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CAPÍTULO II- MÉTODOS E TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO

2. Técnica de Recolha de Dados

2.1. Entrevista

2.1

A entrevista é um método de recolha de dados onde são colocadas questões a um conjunto de pessoas, antecipadamente selecionadas. Aires (2015) afirma que a entrevista é o “desenvolvimento de uma interação criadora e captadora de significados em que as características pessoais do entrevistador e do entrevistado influenciam decisivamente o curso da mesma” (p. 29). É das técnicas mais comuns e importantes. Neste método existe uma relação de contacto direto entre o investigador e o entrevistado. Também perceciona as reações do entrevistado ao falar de um acontecimento. O investigador ao realizar a entrevista clarifica as questões que o entrevistado não perceba, facilita a comunicação, evita que a pessoa se afaste do tema, tendo assim, a entrevista, a maior autenticidade e profundidade possível.

No presente trabalho de pesquisa foi intencionalmente aplicada a entrevista semi- diretiva, pois é encaminhada por uma série de perguntas-guia, relativamente abertas e não muito precisas, que não obedecem necessariamente à ordem que está anotada no guião. A entrevista semi-diretiva ou semi-dirigida é a mais utilizada em investigação social. O aspeto mais fundamental, por fim, é o facto de a flexibilidade do método poder levar a acreditar numa completa espontaneidade do entrevistado e numa total neutralidade do investigador (Quivy & Campenhoudt, 2008).

Na entrevista semiestruturada o entrevistador elabora as questões abertas de modo a guiá-lo. Ao entrevistado dá margem de liberdade para falar abertamente, dizer o que quiser e na ordem que preferir. Contudo, o entrevistador deve orientar a entrevista para os objetivos.

Deste modo, foi concebido um guião de entrevista em profundidade e de questões abertas. Este foi constituído por questões diretas, objetivas, fechadas (para obter dados sócio demográficos) e por questões subjetivas, abertas, não diretivas, destinadas a apreender aquilo que o entrevistado pretende transmitir sem deixar que se perca o fio condutor do objetivo a alcançar. O guião de entrevista apresenta-se no anexo (9).

Este tipo de entrevista tem algumas vantagens, visto que permite um elevado grau de profundidade. Permite ao entrevistado a condução da sua resposta, na medida em que

se pode exprimir livremente. Assim, o entrevistado recolhe a informação sem interferir com os seus quadros de referência.

O guião de entrevista é constituído por cinco unidades de análise, designadamente: 1ª parte) a caracterização socio-demográfica do entrevistado; 2ª parte) caracterização da instituição; 3ª parte) caracterização dos recursos humanos; 4ª parte) atividades de estimulação/desenvolvimento cognitivo; 5ª parte) avaliação do plano de intervenção e para finalização o guião de entrevista é constituído por três questões de opinião própria. Com o estudo exploratório destas unidades de análise procuramos analisar as opiniões, as dificuldades, as estratégias e os desafios dos profissionais que trabalham nesta área.

Além destas ERPI, na Santa Casa da Misericórdia de Fafe, existe um gabinete que se destina aos cuidadores e respetivos doentes portadores da demência de Alzheimer, tratando-se, portanto, de uma estratégia inovadora.

No concelho de Fafe, a população idosa está a aumentar e o seu nível de dependência acompanha este crescimento. Por conseguinte, aumentam as doenças, como as demências, por exemplo.

Perante este cenário, constata-sea necessidade de mais cuidados a nível da saúde e social, cabendo às instituições e aos respetivos profissionais, assumir cuidados formais, uma vez que, muitas famílias não têm tempo ou não têm conhecimentos para a lidar com a situação.

