Capítulo III – Percursos para um ensino diferenciado
6- Caracterização da população / amostra
7.2 Entrevistas
Tratando-se, como esclarece Fortin (2009, p. 375), do ―principal método de colheita de dados nas investigações qualitativas‖, a entrevista é uma técnica de recolha de informação que consiste numa interação verbal implicando, portanto, um contacto direto entre o entrevistador e o entrevistado. A finalidade deste tipo de análise é justamente a de estudar, ao pormenor, o discurso obtido e efetuar inferências, com base numa lógica explicitada, sobre as mensagens sobre as quais se inventariaram e sistematizaram as suas características.
Para Carmo e Ferreira (1998, p. 147), as maiores virtualidades que o inquérito por entrevista apresenta é justamente a flexibilidade quanto ao tempo de duração, a adaptação a novas situações e a diversos tipos de entrevistados e a profundidade porquanto permite observar o entrevistado e colher informações íntimas ou de tipo confidencial. As suas maiores limitações são o facto de requerer maior especialização do investigador, ser mais caro e obrigar a uma maior duração de tempo.
Na elaboração das questões – fase do processo de investigação que mais e melhor determina o grau de cumprimento dos objetivos a que se propõe o investigador – é particularmente relevante a forma como são formuladas as questões pois devem contemplar um equilíbrio entre a sequência do pensamento do entrevistado e o fio condutor dos objetivos do investigador (Bourdieu, 1998). Esta é uma das razões pelas quais Lessard-Hébert, Goyette e Boutin (2005, p. 161) consideram que ―a entrevista possui laços evidentes com outras formas de recolha de dados, nomeadamente com a observação‖.
No quadro das categorias sugeridas por Powney e Watts (1987, citados por Lessard-Hebert, Goyette e Boutin, 2005, p. 162), quando procuram descrever e classificar os diversos tipos de entrevistas, verifica-se que o tipo aplicado neste estudo é o da entrevista orientada para a resposta. Esteves (2008, p. 93) define-a como a entrevista formal que é encenada e estruturada que, apesar de estar orientada para a intervenção mútua é mais controlada pelo investigador que, previamente, define os tópicos a abordar e elabora um conjunto de questões para serem ―colocadas a todos os respondentes em momentos temporais distintos‖ (idem, p. 96).
A aduzir a estes aspetos está o facto de a entrevista se apresentar num formato semiestruturado e ser referenciada num quadro preestabelecido. Embora visando a recolha de informações, não se considerou, de modo absoluto, a ordem da aparição das
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informações no desenvolvimento do processo o que constitui uma outra característica deste tipo de entrevistas. Na realidade, a entrevista semiestruturada permite um equilíbrio entre perguntas abertas e fechadas, possibilitando ao entrevistador ―uma amplitude de temas considerável‖ (Bogdan & Biklen, 1994, p. 135) e admite que o entrevistado exprima as suas ideias e opiniões em liberdade sem que, contudo, os temas centrais fiquem por abordar. Por outro lado, permite uma recolha de dados comparativa, ficando-se ―com a certeza de se obter dados comparáveis entre os vários sujeitos‖ (ibidem).
Estrutura da entrevista ao Órgão de Gestão
A estrutura esquemática da entrevista aos Órgãos de Gestão é apresentada no quadro que se segue.
143 Quadro 14 - Estrutura da entrevista aos Órgãos de Gestão
ESTRUTUTRA DA ENTREVISTA AOS ÓRGÃOS DE GESTÃO
BLOCO A – Sensibilização para a entrevista
Informar sobre os objetivos da entrevista.
Garantir a salvaguarda da confidencialidade das informações e do anonimato do entrevistado. Chamar a sua atenção para a importância do rigor das respostas no sentido da validade do estudo.
Obter a autorização para o registo áudio do conteúdo da entrevista.
Confirmar que as informações dadas são suficientes para o seu consentimento esclarecido em participar na entrevista.
Agradecer a prestimosa colaboração.
BLOCO B - Caracterização sociodemográfica do(a) entrevistado(a)
Género; habilitações literárias; tempo de serviço enquanto docente e Diretor(a) de Escola.
BLOCO C – Os CEF: justificativo para a candidatura; critérios de seleção das áreas de formação e da equipa pedagógica
Perceção sobre:
- Razões para a candidatura ao(s) Curso(s); - Critérios de seleção da área de formação;
- Perfil dos docentes: critérios de seleção da equipa pedagógica.
BLOCO D - As turmas de CEF e o seu grau de importância / contributo
Perceção sobre:
- O perfil das turmas de CEF; - Benefícios dos CEF; - Constrangimentos dos CEF.
BLOCO E – Organização e funcionamento dos CEF
Perceção sobre:
- Grau de importância conferido ao (à) Diretor(a) de curso e ao desempenho das suas funções; - Integração e inclusão dos alunos do CEF na escola;
- Aplicação do Despacho n.º 12568/2010, de 4 de Agosto de 2010 e suas consequências; - Os CEF enquanto resposta no combate ao insucesso e abandono escolares.
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Estrutura da entrevista aos Diretores de Curso
O quadro 15 serve para apresentar, de forma esquemática, a estrutura da entrevista aos Diretores de Curso.
Quadro 15 - Estrutura da entrevista aos Diretores de Curso
ESTRUTUTRA DA ENTREVISTA AOS DIRETORES DE CURSO
BLOCO A – Sensibilização para a entrevista
- Informar sobre os objetivos da entrevista.
- Garantir a salvaguarda da confidencialidade das informações e do anonimato do entrevistado. - Chamar a sua atenção para a importância do rigor das respostas no sentido da validade do estudo. - Obter a autorização para o registo áudio do conteúdo da entrevista.
- Confirmar que as informações dadas são suficientes para o seu consentimento esclarecido em participar na entrevista.
- Agradecer a prestimosa colaboração.
BLOCO B - Caracterização sociodemográfica do(a) entrevistado(a)
Género; idade; habilitações literárias; tempo de serviço enquanto docente e Diretor(a) de Curso.
BLOCO C – O desempenho do cargo de Diretor(a) de Curso e o seu grau de importância no quadro global da organização e funcionamento do CEF
- Razões pelas quais desempenha o cargo (opção pessoal / imposição). Perceção sobre:
- Critérios de seleção do(a) Diretor(a) de Curso, pelo Órgão de Gestão; - Necessidade de formação específica.
- Estratégias para envolver os alunos e Encarregados(as) de Educação; - Relação pessoal com os alunos do CEF;
- Papel e atuação no acompanhamento aos alunos e na organização e funcionamento do curso.
BLOCO D – As turmas de CEF e o seu grau de importância / contributo
Perceção sobre:
- O perfil das turmas de CEF; - Benefícios dos CEF; - Constrangimentos dos CEF; - Principais objetivos a alcançar.
BLOCO E – Organização e funcionamento dos CEF
Perceção sobre:
- Integração e inclusão dos alunos do CEF na escola;
- Aplicação do Despacho n.º 12568/2010, de 4 de Agosto de 2010 e suas consequências; - Os CEF enquanto resposta no combate ao insucesso e abandono escolares.
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8 - PROCEDIMENTOS