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A escola como regeneradora: a aula elementar primária da Casa de Prisão com Trabalho.

A segunda e muito específica experiência de escolarização de pobres, também adultos, que apresentamos é a da Escola de Primeiras Letras da Casa de Prisão com Trabalho, na província da Bahia, localizada em Salvador, na freguesia da Penha, depois Mares.

Mapeando pesquisas que unissem educação e repressão prisicional, nenhuma foi encontrada. Como referência apenas a excelente tese de MAIA1 sobre o controle das classes populares em Recife na passagem do Século XX, na qual analisa, no capítulo IV, a sua Casa de Detenção e dedica um item a escola elementar que também lá existiu. Assim, nosso diálogo estabeleceu-se com esta tese.

Seu enfoque é o controle das classes populares na cidade do Recife, no período compreendido entre 1865 a 1915, época da transição do “trabalho escravo ao livre”. MAIA acompanha a constituição de um mercado de mão-de-obra livre, assim como das estratégias de poder do estado no disciplinamento deste espaço urbano, em três enfoques:as leis municipais, que regulavam a vida da população da cidade; a polícia, encarregada de fazer os cidadãos cumprir as leis; e a Casa de Detenção2 do Recife, que deveria punir os que fugissem às normas e re-discipliná-los à vida em sociedade3.

Nosso interesse não foi a Casa de Prisão4 com Trabalho enquanto instituição partiíipe e constituinte do aparato controlador e disciplinador das classes populares baianas. Entretanto, não estivemos alheios a tal questão, inclusive por ser o caráter básico da prisão moderna. Institucionalmente a Casa de Prisão com Trabalho foi planejada pela

1 -MAIA, Clarissa Nunes. Policiados: controle e disciplina das classes populares na cidade doRecife, 1865-

1915.Tese apresentada ao Programa dePós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutor em História.Recife.2001. www.liphis.uff.br. Julho de 2005.

2 Essa casa de Detenção foi iniciada em 1833 e posta para funcionar em 1856. Sua construção só foi concluída em 1867.

3 MAIA: 2001; Pp01.

4 Não existe trabalho especifico sobre esta instituição. Ela é referida por Afonso Florence, ao analisar as experiências dos africanos livres, os chamados africanos da nação, que prestaram o serviço de construção da mesma, assim como lá ficavam “guardados’ após sua implantação, ainda que precária na década 1850. O prédio hoje continua servindo ao principio prisicional, sendo o Manicômio Judiciário do Estado.

Câmara Municipal da província, e sancionada pela lei de 1 de Outubro de 1828, tendo sido o local escolhido por comissão desta, em sessão de 16 Abril de 18335.

O prédio situa-se às margens da enseada dos Tainheiros, naquele momento divisa entre as freguesias da Penha e Santo Antonio além do Carmo, na marinha fronteira ao Engenho da Conceição, aos fundos da então, ainda capela, de Nossa Senhora dos Mares. Segundo o memorialista, este local foi privilegiado em detrimento do Campo do Barbalho, onde ficaria ao lado do quartel, e da região do Matatú, próximo a Casa Velha da Pólvora, por ser “ mais abundante em água e mais arejado”. Na verdade era um pântano, região de manguezais, e desta característica resultaram sérios problemas estruturais futuros, como a constante infiltração nas paredes, a necessidade de aterramentos contínuos para conter as minas de água e as infestações de mosquitos veiculadores de “febres intermitentes”, nos presos e funcionários. Essas febres, no período foram atribuídas aos miasmas do pântano. A observar que a situação da Casa de Detenção do Recife era muito semelhante, estando construída à cabeceira de uma das margens do Capibaribe, sofrendo durante toda sua existência de alagamentos. Hoje abriga a Casa da Cultura de Recife.

Logo em 1834 reclamações na própria Câmara Municipal alertaram ao erro da escolha, por ser o lugar insalubre e pantanoso. A construção entretanto teve continuidade. Em 1846 recrudesceram as reclamações, a ponto de forçarem a criação de uma comissão, na Câmara Municipal, formada em maior parte por bacharéis em Direito, encarregada de avaliá-la, apesar das obras estarem bastante adiantadas.

