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Entrevistas com alunos da UNIVERSIDADE 2

4.2 Entrevistas

4.2.5 Entrevistas com alunos da UNIVERSIDADE 2

Dos alunos egressos da universidade de massa, quando interrogados sobre o motivo que os levou a escolher Administração de Empresas, a maioria respondeu que já trabalhava na área administrativa e que também optou pelo curso devido a sua abrangência.

“[...] pra dizer a verdade, queria a área da saúde, mas não tinha condições de pagar uma faculdade de medicina, por exemplo. E, como já trabalhava na empresa em área administrativa, resolvi optar por ADM (aluno 2).”

Outro aluno disse:

“Fiz porque o curso de Administração de Empresas está em alta no mercado e abrange muitas áreas, então achei que seria mais fácil conseguir emprego depois da faculdade, ganhando mais (aluno 3).”

A maioria dos alunos inicia o curso por necessidade de um diploma de nível superior, porque já trabalha em empresas que lhes fazem tal exigência. Os funcionários dessas

empresas procuram, dentre as universidades, aquelas que oferecem melhores condições de pagamento e localização, a fim de não perder, pelo menos imediatamente, o emprego. Portanto, antes de conhecimentos e aprimoramento de habilidades, os alunos da UNIVERSIDADE 2 buscam o diploma, sem o que não podem permanecer na empresa.

“Precisei entrar na universidade, porque, se não viesse fazer um curso superior, seria despedido de meu emprego. Eles me deram um prazo para trazer o diploma da faculdade (aluno 1).”

É interessante ressaltar que, quando respondeu sobre o porquê de ter escolhido a UNIVERSIDADE 2 para cursar ADM, a maioria dos alunos disse que não “escolheu”, mas teve de cursar ali dada sua condição financeira, pelo PROUNI, e até porque o vestibular era de graça para quem tivesse feito o ENEM.

“Não escolhi, fui escolhido. Fiz o ENEM e não precisei pagar a inscrição ao processo seletivo (aluno 3).”

Outro disse que escolheu pelo preço da mensalidade:

“Foi a mais barata na época e era o único preço que eu podia pagar (aluno 4).”

A maioria estava ciente de que não conseguiria entrar em outras universidades, pois não passaria em outro vestibular.

“Na UNIVERSIDADE 2 qualquer aluno que faz inscrição já passa, nem é vestibular, é processo seletivo, isso é mais fácil, é só não zerar que a gente entra (aluno 4).”

Alguns alunos também demonstraram necessidades de aprimoramento técnico, indo, sempre que possível, fazer complementações e cursos de línguas.

“Encontrei uma dificuldade muito grande porque não sabia falar inglês, e nunca havia morado fora do país, então tive que pagar um curso por fora para continuar no meu trabalho (aluno 2).”

A definição do perfil profissional exigido no mercado de trabalho, levantado pelas entrevistas realizadas com gerentes de recursos humanos das empresas pesquisadas, está distante daquele adquirido pelos egressos pesquisados, o que dificulta preencher todos os requisitos esperados.

Constata-se que há falta de habilidades cognitivas e técnicas:

“Acho que o curso foi pobre, no geral, em termos de conhecimento, de professores, de infra-estrutura da universidade. Saímos sem embasamento teórico suficiente para dar sustentação para enfrentarmos um processo seletivo de ingresso no mercado de trabalho (aluno 1).”

Constata-se pelas entrevistas que todos os alunos são provenientes de ensino médio das escolas públicas estaduais.

“Fiz o ensino médio em escola estadual. Saí com pouca bagagem cultural. Quase não tinha aula. Não levei a sério como devia quando estava estudando e na faculdade me fez muita falta (aluno 5).”

É exigência do MEC que a instituição ofereça aulas extras para “nivelar” os alunos, ou seja, para que tenham melhores condições de acompanhar as aulas dos diferentes componentes curriculares. São oferecidas aulas de português, matemática e informática. Essas, sob a alcunha de “nivelamento”, a universidade tem por obrigação disponibilizar gratuitamente, em horários extras, alternativos aos das aulas curriculares. O nivelamento não é obrigatório e é feito a critério e disponibilidade do aluno, que se beneficia de cursos paralelos. Constata-se que essas aulas na realidade não acontecem, só existem no papel, por ser uma exigência legal.