Para o desenvolvimento da investigação, foi necessário, num primeiro momento, a realização de contacto telefónico com todas as diretoras técnicas das instituições do Concelho de Fafe. Este contacto telefónico decorreu no mês de março e consistiu numa breve explicação do estudo em questão. A maioria agendou de imediato a data e o dia da entrevista. As diretoras (es) técnicos (as) solicitaram um e-mail com a explicação do tema da dissertação e todo o seu desenvolvimento, para dar conhecimento à direção, sendo esta a única a decidir se concede autorização para a realização da entrevista. Somente não obtive resposta do Lar de Regadas apesar de ligar constantemente para a instituição e ter enviado o e-mail com toda a explicação do estudo. Uma vez que estavam definidos os meses de março e de abril para a realização das entrevistas, não contactei mais essa instituição, dado não terem manifestado interesse na participação.

Relativamente à outra entrevista que iria ser realizada no Gabinete de Alzheimer, situado na Santa Casa da Misericórdia de Fafe, sendo a única resposta que existe para esta patologia, tanto para os utentes e para os cuidadores informais, nos inícios de abril,

foi estabelecido um contacto telefónico com a mesma, e foi-me informado que o Gabinete de Alzheimer já não se encontra em funcionamento. O guião de entrevista estava estruturado de maneira diferente do que foi apresentado às instituições. O guião de entrevista está presente no anexo (10).

Antes de cada entrevista foram explicados os objetivos da mesma e a importância de cada testemunho para a realização deste estudo, enfatizando a confidencialidade da informação. Obtida a devida autorização, as entrevistas foram gravadas com a autorização dos participantes e posteriormente transcritas. A duração das entrevistas oscilou entre os 30 minutos e 45 minutos.

Concluídas as entrevistas, procedeu-se à sua audição integral e à respetiva transcrição, tendo-se atribuído um número de registo a cada entrevista.

Importa referir que, as entrevistas decorreram num espaço reservado dentro do gabinete de atendimento, de modo a proporcionar um ambiente calmo, propício à recolha de informação. Fomos recebidos de forma cooperante, tendo-se proporcionado uma relação de empatia entre ambas as partes.

Para trabalhar a informação recolhida através da aplicação das entrevistas, foram organizadas em categorias, através da técnica de análise de conteúdo.

A análise de conteúdo é “muito utilizada para a análise de texto, e utiliza-se na análise de dados de estudos em que os dados tornam a forma de texto dito ou escrito” Krippendorf (1980); Marshall & Rossman (1989); Schutt (1999) citados em Coutinho (2014, cit in Pinheiro, 2016, p. 33).

A análise de conteúdo “é um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” (Bardin, 1977, cit in Pinheiro, 2016, p. 33). É um tratamento da informação contida nas mensagens, não se limitando apenas ao conteúdo, efetuando deduções lógicas e justificadas relacionadas com a origem das mensagens. A análise de conteúdo toma em consideração as significações, procura conhecer aquilo que está por detrás das palavras que estuda, procura outras realidades através das mensagens.

A análise de conteúdo é, portanto, um conjunto de técnicas que permitem analisar de forma sistemática um corpo de material textual, de forma a desvendar e quantificar a ocorrência de palavras/frases/temas considerados ‘chave’ que possibilitem uma posterior comparação. O principal objetivo é que signos/símbolos/palavras, ou seja, as consideradas unidades de análise se possam organizar em categorias conceptuaise estas se possam representar aspetos de uma teoria que se pretende testar (Coutinho, 2014).

De acordo com Bardin (1977, cit in Pinheiro 2016)

A categorização é uma operação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e seguidamente por reagrupamento segundo o género com os critérios previamente definidos. As categorias, são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos sob um título genérico, agrupamento esses efetuado em razão dos caracteres comuns desse elemento. Classificar elementos em categorias, impõe a investigação do que cada um deles tem em comum com os outros. O que vai permitir esse agrupamento é a parte comum existente entre eles. A categorização tem como primeiro objetivo, fornecer, por condensação, uma representação simplificada dos dados brutos (p.34)

Deste modo, no nosso estudo, optámos por definir as categorias previamente, de acordo com o que foi inquirido na entrevista. Este processo facilitou o tratamento, a análise e discussão de resultados. Posto isto, os dados recolhidos foram organizados por essas mesmas categorias, permitindo assim verificar e comparar o discurso das oito diretoras técnicas inquiridas (anexo 11).