As finalidades e os resultados poderiam ser alcançados de outra forma qualquer porque são conteúdos específicos de Geografia, mas tentas que fique alguma coisa da manipulação dos computadores? 22´10´´ Sim. Como é desenvolvido o trabalho de planificação das actividades com os portáteis? 22´25´´ A planificação é feita em conjunto, com as colegas que leccionam Geografia, logo no
início do ano lectivo, a planificação de longo/ médio prazo. A planificação – “navegação à vista” – sou eu que a faço, mais ou menos olho para a planificação de longo prazo, à qual eu estou a dever muitas horas porque estou atrasado. Estas coisas gastam muito tempo, acabam por gastar: é a plataforma que não é rápida; as coisas não funcionam logo à primeira como nós queremos. E depois é porque se calhar fazer uma ficha em que eles têm de observar só uma imagem ali num livro é muito mais rápido do que eles terem aqueles simuladores que te mostrei. Ainda vou trabalhar com eles, mas já trabalhei com outras coisas semelhantes, em que têm de estar a testar e ao fazer essas testagens acabam por… Uns atingem mais rapidamente outros atingem mais devagar e eu preciso de estar a dar ajuda, e a aula atrasa‐ se. É uma metodologia que rouba muito tempo.
Imaginando agora que te surgia alguma dúvida sobre alguma questão do programa, ou que as tuas colegas não estivessem a fazer da forma que achassem correcto e te viessem perguntar, aí podia‐se gerar alguma colaboração, mas fora isso, vocês têm a planificação do início, cada um vai fazendo…
23´48´´ À medida que vamos fazendo materiais, às vezes trocamos materiais, mesmo fichas
em papel que elas façam, às vezes elas cedem‐me. E assim como eu faço com aquilo que construo na plataforma, está aberto aos alunos delas. Elas quando acham de interesse mandam os alunos, os alunos entram, têm acesso à minha disciplina. Nós somos professores dos três níveis, 7.º, 8.º e 9.º.
Sentes que há necessidade, pelo menos por parte das pessoas que não manipulam a tecnologia com à‐vontade, que há necessidade de colaborar mais para aprender mais? 24´28´´ Acho que é importantíssimo… O director do Centro de Competências Malha Atlântica
que foi quem nos ministrou uma das turmas na formação do processos e ensino e aprendizagem das TIC na sala de aulas… ele é da ideia que as pessoas devem ter, tal como na vida real, a sua sala, a sua turma e ali dentro não há partilhas. Eu acho que não. Se num grupo houver uma pessoa que tenha maior facilidade na utilização das novas tecnologias, acho que
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deve deixar que essa sua disciplina fique aberta aos colegas do mesmo nível de ensino para que os seus alunos possam utilizar. Temos esse caso na escola que tem tido sucesso, no 2.º ciclo, uma colega que nem fez formação […] mas que apanhou…dei‐lhe umas explicações sumárias, ela percebeu rapidamente e hoje tem aí sites de Ciências e Matemática que são partilhados pelos colegas. Os colegas não sabem mexer mas pelo menos sabem indicar aos alunos, vamos à plataforma e vamos fazer aquilo. Da mesma maneira que nós sabemos um site que achamos importante, levamos os alunos à sala de TIC. Olha, hoje vamos fazer uma pesquisa neste site – tipo fazer um webquest. E então fazem isso, mas não num site qualquer, mas na disciplina que está na plataforma. Mais importante que os professores saberem construir os conteúdos é saberem utilizá‐los na sala de aula. Acho que está a haver um desgaste enorme de energias, neste momento deve haver, centenas, milhares de professores a construir conteúdos em repetição e que se calhar se houvesse maior partilha e colaboração ao nível nacional as coisas seriam muito mais facilitadas. As editoras já estão a explorar esse caminho. As editoras hoje em dia quando vendem os manuais…ainda não se lembraram de fazer conteúdos para o Moodle mas conteúdos para os quadros interactivos já há…
Aqui na escola, só relativamente ao uso dos portáteis, achas que devia haver mais colaboração para que as pessoas pudessem aprender mais umas com as outras e que tipo de colaboração achas que devia haver?
