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Pesquisa Aplicada

No documento fernandadosreis (páginas 54-71)

5 – Capítulo 5 – Análise da Pesquisa Aplicada

Análise e discussão dos resultados por tópicos pré-estabelecidos no roteiro das entrevistas

Tópico do Roteiro da Pesquisa: Ética nos produtos

No decorrer das últimas décadas a ética na fabricação e comercialização de produtos de consumo vem sendo cada vez mais discutida e corresponde a novas maneiras de conduzir negócios no mercado global. A aplicação da ética reflete um elevado desejo público de garantir que as empresas se comportem de um modo socialmente responsável em todas as jurisdições onde mantém negócios e de que comuniquem este comportamento.

Dentro dos padrões de ética podemos citar as boas práticas de governança, práticas leais de concorrência, direitos do trabalhador, incluindo o de livre associação, de negociação, à remuneração justa e aos benefícios básicos, como o combate ao trabalho forçado, promoção da diversidade e combate à discriminação (cultural, de gênero, de raça/etnia, idade, por de deficiência etc), compromisso com o desenvolvimento profissional, promoção da saúde e segurança, promoção de padrões sustentáveis de desenvolvimento, produção, distribuição e consumo, contemplando fornecedores, prestadores de serviços, entre outros, proteção do meio ambiente e dos direitos das gerações futuras e ações sociais de interesse público.

Segundo a consumidora, Cristhiane Malaquias, cineasta, 32 anos (apêndice 1, p. 97) ética é “um conjunto de normas que os fabricantes deveriam pensar quando colocam um produto no mercado. Além de informações, têm questões com a embalagem, informações de origem, mais diretas menos cientificas”.

Para Marina Alodi, terapeuta corporal, 37 anos (apêndice 2, p. 103) “ética nos produtos, é principalmente preservar o meio ambiente e a raça humana”.

Segundo o consumidor, Walter Cover, 57 anos, diretor de investimentos internacionais da Vale do Rio Doce, (apêndice 3, p. 114) “A questão da ética nos produtos, está ligada a você ter ou produzir bens ou serviços que têm uma obediência as normas de bom-senso de utilização e preservação dos recursos, pra não ter desperdício e também ligada à não exploração do ser humano, coisas desse tipo”.

Segundo o consumidor, Aref Farkouh, diretor de comunicação e marketing da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, 43 anos (apêndice 5, p 129) “Ética nos produtos é a produção de produtos que não causem prejuízos para o consumidor e tenham uma qualidade propagada real.”

Tópico do Roteiro da Pesquisa: Amplitude de informações (nas embalagens, na aquisição etc)

Na pós-modernidade existe uma crescente demanda por mais informações na hora de consumir produtos.

Para Malaquias (apêndice 1, p. 97), o acesso à informações encontrado nos produtos é limitado. “Acho que falta informação e o que tem a gente não entende”. Já para Alodi (apêndice 2, p. 103), “Algumas indústrias de cosméticos, fazem questão de informar ao consumidor do que o produto é composto. Mas, no geral eles não colocam informações básicas. Informações como, se são testados em animais, se esse produto foi feito de alguma forma que lese muito o ambiente”.

Acreditando que, atualmente, as informações são restritas, para Cover (apêndice 3, p. 114), “a informação é essencial, para que a pessoa saiba, conscientemente, o que consumindo, e consiga fazer opções por consumir um produto que esteja sendo produzido dentro de padrões éticos mais aceitos hoje, que estão relacionados com o que falamos, não exploração do ser humano, não exploração da natureza, não transgressão das leis”.

Segundo Farkouh (apêndice 4, p. 125), as informações devem ser equilibradas, “dependendo do produto acho que precisa mais ou menos de informação. Acho que o excesso de informação leva você a não ler, porque você

não tem tempo, como a falta pode ser prejudicial. Então, o produtor deve comunicar na medida certa. Responder para que serve, perigos ou não e como usar”.

Tópico do Roteiro da Pesquisa: Critérios que utiliza para compra de produtos

Os critérios que os consumidores paulistanos, das classes A e B, vêm utilizando para a compra de produtos de consumo não durável, vem sofrendo grandes transformações na pós-modernidade. Vemos uma crescente tendência a hábitos mais saudáveis e a procura de produtos que tenham mais qualidade, durabilidade.

