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Uso das TIC e formação na área Iniciação à informática 

CAPÍTULO II  Os professores e a integração das TIC

P ROFESSOR DE M ATEMÁTICA

5.1.  Professor de Geografia 

5.1.1.  Uso das TIC e formação na área Iniciação à informática 

  O  professor  de  Geografia  iniciou‐se  na  utilização  de  computadores  por  motivação  e  curiosidade pessoal através do uso dos computadores Spectrum. Este factor levou‐o a trabalhar  com  os  primeiros  computadores  surgidos  na  escola  em  que  trabalhava  naquela  época  e,  por  consequência,  a  leccionar  a  primeira  disciplina  relacionada  com  TIC  [ITI  ‐  Introdução  às  Tecnologias  de  Informação  e  Comunicação32]  já  que  não  existiam  docentes  com  habilitações  específicas para a docência da disciplina.  

Há  uns  quê…17/18  anos,  na  altura  já  eu  brincava  com  os  Spectrum  e  então  quando  aparece  o  primeiro  computador  na  escola  fui  logo  nomeado  o  bombeiro  de  serviço  porque  era  aquele  que  tinha  mais  apetência  para  trabalhar  com  computadores.  (…)  E  depois apareceu a disciplina de ITIC no secundário e não havia ninguém habilitado para  dar  aqui.  As  condições  que  o  Ministério  da  Educação  na  altura  propunha  era:  em  primeiro  lugar  um  professor  que  fosse  professor  de  carreira,  e  segundo,  que  tivesse  algumas competências, nem que fosse tarimba a nível da Informática. Começo então a  dar informática no secundário ao ITIC.(…) Quando venho já para esta escola, quando é  introduzido  no  currículo  do  secundário  e  do  básico  a  disciplina  de  TIC,  aqui  na  escola,  como sabiam que já tinha dado esta disciplina no secundário propuseram‐me leccionar e  eu comecei a leccionar. E desde que entrou no currículo tenho leccionado. [Entrevista 1,  2´50´´ – 4´18´´] 

Assim, o principal motivo para leccionar TIC veio dos conhecimentos adquiridos através da  experiência,  uma  vez  que  ao  nível  da  formação  inicial  não  houve  qualquer  contacto  com  computadores.   

A  nível  académico  eu  tive  umas  cadeiras  que  tinham  a  ver  com  os  sistemas  de  informação  geográfica  e  com  programação  mas  foi  tão  simples  quanto  isto:  nunca  toquei  num  computador  enquanto  estive  na  Universidade.  Chegávamos  ao  cúmulo  de  fazer programação no papel. [Entrevista 1, 4´25´´ – 4´43´´]    Concluímos com estes dados que o início da utilização das TIC deste docente coincide com  a sequenciação natural das fases enunciadas por Raby (2004) e ilustradas pela Figura 5 – “Modelo  síntese do processo de integração das TIC” (Raby, 2004, tradução livre, p. 36)(ver ponto 2.4.), uma  vez que a utilização profissional foi posterior à utilização pessoal.                 32  Disciplina introduzida no ensino secundário, no ano lectivo de 92/93.  70 

71    Formação (antes e após a IEPCP)  As competências de utilização das tecnologias deste professor provêm, sobretudo, do uso  pessoal e profissional, embora algumas acções de formação (sobre manipulação de programas e  ferramentas específicas) tivessem consolidado a exploração realizada ao longo dos anos.  

Fiz  formação  na  construção  de  websites,  de  utilização  de  aplicações  que  já  dominava  [PowerPoint, Excel], o que é que foi mais… e depois mais recentemente fiz [formação]  na coordenação de projectos TIC, fiz na formação de utilização das TIC no processo de  ensino e aprendizagem, são assim as mais recentes. [Entrevista 1, 5´00´´ – 5´25´´] 

Por outro lado, a duração da generalidade das formações foi sempre algo insuficiente, não  se  traduzindo  em  verdadeiras  competências  de  como  utilizar  ferramentas  que  possibilitassem  trabalhar com os alunos em situação de aula. 

Nunca houve tempo para isso, mesmo a acção de formação de 50 horas… dá sempre as  pistas. Estas 50 horas que tivemos aqui, do processo de ensino e aprendizagem, que foi  essencialmente dedicado à utilização da plataforma Moodle… nós demos ali duas ou três  ferramentazinhas  porque  as  pessoas  tinham  dificuldade  em  assimilar  e  aplicar  aquilo.  [Entrevista 1, 9´50´´ – 10´10´´] 

Os relatos da entrevista mostram que, da formação mais recente, o professor destaca a  formação na área de coordenação de projectos TIC, obtida numa instituição de ensino superior e  aquando  da  necessidade  de  redacção  do  Plano  TIC  do  Agrupamento.  A  formação  sobre  a  plataforma Moodle (no início da IEPCP) também teve alguma relevância, servindo para cimentar  conhecimentos e proporcionar melhor acompanhamento aos colegas da escola.  

