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ENTREVISTA 1 – COORDENADOR TIC E PROFESSOR DE GEOGRAFIA

aprendizagem, são assim as mais recentes realizadas no centro de formação das escolas de  Sintra, já quando estava aqui.  

Desde que começou a IEPCP, tiveste alguma formação que fosse direccionada para isso? 

[…]  5´50´´  Quando  é  criada  a  figura  do  coordenador  TIC  e  aqui  na  escola  me  deram  esse  papel, o coordenador TIC tinha como ponto de partida tinha logo que elaborar o plano TIC, eu  fiquei com sérias dúvidas como se faria, tinha umas ideias mas não via nada… e aquilo que eu  queria  e  que  era  disponibilizado  na  Internet  era  muito  vago,  era  uns  exemplos  nos  Estados  Unidos,  no  Reino  Unido…que  não  tinham  a  ver  muito  com  a  nossa  realidade.  Por  não  ter  formação  aqui  no  centro  de  formação  local  fui  à  Universidade  Lusíada  obter  formação  na  coordenação  de  projectos  TIC,  precisamente  com  o  objectivo  de  construir  o  plano  TIC.  Depois, mais por dar acompanhamento aos colegas aqui na escola que depois iriam participar  no projecto dos portáteis e da utilização da plataforma Moodle, eu também me inscrevi e vim  a  participar,  aprendi  alguma  coisa,  é  lógico,  mas  também  por  dar  acompanhamento  aos  colegas e estar ao lado deles enquanto eles estavam a dar os primeiros passos nestas coisas. 

No fundo, há um balanço positivo deste tipo de formação, sentes que foi usada?  

7´00´´ Esta última, esta última! Porque a outra foi feita num tempo em que a formação era 

feita  à  lá  carte,  as  pessoas  escolhiam  a  formação  e  todos  sabemos  que  muitas  vezes  as  pessoas tentavam obter a formação que lhes dessem menos trabalho e verdade seja dita que  a  formação  na  área  das  TIC  era  uma  formação  muito  mais  prática,  o  trabalho  construía‐se  enquanto  se  estava  a  participar  na  formação  e  chegávamos  ao  fim  e  tínhamos  a  nossa  avaliação  feita.  Enquanto  que…  desenvolvimentos  curriculares  ou  pedagógicas  específicas  e  coisas assim do género, exigiam depois um trabalho paralelo de investigação, às vezes quase  se assemelhavam a trabalho de Mestrado. Era muito exigentes, então as pessoas refugiavam‐ se  um  pouco  na…em  ir  fazer  formação  TIC.  Tanto  que  os  centros  de  formação  tinham  uma  oferta bestial em TIC. Mas nada obrigava que as pessoas depois utilizassem os conhecimentos  adquiridos na sua prática do dia‐a‐dia. E tu vais ver que há imensas pessoas que ainda hoje  têm  um  certo  pavor  em  pegar  no  computador  e  se  fores  ver,  tiveram,  não  sei  quantas  formações acções de formação nas TIC. Esta teve a vantagem de que foi pedida para a escola,  a  formação  que  foi  dada  aqui  na  escola  foi  dada  aqui  por  uma  equipa  de  professores  que  estava  ligada  ao  projecto,  e  outras  que  não  estavam  ligadas  e  que  têm  contribuído  para…fortalecer mais a plataforma. 

Aquela  formação  que  fazes  mais  por  auto‐formação,  que  começaste  por  fazer  por  curiosidade, é aquela que te dá o suporte para agora utilizares os portáteis nas aulas?  8´45´´  Sem  sombra  de  dúvidas.  É  lógico  que  eu  tenho  uma  certa  confiança  na  utilização 