Para Malaquias (apêndice 1, p. 97) qualidade e preço são os primeiros critérios utilizados na compra de produtos. “Penso em qualidade e qualidade para mim, vem de resultado. Vejo o preço, vejo o que posso comprar, se é honesto, se vale aquilo”.

Alodi (apêndice 2, p. 104) procura produtos que agradem seus sentidos, para aquisição de produtos “procuro produtos que estimulem o meu sistema sensorial. Olho muito se o produto é visivelmente legal, se meu olfato fica feliz com ele, se meu tato fica feliz com ele, porque eu acredito que esses alarmes do corpo trazem uma resposta imediata, sem usar o racional, se aquilo, realmente, é bom. Além disso, que agradem os meus sentidos. Não olho só o visual, olho o tato, e, muito a proveniência desse produto. Da onde ele vem? Como foi produzido?”.

Já para Cover (apêndice 3, p. 117) um dos critérios é o consumo de produtos fabricados por grandes empresas. “Fico sempre no comodismo das grandes empresas. O que procuro evitar são produtos com excesso de embalagem, que estou vendo que eu vou jogar fora boa parte do valor que estou comprando”.

Farkouh (apêndice 4, p. 125) utiliza a qualidade como critério principal e não a marca. “Eu sou do tipo que vai atrás da qualidade intrínseca do produto e não da marca”. Observamos que quando Farkouh afirma experimentar diversos produtos para consumir com qualidade, está procurando a melhor marca.

Tópico do Roteiro da Pesquisa: Acesso aos órgãos brasileiros de defesa do consumidor

A conscientização de direitos e deveres mútuos entre organizações e consumidores, vem contribuindo para a criação crescente de órgãos que defendam os direitos dos consumidores, que passam a utilizá-los com cada vez com mais freqüência.

O surgimento desses órgãos está ligado diretamente ao fato das novas necessidades sociais, principalmente provocadas por movimentos organizados por cidadãos, que lutam para defender seus direitos.

Malaquias (apêndice 1, p 98) afirma que já utilizou e sente-se satisfeita. “Já utilizei os serviços do Procon e o Tribunal de pequenas Causas.” A cineasta, afirma que também, já chegou a trocar muitos produtos com defeito. Mas, que nunca ligou para empresa, sempre tentou resolver com o problema com o distribuidor. Cover (apêndice 3, p. 117) comenta que utilizou o Procon uma vez e sentiu-se satisfeito. “Eu mesmo só usei uma vez, na compra de equipamento de uso caseiro, uma maquina de lavar que quebrou antes da garantia e eu tive problemas com o vendedor. Uma vez que o Procon entrou, foi muito eficiente em me ajudar na questão com o fornecedor”. Mas lamenta que o acesso aos órgãos de defesa do consumidor não tenham muita estrutura. “Acho que esses órgãos são úteis e que é uma pena que uma grande parte disso seja feita com trabalho voluntário, ou trabalho mal remunerado. Isso, com certeza, não ajuda muito.”

Como Malaquias (apêndice 1, p. 98), Farkouh (apêndice 4, p. 126) afirma que procura resolver os problemas apresentados por produtos, diretamente com o distribuidor , “eu procuro me entender com o fornecedor, o dono da empresa.”

Já Alodi (apêndice 2, p.104), diz que os órgãos de defesa do consumidor, “não funcionam, não são reais. Acho que eles têm uma distância muito grande da realidade. É complicado para você, como consumidor, primeiro, se queixar, porque você demora muito para acessar um ouvinte que vá fazer alguma coisa. E todos eles orientam você, para você faça algo, eles não têm acesso à ação. Eles não resolvem, eles te indicam um advogado, te mostram uma lei, mas não ajudam, não te apóiam, não fazem a parte deles, até porque eles existem para isso. São órgãos que deveriam funcionar para resolver algo que o consumidor não resolve. Acho que não são práticos, eles são teóricos.”

