem condições de ser, de exercer o ser delas na sociedade. Então, o mercado não lê isso no ser humano. Então, ele olha o índice de quantas pessoas fazem universidade, quantas não;

quantas têm dinheiro; quantas não, mas não olham o que, realmente, as pessoas precisam para a vida delas. Enquanto, realmente, isso não for olhado, acho difícil um equilíbrio nessa área. Porque as camadas sociais, ainda mais nos paises subdesenvolvidos, são muito distintas, a distância é muito grande, a diferença social é muito grande, não só financeira quanto cultural. E isso, gera, realmente, esse paradoxo. Você têm no Brasil pessoas que não pensam em nada e têm pessoas que pensam muito. Mas, todo ser humano, por um instinto de sobrevivência dele, pensa quando ele consome, ele só não sabe como pensa. Então, muitas vezes, ele não percebe que ele pensa. Ele pensa no salário dele, ele pensa no que ele tem vontade. Então, quando você vai num mercado, quando você vai numa feira, você compra aquilo que teus olhos pedem. Você acaba sendo atraído pela sua necessidade física de comprar algumas coisas... e o mercado não olha isso como importante. Não dá a rela importância para a ação humana, como consumidor, como agente consumidor. As pessoas olham o que elas podem ou não acessar. E aí você tem, inclusive, uma fatia do mercado não explorada. De realmente produzir, de ter um produto no mercado, no meio termo, na coisa financeira média, de qualidade razoável, que as pessoas tenham, realmente, acesso à elas. Hoje, por exemplo, quando você vai no sacolão, muitas vezes o que tem lá é muito ruim. Você não consegue consumir uma verdura legal, uma fruta legal porque a qualidade é muito ruim e não que àquele individuo que está lá não consuma. E o desperdício que você tem de frutas e de verduras no Seasa é imenso, porque se não vende eles jogam fora. Então, você tem uma falta de visão no nosso mercado de que existe uma fatia da sociedade que precisa consumir, que tem consciência do que precisa, mas não tem acesso. E esse acesso, não significa que ele não perceba, que ele não saiba o que consumir, simplesmente, falta acesso. Por isso temos esse paradoxo. O equilíbrio acho que é diminuir essa diferença, social, econômica, o elitismo que existe no nosso pais, em relação ao consumo de qualidade. Acho que isso é sério, muito sério. As pessoas acham que porque elas pagam caro, elas têm um consumo melhor e isso não é real. Mas eu acredito que o mercado trata, hoje, o ser humano como um imbecil. Eu não acredito que ele trate o ser humano como, totalmente consciente,

em nenhum momento. Eu acho que a política e o interesse financeiro vem acima do produto.

14) Eu ia falar disso, tocando no papel do Governo. Como você sente que o Governo poderia contribuir para melhorar, ou mesmo exercer melhor o papel de fiscalizador. Qual a sua leitura disso?

R: Bom, no Governo atual, que é o Governo do Lula, eu não acredito que isso seja possível. Na verdade, eu não acredito que o Governo consiga agir. Pelo seguinte, eu não acredito na política. Eu acredito que o ser humano está engatinhando nesse setor. Ele dá responsabilidade à autoridade, de consertar o mundo dele. E não é esse o caminho da humanidade. Nunca funcionou, você eleger um Presidente ou um Rei, enfim, qualquer governante, e que ele vai ter que te ajudar em alguma coisa. Isso não existe. Eu acho que a comunidade humana, a raça humana, não se une de fato para ter qualidade nas coisas. Porque se o Governo não diminui taxas, juros, se ele não facilita acesso, o próprio ser humano tem que buscar isso, por outras vias. Então, é ficar mais clandestino, sim, e produzir mais, sim. É não entrar nessa malha, nesse sistema, nesse esquema. Porque a sobrevivência humana independe da política. A política só veio se estruturar porque a gente precisava de uma linguagem comum. Hoje, ela não representa isso. O ser humano elegeu lideres porque alguém precisava falar por todos. Isso não é real. Esse não é mais o papel. Acho que o ser humano precisa encontrar meios para produzir sem pagar tanto, sem ficar tão a mercê das leis, das regras do jogo. Acho que as empresas têm que ter regras diferentes depende do quanto você produz, quanto você agride o meio, do quanto você, realmente, investe em cultura, em crescimento, em desenvolvimento urbano. Isso sim, conta para que você tenha, realmente, um mercado melhor. Não acho que é a política que define isso. Acho que isto está na mão dos empresários, dos industriais e não dos governantes. Isso é outro buraco. Porque quem determina a regra do nosso país, de fato, são os empresários e os industriais. Não acredito que o Governo tenha, realmente, um papel importante aí. Acredito que se o ser humano usar, realmente,