A referida comissão, em 1847, emitiu um parecer condenatório sobre a obra, especialmente sobre o terreno alagadiço e sujeito a afundamento. Porém, pelo seu estado de adiantamento, recomendaram como paliativo o melhoramento deste por aterramentos; enfatizaram ainda a pertinência de, ao continuar a construção prevista dos raios, que fosse utilizado o “(...)sistema penitenciário da Pensylvania, em detrimento do Auburu.6

5 Fonte D.O 02 de julho de 1923. Edição Comemorativa do Centenário da Independência da Bahia. “ A

penitenciaria da Bahia”. P. 515. Todas as informações oficiais sobre a Casa de Prisão são desta publicação, que foi elaborada como uma memória histórica do centenário da Independência da Bahia, apresentando seus maiores feitos e vultos.Agradeço ao colega Erivaldo Neves por novamente ceder este material.

6 Segundo MAIA o sistema prescrito for o Da filadélfia, porém, na prática acabou sendo vivenciado o

Auburun, um dos três mais usados na época. PERROT, Michelle explica ser este sistema baseado no

isolamento celular noturno do preso, enquanto que durante o dia ele/a partilharia da convivência com outros, em locais de trabalho, com sociabilidade restrita, sendo a interdição mais comum a conversa. Pelas características que emergiram das fontes, o sistema Auburun, ou pelo menos seu padrão, foi mesmo o usado na Casa de Prisão com Trabalho da Bahia, pois o da Filadélfia preconizava, assim como o Pensilvânia

Se não podemos afirmar interesses escusos de empreiteiros na escolha do local, inclusive porque é preciso atentar para a historicidade desta opção, pelo uso de uma expressão muito própria para fundamentá-la, “estar próxima de aguadas”, o terreno pantanoso, alagadiço tornou-se uma indústria de aterramentos. Nos maços consultados sobre esta instituição, em número total de oito, foram recorrentemente encontrados ofícios relativos a serviços de aterramento e retirada de material para as realização destes. Como não é objetivo deste trabalho a Casa de Prisão, não aprofundaremos a questão, apenas assinalando,

“B. de S. Lourenço.

Diz Francisco José dos Sanctos Malhado, arrematante da conducção do barro preciso para o aterro ao recinto murado da Casa de prisão com trabalho, que havendo requerido a v.Ecxia a nomeação de huma Comissão de Engenher°s , que, devidamt examinando as dificuldades que se encontravão a progressão mais rápida da obra, indicasse o meio mais fácil de removel-os, e bem assim as ocorrências, que no acto do exame se offerecessem, por V. Exª servindo assim deferir-lhe , e como tenha a mesma comissão de apresentar o resultado da de suas investigações,(...)7.

Do mesmo ano, quando sintomaticamente era presidente o Barão de São Lourenço, ex-chefe de Polícia da Província, experiente gestor da repressão, talvez não por acaso no seu mandato entre 1868 e 1871 foi retomada de forma mais acelerada a continuação da obra.O oficio que segue tratou do cimento usado na ampliação dos raios, explicando como e no que foi usado, ”Remetto á V.Exa á conta junto com recibo de trez barricas de cimento que comprei para a obra do ladrilho do 1º pavimento deste Estabelecimento e peço a. V.Exa se digne expedir suas ordens a que seja paga8 .

São Lourenço, ao se referir a esta, ante a Assembléia Provincial, usou a correspondência enviada por “Custudio Ferreira d’Oliveira, administrador e carcereiro”, que enfatizou “(...) o aterro dos pântanos e charcos, que ali existiam, e produsiam febres isolamento celular total PERROT, Michelle. Os excluídos da história. 2ª edição. RJ:Paz e Terra;1988.Pp.263.

7 APB. Fundo Polícia. Maço: 3086. Casa de prisão com Trabalho {Defirido com a ordem [ ] Sr ao major Director das obras publicas. Palc° do Gov.no da Bª 19 de abril de 1869}

8 APB.Fundo Polícia.Maço: 3086. Casa de Prisão 1869-1887.“ Secretaria da Casa de Prisão com trabalho

intermittentes nos empregados e presos, embora ainda não ultimado, vai bem adiantado., e com isto tem melhorado sensivelmente a hygiene do local, mal escolhido para collocação de uma casa penitenciaria”9.

