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X enunciado que realiza uma sobreposição sobre um enunciado anterior e que, no seu

decurso, é sobreposto por um enunciado seguinte;

// // risos, palmas, protestos em coro, etc.; Interrupção da interacção verbal.

2.3 - Questionários

Questionário dirigido aos alunos

O objectivo dos questionários dirigidos aos alunos foi o de recolher informações acerca da sua situação pessoal, sua escola, sua aprendizagem do PLE/2 e sua relação com a língua-alvo. Três tipos de perguntas constituem o questionário, a saber questões de resposta fechada com possibilidade de resposta por “sim” ou “não”, questões de resposta escalar (escolha múltipla), em que o inquirido deveria pôr uma cruz na resposta correspondente à sua situação, e questões abertas de resposta livre possibilitando um pequeno desenvolvimento da justificação da resposta. Havia um total de 39 questões às quais os alunos deram respostas com a ajuda do professor do PLE/2 (titular) da turma e do observador.

Quatro partes compõem o questionário, a saber a identificação (idade, língua materna, nível escolar e situação profissional dos pais, tamanho do agregado familiar, tipo de casa), os recursos disponíveis em casa e na escola, a oferta de línguas, a situação para com o PLE/2 (anos de aprendizagem, razão da escolha, dificuldades, conhecimentos sobre a língua, participação), as línguas utilizadas para participar em aulas de PLE/2 (motivos do uso: quando e porquê) e os contactos com o PLE fora da escola. (ver anexos 3)

Classificação Socioprofissional

Para uma classificação socioprofissional dos inquiridos, baseamo-nos nas conclusões do Relatório Nacional de Apresentação do Terceiro Censo Geral da População e da Habitação senegalesa (RGPH III)4realizado em 2002 que defendem que a influência do meio de residência

4 RGPH III – Rapport national de présentation des résultats définitifs / ANSD / Décembre 2006 (http://www.ansd.sn/publications/rapports_enquetes_etudes/enquetes/RGPH3_RAP_NAT.pdf)]

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na qualidade de vida das pessoas é bem conhecida. Os meios urbanos, geralmente mais dotados em matéria de infra-estruturas de educação e de oportunidades de formação profissional, oferecem um quadro mais favorável aos estudos e chamam as pessoas mais instruídas. As desigualdades que daí resultam são notáveis, sobretudo para as pessoas de uma certa idade como os chefes de família cuja maior parte não beneficiou das campanhas nacionais e internacionais em favor de uma educação universal no primário. Com um melhor acesso à escola, as cidades estão mais aptas a fazer recuar a ignorância. Partindo desta constatação com base em alguns pontos da metodologia utilizada para este censo, e tendo em conta os critérios de classificação utilizados por Moutinho (1988) e fundadas nas teorias de Labov (1976), tentámos fazer uma classificação socioprofissional servindo-nos dos critérios seguintes:

Profissões

No seguimento do levantamento das profissões fornecidas nos inquéritos, elaborámos quatro grupos, consoante o grau de especialização e o nível de instrução. Os grupos são os seguintes

A, B, C e D a saber:

A – Chefe de Empresa; Director de Serviços; Director de Escola; Economista; Empresário;

Médico; Professor Universitário; Presidente da Administração de Empresa.

B – Arquitecto; Professor do Ensino Secundário; Professor de Escola Primária; Contabilista;

Jornalista; Informático; Engenheiro; Investigador; Técnico; Gestor; Escrivão; Bancário; Capitão de Navio; Administrativo/a de Série; Supervisor de Frete.

C – Assistente Social; Enfermeiro; Funcionário Público; Polícia; Militar; Bombeiro; Transitário;

Navegador; Agente Marítimo; Comercial; Guarda-fiscal; Secretária; Controlador/Revisor; Ajudante Hospitalar; Parteira; Treinador; Antigo Combatente; Reformado.

