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ENTREVISTA 1 – COORDENADOR TIC E PROFESSOR DE GEOGRAFIA 1721´55´´ Sim

As finalidades e os resultados poderiam ser alcançados de outra forma qualquer porque são  conteúdos específicos de Geografia, mas tentas que fique alguma coisa da manipulação dos  computadores?  22´10´´ Sim.   Como é desenvolvido o trabalho de planificação das actividades com os portáteis?  22´25´´ A planificação é feita em conjunto, com as colegas que leccionam Geografia, logo no 

início  do  ano  lectivo,  a  planificação  de  longo/  médio  prazo.  A  planificação  –  “navegação  à  vista” – sou eu que a faço, mais ou menos olho para a planificação de longo prazo, à qual eu  estou a dever muitas horas porque estou atrasado. Estas coisas gastam muito tempo, acabam  por gastar: é a plataforma que não é rápida; as coisas não funcionam logo à primeira como  nós queremos. E depois é porque se calhar fazer uma ficha em que eles têm de observar só  uma imagem ali num livro é muito mais rápido do que eles terem aqueles simuladores que te  mostrei. Ainda vou trabalhar com eles, mas já trabalhei com outras coisas semelhantes, em  que  têm  de  estar  a  testar  e  ao  fazer  essas  testagens  acabam  por…  Uns  atingem  mais  rapidamente outros atingem mais devagar e eu preciso de estar a dar ajuda, e a aula atrasa‐ se. É uma metodologia que rouba muito tempo.  

Imaginando agora que te surgia alguma dúvida sobre alguma questão do programa, ou que  as  tuas  colegas  não  estivessem  a  fazer  da  forma  que  achassem  correcto  e  te  viessem  perguntar, aí podia‐se gerar alguma colaboração, mas fora isso, vocês têm a planificação do  início, cada um vai fazendo… 

23´48´´ À medida que vamos fazendo materiais, às vezes trocamos materiais, mesmo fichas 

em  papel  que  elas  façam,  às  vezes  elas  cedem‐me.  E  assim  como  eu  faço  com  aquilo  que  construo  na  plataforma,  está  aberto  aos  alunos  delas.  Elas  quando  acham  de  interesse  mandam os alunos, os alunos entram, têm acesso à minha disciplina. Nós somos professores  dos três níveis, 7.º, 8.º e 9.º.  

Sentes  que  há  necessidade,  pelo  menos  por  parte  das  pessoas  que  não  manipulam  a  tecnologia com à‐vontade, que há necessidade de colaborar mais para aprender mais?  24´28´´ Acho que é importantíssimo… O director do Centro de Competências Malha Atlântica 

que  foi  quem  nos  ministrou  uma  das  turmas  na  formação  do  processos  e  ensino  e  aprendizagem das TIC na sala de aulas… ele é da ideia que as pessoas devem ter, tal como na  vida real, a sua sala, a sua turma e ali dentro não há partilhas. Eu acho que não. Se num grupo  houver uma pessoa que tenha maior facilidade na utilização das novas tecnologias, acho que 

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deve deixar que essa sua disciplina fique aberta aos colegas do mesmo nível de ensino para  que os seus alunos possam utilizar. Temos esse caso na escola que tem tido sucesso, no 2.º  ciclo,  uma  colega  que  nem  fez  formação  […]  mas  que  apanhou…dei‐lhe  umas  explicações  sumárias,  ela  percebeu  rapidamente  e  hoje  tem  aí  sites  de  Ciências  e  Matemática  que  são  partilhados pelos colegas.  Os colegas  não sabem mexer  mas pelo menos sabem indicar aos  alunos, vamos à plataforma e vamos fazer aquilo. Da mesma maneira que nós sabemos um  site que achamos importante, levamos os alunos à sala de TIC. Olha, hoje vamos fazer uma  pesquisa neste site – tipo fazer um webquest. E então fazem isso, mas não num site qualquer,  mas  na  disciplina  que  está  na  plataforma.  Mais  importante  que  os  professores  saberem  construir  os  conteúdos  é  saberem  utilizá‐los  na  sala  de  aula.  Acho  que  está  a  haver  um  desgaste enorme de energias, neste momento deve haver, centenas, milhares de professores  a construir conteúdos em repetição e que se calhar se houvesse maior partilha e colaboração  ao nível nacional as coisas seriam muito mais facilitadas. As editoras já estão a explorar esse  caminho. As editoras hoje em dia quando vendem os manuais…ainda não se lembraram de  fazer conteúdos para o Moodle mas conteúdos para os quadros interactivos já há… 

Aqui  na  escola,  só  relativamente  ao  uso  dos  portáteis,  achas  que  devia  haver  mais  colaboração para que as pessoas pudessem aprender mais umas com as outras e que tipo  de colaboração achas que devia haver?  