Tópico do Roteiro da Pesquisa: Credibilidade e Informação institucional

A credibilidade e as informações institucionais das organizações contemporâneas ganham a cada dia mais importância para a escolha de produtos. Credibilidade e informação institucional são consideras por Malaquias (apêndice 1, p. 98), que afirma, procurar a credibilidade das marcas ao consumir um produto. “Tem marcas que eu não mudo, apesar de serem mais caras, eu não mudo. Tento tornar uniforme o que eu consumo. Procuro informações para saber de vem. Faço isso com cosméticos, porque não é uma coisa do dia-a-dia, você pode parar escolher. Agora sabão em pó, por exemplo, eu não sei como é feito, não tenho essa informação.” Quanto ao consumo de cosméticos, a consumidora diz que “já existe publicidade sobre isso, então, eu tenho algum indício de informação. Agora daquilo que não se fala, você não tem indício e, então, não se informa. Citando um exemplo de perda de credibilidade, Malaquias comenta, “tem um caso, daquela empresa Onodera. Eu vivia vendo publicidade de tratamento com alcachofra, que nunca foi comprovado cientificamente. Eu vi os autdoores e depois vi uma reportagem, falando que esse tipo de substância tinha sido proibida. Eu não sou de procurar muito, mas chegou. Então, eu nunca vou fazer um tratamento nessa empresa, percebe? Eu jamais iria lá, perdeu a credibilidade. Ela divulgava um cosmético proibido. Não passo nem na porta. Sempre que vejo alguma propaganda da Clinica Onodera, eu lembro.”

Já Alodi (apêndice 2, p.105), além de observar questões como, o que a empresa faz, o que tem feito nos últimos anos, o que traz de valor para o consumidor, se sua imagem tem coerência com suas ações, o principal, parte da constatação com consumidores conhecidos. “Converso com pessoas que já usaram aquele produto, mais do que só ver a publicidade, porque acredito muito mais na coisa prática, ou seja, pessoas que já usaram, conhecem o produto e acham que aquilo funciona, vão me envolver mais, do que se eu olho ou assisto uma propaganda em revista, com certeza, a informação humana é mais importante para mim e traz mais credibilidade. A parte institucional da coisa, não me convence”.

Cover (apêndice 3, p. 118), credita às grandes empresas maior credibilidade. “A única coisa, até mesmo por uma questão pratica e, por ter vindo desse mundo executivo, de ter trabalhado em grandes empresas, que eu considero, é comprar produtos de empresas mais conhecidas. Porque eu tenho a impressão de que essas empresas têm tanto a perder ao cometer erros nesse campo, de produzir, vender e fazer a propaganda de seus produtos de uma maneira que não seja absurdamente correta, dentro dos padrões, que fica até meio cômodo optar por comprar produtos dessas empresas, das maiores”.

Farkouh (apêndice 4, p. 126), diz se preocupar com a questão da credibilidade e informação institucional, conforme o produto. “Para produtos que colocam em risco sua saúde, que dependem de uma certa qualidade, que necessitem ser sofisticados tecnologicamente, procuro associar a empresa, ou seja, compro de fabricantes que tenham certo prestigio, que tenham capacitação tecnológica para fabricar aquilo”.

Tópico do Roteiro da Pesquisa: Empresa responsável

O conceito de “empresa responsável” vem crescendo nas últimas décadas, permeando principalmente valores como o comprometimento e a adoção de políticas e adoção de produção limpa, comportamento ético e contribuição para o desenvolvimento econômico sustentável, melhorando simultaneamente a

qualidade de vida de seus colaboradores e da sociedade a qual está inserida a organização.

Para Malaquias (apêndice 1, p. 99), quando pensa em empresa responsável primeiro leva em consideração a relação da organização com o meio ambiente, “de onde vem a matéria-prima que confecciona o produto. Em segundo, a relação dela com os funcionários, a política que ela tem”. A consumidora afirma que, “se eu tenho a informação de uma empresa que pensa nisso e estou comprando um produto de uma concorrente, eu escolho essa empresa”. É interessante para este estudo, observar que Malaquias exemplifica sua escolha, citando a organização estudada neste trabalho. “A Weleda é um exemplo, ela é associada a produtos naturais. Eu sei que ela não faz testes em animais, eu sei que tem toda uma política com funcionários.”