D – Motorista; Comerciante; Electricista; Ourives; Jardineiro; Vendedor; Operário Fabril;

Soldador; Agricultor; Alfaiate; Costureira; Pedreiro; Peixeiro; Pescador; Pintor; Carpinteiro; Carniceiro/Talhante; Faqueiro; Guarda-nocturno; Empregado de Restaurante; Doméstica; Desempregado; Sem profissão.

20 Nível Escolar

A educação é o processo através do qual cada sociedade transmite aos seus filhos as normas, valores e competências essenciais à sua sobrevivência e seu desenvolvimento. Componente essencial do desenvolvimento humano, a educação melhora a produtividade do trabalho e constitui uma alavanca para a redução da pobreza e o progresso sanitário, socioeconómico e democrático. Partindo deste enquadramento, a alfabetização, a escolarização e a instrução constituem barómetros importantes para medir o grau de conhecimento de uma população dada. No Senegal, a luta contra o analfabetismo é uma das estratégias identificadas para lutar contra a exclusão social e dar aos grupos vulneráveis os meios de participar plenamente na vida comunitária e ter acesso às oportunidades de melhoria da qualidade de vida (Kankwenda e al., 1999). Por isso, apesar da crise do sector educativo constatado nos últimos anos, a instrução, de acordo com Antoine e al. (1998), é o factor dominante da inserção económica no sector moderno.

Assim, para identificar o nível de escolaridade dos chefes de família, considerámos os graus seguintes com respectivas abreviaturas.

Analfabeto - an;

Ensino primário incompleto – pi; Ensino primário completo – pc; Ensino secundário incompleto - si; Ensino secundário completo – sc; Curso de formação profissional – cp; Curso superior – cs.

Tipo de casa

As condições de habitação reflectem numa larga medida o nível de vida das populações. Segundo as considerações do Relatório Definitivo do Inquérito Senegalês junto dos Agregados chamado ESAM II5..(Enquête Sénégalaise auprès des Ménages), realizado em 2005, a apreciação do padrão (standing) de vida é feita através do conforto do alojamento, do equipamento e do património dos agregados. Partindo dessas conclusões, definimos quatro tipos de casa conforme os níveis de vida das populações. Assim, temos as barracas simbolizando

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O ESAM II inscreve-se no programa de actividades relativo ao seguimento das condições de vida das populações. Permitirá: (i) elaborar um perfil de pobreza e analisar seus determinantes; (ii) conhecer a distribuição dos gastos anuais conforme certas características dos agregados e as desigualdades entre os diferentes grupos socioeconómicos da população; (iii) analisar as despesas de consumo dos agregados; (iv) analisar a qualidade da alimentação das populações e por fim (v) calcular indicadores de emprego, de educação, de saúde e nutrição, de património e de acesso à habitação.

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situações de extrema pobreza, os apartamentos para os agregados com nível de vida médio baixo, as casas normais para os agregados com nível de vida médio e as vivendas para as famílias ricas. No nosso inquérito, constatámos que muitos inquiridos confundiram “vivenda” com outros tipos de casas existentes no Senegal, chamadas “casa de família” para “família alargada”, caracterizada pelo número de pessoas que aí residem e pelo espaço enorme. Geralmente são casas para manter a tradição onde mora um chefe de família (avô ou bisavô) com suas esposas, seus filhos, enteados, netos, bisnetos, primos, sobrinhos, etc… Passamos então a apresentar os grupos com respectivas abreviaturas:

Barraca – ba; Apartamento – ap;

Outro tipo de casa/Casa normal – cn; Vivenda – vi.

