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Capítulo III – Percursos para um ensino diferenciado

6- Caracterização da população / amostra

7.1 Questionários

Carmo e Ferreira (1998, p. 147) pronunciam-se relativamente aos prós e contras dos dois instrumentos de recolha de dados utilizados, tendo considerado que as maiores virtualidades que o inquérito por questionário são justamente a sistematização, uma maior simplicidade de análise e de rapidez na recolha e análise dos dados e ser manifestamente mais barato. As suas maiores limitações centram-se nas dificuldades de conceção e ao risco de uma elevada taxa de não respostas.

Para Quivy e Campenhoudt (2005, p. 188), existe um outro conjunto de vantagens para quem utiliza este instrumento, nomeadamente a possibilidade de se poder quantificar uma multiplicidade de dados e de se poder proceder, consequentemente, a numerosas análises de correlação e, ainda, de o mesmo permitir a representatividade do conjunto dos entrevistados, uma exigência que, muitas vezes, é essencial. Já no que concerne às limitações do instrumento, estes autores acrescentam a superficialidade das respostas, a individualização dos entrevistados (são considerados independentemente das suas redes de relações sociais) e o carácter relativamente frágil da credibilidade do dispositivo (tem que preencher várias condições para o tornar digno de confiança). Pesadas todas as variantes, considerámos tratar-se de um instrumento de recolha de dados adequado para a presente investigação, já que as vantagens que apresenta suplantam, em larga medida, alguns dos constrangimentos que lhe possam estar associados e cumprem os objetivos traçados.

Estrutura do questionário

Apesar de se tratar de dois questionários diferentes – um destinado aos alunos e outro aos docentes do CEF - apresentam uma estrutura similar. Ambos têm uma nota introdutória que pretende esclarecer os inquiridos quanto ao objetivo do estudo, sendo o corpo do questionário constituído por duas partes distintas.

Na primeira parte de cada um dos questionários – dados pessoais – procura fazer-se a caracterização sociodemográfica dos inquiridos, recolhendo dados sobre: em relação aos docentes, o género, idade, habilitações literárias, formação especializada, situação profissional e tempo de serviço, e relativamente aos alunos, o género, idade,

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grau de escolaridade e profissão dos pais, número de irmãos/irmãs, agregado familiar, retenções, abandono da escola e atividades dos tempos livres.

A segunda parte dos questionários, ainda que se centrem no mesmo objeto – os CEF – acabam, naturalmente, por apresentar algumas diferenças. Assim, no questionário dos docentes a segunda parte centra-se nos dados relativos à lecionação dos Cursos de Educação e Formação. Pretende saber-se o número de anos de lecionação aos CEF, a área de competência, as motivações, objetivos e constrangimentos das turmas CEF, o número de vezes que encaminhou alunos para um CEF e justificação, opinião sobre estas turmas e sobre a sua relação com os alunos, estratégias e atividades desenvolvidas, benefícios destas turmas, fatores caracterizadores dos Cursos e opinião sobre a integração e inclusão dos alunos na escola. No caso dos alunos, pretende saber- se o ano de escolaridade aquando da entrada no CEF, as motivações, desvantagens/constrangimentos destes Cursos, a forma como tiveram conhecimento do Curso, a valorização dos seus conhecimentos anteriores, o grau de importância dado a determinadas vantagens do Curso, opinião acerca da organização e funcionamento do curso, da relação pessoal com os docentes, funcionários e técnicos da escola, resultados escolares, grau de dificuldade, grau de utilidade que a conclusão do Curso trará, o grau de parentesco com o Encarregado de Educação e o número de vezes que o mesmo vai à escola e a opinião acerca da sua integração e inclusão na escola enquanto aluno(a) de um CEF.

Os dois questionários são constituídos por várias questões fechadas que, tal como postula Fortin (2009, p. 384), têm a vantagem de serem simples de utilizar, permitem uma codificação fácil das respostas e uma análise rápida (permitem um tratamento estatístico) e pouco dispendiosa. Por outro lado, são uniformes e aumentam a fidelidade dos dados, fornecem referências aos sujeitos o que permite tornar as respostas comparáveis entre elas e retirar as que são inapropriadas. Em cada um dos questionários existe, ainda e incluída numa questão fechada, uma questão-filtro (Fortin, ibidem) que permite dirigir o respondente para as questões que se aplicam à sua situação. No questionário aplicado aos alunos existe, também, uma questão de ordenação onde é solicitado que seja classificado o enunciado por ordem de importância (vantagens de estar inscrito no Curso).

