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Considerando a revisão da literatura apresentada, esta seção busca descrever o modelo que será utilizado nesta pesquisa, seus constructos e a relação entre eles, respectivas variáveis e referências utilizadas, bem como as hipóteses que serão testadas.

A CA permite identificar conhecimentos considerados relevantes para a organização e integrá-los, criando valor de forma inovadora. Calantone, Cavusgil e Zhao (2002) apresentaram um estudo realizado em 187 empresas que confirmou a inovação como sendo um resultado de um processo de ampla aprendizagem e demonstrou que essa capacidade afeta positivamente o desempenho das organizações. Dessa forma, é proposto que a CA, através dos seus componentes de Aquisição, Assimilação, Transformação e Exploração, é causa de Desempenho

Organizacional, mensurado pelo Desempenho Interno e pelo Desempenho Comparativo. Para mensuração dos elementos da CA, será utilizada a escala de Flatten et al. (2011) validada por Engelman et al. (2016). Para mensuração dos elementos do DO, será utilizada a escala de Darroch (2005) validada por Dávila (2016).

No que diz respeito à atividade de aquisição, Zahra e George (2002) discutem o conhecimento prévio da organização como fonte complementar para a assimilação de novos conhecimentos adquiridos externamente, sugerindo que quando adquirido o conhecimento externo, ele é assimilado pela organização através das conexões que o novo conhecimento realiza com o conhecimento prévio da firma. Cohen e Levinthal (1990), por sua vez, sugerem que a aquisição de novos conhecimentos externos possibilita à firma a criação de inovações através da movimentação e integração destes às competências da empresa. Desse modo, e conforme literatura abordada, sugere-se que a aquisição de novos conhecimentos externos pode influenciar a assimilação, transformação e exploração desses. Katila e Ahuja (2001) demonstraram que aquisições tecnológicas podem influenciar positivamente o desempenho de organizações; a obtenção de conhecimentos externos pode promover a criação de novos produtos e serviços, sugerindo ampliação de portfólio tecnológico e diferenciação comercial. Assim, são apresentadas as seguintes hipóteses:

H1: A Aquisição se relaciona positivamente com a Assimilação H2: A Aquisição se relaciona positivamente com a Transformação. H3: A Aquisição se relaciona positivamente com a Exploração.

H4: A Aquisição se relaciona positivamente com o Desempenho Interno. H5: A Aquisição se relaciona positivamente com o Desempenho Comparativo.

No que diz respeito à atividade de assimilação, Zahra e George (2002) propõem que a assimilação contribui para que a firma possa transformar este conhecimento assimilado em novos produtos e serviços através da sua capacidade cognitiva em relacionar o novo conhecimento, agora assimilado, ao seu conhecimento prévio. Enkel

et al. (2017), por sua vez, identificam na sua pesquisa que a assimilação pode ser

sugerida fator influenciador na exploração, corroborando com o modelo seminal proposto por Cohen e Levinthal (1990), abordando a exploração em duas perspectivas distintas, chamadas de exploration e exploitation. Exploration é compreendida pelos

autores como sendo a criação de novo conhecimento dentro da organização, enquanto exploitation é compreendida como sendo a exploração de conhecimentos já existentes nessa organização.

Tu et al. (2006) reconhecem a assimilação de informações do mercado no qual a empresa está inserida como fator importante da CA, em especial quando essas informações externas identificam novos conhecimentos que podem impactar a firma. Os autores também sugerem a existência de uma relação positiva entre a capacidade de assimilação de novos conhecimentos e o desempenho da firma. Assim, são apresentadas as seguintes hipóteses:

H6: A Assimilação se relaciona positivamente com a Transformação. H7: A Assimilação se relaciona positivamente com a Exploração.

H8: A Assimilação se relaciona positivamente com o Desempenho Interno. H9: A Assimilação se relaciona positivamente com o Desempenho Comparativo.

