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Equilíbrio percebido entre a vida profissional, vida pessoal e vida familiar

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

4.2 Análise das entrevistas

4.2.1 Equilíbrio percebido entre a vida profissional, vida pessoal e vida familiar

No início de cada relato, há a tendência de afirmarem que há percepção de equilíbrio entre as vidas profissional, familiar e pessoal com a consciência de que tal percepção de equilíbrio tem oscilações.

“Minha família em quase nada interferiu em meu trabalho ou

em minha vida pessoal.” (Entrevistada 4, 64 anos, casada, três filhos, especialista, proprietária de academia)

“Nunca me impediu em nada. Meu marido, falecido há dois

anos, sempre me deu força para eu fazer o que eu quisesse. Esta transformação ia acontecer mesmo. Se ele estivesse aqui, estaria me dando muita força pra isso”. (Entrevistada 9, 46 anos, viúva, graduada, proprietária de empresa de designer)

Em um dos casos, foi relatada a ocorrência sistemática de transbordamento da esfera profissional para a familiar sendo que, por vezes, o contrário também ocorre.

“Não sei medir a freqüência, mas já aconteceu algumas vezes, em momentos mais turbulentos (filho doente, cachorro doente etc). Mas é mais comum o contrário - o trabalho me impedir de ter a energia necessária para me dedicar à família.” (Entrevistada 1, casada, um filho, especialista, proprietária de consultoria em comunicação)

Quanto à dimensão “tempo”, o que os depoimentos mostram que no caso das mulheres empresárias o trabalho se sobrepõe à família. O que é explicado por elas, pelo fato de os afazeres domésticos e os cuidados com os filhos demandarem menos tempo e pela compreensão e apoio dos familiares já relatados.

“Para ser sincera, às vezes, o trabalho está em primeiro lugar. Acabo gastando mais energia com ele”. (Entrevistada 3, 35 anos, casada, um filho, ensino médio completo, proprietária de loja de calçados)

“Às vezes aconteceram fatos na empresa que influenciaram a minha vida pessoal. Realmente momentos difíceis afetaram naquele momento o meu emocional. Eu acho que a parte profissional pesa mais. Ela se sobrepõe as outras áreas. Sempre sobrepõe mais. Eu não sei se é porque eu já tenho meus filhos cada um no seu setor, eles já vem estruturados na parte profissional e emocional também. Então pesa mais o profissional”. (Entrevistada 4, 64 anos, casada, três filhos, especialista, proprietária de academia)

“A família não impede. Quando a mulher trabalha em dois, três empregos, você tem que ter equilíbrio. Tem que ter a cabeça boa. Se eu saio daqui para ir trabalhar no salão, não tenho que levar o problema daqui para o salão. Meus filhos querem conversar à noite. Eu digo: ─ Deixa para amanhã, amanhã a gente conversa. Sempre tive equilíbrio muito bom sobre isso. Nada me atrapalha no trabalho”. (Entrevistada 17, 48 anos, casada, dois filhos, ensino fundamental completo, proprietária de sorveteria)

Conforme exposto, a dedicação à vida pessoal fica em último lugar, vista como menos prioritária por quase todas as respondentes.

“Vivi um tempo sem opção de escolha ou não via soluções para conseguir administrar o tempo para cada necessidade. Hoje, já tenho um tempo determinado para cada coisa embora ainda

ocorram uns desvios por motivo de prazos a estabelecer com entrega de serviços. Por me dedicar muito, às vezes, perco ânimo para a vida pessoal como passeios ou viagens... Não digo insatisfeita, pois cada passo parece ser necessário para consolidar outro, mas sempre há em que melhorar, então busco melhorar”. (Entrevistada 6, 36 anos, divorciada, um filho, ensino médio completo, proprietária de empresa de foto e vídeo)

Ao observar a dimensão “envolvimento”, os depoimentos mostram opiniões diversas. Algumas consideram que se envolvem de maneira igualitária nas vidas profissional, familiar e pessoal. Todas se dizem satisfeitas com o nível de envolvimento, apesar de, em diversos momentos das entrevistas, ponderarem que gostariam de poder se envolver mais ou com a vida familiar ou com a vida pessoal. Esses desejos vêm acompanhados da justificativa de que essas áreas não foram plenamente atendidas, porque a vida profissional demandou maior envolvimento em certos momentos.

“Consigo dividir bem. Às vezes não deixa de transbordar. As vezes estou fazendo um trabalho, um projeto , me dedico e vou a fundo. Eu sempre tento fazer o melhor. Então, às vezes, acabo dedicando um pouquinho mais. Mas eu, por exemplo, sempre almoço com minha filha. Em casa, sou só eu e ela, então é importante almoçar e ter um momento para conversar. Ela estuda na Federal e fica fora de manhã. Às vezes, algumas tardes ela fica em casa estudando. Aí faço meus projetos e, em um determinado momento, vamos tomar um café e conversar um pouquinho. Trabalho dentro de casa”. (Entrevistada 9, 46 anos, viúva, graduada, proprietária de empresa de designer)

“Muitos afazeres com certeza fazem com que a dedicação se torne menos intensa em cada um dos setores. Mas tem meses no ano que são mais tranquilos. Os que mais exigem de mim são outubro, novembro e dezembro, de forma sucessiva e crescente. Janeiro é o mês de conclusão da grande demanda

de trabalho”. (Entrevistada 6, 36 anos, divorciada, um filho, ensino médio completo, proprietária de empresa de foto e vídeo)

Quanto à dimensão “equilíbrio de satisfação”, algumas entrevistadas demonstravam, inicialmente, plena satisfação, mas encerravam as falas com observações sobre desejarem ter mais tempo para vivenciarem igualmente as esferas profissional, familiar e pessoal. Outras expressaram claramente que os trabalhos demandam tempo demais, o que as impede de se sentirem plenamente satisfeitas com essas três esferas.

“Atualmente todo desempenho profissional, pessoal e familiar está bastante equilibrado. Graças ao suporte e a maturidade da empresa e da família. Isso é muito difícil você colocar, porque você nunca vai ter o equilíbrio. Você não tem totalmente tempo na sua vida de equilíbrio. Você não tem um T na sua vida de equilíbrio”. (Entrevistada 4, 64 anos, casada, três filhos, especialista, proprietária de academia)

“Não me sinto satisfeita. Sempre falta tempo para vida pessoal

e casa. Sinto que a empresa sempre leva o melhor de mim. Procuro o máximo de conciliação entre minhas funções, mas no final fica impossível dar conta de tudo”. (Entrevistada 16, 33 anos, casada, um filho, ensino médio completo, proprietária de papelaria)

“O tempo que tenho na loja me dá oportunidade para suprir

todas as necessidades administrativas que preciso. Em relação à família, dá para conciliar, apesar do cansaço”. (Entrevistada 14, 45 anos, casada, cinco filhos, ensino médio completo, proprietária de pet

4.2.2 Competências para alcançar o equilíbrio entre a carreira e a vida