Ambos os questionários incluem, também, várias questões de escolha múltipla (ou semifechadas) em que foi pedido aos inquiridos que selecionassem as alternativas de resposta que se lhe aplicavam, não tendo sido utilizada qualquer escala numérica ou

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de valor. Esta opção prende-se com o facto de pretendermos fazer o levantamento de todas as hipóteses possíveis de resposta a considerar e não fazer a qualificação da importância das mesmas ou o seu escalonamento. Todas as opções de resposta foram igualmente consideradas, sendo a sua importância atribuída quando selecionada pelo inquirido.

De salientar que em todas as questões de escolha múltipla dos dois questionários terminou-se com uma questão aberta através da qual foi dada a possibilidade de o respondente acrescentar informação livremente sendo que não foram propostas, portanto, quaisquer categorias de respostas. Considerámos que as respostas às mesmas poderia, eventualmente, permitir-nos obter informações mais detalhadas e, deste modo, servir para obter precisões complementares sobre certos aspetos da investigação. A última questão em ambos os questionários é fechada mas precede uma questão aberta na qual se pede uma justificação para a resposta anterior. Considerámos ser pertinente analisar as respostas eventualmente dadas, de forma livre e aberta sendo que, neste caso, as mesmas podem contribuir e complementar de forma significativa a nossa análise (Ver Anexo IV).

139 Quadro 12 - Estrutura do questionário aplicado aos docentes das turmas de CEF

CONCEITOS VARIÁVEIS INDICADORES QUEST.

PARTE I: Identificação

Dados pessoais - Género 1

- Idade 2 Dados sócio - profissionais - Habilitações literárias 3 - Formação especializada 4 - Situação profissional 5 - Tempo de serviço 6 PARTE II: Dados relativos à lecionação do CEF II. 1. Dados profissionais

(na lecionação dos CEF)

- Nº de anos em que lecionou turmas de CEF 7 e 7.1

- Componente de Formação / área de

competência 8

II. 2. Funcionamento das

turmas de CEF

- Motivações que levaram a lecionar o CEF 9

- Encaminhamento de alunos para o CEF e

justificações 10 e 11

- Opinião acerca das turmas de CEF

12

- Estratégias desenvolvidas para motivar os

alunos e promover a aprendizagem 13

- Objetivos a alcançar

14

- Constrangimentos decorrentes dos CEF

16

- Benefícios decorrentes dos CEF

17

II. 3. Os alunos dos CEF

- Relação pessoal com os alunos do CEF

15

- Fatores caracterizadores dos alunos

18

- Integração e inclusão dos alunos na escola e

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Quadro 13 - Estrutura do questionário aplicado aos alunos das turmas de CEF

CONCEITOS VARIÁVEIS INDICADORES QUEST.

PARTE I: Identificação

Dados pessoais

- Género 1

- Idade 2

- Ocupação dos tempos livres 9

Dados relativos aos pais / agregado

familiar

- Escolaridade dos pais 3

- Profissão dos pais 4

- Número de irmãos 5

- Nº de elementos do agregado familiar 6

- Relação Encarregado(a) de Educação e pais 22

- Nº de vezes que o(a) Encarregado(a) de

Educação vai à escola 23

Dados do percurso escolar

- Retenções 7 e 7.1

- Abandono da escola (nº de vezes, idade em que abandonou, justificativo)

8, 8.1, 8.2 e 8.3 PARTE II: Dados relativos à integração no CEF II. 1. Dados relativos à frequência do CEF)

- Nº de anos em que lecionou turmas de CEF 7 e 7.1

- Componente de Formação / área de

competência 8

II. 2. Organização e funcionamento das

turmas de CEF

- Ano de escolaridade concluído 10

- Motivações para ingressar no CEF 11

- Meio através do qual teve conhecimento do

CEF 12

- Valorização dos conhecimentos

anteriormente adquiridos 13

- Vantagens decorrentes do CEF

14

- Desvantagens / constrangimentos

decorrentes dos CEF 15

- Organização e funcionamento do CEF

16

- Relação pessoal com os docentes 17

- Relação pessoal com os funcionários e

técnicos da escola 18

- Resultados escolares 19

- Grau de dificuldade 20

- Grau de utilidade do Curso 21

- Integração e inclusão dos alunos na escola e

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