Segundo a memória que vimos utilizando, a Província da Bahia foi uma das primeiras a implantar sua “ Casa de Prisão com trabalho”, em acatamento ao artigo 49 do código penal do Império. Porém, tal denominação por duas décadas não passou de figura legal. Apenas em 1863 começaram a ser instaladas as oficinas preconizadas, nos dois raios até então construídos, o 1º e 2º. Para que funcionasse em 1855, o 1º Vice-Presidente em exercício, Moncorvo Lima, decretou que passasse a ser considerada “prisão simples”. Sem que as obras estivessem terminadas, em 31 de outubro recebeu a primeira leva de presos, sessenta e um condenados, homens oriundos da Cadeia do Forte do Barbalho. A esta seguiu-se mais uma de onze mulheres e cinqüenta e dois homens, vindos da Casa de Correção,

“ No Relatório com que me transmittio o governo da Província, o digno Vice presidente declarou-me, que, estando concluindo um dos raios da casa de Prisão com trabalho, que , há longos annos, está em construçcção, tomou a de deliberação de aproveital-o, fazendo para alli a transferência de sentenciados á prisão com o trabalho e mandando pôr em execução provisoriamente o regulamento Geral de 6 de Julho de 1850.”10.

Se fora criada em 1833, no intuito de modernizar a forma de encarceramento dos sentenciados, desde a sua fundação teve diversos outros usos, como abrigar os africanos livres, tutelados pelo Governo, e utilizados nas obras públicas, entre elas a construção da própria Casa de Prisão. Isto parece ter sido comum, pois os trabalhos de MAIA e CARVALHO, sobre à Casa de Cadeia de Recife apontam esta questão.

Os presos trabalharam na própria ampliação e termino do prédio, sendo esta parte de suas penas, pois era uma Casa de Prisão com Trabalho, que deveria aproveitar os ofícios em que estes já estivessem habilitados e formar aqueles sem oficio próprio. Por isso, a vinculação às oficinas. Sobre o uso da mão de obra dos presos, no aterro intra muros que começou a ser efetuado em 1864, os presos foram utilizados contra a diária de 90 reis. No relatório presidencial correspondente foi informado que,

9 Relatório do Barão de São Lourenço:1870; 20. Site: www. crl.edu/content/minopen.htm 10 APEB. Fundo Policia. Falla da Presidência – 1862.Pp13:

“Acham-se já recolhidos no primeiro raio 115 presos, podendo ainda accomodar mais 75, concluídas as obras do andar superior do referido raío(...).

Pp15(...) O trabalho que por ora póde ser executado pelos condemnados é o fabrico das roupas precisas para os prezos d’esta e das mais prisões e os trabalhos de pedreiro, que podem ser executados pelos mesmos dentro do recinto da prisão e seus pateos, economisando-se d’esta maneira grande parte da despesa das obras de alvenaria, que ainda são

precisas”11.

Não só nestes serviços foram ocupados os presos. MAIA, em Recife, assinala que no caso dos escravos e dos condenados às galés, pelo Regulamento de 1855 , eles foram os encarregados das compras que abasteciam a Casa de Detenção, assim como responsáveis pelos “serviços de faxina, que compreendia a limpeza do prédio(...). De forma análoga, os presos em Salvador eram utilizados em todas as atividades.Alguns, após o cumprimento da pena, ficavam prestando serviços remunerados, “Conforme consta do livro de C/C , o ex. preso d’este Estabelecimento Antonio José Nunes tem direito a ser pago pela Thesouraria Provincial, onde se acha recolhida, da quantia de 18$250 reis- que[zencia] como servente da casinha d’esta casa12.

Ilustração11:Convicts.condenados)aqua

rela, 5,8x11,4. 69. Acervo Maria Graham. BN. (provavelmente 1823). In: MARTINS, Ana Cecília et allli. Iconografia Baiana na Biblioteca Nacional. RJ:Edições da Biblioteca Nacional;2005.Pp.69.

11 Idem. Pp. 14 e 15.

12 APB. Fundo Polícia. Série Casa de Prisão.Maço: 3086. Casa de Prisão 1869-1887.Illmo Exmo Snr

Diretamente sobre as oficinas como elementos regeneradores dos presos pelo trabalho, após a instituição ser dotada de seu regulamento correto, como Casa de Prisão com Trabalho, em 1863, foram implantadas cinco oficinas neste mesmo ano, sob a direcção do Engenheiro Eloy Pessoa de Barros, , em um dos raios já construídos, com os seguintes oficios: marceneiros, charuteiros, alfaiates, sapateiros e encadernadores. Em 1870, São Lourenço a referiu, informando da implantação das oficinas,

“Esta prisão , de que constantemente me occupo, tem soffrido alguns melhoramentos, continuando-se no ensaio do trabalho nas officinas de sapateiro, marcineiros, e charuteiros, restabelecidas as duas ultimas pelas acertadas providencias de V. Ex. com esperança de melhor consumo das obras ali manufacturadas”13.

