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CAPÍTULO IV – A prática do serviço social no envelhecimento e na doença de

1. Respostas/Apoios Sociais

A ação protetora dos sistemas da Segurança Social institui-se numa fonte de expansão do Estado de bem-estar através de atribuição de pensões de reforma, tomando como critério a idade da pessoa e, mais tarde acriação de serviços/respostas destinadas às pessoas idosas. Em Portugal, até à década de 70, o apoio institucionalizado à pessoa idosa estava ligado à Igreja.

Segundo Veloso (2008, cit in Carvalho, 2013) o período de 1976 a 1985 é marcado pela mudança da forma como tratam a velhice e os idosos. Estes eram vistos como uma população mais desfavorecida. Os asilos foram transformados em lares e surgiram serviços e instituições para os mais velhos. Os idosos começam a ser vistos como pessoas autónomas e integrados na sociedade, defendendo a conservação do idoso na sua residência. Criam-se Centros de Dia, Apoio Domiciliário e Centros de Convívio, que tinham como objetivo principal a redução de isolamento, prestar informação sobre os cuidados de saúde, assegurar uma entrega de alimentação mais diversificada, entre outros inúmeros objetivos.

Dentro deste princípio emerge uma nova realidade da demência, em 1988, surge a Associação Portuguesa de Amigos e Familiares de Doentes de Alzheimer, hoje mais conhecida como a Alzheimer Portugal (Jacob, 2001, cit in Toco, 2014).

“Será então, a partir de 2001 e pela primeira vez, que a população que carece de cuidados específicos e continuados se torna mais expressiva” (Stella, 2013, cit in Toco, 2014, p. 24). Neste sentido, segundo Osório (citado em Stella, 2013) “a política social deve partir de uma orientação sócio-histórica, para que a mesma não seja nem determinista nem fatalista” (cit in Toco, 2014, p. 24).

Segundo Pereira (2003), no sistema português, a Segurança Social é a entidade responsável por reger as respostas dirigidas à população idosa, com demência e suas famílias, sendo a sua incidência sob a idade adulta. Neste âmbito, a Segurança Social supervisiona e financia as respostas sociais dirigidas à população em situação de dependência. Assim, o exercício da Segurança Social, no que concerne às medidas políticas de apoio, pode ser desenvolvido através de prestações sociais, respostas sociais que englobam serviços e equipamentos e ainda programas. A Carta Social (Gabinete de

Estratégia e Planeamento – Ministério da Solidariedade e Segurança Social, 2011) faz referência e carateriza a rede social de serviços e equipamentos com base nas respostas sociais existentes por área de intervenção. Importa salientar que por não ser contemplada especificamente a doença de Alzheimer nos debruçamos sobre as respostas sociais, programas e medidas dirigidas à população idosa em situação de dependência.

Segundo Stella (2013 cit in Toco, 2014) desde 2002 até ao presente, têm sido criadas medidas e programas com o intuito de proporcionar maior autonomia à população idosa, evitando a pobreza, exclusão social e a sua institucionalização. Assim, para evitar a exclusão e pobreza da população idosa com dependência foi criado no ano de 2004 o Programa para a Inclusão e Desenvolvimento, no qual se assume o compromisso de adoção de novas estratégias de cooperação que permitam aos cidadãos maior acesso aos recursos da sociedade, bens e serviços. Com vista a manter a autonomia e assegurar a qualidade de vida, foi implementada a Rede Nacional de Cuidados Continuados que engloba um conjunto de instituições que prestam os cuidados de saúde e apoio social necessários para a população em situação de dependência.

Na sociedade contemporânea as famílias ainda não estão totalmente preparadas para lidarem com a doença de Alzheimer de forma adequada. Por este facto, a institucionalização depressa se torna num suporte essencial para a família, visto que permite colmatar as necessidades geradas pelo isolamento, pela enfermidade e pelas incapacidades das quais o doente se torna vítima (Mouro, 2013, cit in Toco 2014). Contudo, segundo o autor supracitado a institucionalização tem como finalidade a criação de condições de segurança e bem-estar. Na mesma linha de pensamento existem respostas no âmbito da Segurança Social, ou seja, para a população adulta em situação de dependência ou com dificuldades ao nível das funções inteletuais (Chichorro, 2006, cit in Toco).

Estas respostas sociais definem-se em: serviços e equipamentos. Relativamente aos serviços estes são os seguintes: Serviço de Apoio Domiciliário; Apoio domiciliário Integrado e Acolhimento Familiar para Pessoas Idosas. No que respeita, aos equipamentos destacam-se os seguintes: ERPI, Hospitais, Centro de Dia; Centro de Noite; Centro de Convívio; Cuidados Continuados na estrutura física ou equipas de cuidados continuados no domicílio (Toco, 2014).