Para Alodi (apêndice 2, p. 105), uma empresa responsável é aquela que, “Primeiro, mantém seus funcionários trabalhando de uma forma honesta. Produz e não abusa dos funcionários para produzir. Ela remunera bem, escolhe uma mão- de-obra qualificada, um funcionário que possa exercer plenamente sua função, ou seja, que invista no desenvolvimento humano. Para mim responsabilidade empresarial, não é só cuidar do meio ambiente, contribuir para que as coisas funcionem sem prejudicar a fauna e a flora e, sim para que o próprio ser humano produza, cresça, se desenvolva e tenha condições de avaliar se o que está produzindo é de qualidade ou não. Porque se uma empresa coloca mão-de-obra desqualificada, paga muito mal, o funcionário jamais vai conseguir avaliar se o que está produzindo é de qualidade. Então, você acaba perdendo a qualidade dos produtos, não porque você não tenha idéias boas, porque você não têm meios de produzir e, sim, porque você não mantém essa produção com estrutura. As empresas no meu ponto de vista decaem por isso.

Segundo Cover (apêndice 3, p. 118), “que num determinado momento, se deu conta de que não só, por uma questão de política ética-social, deveria produzir de uma maneira responsável, mas que também se deu conta de que se não fizer pode ser prejudicada nas suas venda e, de uma maneira mais permanente, na sua própria sobrevivência futura. Ou seja, acho que muitas

empresas se deram conta, de que produzir de uma maneira responsável acaba ajudando na questão fundamental das empresas que é lucro e sobrevivência”.

Para Farkouh (apêndice 4, p. 126), “Numa questão geral, empresa responsável, é aquela que faz produtos que tenham uma relação qualidade boa, ou seja, que não se vendam só através de publicidade ilusória, da enganação. Uma empresa responsável tem que ser responsável ambientalmente, tem que ser responsável fiscalmente, tem que ser responsável com seus funcionários, em termos de relações humanas. E, principalmente, que não façam produtos que possam causar problemas para o consumidor”.

Tópico do Roteiro da Pesquisa: Influência da mídia

A mídia contribui cada vez mais para o acesso à informações e para as mudanças sociais que vêm ocorrendo, funcionando como um importante instrumento de influência no comportamento dos indivíduos.

Para Malaquias (apêndice 1, p. 99), a influencia é positiva. “Se ela informa a verdade e não está só vendendo algo que não existe, é bom, é positivo.”

Segundo Alodi (apêndice 2, p. 106), “a mídia tem o papel de informar, porque não temos condições de conhecer tudo. Então, ela é um veículo feito para isso. Ela trás uma novidade “olha lançaram tal coisa”, mas não é isso que me convence, não é esse o caminho final. Mesmo que eu conheça um produto através da mídia, eu primeiro vou ver se ele serve para mim antes de consumir.”

Cover (apêndice 3, p. 118) acredita que, “ a propaganda ainda é muito, eu não diria enganosa, mas leva, realmente, as pessoas ao engano pela maneira como é feita. A maior parte das propagandas supervaloriza as propriedades dos seus bens e serviços e, escondem, obviamente, eventuais problemas que têm os produtos. É lógico que ninguém vai fazer propaganda das coisas negativas. A propaganda, seguramente, vai sempre mostrar o lado positivo dos produtos. Muitas vezes, a mídia trabalha pelo deslumbre, pelas pessoas sempre, maravilhosas que aparecem nos anúncios, sempre um padrão estético muito forte e fazem com que as pessoas almejem isso”.

Para Farkouh (apêndice 4, p. 127), “não há dúvidas que a gente é influenciado na hora de consumir, agora eu procuro filtrar.”

Tópico do Roteiro da Pesquisa: Limites do Consumo

Os problemas ambientais enfrentados nas últimas décadas e a emergência de um novo discurso dentro do pensamento ambientalista internacional. Proporcionou que Trouxe a problemática ambiental passasse da esfera da produção ao âmbito de consumo e estilos de vida.

Malaquias (apêndice 1, p. 99), afirma que pensa na questão, mas observa: “Eu penso, mas cai na questão da informação. Se eu não tenho nenhuma fonte que me informe, eu não sei. Por exemplo as questões químicas que são mais sérias. O spray, não se soube que faz mal para camada de ozônio etc. Mas eu pergunto: Não tem tanto spray no mercado? Eu opto por não usar. Agora têm produtos que só existem em spray e então, o que a gente faz? É um paradoxo, tá acabando com a camada de ozônio, mas ta todo mundo produzindo. Por que continuam fabricando?”

Para Alodi (apêndice 2, p. 106), “como todo ser humano, eu tenho instinto de sobrevivência. Então, quando você está mais equilibrado eu acho que você usa melhor o que está disponível no Planeta, sem causar tanto dano.”

