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A ESCOLA ENQUANTO PROMOTORA DE CLIMAS INSTITUCIONAIS NO DESENVOLVIMENTO

No documento Final 18 LG (páginas 35-40)

Os indivíduos devem estar aptos a reconhecer e realizar os seus desejos, a satisfazer as suas necessidades e a modificar ou a adaptar-se ao meio, sendo a escola o local ideal para assegurar a transmissão de valores, competências e princípios de cidadania (Martins, 2016). A escola e as demais instituições que viabilizam e asseguram a educação dos indivíduos têm o dever de garantir igualdade de oportunidades e recursos, com vista a capacitar todos os indivíduos para o desenvolvimento dos seus potenciais. Importa aqui, invocar Forquin, (1992, p.8), quando refere que ‘... educação é sempre a educação de alguém por um outro, supõe também, sempre e necessariamente, a comunicação, a transmissão, a aquisição de alguma coisa: conhecimentos, competências, crenças, hábitos, valores...’, por conseguinte, é legitimo que se exija à escola uma educação para uma vida ativa ao longo da vida (Green, 2014).

dos direitos ao acesso à educação, ao bem-estar físico e à saúde, através do direito à EF e ao desporto, está consagrado na Constituição da República Portuguesa [CRP], no número 1 e 2 do artigo 74º, que assegura a proteção e efetivação desses direitos, garantindo-se no artigo 79º a universalidade do direito à cultura física e ao desporto, complementado também no artigo 64º, enquanto via de realização do direito à proteção e promoção da saúde .

Complementarmente, o Decreto-Lei n.º 286/89, veio ratificar os planos curriculares dos Ensinos Básico e Secundário, passando a EF a fazer parte do currículo de formação geral de todos os alunos do 1º ao 12º ano de escolaridade, com carácter obrigatório, estando os seus objetivos e competências regulamentados pelos PNEF (Bom et al., 1989) e Normas de Referência para Sucesso (Jacinto et al., 2001) em EF.

Ao nível da legislação ordinária, que dá sequência ao plasmado no CRP, a EF e o desporto escolar [DE], estão enquadrados pela Lei de Bases do Sistema Educativo, Lei nº 46/86, de 14 de outubro, e pela Lei de Bases do Sistema Desportivo, Lei nº 1/90, de 13 de janeiro, asseguradas pela regulamentação posterior, designadamente pelo Decreto-lei no 95/91, de 26 de fevereiro, posicionando-se a EF no quadro das atividades curriculares e o DE como uma atividade de complemento curricular e educativo.

A escola é, reconhecidamente, um elemento fundamental para a criação de um clima institucional favorável à promoção e desenvolvimento de estilos de vida ativos, como referem vários autores (Carson, 2013; Juan, Bengoechea, Montes & Mush, 2010; Hung et al., 2014), organizações (NASPE, 2012; SHAPE, 2015; UNESCO, 2015; USDHHS, 2012; WHO, 2010), e plasmado no artigo 79º do CRP incumbindo ao estado em colaboração com as escolas, promover, e desenvolver a prática de cultura física e desporto, sendo por isso, um local

privilegiado para a transmissão de valores relacionados com a AF, nomeadamente:

i. Porque todas as crianças e jovens passam pela escola em momentos decisivos do seu desenvolvimento;

ii. Por permitir educar crianças e jovens fora das condições sociais em que estão inseridas;

iii. Por se encontrarem na escola os profissionais qualificados para implementar qualquer estratégia que seja alvo de decisão política;

iv. Por se poderem estabelecer compromissos e consensos entre os agentes educativos sobre o que é importante ensinar, tendo como referência o efeito sobre as aprendizagens dos alunos.

Por outro lado, pensar em estratégias de promoção de estilos de vida ativos e saudáveis em ambiente escolar, para cumprir as metas estabelecidas nos documentos oficiais da escola (e.g., PE, PAA), implica necessariamente o envolvimento de todos (e.g., Direção da escola, Conselho Geral, Conselho Pedagógico, professores, clubes e comunidade). A conceção sobre a comprehensive school physical activity program (CSPAP), ou Whole-of-

School Physical Activity Promotion, surge exatamente neste âmbito e pela necessidade de

participação conjunta dos vários intervenientes e com vários níveis de participação, no sentido de desenvolver uma intervenção mais favorável à promoção de estilos de vida ativos (IOM, 2013), nomeadamente através da: EF, AF e do desporto antes e depois da escola (e.g., transporte ativo, clubes), (Turpeinen, Lakanen, Hakonen, Havas & Tammelin, 2013), AF durante o período escolar (e.g., recreios, intervalos e DE) (Barros, Silver & Stein, 2009; Haapala et al., 2014; Van Cauwenberghe, De Bourdeadhuij, Maes & Cardon, 2012), envolvimento da comunidade educativa, da família e da comunidade (e.g., clubes, vias pedonais) (American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance [AAHPERD], 2013).

