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Entrevista com os adolescentes e familiares

3.3. Exclusão Social e Famílias em Contexto de Vulnerabilidade

4.4.2. Entrevista com os adolescentes e familiares

Mesmo havendo somente dois adolescentes cumprindo a medida de LA efetivamente, decidimos por tentar contato com todos que já havíamos realizado o estudo do prontuário por entendermos que o ―desfecho‖ tão diversificado das histórias dos adolescentes nos daria a riqueza para análise dos dados.

Começamos a tentar o contato com os adolescentes por telefone, pela própria LA no final de agosto de 2009. Nesse contato, uma técnica do NUMA explicava do que se tratava e passava o adolescente ou seu responsável para falar com a pesquisadora. Por meio desse contato, foi possível marcar a entrevista no próprio NUMA com dois adolescentes. Um não compareceu e o outro foi ao local agendado, mas após ser informado sobre a pesquisa e a voluntariedade para participar da mesma, relatou que não queria participar, pois não gostava de falar sobre si. Respeitamos a sua vontade e não entramos mais em contato. Neste ínterim, a adolescente (Dulcilene) que estava com paradeiro ignorado, voltou a cumprir efetivamente a medida socioeducativa de LA atualizando seu endereço junto à unidade.

Quanto aos outros que ainda não tínhamos conseguido estabelecer contato e diante da dificuldade de contatá-los por telefone, decidimos realizar visita domiciliar a

fim de coletar os dados desejados. Foi agendado com uma técnica do NUMA e a pesquisadora um dia para realizar as visitas domiciliares. Em setembro de 2009, fizemos visita na casa de quatro adolescentes, contudo só encontramos uma em sua residência: Dulcilene, a que inicialmente estava com paradeiro ignorado. Dessa feita, foi realizada a entrevista familiar e confecção do genograma, com duração de aproximadamente uma hora, na casa dos pais de Dulcilene, contando com a participação da adolescente, seu pai, sua mãe, seu filho e seu irmão caçula. Nesta oportunidade foi marcada a entrevista individual com a adolescente, que foi realizada na LA e teve duração de 45 minutos. Posteriormente, em função da situação levantada nas entrevistas com a adolescente, relacionada à situação de violência doméstica que sofre do atual parceiro, realizamos outra visita domiciliar na casa de seus pais com a finalidade de orientá-los quanto à situação vivenciada pela filha.

Os outros três adolescentes não se encontravam em casa. Na casa de um deles, fomos recebidos pelo avô e pelo tio, que relataram que o adolescente estava trabalhando e estava para ter a carteira assinada. Portanto, a família estava bem mais tranqüila em relação à situação do jovem, que está aguardando a revogação da medida. Na casa de outro (Raimundo), não havia ninguém. Tratava-se de um barraco em um assentamento com situações precárias de habitabilidade. Raimundo está cumprindo efetivamente a medida. E na casa de Evaldo, que está em descumprimento da medida, fomos recebidas por uma inquilina de uma das suítes que são alugadas pelos tios do adolescente. Trata-se de uma casa que, além da parte principal, onde moram os dois tios de Evaldo, há duas suítes e dois quartos no que seria seu quintal. Essa inquilina nos informou que o adolescente só andava roubando a vizinhança e estava usando crack de forma acentuada. Relatou ainda que os tios de Evaldo, para contê-lo, lhe feriram com golpes

com uma espécie de machadinha na perna, quase levando o adolescente à morte. Então ela deu alimento e cuidou do jovem até que melhorasse. Disse que começou a conversar com ele e melhorou bastante. Entregamos uma convocação para essa senhora para que ela comparecesse com o adolescente na LA, já que tinha feito um bom vínculo com ele. Contudo, não compareceram.

Diante desse quadro, agendamos outra visita domiciliar para Evaldo. Nesta, contamos com a participação de dois técnicos do NUMA, além da pesquisadora. Foi realizada a entrevista familiar e elaboração do genograma com o adolescente e um dos seus tios, com duração de uma hora. Também foi agendada entrevista individual para o Evaldo na LA, sendo que o mesmo não compareceu.

Em outubro de 2009, a equipe do NUMA entrou em contato com a pesquisadora para avisar que o adolescente Raimundo estava em suas dependências para atendimento e se interessava em participar da pesquisa. Portanto, pesquisadora se dirigiu para o NUMA efetuando a entrevista individual, com duração de 23 minutos.

Essa etapa teve duração de dois meses, iniciando-se em final de agosto, com os contatos com os adolescentes para agendamento da entrevista e de visita domiciliar, e encerrando-se com a realização da última entrevista em outubro de 2009.

Após o exame de qualificação deste projeto, em novembro de 2009, a pesquisadora retomou contato com a equipe do NUMA a fim de realizar as entrevistas que faltavam com os adolescentes (Raimundo – entrevista familiar e Evaldo – entrevista individual).

Em fevereiro de 2010, a equipe do NUMA entrou em contato com a pesquisadora informando que o adolescente Evaldo estava em suas dependências. Ela se dirigiu para o local efetuando a entrevista individual, com duração de 25 minutos.

Em março de 2010, juntamente com o técnico do NUMA responsável pelo acompanhamento do adolescente Raimundo, realizamos visita domiciliar ao endereço atualizado pelo adolescente em atendimento. Nessa oportunidade, fomos informados que o adolescente não mais residia onde havia informado, com a família de sua companheira. No entanto, nos informaram que ele estava trabalhando como auxiliar de pedreiro em uma obra próxima aquele endereço. Fomos até a obra, onde encontramos o adolescente. O mesmo nos informou que estava separado da companheira e estava morando, de favor, na casa do pedreiro para quem trabalhava. Diante da impossibilidade de realizar a entrevista naquele momento, marquei com o adolescente de realizarmos uma visita à casa de sua irmã, pessoa que ele indicou como referência familiar, quando da entrevista individual.

Uma semana após esse contato, ainda em março de 2010, encontrei o adolescente em sua residência e nos dirigimos à casa de sua irmã, em uma cidade do entorno do DF. Participaram da entrevista o adolescente, sua irmã, a companheira desta (irmã) e seus irmãos de 10 e 7 anos. Embora morasse próximo à filha, o pai de Raimundo não participou da entrevista. O adolescente o viu no caminho quando nos dirigíamos para casa de sua irmã, mas disse que achava melhor que ele não participasse. A entrevista teve uma duração de 1h10min, aproximadamente.

É importante destacar que embora tenhamos realizado a leitura dos prontuários de sete adolescentes, dos quais tivemos acesso a quatro para realizar a entrevista individual e familiar, optamos por acatar a sugestão da banca no exame de qualificação. Ou seja, dentre os quatro adolescentes até então estudados (por meio dos prontuários e entrevistas) identificamos três grandes casos que poderiam ser emblemáticos e

representar vários outros. A fim de aprofundamos as informações que já tínhamos sobre esses jovens, realizamos, também, a leitura de seus processos na VIJ.