26´45´´  Não  te  sei  responder  muito  bem.  Sei  que  no  caso  da  Matemática,  o  plano  da 

Matemática passa também pela utilização da plataforma, apesar de achar que a Matemática  tem uma especificidade tão grande, tão grande na utilização de uma plataforma de ensino‐ aprendizagem,  que  eu  não  estou  à  altura  de  lhes  dar  pistas  concretas.  Mas  pelo  menos  fizeram  a  abertura…  criaram  um  espaço  de  trabalho.  Nalgumas  terças‐feiras  marcam  uma  reunião e eu vou dar uma formação informal e de como se utiliza a plataforma naquilo que  eu  sei  utilizar.  Estão  a  sentir  a  necessidade  de  utilizar  e  explorar  este  recurso…  e  o  coordenador  de  departamento  institui  estas  horas  e  nós  vamos  ali  e  vamos  trabalhar.  E  as  pessoas estão pelo menos a tentar ver quais serão as pistas que poderão trilhar. […]   Esta questão é um bocado de vontade, querer aprender mais. O aprender, o ter confiança,  o usar para a própria pessoa é que vai dar confiança para usar na aula?   28´10´´ Eu acho que neste momento isto é visto mais como uma excentricidade. Quem quiser  utilizar utiliza… porque quer… como hei‐de dizer, falta‐me a palavra… Eu acho que sou visto  aqui na escola como o freak, o freak dos computadores […]. Enquanto não for instituído que  o  professor  nas  suas  competências  tem  como  competências  utilizar  estes  meios  na  sala  de  aula,  eu  não  vou  a  lado  nenhum.  Enquanto  eu  só  tiver  de  conquistar  os  colegas  para 

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voluntariamente  participar  nestas  coisas,  eu  não  vou  a  lado  nenhum.  Enquanto  a  formação  for  deste  tipo  informal,  em  que  as  pessoas  aparecem  cá  um  dia  e  depois  no  outro  dia  não  aparecem,  eu  não  vou  a  lado  nenhum.  Ainda  ontem  tive  esta  conversa  com  o  Director  do  Centro de Competências Malha Atlântica. Este caminho está errado. Temos por um lado uma  pressão  imensa  pelo  lado  do  CRIE,  que  nos  obriga  a  fazer  os  planos  TIC,  que  nos  dá  orientações para os planos TIC, que nos apareceu agora com Plano Tecnológico da Educação,  com  objectivos  claros  até  2010.  Mas  depois  nada  obriga  a  que  os  professores  na  escola  de  facto colaborem com isso. Põem a responsabilidade nos ombros do coordenador TIC mas, se  um professor disser assim: estou farto, não quero saber mais dos portáteis na minha sala de  aula – não lhe acontece nada. Não é penalizado na sua avaliação e no seu desempenho. Mas  eu, se calhar vêm‐me chatear o juízo, porque é que neste plano TIC havia aqui objectivos que  estavam traçados e não foram alcançados?  Como é que ficou a situação, neste período, relativamente à distribuição dos portáteis? Já  ficou definido em pedagógico?   30´00´´ […] Pelo que sei, porque já abordei as pessoas, só um colega vai devolver o portátil, 

vamos  ver  quem  agarra  o  portátil  no  departamento,  mas  o  resto  deve  permanecer.  Havia  uma série de situações que ficaram mais ou menos definidas: um portátil para duas pessoas,  que  se  assumia  para  que  tivessem  mais  tempo  essas  duas  pessoas  partilhariam  o  portátil.  Uma ficaria responsável num período e outra ficaria responsável noutro. […] Já gostaria que  mesmo  que  essas  poucas  pessoas  que  têm  os  portáteis  participassem  e  construíssem  na  plataforma, não é só ter o portátil… Sem a plataforma dificilmente conseguem ter conteúdos  que sejam pertinentes para usar em situação de aula. Por que é assim, uma coisa é fazer um  webquest, mesmo que tu dês claramente quais são os sites a que um aluno deve ir há sempre  uma  grande  dispersão  e  perda  de  tempo  na  consulta  desses  sites.  Ou  bem  que  é  um  site  muito singelo que tem ali duas/três paginas ou então os miúdos dispersam‐se. Nós podemos  é tentar encontrar os conteúdos, nem que seja os url, os endereços das páginas pertinentes,  e montar logo na plataforma a sequência que nós queremos que eles abordem. Ao nível do  ensino  superior  o  professor  pode  dizer  a  um  aluno:  vá  pesquisar  para  a  biblioteca  ou  vá  pesquisar para onde quiser. Ao nível destas idades não se faz isso! Quem fizer isso…o que é  que  pretende  que  um  miúdo  de  12,  13,  14,  15 anos  consegue  fazer?!  Que  sentido  crítico  é  que  ele  tem?  Ou  bem  que  tem  já  ali  na  biblioteca…assunto:  saúde,  tens  estes  livros  aqui  e  consegues  encontrar  aqui  matéria  para  o  teu  trabalho.  Ou  então,  se  ele  anda  à  procura  de  uma  forma  não  orientada,  ele  dispersa‐se  e  não  consegue  encontrar  aquilo  que  pretende.  Hoje em dia os professores acham que mandar fazer um trabalho na internet é ir ao Google e 