Considerando uma abordagem ecológica, ao nível da promoção de estilos de vida ativos, existem vários programas e iniciativas implementadas na escola (Dobbins et al., 2013; Carson, Pulling, Wolak, Castelli & Beighle, 2014; Erwin, Beets, Centeio & Morrow, 2014; Langford, Bonell, Jones & Campbell, 2015, ), visando o contributo para o aumento dos níveis de AF dos alunos, contribuindo também positivamente para o bem estar de crianças e jovens designadamente, Coordinated Approach to Child Health (CATCH), Let’s Move Active Schools (LMAS), Health Optimizing Physical Education (HOPE), Sports, Play, Active Recreation for Kids (SPARK), (Sallis et al., 1997; Sallis, et al., 1999), Physically Active School System (PASS), (Ciotto & Fede, 2014), (Estados Unidos da America), Active School Flag (ASF; Irlanda), PE with Class (Polónia), Finnish Schools on the Move (Filândia), (McMullen, Chróinín, Tammelin, Pogorzelska & van der Mars, 2015); PESSOA (Portugal), (Quaresma, Palmeira, Martins, Minderico & Sardinha, 2014).

É indiscutível o papel que a EF desempenha na promoção de estilos de vida ativos e para o qual está consagrada nos PNEF (Bom, et al., 1989), nomeadamente, na promoção e desenvolvimento do gosto pela prática regular das atividades físicas, passando pela sua responsabilização em assegurar a compreensão da sua importância como fator promotor de saúde. No entanto, com intenção de maximizar o contributo das aprendizagens alcançadas na EF, deve ser considerado o compromisso da escola no garante de um conjunto de requisitos

essenciais a nível nacional, nomeadamente: assegurar o cumprimento dos pressupostos estabelecidos pela Lei ao nível área curricular de Expressão Educação Física Motora [EEFM], no 1º Ciclo; conceber os horários escolares, respeitando os princípios temporais estabelecidos nos PNEF, (1989), que referem que no 3º Ciclo do Ensino Básico [CEB], a disciplina deve ser distribuída em três blocos de quarenta e cinco minutos, em dias não consecutivos, e no ensino secundário, idealmente, quatro blocos de quarenta minutos, ou dois blocos de quarenta e cinco minutos e um de noventa minutos, e outros, de carácter universal, designadamente, disponibilizar instalações e equipamento específico, para a prática de EF/desporto e AF, adequados e em condições de segurança (e.g., recreios escolares adequados a todos os alunos, com especial atenção para o equipamento adaptado para os elementos do género feminino ou alunos com necessidades educativas especiais) (Van Cauwenberghe et al., 2012) de forma a estimular a sua participação e, em cooperação com a comunidade local estabelecer parcerias (e.g., centro de saúde, autarquias e clubes), que permitam aumentar os níveis de prática de AF e desporto, fora do contexto escolar.

Complementarmente, o nudging tem sido uma estratégia muito utilizada na promoção e melhoria da saúde pública (Thaler & Sunstein, 2009). Os Nudges podem ser definidos como qualquer aspeto no meio envolvente que influencie a tomada de decisão, alterando e conduzindo o comportamento numa direção previsível, sem proscrições ou custos significativos (e.g., deslocamento ativo; colocação de suportes para bicicletas na entrada da escola; fornecimento de equipamento para atividades no recreio da escola). O nudging atua ao nível da modificação de comportamento e tem demonstrado ser uma estratégia eficaz de participação voluntária para a AF diária (Baranowski, Buday, Thompson & Baranowski, 2008; Thaler & Sunstein, 2009; WHO, 2009).

As vantagens na implementação destas estratégias estão bem documentadas na literatura, uma vez que associado ao sentimento de pertença à escola, surgem referências favoráveis sobre a participação em atividades desportivas proporcionadas pela escola nomeadamente ao nível do DE (Barr-Anderson et al., 2008). Complementarmente, segundo Janssen e LeBlanc (2010), quanto maior e mais diversificada for a oferta a nível da prática de AF em período escolar, mais significativos serão os benefícios no que diz respeito ao desenvolvimento global do aluno.

Por outro lado, alguns estudos têm evidenciado que nas instituições em que se valoriza a AF e o desporto e se criam condições para adesão dos alunos, a participação é maior (Shen, 2014). Apresentando-se, o clima de escola como uma variável importante para a

participação dos alunos, na prática de AF e participação desportiva (Marques, 2010; Morton, Atkin, Corder, Suhrcke & Van Sluijs, 2015).

ESTUDO EXTENSIVO

Este capítulo apresenta os métodos do estudo extensivo, reunindo os objetivos a caracterização dos Agrupamentos onde o estudo foi efetuado, os participantes, os instrumentos de recolha, os processos de construção e validação de algumas questões para o questionário, a aplicação e recolha do questionário e os processos de análise para o tratamento estatístico.

No documento Final 18 LG (páginas 35-40)