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4. ESCOLAS DO PROINFÂNCIA EM NATAL

4.1 CMEI Professora Antônia Fernanda Jalles

4.1.2 Entrevistas com funcionários

As entrevistas realizadas no CMEI Professora Antônia Fernanda Jalles contemplaram três pessoas: a diretora administrativa, a coordenadora pedagógica e uma cozinheira, ou seja, um representante de cada categoria de usuário adulto (setor administrativo, pedagógico e de serviço). Todas são funcionárias antigas, sendo que duas delas (coordenadora e cozinheira) trabalham ali desde a inauguração (há 5 anos). Cada uma delas contribuiu com sua opinião acerca das questões levantadas, contudo a entrevista com a cozinheira focou, principalmente, aspectos relacionados à cozinha e às áreas de serviço.

O primeiro tópico da entrevista era sobre a localização do edifício escolar, contendo duas perguntas: uma questionava se a maioria dos alunos morava perto do centro infantil e a outra indagava sobre qual o transporte mais utilizado para chegar à escola. As respostas foram unânimes ao confirmar que os alunos moravam de fato nas redondezas. Já sobre os transportes não houve um consenso, mas foi mencionado o carro como um dos principais meios de transporte, embora uma parcela de alunos também utilize transporte escolar, ônibus ou podem vir a pé quando a distância é curta.

O segundo tópico aborda a implantação do edifício e possui três perguntas. A primeira sobre as vagas de estacionamento para visitantes e área de embarque e desembarque não teve uma resposta consensual. Para a diretora, um embarque e desembarque não funcionaria da maneira esperada, pois as crianças são pequenas e os pais precisam descer para deixá-las dentro da escola. Já para a coordenadora, a ausência

de embarque e desembarque é um aspecto negativo. No entanto, ambas concordaram que as vagas para visitantes não são necessárias, pois se trata de uma rua pouco movimentada, possibilitando estacionar na própria via.

A segunda pergunta desse item trata sobre a existência de uma horta da escola. Segundo os entrevistados, quando a escola foi inaugurada foi feita uma horta, no entanto, esse projeto durou apenas um ano por falta de manutenção. Na visão deles, deveria ter uma pessoa responsável para cuidar da horta, pois o corpo técnico escolar não possui condições de realizar esse trabalho. Em muitas escolas, todavia, esse é um projeto de cunho pedagógico mantido pelos professores e pelas crianças.

A terceira questão refere-se ao parquinho, a diretora e coordenadora consideraram que há quantidade e variedade suficiente para atender a demanda. A coordenadora, todavia, criticou a subdivisão do parque, ela gostaria que fosse um único local que comportasse brinquedos para todas as faixas etárias. Atualmente, parte dos brinquedos encontra-se no pátio coberto, principalmente aqueles destinados aos menores e ainda tem a outra área recreativa no entorno da casinha de leitura. O ideal seria que o parque fosse amplo o suficiente para abarcar todos esses brinquedos, unindo no mesmo espaço físico crianças de diversas idades.

O próximo item do roteiro retrata a funcionalidade dos espaços. No que diz respeito à organização espacial, perguntou-se sobre a localização do refeitório no pátio coberto. Tanto a coordenadora quanto a diretora concordaram que um espaço separado para o refeitório seria melhor, pois o ambiente poderia ser climatizado e propiciar conforto térmico mais adequado, além de facilitar a manutenção e deixar o pátio mais livre. Foi dito que, hoje, o sol incide no refeitório tanto pela manhã quanto à tarde e que é frequente a presença de gatos e insetos. Dessa forma, o espaço separado resolveria todos esses problemas.

Quanto ao uso dos ambientes, foram feitas oito perguntas, sendo a primeira relacionada à recepção dos alunos. Os entrevistados responderam que os pais deixam as crianças nas salas e na saída também. Caso haja algum atraso de um pai, os estagiários ficam na recepção esperando com as crianças.

Na pergunta seguinte, sobre o uso do solário, foi dito que as crianças gostam do espaço, é bem usado e acessível por se conectar com as salas. Porém, os entrevistados ressaltaram que o uso é maior no início da manhã e final da tarde e nos demais horários não dá para usar em função do calor intenso. A diretora sugeriu que fosse uma área semicoberta, com caramanchão, por exemplo, para ampliar os horários de uso e para evitar desgaste dos brinquedos de plástico. Para um clima como o de Natal, o uso de cobertura nesse espaço faria com que fosse mais bem aproveitado.