As demências, nomeadamente a doença de Alzheimer, são conhecidas em muitos países ocidentais como um grave problema da saúde pública.

Na atualidade, assiste-se a um forte impacto dos orçamentos de saúde pelas despesas que estas implicam, prevendo-se ainda um acréscimo de número de doentes e de despesas. Neste sentido, verifica-se a existência de planos nacionais em vários países onde abordam distintas questões médicas, psicológicas e sociais que a demência coloca. No que concerne à realidade portuguesa, este assunto também mereceu a atenção das autoridades de saúde. No entanto, a legislação aplicável à doença de Alzheimer é semelhante à aplicável a outras doenças crónicas, exceto a legislação específica de dispensa de fármacos antidemenciais.

Na demência colocam-se diversas questões de natureza jurídica tais como a: “determinação de capacidade ou incapacidade jurídica do doente, as questões de dependência de terceira pessoa, da capacidade de condução, de desenvolver atividade profissional e das ajudas sociais” (Nunes, 2014, p. 231).

Apresenta-se extratos de legislação atualmente em vigor com aplicação na demência. No que diz respeito à legislação que regulamenta a distribuição médica, de acordo com o despacho nº 13020/2011. DR nº 188, Série II de 2011-09-29- Ministério da Saúde- Gabinete do Secretário do Estado da Saúde que define o regime especial de comparticipação dos medicamentos prescritos a doentes com doença de Alzheimer. Ou seja, permite a comparticipação dos medicamentos antidemenciais quando prescritos para a doença de Alzheimer por um Neurologista ou Psiquiatra.

A lei 90/2009 de 31 de agosto – aprova o regime especial de proteção na invalidez e contempla especificamente a doença de Alzheimer, entre outras doenças. Especifica o que a seguir se transcreve diretamente na lei.

“Âmbito material

1- A proteção especial na eventualidade invalidez, regulada na presente lei, é

assegurada na presente lei, é assegurada através da atribuição das prestações pecuniárias mensais dominadas:

a) Pensão de invalidez atribuível aos beneficiários do regime geral da segurança social;

b) Pensão de aposentação por invalidez atribuída aos beneficiários do regime de proteção social convergente;

c) Pensão social de invalidez atribuível aos beneficiários do regime não contributivo;

d) Complemento por dependência atribuível aos beneficiários de qualquer dos regimes de proteção social que sejam pensionistas.

1- A prestação pecuniária a que se refere a alínea d) do número anterior é atribuída nas situações de incapacidade de locomoção originadas por qualquer das doenças previstas no artigo nº2, independentemente da condição de pensionista.”

Agora passa-se a explicar em que consiste cada um destes apoios sociais mencionados anteriormente:

Pensão de invalidez: trata-se de um apoio em dinheiro, pago mensalmente, para

proteger os beneficiários em situações de incapacidade permanente para o trabalho. Para verificar se existe incapacidade permanente avalia-se: o funcionamento físico, sensorial e mental; o estado geral; a idade; as aptidões profissionais; a capacidade de trabalho que ainda possui. Dependendo do grau de incapacidade do beneficiário, a invalidez pode ser relativa ou absoluta. (Segurança Social- Guia Prático, 2017)

Pensão social de invalidez: é um apoio em dinheiro, pago mensalmente, para

proteger os beneficiários em situações de incapacidade permanente para o trabalho. É diferente da pensão de invalidez do regime geral, porque apoia os beneficiários não abrangidos por qualquer sistema de proteção social obrigatória ou que não têm descontos suficientes para a Segurança Social para ter direito à pensão de invalidez do regime geral. (Segurança Social- Guia Prático, 2017)

Complemento por dependência: apoio mensal em dinheiro dado aos pensionistas

que se encontram numa situação de dependência e que precisam da ajuda de outra pessoa para satisfazer as necessidades básicas da vida quotidiana (porque não conseguem fazer a sua higiene pessoal, alimentar-se ou deslocar-se sozinhos). Consideram-se os seguintes graus de dependência: 1.º grau – pessoas sem autonomia para satisfazer as necessidades básicas da vida quotidiana (não conseguem fazer a sua higiene pessoal, alimentar-se ou deslocar-se sozinhos). 2.º grau – pessoas, além da dependência de 1.º grau, se encontrem acamados ou com demência grave. (Segurança Social- Guia Prático, 2017)

Complemento Solidário para Idosos: trata-se de um apoio pago em dinheiro

mensalmente aos idosos, com mais de 65 anos e com baixos recursos. (Segurança Social- Guia Prático, 2017)

Tendo em vista que não existem nem respostas nem apoios sociais direcionados especificamente para os Doentes de Alzheimer, retratou-se de uma forma genérica os apoios e as respostas existentes de que podem usufruir uma pessoa idosa com ou sem demência.