Cover (apêndice 3, p. 120) acredita que o termo esteja ligado a pratica do não desperdício. “Sabidamente eu não conheço bem os números, não quero mencionar, mas paises muito desenvolvidos têm um nível de consumo quase que ilimitado e há um desperdício muito grande. Nós sabemos que isso tem causado males. Hoje, por exemplo, nos Estados Unidos, o consumo excessivo e ilimitado tem causado males para as pessoas, que estão ficando muito obesas e isso se tornou um problema de segurança nacional. A gente sabe que o Brasil é um pais que, por razões diversas, problemas de infra-estrutura, nós temos um desperdiço muito grande daquilo que a gente produz e as famílias mais abastadas jogam muita coisa no lixo.”

Segundo Farkouh (apêndice 4, p. 127), “Estamos vendo o esgotamento dos recursos naturais. Hoje estamos desenvolvendo pesquisas com alternativas para a questão da energia. O que eu acho que resolveremos mais para frente. O mais importante é reduzir o consumo de energia fóssil e de bens materiais. Acredito que cada tem que mudar. Existe muito desperdício muito grande, temos que mudar em relação ao consumo e à produção, mas não acredito muito nisso se não existir educação para isso.”

Tópico do Roteiro da Pesquisa: Consumo e cidadania

O papel do consumidor veio se alterando ao longo do tempo, se antes, no período industrial ele era considerado muitas vezes alienado, pois o consumo era visto como resultado de um ato irracional, na sociedade contemporânea ele passa a ser encarado como ator social, critico e por meio do consumo passa a exercer cidadania.

Para Malaquias (apêndice 1, p. 100), a questão do exercício da cidadania, por meio do consumo é vista como um questão de oferta e mercado. “Existe uma situação muito delicada, a gente está falando de produto, mas vou dar um exemplo mais radical: droga. Se tem gente que vende tem gente que consome. Animais, se tem gente que vende é porque existe gente que consome. Eu não saberia dizer, quem é pior. Quando você compra um produto, um móvel de ipê rosa, sei-lá,você gasta uma fortuna e coloca na sua casa, você está contribuindo para que as madereiras destruam a Amazônia. Se tivesse um produto com todas as informações, onde foi produzido, como, eu consumiria, e pagaria mais caro, com certeza. É uma questão de valor. Você tem um valor menor para as coisas que tem mais, é uma questão de controle. Eu não compro um móvel desse, hoje, porque eu não posso. Mas se eu for consumir uma coisa dessas, com certeza, eu vou me informar, antes de consumir. Eu acredito que estou desenvolvendo minha cidadania ao consumir, porque estou contribuindo ou não com a devastação, por exemplo. Acho que devemos ser um agente, mas vejo que ainda não estamos pronto para isso. É uma questão de cultura. A gente aprende que o consumo é

descartável, aquela coisa: você consome e jogue, consome e joga. Compra uma roupa usa, compra outra para ir à uma festa, não tem consciência, que aquele tecido acaba, que tem pessoas que não tem, não pensamos nisso. A gente não pensa nas questões políticas, não vê o consumo como transformador, estamos longe disso. Eu faço isso na minha vida, mas poderia fazer mais. Nós não temos acesso. Essa consciência é aos poucos e não temos isso disponível, não existe muito acesso. Não temos facilidades, temos sim, obstáculos para ter um consumo mais consciente. Acho que é a questão da consciência. A partir do momento que as pessoas questionam, se informam, isso vai se expandindo. Agora é complexo, como essas pessoas enxergam isso, tem que ser algo de mão-dupla. Quando o micro evolui o macro se transforma.

Para Alodi (apêndice 2, p. 107), “Consumir significa estar presente na sua sociedade. Primeiro com a consciência, o que você consome, depois com o giro financeiro que você faz, dando condições para que aquele produtor continue funcionando. Então, você faz com que a coisa funcione, porque é um sistema vivo. Acho que a gente tem um papel importante consumindo, principalmente pela consciência, do que você vai permitir.”

Cover (apêndice 3, p. 121) acredita que ao consumir estamos o individuo está exercendo sua cidadania. “Até mesmo virou uma questão de um modismo e nesse sentido eu falo de um modismo positivo, de pessoas que têm bons hábitos de consumo, serem bem aceitas no seu meio por terem essas preocupações. Eu

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