“Aulas de nivelamento são oferecidas pela universidade aos sábados e nas pré-aulas. Já saio do trabalho em cima da hora e nunca consegui chegar em tempo de participar delas (aluno 3).”

Quando indagados sobre a proporção teoria/prática, oferecida pelo curso, afirmaram: “O curso ficou muito distante da prática, pois o conteúdo das matérias é extremamente teórico e não tivemos na universidade a empresa júnior nem estágio feito realmente, com relatórios (aluno 2).”

5 EXIGÊNCIAS DO MERCADO DE TRABALHO E ENSINO SUPERIOR

Esta pesquisa procurou fazer a verificação do projeto pedagógico das instituições a partir da observação de preocupações com habilidades cognitivas, técnicas, atitudinais e comportamentais, em que se encontram incluídas as habilidades interpessoais (Assis, 1994, Gílio 2000; Silva Filho, 1994; Whitaker, 1997), nos diferentes componentes curriculares, bem como a partir de relatos das experiências docente e discente nas instituições. Na identificação das experiências docentes e discentes, por intermédio das entrevistas realizadas, a enumeração de habilidades e competências supostamente atingidas foi levada em consideração, bem como a participação destas no possível ingresso ao mercado de trabalho. A questão das exigências do mercado de trabalho, da diversificação do saber e da interdisciplinaridade do conhecimento também foi levada em consideração quando da análise dos resultados de ambas as instituições.

Tem-se assistido nos últimos anos a um movimento de busca de novos mercados (Werbel, 2000) em cada campo profissional e isso trouxe à tona um problema que envolve a seguinte pergunta: que grade curricular é capaz de incluir todas as atividades e competências profissionais que se pretende abarcar?

É necessário analisar comentários dos egressos em relação à preparação para o mercado de trabalho, no que se refere a formação teórica, prática e complementar (humana e geral).

A crescente dificuldade enfrentada pelos responsáveis por recrutamento de profissionais habilitados a ocuparem as vagas disponíveis coloca em discussão a eficiência no processo de formação e qualificação. A proporção candidato/vaga tem crescido substancialmente, reafirmando a condição de que poucos conseguem preencher os requisitos exigidos pelo mercado.

A ênfase na formação generalista e a ampliação das possibilidades de experiência prática durante o curso superior são avaliadas pelas instituições como alternativas para atender a exigência de um perfil multiprofissional e proporcionar a maturidade pessoal e a identidade profissional necessárias para agir em situação de imprevisibilidade, realidade a que estão sujeitas as organizações atuais. No entanto, essa ênfase, muitas vezes, consta nos projetos pedagógicos, sobretudo nos da UNIVERSIDADE 2, mas não tem expressão na realidade vivida pelos alunos que chegam ao mercado deficientes desses requisitos. Os professores da UNIVERSIDADE 2 enfrentam o problema de se deparar com pouca autonomia na preparação e aplicação de suas disciplinas, pois são obrigados a seguir um planejamento comum a todos as unidades e a aplicar avaliações que, em grande parte, não são preparadas por eles, o que os impede de responder às demandas especiais do alunado, muitas vezes despreparado para questões básicas que demandam informações e conhecimento relacional sobre épocas históricas, mentalidades, cultura geral, assim como desprovidos de habilidades medianas de escrita e compreensão de textos jornalísticos.

Percebe-se, pela análise das entrevistas, um despreparo profissional dos alunos da UNIVERSIDADE 2, relacionado aos seguintes fatores:

a) dissociação entre teoria e prática;

b) baixa qualidade dos estágios curriculares, insuficientes e inadequados; c) “adaptações” simplificadoras feitas ao projeto pedagógico do curso;

d) infra-estrutura insuficiente, que carece de empresa júnior, laboratório de informática e biblioteca condizentes com as necessidades do curso.

Essas falhas comprometem o perfil profissional do egresso e diminuem suas possibilidades de sucesso num mercado de trabalho tão competitivo como o atual.

Todos os alunos entrevistados estudaram nas escolas públicas estaduais e não fizeram cursinho preparatório para ingresso no ensino superior. O despreparo dos universitários ao

iniciarem o curso impõe a necessidade de um “nivelamento”, um processo de capacitação ao curso superior; mas a UNIVERSIDADE 2 não fornece efetivamente as aulas de capacitação.