Agregado familiar

Continuando a referir-nos ao ESAM II, conseguimos obter características demográficas e socioeconómicas dos agregados senegaleses. Ao contrário do agregado familiar geralmente observado nas sociedades chamadas modernas, em que predomina a família biológica ou nuclear, o agregado senegalês apresenta as características da família alargada. Segundo o ESAM II, o Senegal conta cerca de 1 065 591 agregados caracterizados por um tamanho médio elevado (9,8 pessoas), resultado da extensão da família biológica. Embora a média nacional seja de 9 pessoas por agregado, nota-se um desequilíbrio entre os tipos de residência e também entre as regiões. O meio urbano conta, em média, 7,9 membros por agregado enquanto em zona rural o tamanho é de 10,2 pessoas. Assim, consoante o tamanho, temos três tipos de agregado: pequeno, médio, e grande. Ao basearmo-nos neste inquérito (censo), classificámos em três grupos os agregados familiares a saber:

Agregado de 10 pessoas ou mais (agregado grande ou numeroso) – agr.num.; Agregado de 5 a 9 pessoas (agregado médio ou normal) – agr.nor.;

Agregado de 4 pessoas ou menos (agregado pequeno ou nuclear) – agr.nuc.;

Para além disso, as perguntas sobre os recursos disponíveis em casa e na escola permitiram- nos ter dados sobre os alunos e as instituições que dispõem de materiais didácticos (manuais escolares de PLE, dicionários, mapas, revistas, jornais, etc…) e biblioteca escolar.

Com as questões referentes à oferta de línguas, conseguimos ter informações sobre o número de línguas curriculares da turma e da escola, e à situação do inquirido para com o PLE/2. Tal

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possibilitou-nos ter informações sobre os anos de aprendizagem, a razão da escolha, as dificuldades enfrentadas, os conhecimentos sobre a língua, e a participação em aula de PLE/2. Colocámos ainda perguntas para saber as línguas que utiliza para participar em aulas de PLE/2 no sentido de obter os motivos do uso e a altura em que tal acontece.

Por fim, questões acerca dos contactos com o PLE fora da escola foram colocadas na perspectiva de classificar os meios de acesso à língua-alvo.

Questionário dirigido aos professores

Um questionário foi apresentado aos professores das regiões e turmas visitadas para uma caracterização socioprofissional. Integravam um total de 34 questões dirigidas aos professores, que eram, pelo menos, licenciados, excepto um que só tem o DUEL II, e tiraram todos uma formação profissional.

O inquérito dos professores divide-se em 5 partes, a saber: a identificação (idade, língua materna, habilitações literárias), a formação (tipo, tempo, actualização profissional), as metodologias de ensino de LE (conhecimento, uso, estratégias), a utilização de uma língua diferente do Português em aula pelos sujeitos (que tipo, em que situação e actividades) e os procedimentos utilizados pelos alunos para participar em aulas de PLE/2. (ver anexo 4)

3 - “Amostra”

3.1 - Gravações e Observações

A “amostra” que serviu de base ao nosso estudo é constituída por gravações e observações de aulas de PLE/2 no Senegal e posteriormente transcritas, e pelos respondentes aos inquéritos aplicados a um público constituído por professores e alunos. Com base, sobretudo, no critério de representatividade e diversidade, foram escolhidos para análise turmas de dois níveis e ciclos diferentes - ensino médio (fundamental), e secundário e profissional -, repartidas por 3 regiões onde se ensina e aprende o PLE/2.

Os níveis são a 3e - último ano do ciclo fundamental, sancionado por um exame chamado B.F.E.M., e segundo ano de ensino/aprendizagem do Português, Língua Estrangeira, e a TLe – último ano do ciclo secundário e profissional, marcado pela avaliação sumativa que permite o acesso ao ensino superior, e terceiro ou quinto ano de ensino/aprendizagem do Português, Língua Estrangeira.

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As turmas escolhidas deveriam ter os requisitos básicos a caracterização do nosso público, a saber um professor de PLE/2 com uma formação profissional e um grupo de alunos que tivesse, no mínimo, um ano de ensino-aprendizagem do PLE/2. As turmas tinham entre 27 e 42 alunos. As aulas gravadas são de dois níveis de aprendizagem sendo 3 aulas do nível 3e e 4 aulas do nível TLe.

A gravação das aulas decorreu no 2º semestre, quase nas últimas semanas do ano lectivo, no respectivo horário. Algumas aulas foram gravadas de manhã, outras da parte da tarde, de modo geral, as gravações tiveram lugar das 8 às 16h.

