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4. METODOLOGIA

5.12. Escala de trabalho e plantões

As escalas de trabalho e os plantões são organizados mensalmente pelas chefias de enfermagem das clínicas. Para a elaboração das escalas, as chefias procuram distribuir os profissionais de modo a balancear as jornadas (30 ou 40 horas semanais), com a necessidade das folgas obrigatórias, a necessidade dos plantões remunerados, levando em conta as licenças, os finais de semana e as férias.

O esquema de organização da escala é de seis dias de trabalho por um de descanso e um final de semana (sábado e domingo) por mês. Os relatos sobre os plantões remunerados são diferentes em dois pontos: um foi o de que há a possibilidade de escolherem os dias que querem fazer os plantões; outro, foi que isso depende da clínica e a regra é a de atender prioritariamente às necessidades do hospital em manter o efetivo para o atendimento no dia a dia.

O plantão remunerado é uma opção que o profissional pode fazer, mas optar pelo dia de acordo com suas necessidades não é possível. A escolha do dia das folgas obrigatórias por lei, isso pode ser feito pelo AE/TE.

As chefias mantêm um caderno, no qual os AE/TE anotam os dias em que preferem fazer o plantão remunerado. Essa informação será utilizada na elaboração da escala mensal.

Funciona assim, porque depende da escala que a chefia faz para você. Às vezes ela precisa que você faça vários plantões de doze horas. Ou às vezes a gente quer fazer um plantão extra. Que nem eu estava explicando, existe uma verba que eles dão para enfermeiro, auxiliar, fisioterapeuta, cada função é um valor x e a gente vem no dia da folga trabalhar opcionalmente. Um plantão pelo menos é obrigatório a chefia põe, e os outros, opcional.

A questão das escalas tem função importante para a manutenção do funcionamento do hospital, bem como de sobrevivência para os trabalhadores. Os salários são baixos: segundo os relatos nas reuniões, quem entra atualmente recebe salário de mais ou menos R$700,00. No último edital para realização de concurso para preencher a função/atividade de Auxiliar de Enfermagem, no final de 2011, o valor do salário informado foi de R$777,25, mais as gratificações permitidas por lei.

Para quem está entrando agora, tem concurso público, está entrando acho que cerca de setecentos e alguma coisa. Mas é CLT. Setecentos e pouco para trabalhar seis horas por dia, das sete às treze.

A informação sobre o valor do salário foi confrontada com os atuais editais de concursos públicos (dos anos de 2012 e 2013) para contratação de Técnicos de Enfermagem, nos quais consta um salário inicial de R$1.028,74 para a jornada de 30 horas semanais com auxílio alimentação, vale-transporte opcional (Lei nº. 7418/85, regulamentada pelo Decreto 95247/87).

Neste sentido, para perfazer uma remuneração um pouco maior, os trabalhadores submetem-se aos plantões remunerados, que podem ser feitos no número máximo de 10 por mês, ao valor de R$195,00 cada e com duração de 6 horas. O que pode levar os auxiliares a realizar três plantões remunerados por semana, em dias alternados:

A questão de salário e tem a questão de serviço também. O salário é muito defasado. Para você conseguir um pouquinho a mais no salário você tem que ficar fazendo doze, doze, doze. São plantões extras porque senão seu salário vem chuuuufffff.

Na oportunidade de fazer uma reunião de validação soube-se que os plantões remunerados para os AE/TE haviam sido limitados a dois por mês, o que tornou-se motivo de protestos e, na concepção de alguns, um “abuso da parte da hierarquia”, posto que, esse limite foi estipulado apenas para os AE/TE, não atingindo outras categorias profissionais.

Para manter a possibilidade de fazer os plantões remunerados, os AE/TE não podem faltar a nenhum dos plantões que foram solicitados. Se isto acontecer, há uma punição: perdem por três meses a possibilidade de fazer plantão remunerado e também perdem os pontos na avaliação do Prêmio de Incentivo - PIN.

O PIN tem valores diferentes para as profissões; assim o PIN do AE atinge o valor máximo de R$402,00 e para o TE, R$406,00. A avaliação é feita pela chefia por trimestre, os itens avaliados são: assiduidade, interesse, cooperação/responsabilidade, eficiência no trabalho. Cada item pode receber uma pontuação que vai de 0 a 5; o profissional receberá 100% desses valores quando atingir 13 ou mais pontos. Caso a chefia não faça a avaliação

trimestral, os profissionais ficam sem receber. As licenças pelo INSS, afastamentos, aposentadorias, desligamentos, novas contratações fora do período de avaliação são situações que podem excluir o profissional da avaliação, impedindo-o de receber por determinado período.