Os alunos da UNIVERSIDADE 2 entrevistados não têm domínio de línguas estrangeiras. Como não cursaram o ensino médio em escolas particulares, consideradas de alto nível, tampouco fizeram cursos de língua fora da escola e também não tiveram a experiência de morar fora do país, realmente não dominam outro idioma. Sabe-se que o conhecimento de inglês e espanhol não é mais uma qualificação diferencial. Há necessidade de se conhecer uma terceira ou quarta língua. Assim, os alunos da UNIVERSIDADE 2 somam obstáculos, e não requisitos, para a inserção no mercado de trabalho.

Quando procuramos os egressos dessa instituição para agendar entrevistas, soubemos que alguns deles estavam fora do país. Deixaram de trabalhar para se aventurar no exterior, adquirir uma língua estrangeira, esperando obter progresso na volta ao Brasil.

A definição do perfil profissional exigido no mercado de trabalho é condizente com aquele adquirido pelos egressos pesquisados da PUC/SP, uma vez que saem possuidores de competências e habilidades exigidas pelo mercado, tais como criatividade, autonomia, iniciativa e tranqüilidade para conviver e resolver problemas.

O TCC obrigatório contribuiu para os alunos iniciarem-se na pesquisa científica com a orientação dos professores e para ampliar seus conhecimentos, pois exige muita leitura e rigor metodológico, ainda que não tenha de ser defendido perante uma banca de professores.

Outro fator relevante é a universidade dispor de empresa júnior, a PUC-Júnior, por intermédio da qual os alunos podem entrar em contato com o mercado e as exigências do trabalho no mundo contemporâneo; muitos deles, inclusive, tomam conhecimento das práticas e ações do terceiro setor a partir da participação em instituições parceiras da universidade. Um dos egressos da PUC que entrevistamos está cursando pós-graduação na fundação Getúlio

Vargas, outro faz a segunda graduação, agora em Psicologia, outros já fizeram cursos de especialização e um tem certificado de proficiência em língua estrangeira.

Percebe-se que o curso de ADM da PUC/SP possui não um, mas muitos diferenciais. A flexibilidade, os professores, a matriz curricular, o curso generalista. Esse somatório se resume no nome da instituição, quando da hora de os egressos procurarem espaço no mercado de trabalho. Isso se confirma quando observamos o atual locus de trabalho dos egressos da PUC/SP. Eles estão exercendo, hoje, funções de gerência das áreas de negócios empresariais. São gestores de marketing, gestores de produtos, gerentes de RH. Trabalham no setor bancário, empresarial e também no terceiro setor. Um dos entrevistados é presidente de uma organização não governamental. Todos declararam que não tiveram dificuldade para encontrar emprego depois de formados.

São unânimes em dizer que o mercado de trabalho onde alunos da PUC estão inseridos exige profissionais altamente qualificados. São grandes empresas internacionais e nacionais, que exigem do profissional uma variada gama de qualidades.

Tendo como ponto de partida a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, colocada como um dos pressupostos teóricos desta pesquisa, mais precisamente o cap. IV, art.43, constatam-se discrepâncias no que diz respeito:

a) à formação de diplomados aptos para a inserção em setores profissionais; b) ao incentivo à pesquisa e investigação científica.

É evidente que, das duas universidades analisadas, a chamada mercantil de massa não prepara adequadamente o profissional para se inserir no mercado de trabalho, conforme ficou constatado, por vários motivos, dentre eles a falta de estrutura física adequada. Dizer que falta estrutura física parece até incoerência, pois os prédios são muito amplos, vistosos, bonitos, bem localizados, modernos; mas isso é uma artimanha para confundir o aluno, que fica encantado pela aparência das instalações. São verdadeiros Shopping Centers, com área de

alimentação, lojas de conveniência, salas de exposições; porém, o que há de mais necessário para o ensino de qualidade e, conseqüentemente, para o bom desempenho do aluno, como: laboratórios, bibliotecas, salas ambiente com recursos audiovisuais e empresa júnior, essa universidade não possui.

Percebe-se que há um hiato entre os objetivos propostos pelo curso de ADM da UNIVERSIDADE 2 e a realidade, pois os alunos não têm atividades laboratoriais obrigatórias, não há empresa júnior e, no estágio, não se exige planejamento nem relatório: basta entregar um “passaporte” com a assinatura do responsável pelo estágio na empresa.