Quadro 1

Distribuição horária por turma e região

Região Nível Horário Gravação

Dakar 3e 10h-12h 57mn 51s Tle 14h – 15h 22mn 10s 15h - 16h 36mn 15s Saint-Louis Tle 9h – 10h 34mn 05s Ziguinchor 3e 10h-11h 31mn 36s 9h – 10h 9mn 32s Tle 10h – 12h 28mn 33s

É de lembrar que gravámos aulas que não têm a mesma duração. Há que notar que havia aulas que se iniciaram mais tarde e outras que acabaram mais cedo e esta diferença é notável nas transcrições das gravações.

Em Dakar, a capital senegalesa que agrupa várias escolas, onde se iniciou e ainda ocorre o ensino do Português, Língua Estrangeira, observámos e gravámos 3 aulas, sendo uma de 3e e duas de TLe.

Em Saint-Louis, região localizada na parte norte do país, onde aprendemos o Português, Língua Estrangeira, só conseguimos observar e gravar 1 aula de TLe. É bom lembrar que não tivemos oportunidade de observar e gravar aulas de 3ª porque as escolas desta localidade não dispõem de turmas deste nível com ensino de Português.

Por fim, em Ziguinchor, região situada na parte sul do país fazendo fronteira com a Guiné-Bissau e que agrupa uma população muito diversificada e uma variedade de estabelecimentos escolares, conseguimos observar e gravar 3 aulas, sendo duas de 3e e uma de TLe.

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Por questões de anonimato, as turmas e as transcrições das gravações de aula respectivas serão designadas por 3e A, 3e D e 3e D’, TLe B, TLe B’, TLe C e TLe E; Gr A, Gr D, Gr D’, Gr B, Gr B’, Gr C, e Gr E. Os professores também vão ter a mesma designação, sendo A, B, B’, C, D, D’ e E.

As aulas áudiogravadas são em número de 7 mas o corpus repousa em 3 tipos de transcrição, a saber uma transcrição simples, uma feita consoante uma adaptação da unidade de análise de Bellack e al (1966) e a última realizada com base no sistema de Bowers (1980). Em Dakar, para além das escolas programadas, tivemos oportunidade de recolher dados de uma turma de TLe de uma instituição privada. Por razões técnicas (má qualidade da gravação) não nos foi possível aproveitá-la.

3.2 – Inquéritos

Nas regiões visitadas, submetemos inquéritos ao público das turmas visitadas.

Recolhemos todos os questionários que foram entregues pessoalmente aos alunos das três regiões visitadas.

Do total dos inquéritos entregues aos professores não nos foi possível recolher todos. Nas três regiões visitadas não conseguimos obter uma colaboração total dos colegas professores que, apesar da vontade manifestada de participarem no estudo, não deram seguimento devido a razões de que não tivemos conhecimento.

Estão, pois envolvidos dois tipos de dados:

- qualitativos: em resultado da observação e gravação sistemática do desenvolvimento de aula; - quantitativos: em resultado da análise de inquéritos aos participantes (alunos e professores).

25 Quadro 2

Número de inquiridos e de aulas gravadas

REGIÕES ESCOLAS AULAS

Gravadas TURMAS Observadas Nº Alunos Inquiridos Professores Inquiridos DAKAR Liceu Blaise Diagne 3e 3e 27 18 Liceu Canada de Pikine Tle Tle 39 Tle Tle - Grupo Escolar Baobab TLe 18

SAINT-LOUIS Liceu Charles De Gaulle Tle Tle 29 4 ZIGUINCHOR C.E.M. de Lyndiane 3e 3e 42 5 3e 3e - Liceu Djignabo

de Ziguinchor TLe TLe 41

TOTAL 7 8 196 27

Perante o objectivo de analisar quantitativamente os dados do nosso corpus, impõe-se a necessidade de definir os conceitos de análise para este efeito.