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pesquisar.  O  miúdo  nem  sequer  sabe  fazer  uma  pesquisa  bem  filtrada  e  o  que  é  que  faz?  Começa por uma palavra, obtêm 3 milhões de páginas de retorno. O que é que ele vai fazer?  Vai  ver  as  três  primeiras  –  Olha  tem  cá  aquilo  que  o  professor  falou,  é  disto  que  vou  falar.  Pode  ser  o  site  mais  sem  valor  ou  sem  interesse  e  ali  ao  lado  haver  outros  muito  importantes…Se eu tiver o cuidado de indicar os sites, ou melhor ainda, se eu tiver o cuidado  de indicar quais são os locais desse site que têm esse interesse, eu posso remontar (até num  blogue, nem é preciso numa plataforma, até num blogue) chegar ali e dizer: vê isto e retira a  conclusão sobre isto, vê aquilo e diz o que achas sobre isto. E os miúdos consultam dum lado  e dão uma resposta noutro.   No fundo, nas tuas aulas é um bocado isso?   33´00´´ É.  Compartimentas as coisas que queres que eles vejam…  33´04´´ É.   E não saem dali…  33´07´´ Eu quero é que aqueles conteúdos de Geografia sejam tratados. No ano passado tive  a sorte de ter a Geografia e Área de projecto sem os condicionalismos que tenho este ano.  Então  fazia,  conteúdos  de  Geografia,  Geografia  e  em  Área  de  projecto  ia  trabalhar  os  conteúdos  de  Geografia  de  uma  forma  mais  ampla,  fazer  trabalhos  de  projecto  mesmo.  Fizemos  a  exposição  do  dia  da  Europa,  desde  utilizar  os  computadores  para  mandar  mails  para as embaixadas, para obter materiais das embaixadas, para construir cartazes sobre os 27  países da União Europeia, tendo acesso à wikipédia e outras coisas do género… Eu consegui  ter mais tempo para utilizar os computadores não de uma forma tão condicionada. Este ano  não  acontece  isso  porque  eu  na  área  de  projecto  estou  condicionado.  Estive  no  primeiro  período  ficou  assente  que  seria  aquele  a  ser  tratado,  de  Fisíco‐Quimica.  No  segundo  estou  com um Projecto do gabinete de saúde, quer ver se no terceiro consigo meter qualquer coisa  de Geografia. Este ano, apesar de não me agradar muito do ponto de vista da Geografia, acho  que assim é que deve ser. Pela primeira vez, foram definidos temas a tratar em determinados  níveis de ensino na Área de Projecto. O que acontecia até agora era: meninos o que querem  fazer?  Vamos  falar  do  desporto,  toca  a  fazer  uns  cartazes  sobre  o  desporto  e  em  Área  de  projecto  não  se  fazia  nada.  Então  agora  pelo  menos  pronto…Fisíco‐Quimica  queria  uma  apresentação  PowerPoint  e  um  relatório  sobre  as  doenças…e  sobre  o  tratamento  dessas  doenças com utilizam de lentes, lentes de contacto, etc. Fiz esse trabalho. No caso do 8.º ano  vai  ser  sobre  o  consumo  de  substâncias  psico‐activas…  Vamos  ver  se  tenho  um  espacinho  para a Geografia para me dar um complemento que gosto bastante de ter e maior liberdade 

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de utilizar os computadores noutra vertente daquela tão condicionada que utilizo na sala de  aula de Geografia. […] 

Vou observar na segunda, tens uma ideia de quando posso observar? 

[…]  35´45´´  Vou  dar  a  segunda  parte,  factores  e  elementos  do  clima  –  temperatura.  Depois  têm teste ali. Portanto, 21 não vou dar aulas com os portáteis, 21 vou fazer fichas em papel e  vamos  dedicar  um  pouco  de  atenção  ao  manual,  para  terem  a noção  de  que  têm  ali  coisas  com  interesse…  Desta  vez  até  estou  a  fazer  fichas  para  preencher  com  a  consulta  da  plataforma, em que coloco um ícone, um vistozinho, em que depois o trabalho de casa não  vai ser fazerem fichas, é copiar aqueles conteúdos para o caderno porque eles queixaram‐se  que  não  tinham  registo  no  caderno  de  alguns  conteúdos  que  eram  tratados.  Apesar  de  preencherem as definições em fichas, apesar de eu lhes dizer: atenção que essas fichas são  para arquivarem, têm o que demos na aula. Como não havia a seguir ao sumário o registo de  algumas  coisas…então  eu  quero  lhes  dar  a  hipótese  para  ver  se  aí  está  o  problema.  O  trabalho  de  casa,  nestas  duas  primeiras  aulas  não  vai  ser:  façam  esta  ficha,  procurem  as  respostas. É: copiem o conteúdo das fichas para o caderno. E então, vou gastar uma aula, dia  21,  que  é  só  fazer  as  fichas  formativas  que  vêm  com  o  manual  deles  e  o  próprio  manual.  Depois  tenho  teste,  depois  mete‐se  o  Carnaval,  o  que  quer  dizer  que  lá  para  dia  11  de  Fevereiro será a próxima. […]  

                                     

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Entrevista 2: Professora de Área de Projecto

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