A PUC/SP, ao contrário, dispõe de toda a infra-estrutura necessária: biblioteca adequada, salas ambiente e empresa júnior, que funciona como verdadeiro laboratório para os alunos diminuírem a distância existente entre a teoria e a prática. Há ainda que se considerar a qualidade do material humano (professores preparados e orientados para um saber investigativo) o que, somado a uma grade curricular flexível, favorece a formação criativa e cidadã, possibilitando o incentivo à pesquisa e investigação científica.

A PUC/SP possui linhas definidas de pesquisas e, é filosofia da instituição, incentiva a pesquisa nos diversos cursos de graduação e pós-graduação. O aluno inicia a atividade científica ainda na graduação, pois é obrigatória a elaboração do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).

Na UNIVERSIDADE 2 não há linhas de pesquisas e o aluno não tem necessidade de apresentar um TCC ao término do curso.

A forma pela qual ocorreu a coleta de materiais que permitiram a análise do projeto pedagógico do curso nas duas universidades revela, em si mesma, a familiaridade e importância dadas à pesquisa e seus desdobramentos no caso da PUC/SP, e certa insegurança e até descaso no caso da UNIVERSIDADE 2.

Na PUC/SP, conseguimos, sem burocracia nem interpelações, com a coordenadora de ADM o projeto pedagógico atual, em vigência desde 2007, e o anterior (objeto de estudo deste trabalho, pois analisamos o curso de alunos que o concluíram há dois anos, para conhecer como se deu seu ingresso no mercado de trabalho). Foi fácil coletar material para análise, pois as pessoas contatadas ofereciam com muita transparência o manual de estágio, o manual de TCC, o catálogo do curso, a matriz curricular e as respectivas ementas. Marcamos horários com a coordenadora, que nos apresentou os professores para as entrevistas, bem como esclareceu pormenores do curso e tirou dúvidas sempre que necessário. A associação dos ex-alunos mostrou prontidão para fornecer dados, orientações e contatos com os egressos e não mediu esforços para colaborar, havia pré-disposição em ajudar. Os ex-alunos foram solícitos e de uma disponibilidade ímpar. Estão acostumados a pesquisar e sabem o quanto é importante e valioso fornecer dados para análise e reflexão.

Em contrapartida, foi extremamente difícil conseguir material para análise da UNIVERSIDADE 2. Foram inúmeros os e-mails, as horas marcadas em vão, a insistência para obter informações e as visitas perdidas. Não conseguimos ter em mãos o projeto pedagógico do curso. Tivemos de recorrer a um coordenador de outra área que, percebendo nossa dificuldade e conhecedor da necessidade de obter tais informações, solicitou como se fosse para seu próprio uso e disponibilizou para consulta, na própria universidade, sem a possibilidade de a consulente levá-lo para casa ou fazer fotocópia. Não houve transparência, ao contrário, houve verdadeira resistência para disponibilizar material, como se as coisas fossem feitas às escondidas. Isso demonstra, por parte dos gerenciadores do curso da UNIVERSIDADE 2, o desconhecimento dos frutos de uma pesquisa acadêmica, no que se refere ao fornecimento de dados para novas orientações e a utilização política de seus resultados.

O encontro com o coordenador do curso de Administração de Empresas foi impossível. Não tivemos a possibilidade de conversar pessoalmente, apenas por telefone, quando por descuido atendia minha ligação, ou por e-mail, quando respondia. Conseguimos contato com os ex-alunos por meio da secretária, que nos forneceu nomes e telefones para marcar as entrevistas. Mesmo com os egressos não foi fácil a comunicação, pois eles não têm hábito de pesquisa e sentiram-se acuados pelas perguntas. Os professores demonstraram constrangimento e até mesmo certo temor de participar da entrevista. Insistiam muito que não queriam que fosse citado seu nome em nenhum momento. Precisamos até, em alguns casos, assinar termo de consentimento e responsabilidade, comprometendo-nos a não citar o nome deles de forma alguma.

Constata-se que os documentos existem apenas para o cumprimento da exigência do MEC e não ficam disponíveis para consulta dos professores, alunos e outros envolvidos no processo de ensino/aprendizagem. Não há clareza quanto aos objetivos, nem quanto ao que foi planejado para o curso como um todo, o que dificulta a possibilidade de integração entre as disciplinas e metas comuns aos diferentes colaboradores do curso.