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destes  materiais  na  sala  de  aula  porque  já  lido  com  eles  há  bastante  tempo.  Compreendo  perfeitamente que horrorize imenso uma pessoa que está a dar os primeiros passos, que está  a ver‐se na obrigação de utilizar as TIC na situação de aula, por não as dominar, de não querer  dar parte fraca em frente aos alunos. Isso percebo perfeitamente. O que costumo dizer aos  meus  colegas  é  o  seguinte:  tu  tiraste  a  carta  porque  gostavas  de  conduzir?  Não,  eu  tirei  a  carta porque tinha necessidade de andar de carro. Então aqui é  a mesma coisa. É a prática  diária que vai afugentar esse medo de utilização dos computadores. Eles têm que considerar  como uma ferramenta de trabalho que é essencial utilizar em situação de aula. Quanto mais  tarde demorarem a trabalhar com o computador mais difícil será, é preciso é trabalhar.  

No  fundo  essas  acções  de  formação  nunca  te  ensinaram  a  usar  determinada  ferramenta  com os alunos desta e daquela forma? 

9´50´´ Nunca houve tempo para isso, mesmo a acção de formação de 50 horas… dá sempre as 

pistas.  Estas  50  horas  que  tivemos  aqui,  do  processo  de  ensino  e  aprendizagem,  que  foi  essencialmente  dedicado  à  utilização  da  plataforma  Moodle…  nós  demos  ali  duas  ou  três  ferramentazinhas porque as pessoas tinham dificuldade em assimilar e aplicar aquilo. É lógico  que quem já tiver uma certa familiaridade com os computadores basta ver fazer aquilo uma  vez e reproduz e melhora e tem ideias de como aplicar. Aqui as pessoas ainda estão a tentar a  conceptualizar o que é que isto é (as ferramentas), quanto mais agora como aplicar…  Na sua utilização profissional, de que modo usa as TIC?  […] Imagina numa semana normal… 

10´36´´  Fiquei  a  saber  ontem  que  sou  info‐dependente  (risos)  a  partir  das  20  horas  por 

semana  uma  pessoa  é  considerada  info‐dependente  (risos).  Não  é  que  queira  mas  sou  obrigado a isso.  Que tipo de tarefas é que fazes?  10´53´´ Uso diariamente. Dou as minhas aulas com o computador, em TIC é imprescindível.  Tenho de preparar as aulas, tenho de colocar as coisas na plataforma, gasto imensas horas,  estou fins‐de‐semana à frente do computador. Incontáveis horas por semana, muito mais do  que essas vinte se calhar.  E ao nível da colaboração com outros professores?  11´10´´ Ao nível de TIC – zero – porque sou o único professor a leccionar aqui. Este ano há  também uma disciplina TIC a nível dos cursos CFE, que é outro professor que está a dá‐las,  mas  noutro  âmbito,  eu  é  que  vou  dando  alguns  materiais  que  ele  necessite.  É  mais  a  contribuição que lhe dou a ele do que ele me dá a mim. Em Geografia, as colegas têm muito 

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medo de utilizar a plataforma, mas como frequentaram a acção de formação e fizeram e têm  feito  algumas  aplicações  no  Hotpatatos  e  coisas  do  género,  eu  até  tenho  estado  a  utilizar  recursos feitos por elas nas minhas aulas. 

Mas trocam essas aplicações… 

12´00´´  Trocamos  de  tal  maneira  que  nós  somos  três  professores  de  Geografia  e  as  três 

disciplinas  da  plataforma  estão  em  nome  dos  três.  Por  exemplo,  eu  posso  aceder  às  disciplinas delas, elas podem aceder à minha. Passa‐se até a situação de alunos no nono ano  estavam a dar matéria que eu ainda já estava a dar no oitavo ano, porque o percurso não é o  mesmo. Há um tema que é inicial e obrigatório para todos os sétimos anos, mas a partir daí  os professores podem escolher diferentes percursos. Dá‐se até o caso de alunos de 9.º ano  estão a vir à plataforma e resolverem exercícios que estou a criar para a minha turma do 8.º  ano. 