26´45´´ Não te sei responder muito bem. Sei que no caso da Matemática, o plano da
Matemática passa também pela utilização da plataforma, apesar de achar que a Matemática tem uma especificidade tão grande, tão grande na utilização de uma plataforma de ensino‐ aprendizagem, que eu não estou à altura de lhes dar pistas concretas. Mas pelo menos fizeram a abertura… criaram um espaço de trabalho. Nalgumas terças‐feiras marcam uma reunião e eu vou dar uma formação informal e de como se utiliza a plataforma naquilo que eu sei utilizar. Estão a sentir a necessidade de utilizar e explorar este recurso… e o coordenador de departamento institui estas horas e nós vamos ali e vamos trabalhar. E as pessoas estão pelo menos a tentar ver quais serão as pistas que poderão trilhar. […] Esta questão é um bocado de vontade, querer aprender mais. O aprender, o ter confiança, o usar para a própria pessoa é que vai dar confiança para usar na aula? 28´10´´ Eu acho que neste momento isto é visto mais como uma excentricidade. Quem quiser utilizar utiliza… porque quer… como hei‐de dizer, falta‐me a palavra… Eu acho que sou visto aqui na escola como o freak, o freak dos computadores […]. Enquanto não for instituído que o professor nas suas competências tem como competências utilizar estes meios na sala de aula, eu não vou a lado nenhum. Enquanto eu só tiver de conquistar os colegas para
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voluntariamente participar nestas coisas, eu não vou a lado nenhum. Enquanto a formação for deste tipo informal, em que as pessoas aparecem cá um dia e depois no outro dia não aparecem, eu não vou a lado nenhum. Ainda ontem tive esta conversa com o Director do Centro de Competências Malha Atlântica. Este caminho está errado. Temos por um lado uma pressão imensa pelo lado do CRIE, que nos obriga a fazer os planos TIC, que nos dá orientações para os planos TIC, que nos apareceu agora com Plano Tecnológico da Educação, com objectivos claros até 2010. Mas depois nada obriga a que os professores na escola de facto colaborem com isso. Põem a responsabilidade nos ombros do coordenador TIC mas, se um professor disser assim: estou farto, não quero saber mais dos portáteis na minha sala de aula – não lhe acontece nada. Não é penalizado na sua avaliação e no seu desempenho. Mas eu, se calhar vêm‐me chatear o juízo, porque é que neste plano TIC havia aqui objectivos que estavam traçados e não foram alcançados? Como é que ficou a situação, neste período, relativamente à distribuição dos portáteis? Já ficou definido em pedagógico? 30´00´´ […] Pelo que sei, porque já abordei as pessoas, só um colega vai devolver o portátil,
vamos ver quem agarra o portátil no departamento, mas o resto deve permanecer. Havia uma série de situações que ficaram mais ou menos definidas: um portátil para duas pessoas, que se assumia para que tivessem mais tempo essas duas pessoas partilhariam o portátil. Uma ficaria responsável num período e outra ficaria responsável noutro. […] Já gostaria que mesmo que essas poucas pessoas que têm os portáteis participassem e construíssem na plataforma, não é só ter o portátil… Sem a plataforma dificilmente conseguem ter conteúdos que sejam pertinentes para usar em situação de aula. Por que é assim, uma coisa é fazer um webquest, mesmo que tu dês claramente quais são os sites a que um aluno deve ir há sempre uma grande dispersão e perda de tempo na consulta desses sites. Ou bem que é um site muito singelo que tem ali duas/três paginas ou então os miúdos dispersam‐se. Nós podemos é tentar encontrar os conteúdos, nem que seja os url, os endereços das páginas pertinentes, e montar logo na plataforma a sequência que nós queremos que eles abordem. Ao nível do ensino superior o professor pode dizer a um aluno: vá pesquisar para a biblioteca ou vá pesquisar para onde quiser. Ao nível destas idades não se faz isso! Quem fizer isso…o que é que pretende que um miúdo de 12, 13, 14, 15 anos consegue fazer?! Que sentido crítico é que ele tem? Ou bem que tem já ali na biblioteca…assunto: saúde, tens estes livros aqui e consegues encontrar aqui matéria para o teu trabalho. Ou então, se ele anda à procura de uma forma não orientada, ele dispersa‐se e não consegue encontrar aquilo que pretende. Hoje em dia os professores acham que mandar fazer um trabalho na internet é ir ao Google e
