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3.2 ETAPA QUANTITATIVA

3.2.1 Seleção e validação dos instrumentos de mensuração

3.2.1.1 Escala para mensuração da Capacidade Absortiva

Esta pesquisa analisa os elementos da CA com base no modelo de Zahra e George (2002). Embora CA seja um conceito relativamente novo, diversos estudos científicos apresentam algumas formas de mensuração relevantes para sua operacionalização. Algumas não estão baseadas na obra de Zahra e George (LIAO; FEI; CHEN, 2007; CADIZ; SAWYER; GRIFFITH, 2009; VALENTIM; LISBOA; FRANCO, 2015), e outras utilizam enfoques de áreas não centrais, como a tecnologia, ou utilizam itens de mensuração que não são adequados para o contexto desta pesquisa (LIN; TAN; CHANG, 2002; CAMISÓN; FORÉS, 2010).

Sendo assim, este estudo utiliza o instrumento validado por Engelman et al. (2016), que valida a escala proposta por Flatten et al. (2011), baseado nas obras seminais de CA (COHEN; LEVINTHAL, 1990; ZAHRA; GEORGE, 2002). O instrumento é baseado em uma escala Likert de sete pontos e contém 14 itens, conforme apresentado nos Quadros 9 e 10. A sua principal característica é o fato de que representa de forma completa as dimensões e conceitos elencados na obra de Zahra e George (2002), utilizando um número adequado (não excessivo) de questões (DÁVILA, 2016). Esse instrumento validado por Engelman et al. (2016) foi testado em uma amostra de 495 empresas do Rio Grande do Sul, de diferentes portes, setores e intensidades tecnológicas.

A seleção do instrumento mencionado se baseou na sua pertinência e coerência, pois possui uma linguagem mais simples para a população participante nesta pesquisa, e também porque o menor número de itens representa adequadamente cada elemento da CA, minimizando o risco de haver questionários incompletos.

Quadro 9 - Escala de capacidade absortiva potencial de Flatten et al. (2011)

CA Potencial Aquisição

V1. A busca por informações relevantes do nosso setor faz parte do dia a dia da empresa. V2. Nossos gestores incentivam os funcionários a buscar informação do nosso setor. V3. Nossos gestores esperam que os funcionários utilizem informações de outros setores.

Assimilação

V4. Em nossa empresa as ideias e conceitos são comunicados entre as diversas áreas. V5. Nossos gestores incentivam o apoio entre as áreas da empresa para resolver problemas. V6. Em nossa empresa há um fluxo rápido de informações entre as áreas.

V7. Nossos gestores promovem encontros periódicos entre as áreas para o intercâmbio de novos desenvolvimentos, problemas e conquistas.

Fonte: Flatten et al. (2011, p.110).

Quadro 10 - Escala de capacidade absortiva realizada de Flatten et al. (2011)

CA Realizada Transformação

V8. Nossos funcionários têm habilidade para estruturar e utilizar os conhecimentos adquiridos externamente.

V9. Nossos funcionários preparam os novos conhecimentos adquiridos externamente para outros fins e para torná-los disponíveis.

V10. Nossos funcionários são bem-sucedidos em articular o conhecimento existente com novas ideias.

V11. Nossos funcionários são capazes de aplicar os novos conhecimentos em seu trabalho.

Exploração

V12. Nossos gestores apoiam o desenvolvimento de protótipos.

V13. Nossa empresa regularmente reconsidera as tecnologias utilizadas e as adapta de acordo com novos conhecimentos.

V14. Nossa empresa tem habilidade de trabalhar melhor quando adota novas tecnologias. Fonte: Flatten et al. (2011, p.110).

Ao analisar a validação do instrumento realizada por Engelman et al. (2016), foi possível observar algumas poucas fragilidades no instrumento, conforme a Tabela 1, que demonstra os índices de ajuste da escala encontrados naquela pesquisa.