É  indiscutível  usares,  por  exemplo,  registos  de  avaliação,  tarefas  administrativas,  actas  e  outras coisas, é tudo com computador?  12´52´´ Já antes de termos os portáteis cá na escola tinha o meu portátil pessoal e penso que  aqui na escola até era olhado, na altura, até era olhado na diagonal por aparecer nas reuniões  com o portátil e fazer as actas. Mas por razão uma muito simples, a minha escrita é horrível e  ninguém a percebe. (risos) […] Agora já é prática corrente, já não sou o único. […]  No ano lectivo anterior, quando e como (aproximadamente) usou os portáteis em situação  de  aula  com  alunos?  Em  que  medida  o  domínio  das  TIC  contribui  (positiva  ou  negativamente) para essa exploração? 

Em situação de aula?  

13´40´´ Sim.  Em situação  de aula  não  usei muitas vezes porque  a plataforma só começou a 

funcionar no 2.º período, se calhar uma meia dúzia de vezes, se calhar.  

Fazes ligar os computadores, os portáteis à plataforma, mas achavas que era possível não  fazer isso? 

14´02´´  Sim.  Mas  neste  caso  eu  estava  empenhado…  Repara,  os  portáteis  só  por  si… 

significava um projecto um pouco “no ar” e era difícil dar um apoio estrutural – agora tomem  lá os portáteis e façam o que entenderem. Teríamos, se calhar, muita gente a fazer o que já  se  fazia  nas  salas  de  TIC  –  trabalhinhos  em  Word,  umas  apresentaçõezinhas…  Então  eu  quando  concorri,  pela  escola,  ao  projecto  dos  portáteis  foi  na  condição  de  aderirmos  ao  projecto Saber Mais (do centro de competências Malha Atlântica) para termos a garantia que  teríamos uma plataforma de ensino‐aprendizagem. Não é fazer trabalhinhos com os alunos,  mais do que isso, é construir conteúdos que se vão acumulando e que há um historial que vai 

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enriquecendo  de  ano  para  ano.  A  plataforma  se  for  bem  conduzida  pelos  diversos  departamentos, pelas diversas disciplinas, no próximo ano eu vou ter menos trabalho do que  este  ano.  Há  coisas  que  já  criei  este  ano  e  que  vou  puder  utilizar.  É  a  mesma  coisa  do  que  quando  o  professor  tem  de  criar  fichas  em  papel,  em  vez  de  criar  fichas  e  actividades  que  ficam na plataforma. 

As  poucas  utilizações  do  ano  ano  passado  foi  apenas  porque  tentaste  mais  tarde  uma  ligação com a plataforma? 

15´20´´ Sim, sim, sim. Nem sequer estava ainda a utilizar os portáteis porque não tínhamos a 

rede  wirless  a  chegar  lá  abaixo  às  salas  e  eu  já  estava  a  usar  a  plataforma  com  os  computadores fixos na sala de TIC. Comecei logo a usar a plataforma com os alunos. 

CARACTERIZAÇÃO DAS PRÓXIMAS DUAS AULAS ONDE SERÃO USADOS OS PORTÁTEIS 

Como prevê organizar as actividades nas próximas aulas com o uso dos portáteis? 

Que reacções espera dos alunos às tarefas propostas? 

16´38´´ Estou a agarrar nas unidades temáticas, este ano já tenho um número considerável 