No que diz respeito à atividade de transformação, Zahra e George (2002) complementam o artigo seminal de Cohen e Levinthal (1990), contribuindo com a introdução da atividade de transformação na CA, apresentando-a como interface entre as atividades de assimilação e exploração. Os autores apresentam essa atividade como sendo a habilidade da firma em desenvolver rotinas que facilitem a combinação do conhecimento existente com o novo conhecimento adquirido, permitindo, assim, que ele seja comercialmente explorado. Já na pesquisa de Flatten, Greve e Brettel (2011), os autores sugerem que a atividade de transformação da CA pode trazer contribuições para o desempenho organizacional, afetando positivamente o sucesso de alianças estratégicas da firma. Assim, são apresentadas as seguintes hipóteses:

H10: A Transformação se relaciona positivamente com a Exploração.

H11: A Transformação se relaciona positivamente com o Desempenho Interno. H12: A Transformação se relaciona positivamente com o Desempenho Comparativo.

No que diz respeito à atividade de exploração, é através desta capacidade que o refinamento de ideias e atividades organizacionais se estende criando novas competências para gerar bens, sistemas e processos através da incorporação do conhecimento interno adquirido (ZAHRA; GEORGE, 2002). Sugere-se, portanto, que

empresas que possuem capacidade de explorar conhecimentos existentes na firma conseguem obter desempenho superior (KURTZ; SANTOS; STEIL, 2013, COHEN; LEVINTHAL, 1990, ZAHRA; GEORGE, 2002). Assim, são apresentadas as seguintes hipóteses:

H13: A Exploração se relaciona positivamente com o Desempenho Interno. H14: A Exploração se relaciona positivamente com o Desempenho Comparativo.

No que diz respeito ao desempenho organizacional, o planejamento estratégico das organizações compreende o mecanismo utilizado para a definição de metas e responsabilidades para alcançar o objetivo almejado pela empresa. Estes objetivos compreendem uma visão interna dos planos previamente determinados. Kronmeyer (2008) sugere que o planejamento estratégico é uma relação de causa e efeito, através da definição dos objetivos, cumprimento destes e acompanhamento destes comparando informações internas e externas da organização. Em sua pesquisa, Mundstock (2008) sugere que o desempenho comparativo das empresas em relação aos seus concorrentes é maior nas empresas que definem claramente estas responsabilidades entre seus membros. Assim, é apresentada a seguinte hipótese:

H15: O desempenho interno se relaciona positivamente com o desempenho comparativo.

A partir da elaboração dessas hipóteses de pesquisa, torna-se possível estabelecer uma estrutura conceitual de relações de causa e efeito entre os elementos analisados, compreendida como modelo teórico desta pesquisa, e que pode ser observada na Figura 9.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Aqui há de se notar que essas relações que definem o modelo e o estabelecimento das causalidades são de natureza cross-sectional, que se refere a seleção de dados obtidos a partir de uma observação ou de um grupo de observações que são representativas de uma população ou de um universo do qual foram extraídos, num período específico de tempo. Essa inferência causal envolve uma relação presumida de causa-e-efeito, explicando como uma causa determina dado efeito. Esse efeito pode então ser sugerido, pelo menos parcialmente, com algum grau de certeza.

3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS

Neste capítulo são descritos os métodos utilizados para o desenvolvimento da pesquisa, sua etapa quantitativa, que estabelece o modelo resultante desses procedimentos, e a etapa qualitativa, que amplia a compreensão do modelo através da seleção e contribuição de um painel de experts.

O capítulo 3.1 aborda a classificação da pesquisa e destaca suas principais etapas. O capítulo 3.2 descreve a realização do processo da etapa quantitativa desta pesquisa para obter o modelo resultante dessa etapa, e o capítulo 3.3 demonstra como se procedeu a sequência destas atividades com a etapa qualitativa para elaboração da caracterização do modelo.