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O público-alvo desta pesquisa consistiu de mulheres empreendedoras que estabeleceram um negócio próprio, sendo esse na sua principal atividade profissional. Foram entrevistadas dezessete mulheres empreendedoras nas regiões Norte e Pampulha da cidade de Belo Horizonte(MG).

3.1 Natureza e tipo de pesquisa

Foi realizada uma pesquisa de campo com abordagem qualitativa. A pesquisa de campo, de acordo com Mattar (2008), preocupa-se em obter um estudo medianamente profundo, em algumas situações típicas. Sua aplicação é recomendada quando há interesse em conhecer o inter-relacionamento entre diversas variáveis que ocasionem um fenômeno ou quando for de difícil entendimento o fenômeno sem entender o inter-relacionamento.

A pesquisa qualitativa visa o entendimento, a compreensão de uma situação, comportamento ou atitude de uma pessoa ou de um grupo de pessoas (COOPER e SCHINDLER, 2011). E o caráter descritivo é conferido a uma pesquisa quando já se tem acúmulo suficiente sobre determinada temática (GIL, 1999), como é o caso da mulher empreendedora no mercado de trabalho. E os levantamentos existentes são utilizados como apoio à compreensão

3.2 Coleta de dados

Foram realizadas dezessete entrevistas em profundidade. O roteiro de entrevista, composto por 23 questões abertas, permitiu às entrevistadas discorrerem sobre suas histórias e experiências como mulheres empreendedoras, conforme roteiro que se encontra no Apêndice A.

Para a seleção das entrevistadas, foram utilizados os seguintes critérios: serem mulheres empreendedoras, que estabeleceram um negócio próprio, com um mínimo de um ano de atividade, consistindo esse na sua principal atividade profissional.

Inicialmente as entrevistadas faziam parte do mesmo círculo de amizade. Com a ocorrência de indicações de novas empreendedoras a rede de contatos foi ampliada, o que possibilitou entrevistar mulheres de diferentes regiões da Grande Belo Horizonte.

As entrevistas foram realizadas e gravadas no ambiente de trabalho. As transcrições dos depoimentos produziram em média 120 laudas. Este volume de informações permitiu perceber detalhes e nuances do discurso que somente a utilização de transcrição proporciona.

Para garantir a confidencialidade dos dados, as entrevistadas são identificadas por números, sendo revelados apenas idade, número de filhos, estado civil e ramo de atuação.

3.3 Análise dos dados

Flick (2009) diz que técnica de análise de dados significa uma metodologia de interpretação e possui procedimentos peculiares, envolvendo a preparação dos dados para a análise, visto que esse processo “consiste em extrair sentido dos dados de texto e imagem” (Creswell, 2007, p. 194). Contudo, entre as diferentes estratégias analíticas os processos e os termos diferem, e a análise de conteúdo também apresenta peculiaridades. Assim, quando a análise de conteúdo é escolhida como procedimento de análise mais adequado, os dados em si constituem apenas dados brutos, que só terão sentido ao serem trabalhados de acordo com uma técnica de análise apropriada. Para, a análise de conteúdo, além de realizar a interpretação após a coleta dos dados, desenvolve-se por meio de técnicas mais ou menos refinadas. Dessa forma, a análise de conteúdo se vem mostrando como uma das técnicas de análise de dados mais utilizada no campo da administração no Brasil, especialmente nas pesquisas qualitativas.

Bardin (1977) aponta que a análise de conteúdo se aplica tradicionalmente a materiais textuais escritos, dentre eles, os textos produzidos em pesquisa, por meio das transcrições de entrevista, de observação e os textos já existentes. Na utilização

da análise de conteúdo, são observadas as diversas significações que o codificador detecta por meio dos indicadores que lhe estão relacionados. Em decorrência dessa possibilidade de aplicação, a técnica de análise de conteúdo, denominada categorial temática por Bardin (1977) foi utilizada para o tratamento e análise dos dados. Na presente pesquisa, foram adotadas dimensões de análise, relacionadas aos objetivos da pesquisa, conforme especificado no capítulo 1:

1. Grau de equilíbrio percebido entre a vida profissional, vida pessoal e vida profissional:

(a) dimensão equilíbrio de tempo;

(b) dimensão equilíbrio de envolvimento; (c) dimensão equilíbrio de satisfação;

A finalidade é representar equilíbrio em forma de saldos, positivo ou negativo conforme propõem Greenhaus, Collins e Shaw (2003).

2. Tipos de conflito de papéis mais comumente enfrentados por elas na interface entre carreira e vida pessoal e familiar conforme proposto por Oliveira, Cavazotte e Paciello (2013):

Dimensão Esgotamento: considera-se que experiências e habilidades desenvolvidas em um campo (profissional ou familiar) poderiam prejudicar o desempenho de atividades de outros campos.

(a) subdimensão tempo, em que múltiplas funções competiriam pelo tempo da pessoa;

(b) subdimensão tensão, quando pressões vividas num domínio provocariam fadiga, ou irritabilidade, afetando o desempenho de outra função;

(c) subdimensão comportamento, quando as expectativas de conduta associadas a uma função seriam incompatíveis com o comportamento esperado na outra.

Dimensão Facilitadora: considera-se que experiências e habilidades desenvolvidas em um campo (profissional ou familiar) poderiam ajudar no desempenho de atividades de outros campos, dimensão essa que não se desdobra em subdimensões.

3. Atitudes, habilidades e comportamentos que as mulheres empreendedoras

desenvolvem a fim de alcançar o equilíbrio entre carreira e vida pessoal e familiar de acordo com Oliveira, Cavazotte e Paciello (2013). Essa dimensão também não se desdobra em subdimensões.

4. Estratégias mais utilizadas pelas mulheres empreendedoras, conforme Tiedge (2004):

(a) dimensão (estratégia) supermulher, em que se busca atingir com eficiência todas as expectativas vinculadas aos diferentes papéis sociais;

(b) dimensão (estratégia) planejamento e administração do tempo, que implica otimizar o desempenho dos papéis;

(c) dimensão (estratégia) reinterpretação cognitiva das demandas, envolvendo, reduzir seu próprio padrão de exigências;

(d) dimensão (estratégia) afastamento de atividades menos importantes, que pode incluir não assumir novas responsabilidades;

(e) dimensão (estratégia) multitarefa, que envolve desempenhar várias atividades ao mesmo tempo.