de  aulas,  não  sei  dizer  agora  de  cor…  eu  tento  colocar…A  aula  começa  de  uma  forma  expositiva, tenho de fazer sempre uma introdução ao tema que vamos tratar, pode ser com  uma  apresentação  ou  através  do  manual,  e  depois  a  partir  daí  eu  remeto‐os  para  a  plataforma  onde  há  um  percurso  conduzido  em  que  eles  têm  de  realizar  pequenas  tarefas,  preencher pequenas fichas. Há um recurso chamado “lição” que é muito interessante em que  eles revêem a lição dos conteúdos teóricos que eu lhes apresentei e que, eles podem rever  esses conteúdos e ao mesmo tempo testá‐los e se a testagem não for positiva, a lição remete  para o ponto anterior da lição onde  tem os conteúdos que  eles  não conseguiram assimilar.  Tem  uma  série  de  recursos  muito  interessantes.  A  turma  que  eu  tenho  tem  umas  características  muito  especiais,  é  a  única  que  tenho  de  Geografia.  São  muito  colaborativos,  muito  simpáticos,  não  tenho  de  levantar  a  voz  com  eles,  mas  não  têm  a  mínima  responsabilidade. Ou seja, não há qualquer trabalho fora da sala, e quando voltam na semana  a  seguir  já  esqueceram  tudo  o  que  fizeram  na  semana  anterior  (risos).  É  essa  a  dificuldade  que eu tenho.  

Qual é que é a principal diferença de ter uma aula com portáteis, com este trabalho, e não  ter? 

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trabalho  –  dá  muito  menos  trabalho  ter  uma  aula  expositiva,  em  parte,  e  depois  por  os  meninos a construir o seu saber, a fazer umas fichas no papel ou no livro, que isso hoje em  dia já temos materiais, as editoras encharcam‐nos com esses materiais todos. Eu continuo a  apostar que o computador dentro da sala de aula é um meio de grande motivação para vários  alunos porque eles têm uma grande apetência pela utilização dos computadores. Apesar da  plataforma estar lenta e ser um grande atrito ao desenrolar das aulas, eu continuo a contar  com o empenho deles, só pelo simples facto de ter ali o computador.   Já reparei que eles não assimilam aquilo e na aula a seguir já se esqueceram da maior parte  das coisas. Tenho estado a reformular a ideia de como é que hei‐de fazer fichas que, de forma  mais  minuciosa  consigam  trabalhar  a  assimilação  das  aprendizagens.  Mas  é  o  meio  motivacional importantíssimo.  

Principalmente por isso? 

19´30´´ Principalmente por isso. É lógico que depois eu tenho aquela preocupação que acho 

que  no  futuro,  mesmo  que  não  aprendam  Geografia,  a  facilidade  de  usar  os  computadores  também vai ser uma competência importante no futuro, nem que seja por aí.  

Que resultados/finalidades prevê alcançar nas próximas aulas? 

Estas  finalidades  que  pretendes  alcançar,  alcançavas  de  outra  forma  sem  ser  com  os  portáteis? Relativamente aos conteúdos de Geografia, não achas que… 

20´00´´  Eu  costumo  dizer  que  quando  comecei  a  minha  carreira,  e  antes  de  fazer  a 

profissionalização,  o  ideal  que  eu  tinha  era  o  dos  melhores  professores  que  eu  tinha  tido  enquanto aluno, e os melhores que tinha tido enquanto aluno, eram os bons contadores de  histórias.  Na  fase  inicial  tentei  reproduzir  esse  tipo  de  professor,  tentar  cativar  por…verbalmente… descrever situações que cativassem os alunos. […]  

Era essa a filosofia que eu tinha. Depois não chegava, tinha que haver mais qualquer coisa, foi  então que eu comecei a introduzir o computador, não para utilização com os alunos mas para  minha  própria  utilização.  As  primeiras  apresentações  PowerPoint  que  fiz  foram  um  sucesso  […] os miúdos tinham uma grande apetência, tudo o que fosse audiovisual…. Hoje já não têm,  já  é  banal.  Eles  têm  é  uma  grande  apetência  para  utilizar  os  computadores.  Tenho  é  que  construir  ferramentas  para  que  eles  construam  a  pouco  e  pouco,  e  vão  utilizando  os  computadores para que os conteúdos de Geografia… alguma coisa fique lá na cabeça deles. É  aí que não estou a ter grande sucesso. Esta turma…não é só com Geografia. 

A principal diferença é mesma na forma como se apresentam os conteúdos, o resto poderia  ser tudo igual, fosse em papel, fosse com outros materiais? 

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