Depois,  mais  por  dar  acompanhamento  aos  colegas  aqui  na  escola  que  depois  iriam  participar no projecto dos portáteis e da utilização da plataforma Moodle, eu também  me  inscrevi  e  vim  a  participar,  aprendi  alguma  coisa,  é  lógico,  mas  também  por  dar  acompanhamento  aos  colegas  e  estar  ao  lado  deles  enquanto  eles  estavam  a  dar  os  primeiros passos nestas coisas. [Entrevista 1, 6´32´´ – 6´53´´] 

 Esta teve a vantagem de que foi pedida para a escola, a formação que foi dada aqui na  escola  foi  dada  aqui  por  uma  equipa  de  professores  que  estava  ligada  ao  projecto,  e  outras  que  não  estavam  ligadas  e  que  têm  contribuído  para…fortalecer  mais  a  plataforma. [Entrevista 1, 8´10´´ – 8´27´´] 

Como pudemos verificar, a barreira relacionada com competências de utilização das TIC,  que vários autores (Moreira, 2003; Martins, 2007; Alves, 2006; ME 2007b) apontam como factor  que  dificulta  a  sua  exploração  em  contextos  educativos,  parece  não  provocar  qualquer  constrangimento a este professor.  

   

 

Utilização profissional  

  Para o professor de Geografia a sua utilização das TIC é uma imposição diária, pois realiza  a  generalidade  das  tarefas  profissionais  com  o  auxílio  do  computador.  De  entre  as  tarefas  de  natureza pedagógica salientou a construção de recursos para utilização com os alunos, através do  alojamento  no  Moodle,  já  que  utiliza  sistematicamente  os  computadores,  sobretudo  nas  suas  aulas de TIC.  

Uso  diariamente.  Dou  as  minhas  aulas  com  o  computador,  em  TIC  é  imprescindível.  Tenho  de  preparar  as  aulas,  tenho  de  colocar  as  coisas  na  plataforma,  gasto  imensas  horas, estou fins‐de‐semana à frente do computador. Incontáveis horas por semana (…)  [Entrevista 1, 10´53´´ – 11´08´´] 

Este  uso  sistemático  fica  a  dever‐se  em  larga  medida  à  confiança  na  utilização  da  tecnologia,  conferida  pela  experiência.  Uma  vez  que  o  professor  faz  uma  utilização  diária  (quer  pessoal,  quer  profissional)  podemos  inferir,  tal  como  Peralta  e  Costa  (2007),  que  a  confiança  é  vista como decisiva na integração das TIC por parte de alguns professores.   

É lógico que eu tenho uma certa confiança na utilização destes materiais na sala de aula  porque já lido com eles há bastante tempo. Compreendo perfeitamente que horrorize  imenso uma pessoa que está a dar os primeiros passos, que está a ver‐se na obrigação  de utilizar as TIC na situação de aula, por não as dominar, de não querer dar parte fraca  em  frente  aos  alunos.  (…) É a  prática diária  que  vai  afugentar  esse  medo  de  utilização  dos computadores. [Entrevista 1, 8´46´´ – 9´25´´] 

   Utilizar as TIC de forma natural, desde há alguns anos, em todas as tarefas, já mereceu  olhares desconfiados de outros profissionais. Mas o docente de Geografia tem assistido a algumas  mudanças no sentido de uma utilização cada vez  mais corrente  destas tecnologias por parte de  outros colegas.   Já antes de termos os portáteis cá na escola tinha o meu portátil pessoal e penso que  aqui na escola (…) até era olhado na diagonal por aparecer nas reuniões com o portátil e  fazer as actas. (…) Agora já é prática corrente, já não sou o único. [Entrevista 1, 12´52´´ –  13´24´´]  Relativamente ao uso com alunos, no ano lectivo anterior ao do desenvolvimento deste  estudo (o ano de implementação da IEPCP), a ligação sem fios à Internet só ficou disponível no 2.º  período,  impossibilitando  o  uso  dos  ComP  de  forma  sistemática  (conforme  veremos  no  ponto  seguinte). 

    

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5.1.2. Práticas com computadores portáteis