Os profissionais com duplo vínculo não recebem o PIN, segundo alguns relatos, mas não sabem explicar o motivo, uma vez que, se trata de prêmio de incentivo, como reclamaram.

Tem a enfermeira da gente, nós pedimos, por exemplo: o meu horário mesmo é das sete a treze, mas essas horas remuneradas são doze horas. Aí eu faço ás vezes de segunda, quarta e sexta. Então ela respeita muito isso também. Às vezes, na segunda-feira não posso fazer doze, então ela procura sempre estar vendo as necessidades de todos e de acordo com as pessoas que ela tem lá. E também os outros que não falam nada ela põe em dias alternados.

Outro problema com relação à escala aparece quando há uma falta, pois há necessidade de fazer uma redistribuição dos pacientes e das tarefas aos presentes, originando ajustes diários na escala. Em muitos casos, há necessidade de pedir emprestado um AE/TE, ou mesmo enfermeiro de outra clínica.

O problema é que não tem funcionário. O problema aqui é falta de funcionário.

Hoje estou de seis horas. Ela [enfermeira chefe] fala: “olha faltou um funcionário à tarde você pode cobrir? Pode fazer doze horas?”; às vezes eu fico, a gente fala: “ah hoje eu posso”. Aí ela põe lá doze horas. Se não: “hoje não dá para fazer.” E acaba solicitando funcionários de outras unidades para que venham.

É, final de semana reduz três funcionários para sábado e domingo, mas tem dia que é difícil.

Às vezes você é funcionário do dia e aí entra funcionário de licença à noite. Aí ela vai ver quem pode cobrir à noite. Então você tem um horário, mas não significa que você vai fazer sempre aquele horário.

Tem dia que tem gente, tem dia que não tem. Depende do dia, o pessoal pega licença médica, afastamento. (...) Tem uma escala que foi determinada, que seria uma enfermeira e um auxiliar para cinco pacientes para dar assistência integral, mas tem dia que isso não acontece.

Outra situação referente à escala é a de quem tem duplo vínculo e tem uma jornada semanal de 40 horas de trabalho.

É feito uma escala. Você tem que fazer, se um mês é de 31 dias, vai dar 180 horas mais ou menos. Você tem que cumprir essa escala, mas isso já é entendido que você está fazendo HC mais Fundação. A Fundação trabalha em parceria com o Hospital das Clínicas. Aqui dentro do Hospital das Clínicas existe a Fundação, igual outros hospitais que têm suas fundações, existem dois vínculos. A gente têm dois registros em carteira.

Diálogo sobre a dificuldade de fazer escala e conciliar os diferentes interesses e necessidades:

- Mas é difícil viu fazer aquela de 6x1. Bem difícil.

- É, eu já fiz aquela lá é muito difícil. A minha chefe já fez esse exercício. Então ela falou vou dar para os enfermeiros fazer. Aí a gente tinha que fazer e falamos: “vamos trazer um auxiliar para fazer junto com a gente.” Então fomos dois enfermeiros e um auxiliar tem que ter um de cada categoria para poder ser mais assim democrático. Os auxiliares não foram. Então para vocês verem a dificuldade que é dimensionar o quadro de funcionários todos os dias.

- Na minha clínica esse mês, como vai vir escala de Natal e Ano-Novo, a minha chefe colocou os funcionários para fazer a escala. Disse: “ninguém me cobra nada porque foram vocês que

fizeram.” Então não tem como chegar e falar, mas porque eu estou tal dia e fulano não está. Não vai ter como, entendeu ? Ela já colocou os funcionários para fazer a escala.

As horas que são feitas a mais também são motivo de discussões e algumas dúvidas entre os AE/TE. Essa situação acontece pelo fato dos AE/TE trabalharem em dias de folga para compensar algumas faltas, férias, licenças. A compensação destas horas é equilibrada nas escalas dos meses seguintes, nas quais os profissionais recebem mais folgas.

Eu vejo um abuso de quem faz a escala porque os funcionários novos que acabaram de entrar ganham isso, pouco. E o certo seria trabalhar das sete às treze. E já colocam o funcionário para fazer doze horas. Dia aqui outro ali ele vai ficando com horas à margem. Fica assim, um mês vai cento e cinquenta e duas horas para fazer, para cumprir não é? Ele fazendo muitas horas desse jeito ele vai acumular horas. Então é o que a gente fala, fica horas em haver. Entendeu. A ver navios. E ele não ganha em dinheiro. Não é revertido em dinheiro.

Na teoria eles dizem que é revertido em folga. Mas se você precisar você não pode tirar porque não tem funcionário. Trabalha só pelo HC tem quarenta horas a mais, em teoria já que ele não poderia tirar em dinheiro poderia tirar em folga. Mas não pode porque não tem funcionário para colocar no lugar dele.