Tabela 1 - Índices da escala de CA validada por Engelman et al. (2016)

Variáveis Referência Modelo final

χ² (gl) - Qui-Quadrado (graus de liberdade) 10098,083 (347)

χ²/gl < 5 3,165

p – Significância < 0,05 < 0,001

RMSEA5 - Root Mean Squared Error of Approximation < 0,08 0,066

GFI6 - Good Fit Index > 0,90 0,866

AGFI7 - Absolut Good Fit Index > 0,90 0,832

CFI8 - Comparative Fit Index > 0,90 0,921

NFI9 - Normed Fit Index > 0,90 0,889

TLI10 - Tucker-Lewis Coefficient > 0,90 0,907

Alfa de Cronbach > 0,70 0,951

Confiabilidade Composta > 0,70 0,955

AVE11 - Average Variance Extracted > 0,50 0,725

Fonte: Engelman et al. (2016).

Os índices GFI, AGFI, NFI demonstraram fragilidade ao apontar, no modelo final, o resultado de 0,866 para o índice GFI, que considera a quantidade relativa da variância e covariância na amostra especificada, 0,832 para o índice AGFI, que considera o índice GFI ajustado aos graus de liberdade do modelo, e 0,889 para o índice NFI, que representa a relação entre as estatísticas χ² do modelo proposto.

Analisando a tabela de validade convergente e discriminante dos constructos desse instrumento, realizada por meio do critério Fornell e Lacker (1981), que determina que o valor da raiz quadrada da variância extraída de cada constructo deve ser maior que o valor das relações entre os constructos, os constructos Assimilação e Aquisição tendem a convergir, conforme observado na Tabela 2.

Tabela 2 - Convergência e discriminância de Engelman et al. (2016)

Aquisição Assimilação Transformação Exploração

Aquisição 0,867

Assimilação 0,881 0,838

Transformação 0,654 0,640 0,907

Exploração 0,660 0,665 0,635 0,907

Fonte: Engelman et al. (2016).

5 Raiz do erro quadrático médio de aproximação 6 Índice de qualidade de ajuste

7 Índice ajustado de qualidade de ajuste 8 Índice de ajuste comparativo

9 Índice de ajuste normado 10 Coeficiente de Tucker-Lewis 11 Variância média extraída

Os autores realizaram um segundo teste nos constructos Aquisição e Assimilação, utilizando o critério de Bagozzi e Philips (1982), fazendo, assim, testes em pares comparando o modelo fixo e o modelo livre, avaliando a sua significância. Nesta avaliação, os dois constructos se mostraram significativamente diferentes (ENGELMAN et al., 2016).

Com base nestas afirmações, e também com o objetivo de manter o constructo sólido, mesmo após a eliminação de alguma variável durante o processo de análise, foram acrescentadas a esse instrumento algumas variáveis adicionais, com base na literatura do campo de pesquisa, com o objetivo de fortalecer essas dimensões de análise. As variáveis adicionadas ao instrumento podem ser observadas no Quadro 11.

Quadro 11 - Variáveis adicionadas ao instrumento de capacidade absortiva

Variáveis adicionadas Base teórica

Aquisição

V15. Nossos funcionários interagem frequentemente com outras empresas de tecnologia da informação para adquirir novos conhecimentos.

Jansen, Van Den Bosch e Volberda (2005)

Assimilação

Nenhuma variável foi adicionada ao constructo.

Transformação

Nenhuma variável foi adicionada ao constructo.

Exploração

V16. Nossa empresa constantemente aplica novos conhecimentos em suas rotinas de trabalho, buscando melhorar, aumentar ou mesmo criar novas competências.

Cohen e Levinthal (1990); Zahra e George (2002) Fonte: Elaborado pelo autor.

As variáveis adicionadas foram submetidas a avaliação por dois acadêmicos, com título de doutor no campo das ciências sociais aplicadas, e a dois empresários do setor de Tecnologia da Informação, para validação quanto a sua forma, coerência e clareza ao objetivo proposto pela pergunta.

Após a avaliação realizada, não foram identificados ajustes a serem realizados nas perguntas propostas.