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pesquisar. O miúdo nem sequer sabe fazer uma pesquisa bem filtrada e o que é que faz? Começa por uma palavra, obtêm 3 milhões de páginas de retorno. O que é que ele vai fazer? Vai ver as três primeiras – Olha tem cá aquilo que o professor falou, é disto que vou falar. Pode ser o site mais sem valor ou sem interesse e ali ao lado haver outros muito importantes…Se eu tiver o cuidado de indicar os sites, ou melhor ainda, se eu tiver o cuidado de indicar quais são os locais desse site que têm esse interesse, eu posso remontar (até num blogue, nem é preciso numa plataforma, até num blogue) chegar ali e dizer: vê isto e retira a conclusão sobre isto, vê aquilo e diz o que achas sobre isto. E os miúdos consultam dum lado e dão uma resposta noutro. No fundo, nas tuas aulas é um bocado isso? 33´00´´ É. Compartimentas as coisas que queres que eles vejam… 33´04´´ É. E não saem dali… 33´07´´ Eu quero é que aqueles conteúdos de Geografia sejam tratados. No ano passado tive a sorte de ter a Geografia e Área de projecto sem os condicionalismos que tenho este ano. Então fazia, conteúdos de Geografia, Geografia e em Área de projecto ia trabalhar os conteúdos de Geografia de uma forma mais ampla, fazer trabalhos de projecto mesmo. Fizemos a exposição do dia da Europa, desde utilizar os computadores para mandar mails para as embaixadas, para obter materiais das embaixadas, para construir cartazes sobre os 27 países da União Europeia, tendo acesso à wikipédia e outras coisas do género… Eu consegui ter mais tempo para utilizar os computadores não de uma forma tão condicionada. Este ano não acontece isso porque eu na área de projecto estou condicionado. Estive no primeiro período ficou assente que seria aquele a ser tratado, de Fisíco‐Quimica. No segundo estou com um Projecto do gabinete de saúde, quer ver se no terceiro consigo meter qualquer coisa de Geografia. Este ano, apesar de não me agradar muito do ponto de vista da Geografia, acho que assim é que deve ser. Pela primeira vez, foram definidos temas a tratar em determinados níveis de ensino na Área de Projecto. O que acontecia até agora era: meninos o que querem fazer? Vamos falar do desporto, toca a fazer uns cartazes sobre o desporto e em Área de projecto não se fazia nada. Então agora pelo menos pronto…Fisíco‐Quimica queria uma apresentação PowerPoint e um relatório sobre as doenças…e sobre o tratamento dessas doenças com utilizam de lentes, lentes de contacto, etc. Fiz esse trabalho. No caso do 8.º ano vai ser sobre o consumo de substâncias psico‐activas… Vamos ver se tenho um espacinho para a Geografia para me dar um complemento que gosto bastante de ter e maior liberdade
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de utilizar os computadores noutra vertente daquela tão condicionada que utilizo na sala de aula de Geografia. […]
Vou observar na segunda, tens uma ideia de quando posso observar?
[…] 35´45´´ Vou dar a segunda parte, factores e elementos do clima – temperatura. Depois têm teste ali. Portanto, 21 não vou dar aulas com os portáteis, 21 vou fazer fichas em papel e vamos dedicar um pouco de atenção ao manual, para terem a noção de que têm ali coisas com interesse… Desta vez até estou a fazer fichas para preencher com a consulta da plataforma, em que coloco um ícone, um vistozinho, em que depois o trabalho de casa não vai ser fazerem fichas, é copiar aqueles conteúdos para o caderno porque eles queixaram‐se que não tinham registo no caderno de alguns conteúdos que eram tratados. Apesar de preencherem as definições em fichas, apesar de eu lhes dizer: atenção que essas fichas são para arquivarem, têm o que demos na aula. Como não havia a seguir ao sumário o registo de algumas coisas…então eu quero lhes dar a hipótese para ver se aí está o problema. O trabalho de casa, nestas duas primeiras aulas não vai ser: façam esta ficha, procurem as respostas. É: copiem o conteúdo das fichas para o caderno. E então, vou gastar uma aula, dia 21, que é só fazer as fichas formativas que vêm com o manual deles e o próprio manual. Depois tenho teste, depois mete‐se o Carnaval, o que quer dizer que lá para dia 11 de Fevereiro será a próxima. […]
APÊNDICE IV
Entrevista 2: Professora de Área de Projecto
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