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2.4 Quebra da Simetria de R´eplicas

2.4.2 O Equil´ıbrio de Nash

Desde o trabalho pioneiro de J. Nash [36] em teoria dos jogos, o equil´ıbrio de Nash tem sido um conceito referencial em sistemas s´ocio-econˆomicos de agentes interagentes [9, 10, 37, 38, 39, 40].

O equil´ıbrio de Nash (EN) ´e, em certo sentido, um estado ´otimo de situa¸c˜oes es- trat´egicas, no qual nenhum agente tem motivos para mudar seu comportamento unilate-

2.4 Quebra da Simetria de R´eplicas 35 ralmente. ´E f´acil perceber que, a priori, o Jogo da Minoria possui um enorme n´umero de tais estados quando N À 1.

Devido `a simetria do jogo, vamos olhar primeiro para o EN sim´etrico em rela¸c˜ao apenas `as a¸c˜oes, sem restri¸c˜ao nas estrat´egias. Se cada jogador escolhe a a¸c˜ao ai =

±1 com a mesma probabilidade P rob {a1 = ±1} = 1/2 para todo i, h´a apenas um EN

sim´etrico, que corresponde aos agentes n˜ao mudarem a probabilidade de suas escolhas (P rob = 1/2) se outros n˜ao a mudam. Este estado, que pode ser chamado de estado de

agentes randˆomicos, ´e usualmente tomado como estado de referˆencia e ´e caracterizado

por σ2 = N e H = 0.

Para η = 1, os recursos s˜ao distribu´ıdos da melhor forma poss´ıvel, implicando em

σ2 = 0 (para N par) ou σ2 = 1 (para N ´ımpar). Nesse caso, os agentes contabilizam

apropriadamente o impacto de suas decis˜oes e s˜ao capazes de distinguir as suas contri- bui¸c˜oes para a demanda A(t), o que representa uma melhoria enorme se comparado com

o caso de η = 0 (onde σ2 ∼ N ou N2). Esses estados s˜ao de fato equil´ıbrios de Nash

associados ao Jogo da Minoria com N agentes.

Como os agentes come¸cam a contabilizar o impacto de suas decis˜oes (η > 0), o com- portamento coletivo do sistema muda abruptamente e as ineficiˆencias s˜ao drasticamente reduzidas. No entanto, o estado assint´otico n˜ao ´e ´unico (Hη possui mais de um m´ınimo)

e o estado final do sistema depende das condi¸c˜oes iniciais. Esse conjunto de estados de equil´ıbrio ´e discreto e o sistema salta descontinuamente de um estado para outro, quando as condi¸c˜oes iniciais variam, o que contrasta com o caso de η = 0, onde o estado de equil´ıbrio se desloca continuamente como fun¸c˜ao das condi¸c˜oes iniciais.

O Jogo da Minoria tem muito mais estados de equil´ıbrio de Nash do que apenas o sim´etrico. Em a¸c˜oes puras, qualquer estado onde | A |= 1 e N ´ımpar (ou | A |= 0 e N par) ´e um EN. O n´umero ΞN ash destes equil´ıbrios de Nash ´e

ΞN ash = µ N N −1 2 ¶ + µ N N +1 2 ¶ , (.) onde

µ N k N! k!(N − k)!. (.)

Assim o jogo possui um n´umero exponencialmente grande de equil´ıbrios de Nash.

Cada um desses estados ´e globalmente ´otimo, desde que ele tenha: σ2 = H = 1. Lem-

brando que σ2 = N e H = 0 no EN sim´etrico. A Fig. 2.3 mostra o ln (Ξ

N ash)/N, definido

como Σ, em fun¸c˜ao de α.

Figura 2.3 Logaritmo da m´edia do n´umero de equil´ıbrios de Nash dividido por N como fun¸c˜ao de α para diferentes valores de N . A linha cheia corresponde aos resultados anal´ıticos [14].

H´a muitos outros equil´ıbrios de Nash. Essas simples considera¸c˜oes servem para ilus- trar a complexidade do problema. Notemos em particular que virtualmente todas as possibilidades de comportamento coletivo, parametrizadas por σ2 e H, s˜ao poss´ıveis.

Uma pergunta que podemos fazer ´e se o estado estacion´ario do Jogo da Minoria padr˜ao (η = 0) corresponde a um desses equil´ıbrios. A resposta ´e um ressoante n˜ao. Este importante aspecto deve-se ao fato de, quando η = 0, a dinˆamica levar o regime do sistema para um estado sub-´otimo.

2.4 Quebra da Simetria de R´eplicas 37 pacto, conseguem mensurar o impacto de suas decis˜oes na demanda A(t). De fato, a incapacidade para coordenar um EN segue da id´eia de que em um sistema de N agentes, cada agente tem um “peso” 1/N, que ´e negligenciado no limite termodinˆamico (N → ∞). Uma vez que essa considera¸c˜ao ´e descartada e os agentes contabilizam o impacto de suas decis˜oes, o estado estacion´ario resultante ´e drasticamente melhorado e eventualmente um EN pode ser atingido.

Mais uma vez devemos frisar que as propriedades dos equil´ıbrios de Nash s˜ao bem diferentes daquelas do estado estacion´ario do Jogo da Minoria Padr˜ao. Esses equil´ıbrios s˜ao m´ınimos locais de σ2 enquanto o estado estacion´ario do Jogo da Minoria com agentes

simples corresponde ao m´ınimo de H. Os agentes simples atingem um ´unico estado estacion´ario, degenerado em um conjunto conexo para α < αc. J´a os agentes sofisticados

usam estrat´egias puras no EN (os agentes simples alternam suas estrat´egias). Como resultado, H = σ2 no EN enquanto H < σ2 no Jogo da Minoria Padr˜ao.

O EN para o qual os agentes sofisticados convergem ´e selecionado pelas condi¸c˜oes iniciais. Como as condi¸c˜oes iniciais variam, o EN muda descontinuamente. Por outro lado, os agentes simples convergem para um estado estacion´ario que ´e ´unico para α > αc

e depende continuamente das condi¸c˜oes iniciais para α < αc.

No estado estacion´ario do Jogo da Minoria com agentes simples para α < αc, uma

retroalimenta¸c˜ao (feedback ) de flutua¸c˜oes de microsc´opicos graus de liberdade em quan-

tidades macrosc´opicas leva a uma dependˆencia de σ2 com a temperatura inversa Γ (co-

eficiente de aprendizado). Esse efeito ´e ausente para todos os valores de α na dinˆamica dos agentes sofisticados.

Outra diferen¸ca que deve ser observada ´e que o comportamento do Jogo da Minoria com agentes simples ´e qualitativamente o mesmo com informa¸c˜oes end´ogenas e ex´ogenas [41]. Em contraste, o comportamento de agentes sofisticados com informa¸c˜ao end´ogena ´e muito diferente daquele com informa¸c˜ao ex´ogena [21]. O motivo disso ´e que µ(t) torna- se determin´ıstico porque todos os agentes congelam, e ele se fecha em uma ´orbita de per´ıodo ∼ √P . Quase todos os padr˜oes µ0, com ´orbita diferente, nunca s˜ao visitados

considera¸c˜ao o fator de impacto.

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