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CAPÍTULO I- O PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO

4. Estado da arte

4.1. Envelhecimento e a demência e as suas respetivas implicações

4.1.6. Prevenção a nível da demência de Alzheimer

A cura e a causa da doença de Alzheimer ainda é um fato desconhecido, a adoção de um estilo de vida saudável e a redução de comportamentos de risco (tabagismo, sedentarismo…) assumem uma elevada pertinência na diminuição do risco de desenvolver a doença de Alzheimer ou qualquer outra demência.

De acordo com Alzheimer’s Australia, que desenvolve o programa Your Brain

Matters, aqui ficam cinco “sugestões” de comportamentos/ estilos de vida que reduzem

o risco de termos doença de Alzheimer ou outro tipo de demência, assentes no pressuposto de que certas medidas preventivas podem de fato ser benéficas para a saúde do nosso cérebro (Alzheimer’s Australia, 2013, cit in Taborda & Melo, 2014):

- Cuidar do coração: hoje em dia, muitos de nós desconhecem a ligação forte que o nosso coração e a saúde do nosso cérebro, isto é, aquilo que é benéfico para o nosso coração será sempre para o nosso cérebro. Para isso, é importante que o ser humano adote alguns estilos de vida saudáveis, como por exemplo: controlar/verificar a pressão sanguínea de forma regular; evitar fumar; controlar o peso e realizar exames de rotina com alguma frequência.

- Praticar exercício físico: existem vários estudos que vêm comprovar que o exercício físico faz bem à saúde, se não for exagerado, mas sim controlado. Logo, contribui para um bom funcionamento cerebral e tem impacto na redução do risco de desenvolver algum tipo de demência. Para além de estimular a corrente sanguínea até ao cérebro, o exercício físico está também associado a um maior volume cerebral e estimula o crescimento e as ligações entre as células cerebrais, ou seja, os neurónios.

Aconselha-se a pessoa a praticar exercício diário com duração de 30 minutos. Exercícios que podem ser diversificados, como por exemplo: fazer caminhadas regularmente (aumenta o tamanho do hipocambo, área responsável pela memória); nadar; dançar; andar de bicicleta, treino de resistência, entre outras atividades.

- Desafiar o cérebro: quando desafiamos o nosso cérebro, através de atividades praticadas no nosso dia-a-dia, de novas tarefas, estamos a estimular e a promover a criação de novas ligações neuronais e a fortalecer as que já existem. Desta forma, estamos a possibilitar que o nosso cérebro tenha uma maior “reserva” que lhe permita melhor lidar e manter-se funcional, caso se venha a verificar algum dano ou morte neuronal.

- Manter uma dieta saudável: Não existem estudos nem estatísticas que indicam

que existem alimentos específicos que reduzam o risco de desenvolvermos demência. Só sabemos que se realizarmos uma alimentação equilibrada e diversificada podemos manter o nosso cérebro saudável e em ótimo funcionamento.

Deixamos de seguida algumas recomendações quanto à dieta alimentar, retiradas de uma guideline Australiana (Commonwealth of Australia, 2013), uma vez que se acredita terem um forte impacto na redução do risco de doenças cardiovasculares e também de demência: evitar o consumo de gorduras saturadas; comer duas peças de fruta por dia; comer cinco porções de legumes por dia; consumir alimentos ricos em ómega 3 (ex: peixes e nozes) e não beber mais do que dois copos de vinho por dia.

A alimentação não saudável poderá ser um contributo para desenvolver várias doenças ao longo da nossa vida, Cristina Sales (2014) afirma que “a origem da maioria das doenças que afetam o homem do século XXI está no que comemos e o modo como fazemos.” 2

Existem várias substâncias que devem ser eliminadas na alimentação do ser humano. Se uma pessoa tem uma predisposição genética para a diabetes, Alzheimer ou

2 https://www.dn.pt/revistas/nm/interior/saber-comer-e-pura-informacao--2609289.html. Consultado em 24 de março de 2017

outras doenças, esta doença só vai manifestar-se se o gene for ativado. Mas o que as pessoas precisam de saber é que os genes também podem ser desativados. A modulação genética através da nutrigenética. Como? O que ativa ou suprime a expressão dos genes é a presença de determinados fitoquímicos, substâncias que também se encontram nos alimentos.

Existem vários alimentos anti-inflamatórias que contêm ómega 3 – sardinha, cavala e os peixes das águas frias do Norte. Algumas substâncias vegetais dos legumes (tomate), frutos (quivi) e especiarias (a curcuma, que confere a cor amarela ao caril) também têm efeito modulador de alguns genes pró-inflamatórios. Mas alimentos anti- inflamatórios devem ser consumidos, independentemente de se ter doença ou não. Hoje sabe-se que um cérebro com Alzheimer já está inflamado vinte anos antes da manifestação da doença. Todas as doenças degenerativas começam com processos inflamatórias, as autoimunes também. Não conhecemos é as suas causas (Sales, 2014).

Existem também várias substâncias que devem ser eliminadas da alimentação, por exemplo, os aditivos químicos. A autora refere as substâncias químicas que não são alimentos, que são usadas pela indústria alimentar e podem ser geradoras de inflamação em contacto com o organismo. A vida corrente não nos permite evitar todos os aditivos, mas se estivermos despertos para esta realidade teremos mais atenção, faremos escolhas mais saudáveis e ingerimos menores quantidades (Sales, 2014).

- Manter-se socialmente ativo: existem vários estudos que demonstram que é

essencial a interação com pessoas, no que diz respeito à diminuição do risco de desenvolver algum tipo de défice cognitivo ou demência. É importante que os indivíduos se mantenham ligados às atividades das comunidades, que estas sejam do interesse da pessoa. Alguns dos exemplos destas atividades pode ser o fato de conversar com um familiar ou amigo, ir ao teatro, assistir ao cinema, fazer parte de um grupo de voluntariado. Para além destes cinco tópicos, a Alzheimer’s Australia alerta ainda para a importância de evitarmos traumatismos cranianos, sobretudo situações graves que envolvam a perda de consciência, uma vez que existe um maior risco de demência associado.

Por último, é ainda referida a importância de controlar e prevenir (novos) episódios e estados depressivos, uma vez que existem cada vez mais estudos que apontam para uma relação de risco entre a depressão e a demência (Alzheimer’s Australia, 2013).