Pela análise comparativa, feita através dos dados levantados em entrevistas semi- estruturadas, conclui-se que tanto a UNIVERSIDADE 2 quanto a PUC/SP têm como objetivo estar em sintonia com o mercado de trabalho. Os alunos de uma, como os da outra, terminam o curso com sonhos de ingressar numa carreira promissora, às vezes se esquecendo de que as empresas estão exigindo conhecimentos além dos fornecidos pela universidade.

Os egressos da PUC/SP terminam o curso já empregados. A maioria é contratada na mesma empresa em que fez o estágio, outros abrem sua própria empresa e muitos vão atuar na empresa dos pais.

Os alunos da UNIVERSIDADE 2 terminam o curso para conseguir permanecer no mesmo emprego que os obrigou a fazer faculdade. Estão ali para permanecer no mesmo lugar

e, se houver grandes modificações, eles caem. Dessa forma, conclui-se que quando o aluno entra por coação na faculdade, jamais vai cursar de maneira adequada, estudando apenas para passar de ano e atingir o objetivo que é receber o diploma.

Os que ainda não estão trabalhando sentem dificuldades para obter o primeiro emprego e vêem-se obrigados a voltar à universidade para cursos de pós-graduação com a finalidade de adquirir mais conhecimentos e qualificações para se tornarem aptos a enfrentar os processos de seleção das empresas. Assim, a universidade tem a garantia de candidatos para preencher as vagas de seus inúmeros cursos de pós-graduação.

Vale considerar a data de início dos cursos: o curso de ADM da PUC/SP teve início em 1971 e o da UNIVERSIDADE 2, em 1993. São 22 anos de diferença. Tempo suficiente para que o curso da PUC/SP tenha tradição maior e muitos anos a mais de experiência. Tempo em que o currículo passou por várias reformas, com inovações significativas e implantadas gradualmente, de modo a adaptar o curso às mudanças do mercado, cada vez mais competitivo, que exige novos conhecimentos e atitudes em face das novas tecnologias incorporadas de forma definitiva no contexto dos negócios contemporâneos.

Uma das maiores inovações no projeto pedagógico da PUC/SP foi a criação do quinto ano composto apenas por disciplinas optativas das cinco áreas funcionais. Essa alteração permitiu notável flexibilização ao currículo, mantendo-o atualizado, uma vez que as optativas são oferecidas de acordo com o contexto atual do ambiente de negócios.

O curso da UNIVERSIDADE 2 também passou e passa por alterações. A última mudança, inclusive, serviu para “enxugar” as disciplinas da matriz curricular, oportunidade em que a duração do curso foi reduzida de cinco para quatro anos. A “condensação” ocorreu para que o curso continuasse competitivo no mercado, pois na maioria das universidades a duração de ADM é de quatro anos. Foram retiradas da matriz disciplinas de formação humanística, as quais ensinam o aluno a pensar, a questionar, a interagir no mundo social, a

ser atuante, participativo e crítico, tais como: Sociologia, Psicologia, Filosofia e Ética. Restou um curso sem a prática da reflexão, formando alunos cumpridores de ordem, sem capacidade de criar e sem o espírito crítico tão necessário para preencher as atuais exigências do mercado de trabalho.

Podemos apontar, portanto, que ambas as universidades vêm sofrendo mudanças constantes em seu projeto pedagógico. A UNIVERSIDADE 2, no sentido de tornar o curso mais acessível financeiramente aos alunos, e a PUC/SP, sem desconsiderar esse quesito, no sentido de garantir sua marca, ou seja, fazer jus a sua preocupação histórica com a formação humanista e, hoje também, generalista.

Quanto aos objetivos formalmente prescritos do curso, ambas estão de acordo com as diretrizes exigidas pelo MEC (Ministério de Educação e Cultura), ambas possuem equipes formadas por bons professores, com experiência profissional no mercado, mesmo assim a PUC possui um número maior de mestres e doutores, enquanto 70% dos professores de Administração de Empresas da Universidade 2 são especialistas e apenas 15% são mestres e 15% são doutores.

A Lei obriga as universidades a manter 1/3 dos docentes em regime integral, porém a UNIVERSIDADE 2 não cumpre essa exigência. Apenas 6% dos professores trabalham em regime integral, contrastando com os 94% que são contratados como horistas. Esse dado consta do mais recente Censo da Educação Superior, de 2006, e foi divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, de 12 de maio de 200815.