o poder que ele tem de produzir, ele enfrenta esse esquema empresa-indústria, e ele consegue regras diferentes.

15) Falando em sistemas de Governo, em uma outra resposta você citou a Europa. Você acredita que eles são melhores, que as pessoas estão mais à frente, por se tratar de paises desenvolvidos?

R: Não. Eu não acho. Eu acho que a Europa hoje tem uma estrutura diferente da nossa. Primeiro, política. Então, eu acho que a Europa já...tem uma estrutura maior...financeira, cultural...ela é mais velha, tem outra estrutura. Tem menos gente, então, é mais fácil administrar. E eu acho que eles têm uma vivência que nós não temos nos paises...Por exemplo, aqui no Brasil e em paises sul americanos, que é a coisa da qualidade. Eles passaram por guerras muito avassaladoras. Então, eles escolhem coisas boas e baratas. Eles tem como cultura, não desperdiçar. Tem como cultura, a sobrevivência básica. Então, eles não destroem tudo que eles têm, porque é uma questão de sobrevivência. São paises menores, são províncias, então, você tem que manter o mínimo. Então, eu acho que a estrutura de qualidade deles vem daí. De uma cultura, de uma história, de um movimento que eles foram forçados a aprender. Eles aprenderam na força, nós não temos essa história. A gente pelo contrário, aqui no Brasil tem uma fartura. Tudo que você planta vive, nunca teve guerra assim, sem comida. Então, eu acho que a consciência é outra pela fartura, mesmo. E também, acho que o europeu é muito mais exigente no consumo, porque já passou necessidade. E a

postura do empresário é tratar bem esse consumidor... porque de outra forma,

eles não sobrevivem. Não é porque eles são bacanas, mais éticos, mais corretos, realmente, porque não sobrevivem. Se você for pensar que no Brasil cabe 100 vezes, sei-lá, Portugal, acho que mais, não sei quanto. A dimensão é muito menor. Você tem um controle muito maior de mercado. Se, por exemplo, um país decide fazer um boicote, aquela empresa “tá frita” lá, aqui nem aparece. Teve uma época em que a Europa inteira fez um boicote aos produtos franceses, porque a França estava explorando bombas atômicas, nas Malvinas. A Europa inteira parou de

consumir produtos franceses. Aqui você vai parar de consumir o quê? Isso vai aparecer aonde? Não vai aparecer, até porque a gente não tem voz ativa.

16) Falamos do consumidor europeu. O que você pensa do consumidor brasileiro?

R: Acho que falta auto-estima para o consumidor brasileiro. Acho que o consumidor brasileiro valoriza pouco o que tem, o que é, o que produz. Ele não percebe aonde ele está. Não necessariamente um produto europeu é melhor do que o nosso, o que acontece é que a gente não tem acesso como deveria, até para comparar. Hoje, aparentemente, o Brasil tem esse acesso, mas não tem. As coisas demoram dois, três anos para chegar aqui. Então sei-lá se a Clinic lança um perfume em Nova Iorque, demora cinco anos para chegar em São Paulo. Nem sempre esse perfume é melhor que o nosso. Mas a questão é consciência. Temos que saber que temos lugar, temos uma cara.

17) Já ouviu falar em consumo sustentável ?

No documento fernandadosreis (páginas 103-114)

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