A instalação destas oficinas acompanhava a de outras já em funcionamento ou a serem organizadas em outro tipo de instituição asilar, educativa e moralisadora da Província,como de todo o Império, as Casas de Educandos e Desvalidos; Casas Pias; Liceus de Artes e Ofícios14.

Na concepção vigente, se a polícia tinha a missão de prevenir e reprimir os crimes e desregramentos, denotadamente os das classes pobres, perigosas, à umaC Prisão com Trabalho a missão era punir esses desvios e redisciplinar o divergente, categorizado como criminoso, reconduzindo-o, se possível um dia, à sociedade. Cabia a estas oficinas o papel regenerador dos presos, que deveria ocorrer em três frentes: a instrução elementar, a educação moral e a regeneração pelo trabalho. A Casa de prisão com Trabalho era uma instituição recuperadora dos sentenciados pelo trabalho.

O carcereiro Costúdio d’Oliveira, em relatório ao Barão de São Lourenço, em 1870, assim referiu-se a estas, “(...)Esta prisão , de que constantemente me occupo, tem soffrido alguns melhoramentos, continuando-se no ensaio do trabalho nas officinas de sapateiro, marcineiros, e charuteiros, restabelecidas as duas ultimas pelas acertadas providencias de V. Ex. com esperança de melhor consumo das obras ali manufacturadas.15.

13 Relatório do Barão de São Lourenço:1870; 20. Site: www. crl.edu/content/minopen.htm 14 Ver CRUDO, Matilde ; 2005; LEAL; Maria das Graças, 1996; RIZINNI; 2004. 15 Relatório do Barão de São Lourenço:1870; 20. Site: www. crl.edu/content/minopen.htm

Estas oficinas efetuavam contratos com particulares e com o governo para fornecer fardamento e mobiliário às tropas, aos próprios presos e às escolas públicas primárias. O diretor de Instrução Francisco José da Rocha, preocupado, em consonância com as novas sensibilidades escolares e os discursos pedagógicos que passaram a ser emitidos, conforme assinala FARIAS FILHO16, destacou no seu relatório em 1872 que as escolas estavam alocadas em prédios inadequados, sem higiene, nos quais falta “(...) igualmente mobília em quase todas ellas; e para remover este mal, como vereis no artigo competente, foi lavrado o contracto com o administrador da casa de prisão com trabalho para o fornecimento das mobílias necessárias(...)17 e provimento do mobiliário escolar da província.

Outra referência a estes contratos trata de uma reclamação da Secretaria de Governo sobre o atraso, considerável , na execução e entrega de mobília para, novamente para escolas públicas, no caso a da eschola do sexo masculino da cidade de Cachoeira, dois anos antes.Em resposta , o administrador assumiu existir a encomenda com seu estabelecimento realizada pelo”(...)Almoxarife das obras Publicas, em 16 de Outubro de 1876, não tendo sido ainda preparada em virtude de ter estado a respectiva officina preparando outros pedidos com mais urgência, sendo algumas delas para escholas da Capital. N’esta dacta , porem, dou ordem ao mestre da officina afim de ser ella preparada

com urgência18. Este oficio também nos informa que, pelo menos neste final da década de 1870, as oficinas da Casa de Prisão eram ativas e encarregadas de várias encomendas públicas, como se depreende da afirmação do administrador ter sido o atraso resultante do acúmulo de trabalho.

Realmente parece que nas décadas de 1870/80 as oficinas foram bastante ativas, exercendo o papel de tirar os presos do “ócio”. Estruturadas em cinco ofícios, encontramos correspondência sobre as suas atividades, especialmente as de marcenaria, sapataria e alfaiataria. Se as iniciais foram a marcenaria, a charutaria, a sapataria e a encadernação, em 1867 os documentos indicaram a existência de mais uma oficina, a de funilaria. A de encadernação não foi mais citada. Esses documentos são listas completas

16 Sobre os prédios escolares e as novas sensibilidades emergentes no século XIX sobre estes ver FARIA FILHO. As lentes da escola; 2005.