A próxima questão aborda o uso do anfiteatro e foi mencionado que ele também possui uso restrito, assim como o solário. É mais utilizado pela manhã ou final de tarde (após 16h). A diretora informou sobre a proposta da prefeitura de cobrir esse anfiteatro com uma tenda, propiciando maior conforto e ampliando possibilidades de uso. Uma alteração observada na segunda visita à escola foi a construção de uma mureta ao redor do anfiteatro, a qual foi ressaltada como um elemento muito importante para a segurança das crianças, evitando acidentes nessa área rebaixada (Figura 109).

Figura 109: Mureta construída ao redor do anfiteatro

Fonte: Acervo pessoal, 2017.

Na sequência, perguntou-se sobre os espaços de aprendizado externos às salas de aula para ensino em grupo. As entrevistadas foram enfáticas ao dizer que todos os ambientes são utilizados, citando alguns: cantinhos do pátio (faz-de-conta, pintura, etc), sala de psicomotricidade (espaço sensorial, termo usado pela diretora), casinha de leitura (casa literária, termo usado pela coordenadora), área de convivência junto à fossa e sumidouro (praça literária, termo usado pela coordenadora).

Sobre o uso da sala de informática, questionada na pergunta seguinte, foi dito que não possui essa finalidade, atualmente, tem função depósito. Há uma proposta do corpo técnico da escola de transformar esse ambiente em um laboratório de ciências.

Durante a visita técnica, observou-se que as banheiras previstas no projeto padrão não existiam e/ou não eram usadas nos banheiros infantis destinados à creche I33. Por isso, perguntou-se como era feito o banho das crianças menores. As entrevistadas explicaram que as bancadas de granito foram removidas e, em seu lugar, foram colocados chuveiros infantis elétricos (Figura 110; Figura 111; Figura 112), pois não há bebês de colo na escola. Antes dessa pequena reforma, verificada na segunda visita, eram utilizadas as duchas

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Na verdade, as bancadas da creche I desse centro infantil não foram executadas seguindo o projeto padrão, no qual as bancadas deveriam ter orifícios para encaixar duas banheiras (detalhamento dos banheiros). Nesse caso, as bancadas foram instaladas sem esses orifícios e com um rebaixamento e escada em um lado. Um dos

higiênicas para o banho dos alunos. Portanto, na visão das entrevistadas, essa reforma foi essencial para melhorar o funcionamento do ambiente.

Figura 110: Banho da creche I na 1ª visita Figura 111: Banho da creche I reformado na 2ª visita

Fonte: Acervo pessoal, 2017. Fonte: Acervo pessoal, 2017.

Figura 112: Detalhamento das bancadas da creche I, conforme projeto tipo B

Fonte: <http://www.fnde.gov.br>

A pergunta seguinte é sobre a existência de ambientes flexíveis/multiuso em uma escola infantil. As respostas convergiram na mesma opinião sobre a importância desses espaços na escola e apontaram o pátio como único espaço com uma proposta parecida. Segundo elas, precisaria ter outros espaços com essa mesma ideia. Uma sugestão da diretora seria retirar a parede do repouso da sala do nível II (Creche III) para dar mais flexibilidade ao ambiente. Essa ideia também foi mencionada anteriormente na análise da funcionalidade.

A última pergunta desse item foi sobre ambientes não previstos no projeto, mas que a escola necessita atualmente. Dentre as sugestões foram mencionados: coordenação (uma sala a mais no setor administrativo), sala multifuncional (no projeto padrão tinha, porém foi ocupada por um único uso - psicomotricidade), depósitos, campinho de futebol, espaço para

eventos e repouso de funcionários no setor de serviço.

A coordenadora mencionou que seria bem útil uma quadra poliesportiva e que já existe uma na parte externa dos muros escolares em uma área pública. Talvez, se o centro infantil pudesse incorporar essa quadra e ficar responsável por sua manutenção, compartilhando o uso com a comunidade, poderia ser um espaço mais proveitoso para todos.