17 Francisco José da Rocha, Diretor Geral da Instrução Pública. Relatório do Presidente da Província, João Antonio de Araújo Freitas Henrique1872.Site: www. crl.edu/content/minopen.htm

18 APB.Fundo Instrução Pública.Maço 6561 .“Palácio da Presidência da Província da Bahia. 29 de Outubro de 1878.Secção:1ª.Nº 2123.

e detalhadas dos materiais constituidores das oficinas, verdadeiro inventário, assim como de material de consumo permanente19.

Dentre as oficinas, as de sapataria e alfaiataria eram muito produtivas. Tinham a característica de demandarem menor esforço físico, e assim presos mais débeis poderiam ser aproveitados. Participar das oficinas era uma espécie de beneficio, pois um terço da produção era revertido ao preso como pecúlio, depositado na Caixa Beneficiente da Bahia. Referente às oficinas encontramos ofícios que confirmam prática de estabelecer contratos entre a Casa de prisão com demais órgãos ligados ao Governo da Província e representantes da Coroa Imperial. Assim, a secretaria da Casa de Prisão com Trabalho indagou, em oficio, ao Arsenal de Guerra se este iria ou não cumprir o acordo de arrematar a produção de uma leva de sapatos, anteriormente apalavrada. Como o Arsenal de Guerra não tinha ainda se pronunciado, tomou a iniciativa, inclusive indicando o valor dos mesmos20.Em oficio anterior de 17 de Março de 1869, este mesmo serviço tinha sido oferecido ao Arsenal da Marinha. Igualmente agiu em relação ao Corpo Provisório de Polícia, com a informação de”(...) fazer esse fornecimento e com muita economia para os cofres da Províncias,não só pela differença de preços como p.que sendo feito nesta Casa, tem a Província um quinto do produto liquido das obras”21.

“Existindo na officina de sapateiros d’estes Estabelecimentos oitenta e dois pares de sapatos de [ ] que, com antecedência manufaturarão-se afim de que na primeira occasiao que precisasse o Arsenal de Guerra, de calçados, fossem vendidos, e não se offferecendo até hoje estas ocasião, offereço a V. Exa os mencionados sapatos pelo preço de 3$300 reis cada vai para o refferido Arsenal22”.

19 APB.Maço: 3086 .Presidência da Província- Policia- Casa da Prisão . Data Limite: 1869/1887.“ Relação

dos ittens e matéria prima existentes nas officinas das casas de prisão com trabalho em 15 de Fevereiro de 1867.

20 CRUDO e RIZZINI , Op.Cit, também encontraram contratos entre as tropas de linha do Arsenal de Guerra e Escolas de Aprendizes, que tinham oficinas educativas. Parece ter sido uma estratégia de minimizar os gastos dos Governos Provinciais.

21 APB. Maço: 3086. Presidência da Província- Policia- Casa da Prisão .1869-1887.“ Secretaria da Casa de

Prisão com trabalho da Bahia 20 de Abril de 1869.Nº 743{ Informe o Sr. Major Comm.te do Corpo Provisório de Policia. Palº do Gov. da Bahia.21 de Abril de 1869Barão de S. Lourenço}.{Respondido em 26 de Abril de 1869}.

22 APB. Maço: 3086. Presidência da Província- Policia- Casa da Prisão 1869-1887. “ Secretaria da Casa de

Prisão com trabalho da Bahia 8 de Novembro de 1869.Nº 970. O Corpo de Policia foi implantado por Francisco Gonçalves, o Barão de São Lourenço, logo após a revolta dos malês, em 1835.Este administrador público implementou estratégias de administração carcerária que levaram os presos a fornecerem, concretamente trabalho à Província.

Também a oficina de alfaiate foi contactada para prestar serviços ao Governo. Este, explicitando o descompasso entre seus órgãos, encaminhou um pedido de “(..) factura de 460 sobre casacas para o fardamento do Corpo Provisório de Policia”, teve o pedido negado por estar fechada a referida oficina, “ (...) e tendo saído por terem concluído suas sentenças os presos mais entendidos d’ella, os poucos que restão não estão habilitados para estas obras o que acabei de verificar pela ultima factura das roupas de algodão para os presos d’aqui.Contudo o administrador logo informou que “Aproveito a proximidade para lembrar a V. Ex.cia o fornecimento de calçados para o corpo de Policia no anno próximo vindouro.

A oficina de marcenaria parece ter sido a mais procurada e bastante competente. Em 1875 seu chefe, José Políbio da Rocha enviou oficio ao Presidente da Província informando a necessidade de ir a Corte do Império, e pedindo (...)um mês de licença com