No tópico fluxos e acessos, foi perguntado se eles estão adequados para a escola. Houve divergência nas respostas, enquanto a diretora os considerou adequados, a coordenadora verificou um problema na entrada da escola. Ela entende que o local é muito aberto (portas ficam sempre abertas), precisando de um pouco mais de privacidade e maior controle na entrada e saída. Ela recomendou uma porta vai e vem para mitigar o problema.

Partindo para o item sobre dimensionamento, foi questionado sobre o tamanho das salas de aula e as respostas foram unânimes ao afirmar que são muito pequenas realmente, principalmente no caso das salas da Creche III e da Pré-escola. Acerca do tamanho do pátio coberto, a coordenadora considerou como adequado enquanto a diretora afirmou que embora seja grande, acaba se tornando pequeno em decorrência das muitas atividades realizadas ali. Se existissem outros espaços de apoio, o pátio poderia ser mais bem aproveitado.

A terceira pergunta desse item retrata a cozinha e os espaços de apoio. Sobre seu dimensionamento, todos o consideraram adequado, porém apontaram outros problemas relacionados à funcionalidade. A coordenadora e diretora citaram a localização do fogão prejudicial ao funcionamento geral do ambiente. Esse problema já havia previsto na análise funcional desse ambiente do centro infantil, pois o como a posição original do fogão foi alterada, acabou prejudicando os fluxos e circulações da cozinha.

A cozinheira mencionou ausência de armários suficientes na cozinha e as pias que derramam água. A partir das observações realizadas durante a visita, verificou-se que, de fato, as bancadas de granito da cozinha não possuem uma borda ou rebaixo na área das cubas para impedir que água derrame (bancadas com detalhamento não funcional). Outros aspectos complementares ditos pela diretora são as tomadas em pouca quantidade e as altas temperaturas verificadas na cozinha. A cozinheira informou que o fogão existente era um equipamento com baixo desempenho.

Por fim, a última pergunta do roteiro questiona se, na opinião dos entrevistados, existem ambientes muito grandes ou muito pequenos para as necessidades da escola. A coordenadora foi a única a citar um ambiente nessas condições, que foi o almoxarifado considerado pequeno, uma vez que tem muitas coisas para serem guardadas e não há outros depósitos no CMEI.

entrevistados. A coordenadora destacou a ausência de uma casa de lixo. A diretora, por sua vez, ressaltou todas as melhorias realizadas desde a primeira visita: impermeabilização dos pisos, colocação de grades em todas as janelas das salas de aula, instalação de películas nos vidros das janelas, construção de um depósito no recuo lateral (Figura 113), de uma mureta que isola o estacionamento (Figura 114) e da mureta no anfiteatro, como já mencionado.

Figura 113: Construção de um depósito no recuo lateral

Figura 114: Construção da mureta no estacionamento

Fonte: Acervo pessoal, 2017. Fonte: Acervo pessoal, 2017.

A diretora também mencionou o problema do forte odor existente no fraldário, o qual pode ser uma questão de ausência de limpeza e remoção frequente do lixo (fraldas sujas) como também pode estar relacionado à ausência de um sanitário ou expurgo para despejar os dejetos das fraldas.

A partir do exposto, percebe-se que as entrevistas com funcionários dessa escola infantil foram muito importantes para ajudar a entender melhor seu funcionamento, suas necessidades, os seus aspectos positivos e os seus principais problemas a partir da visão dos usuários adultos, complementando análise técnica realizada anteriormente. Um ponto de destaque foi a percepção pedagógica de que é mais interessante os brinquedos estarem em único parque amplo, integrando todas as crianças de faixas etárias diferentes, do que da maneira como se encontram subdivididos em vários locais (pátio, parque e casinha). Também foi de grande importância observar as pequenas melhorias realizadas em um curto espaço de tempo como a construção do depósito, da mureta do anfiteatro, do estacionamento, películas nas janelas, entre outros. Trata-se de uma escola na qual o corpo de funcionários e a administração são muito engajados em conseguir melhorias, realizar um bom trabalho, é perceptível a vida existente no pátio, nos corredores, os trabalhos e eventos organizados por eles.