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5. SITUANDO A PESQUISA DE CAMPO E A ANÁLISE DOS DADOS

5.2. A Escola Periférica

A escolha da Escola Periférica também se deu pelo fato de a mesma abrigar uma grande quantidade de alunos matriculados, estando entre as sete escolas do município mais procuradas pelos alunos. Os estudantes dessa instituição são filhos de funcionários públicos, comerciantes e trabalhadores do bairro e das vilas vizinhas. A escola possui doze turmas de Ensino Médio regular diurno, sendo seis de primeiro ano, três de segundo e três de terceiro. O primeiro contato com a escola também ocorreu no dia 29 de fevereiro de 2013. Chegando à instituição, fui apresentado à supervisora Paola. Ao conversarmos sobre a minha proposta de pesquisa, ela autorizou a investigação na escola, salientando somente que a professora responsável pela disciplina é licenciada em Artes. Ela comentou que a escola solicitou professor de Filosofia, porém o mesmo não foi enviado. Logo após esse contato inicial, fui apresentado à professora Pietra, que era a responsável pela disciplina de Filosofia nos três anos do Ensino Médio, no ano de 2013. Como a docente tinha outros compromissos para o momento, combinamos para a semana seguinte uma reunião, a fim de que eu pudesse explicar minha intenção de pesquisa, visto que logo de início a docente se colocou à disposição para contribuir com o trabalho.

No dia 28 de fevereiro de 2013, voltei à escola. Deixei a carta de apresentação com a supervisora Paola e me reuni com a professora Pietra, conforme o combinado. Para minha surpresa, nesse encontro a docente me disse que não estava mais trabalhando com a disciplina de Filosofia, pois como assumiu a supervisão no turno da tarde, optou por ficar somente com a Sociologia pela manhã. A disciplina de Filosofia estaria sendo conduzida por ela somente à tarde, na turma de primeiro ano. Dessa forma, outra professora passou a assumir a disciplina pela manhã. A nova docente chama-se Patrícia e também é licenciada em Artes. No breve espaço de tempo em que fiquei dialogando com Pietra, conversamos sobre essa substituição e a coincidência da outra professora de Artes assumir a disciplina. Ela comentou que não há professor de Filosofia e quem se dispôs a assumir foi a de Artes.

Ao longo do encontro, conversamos sobre a obrigatoriedade do ensino de Filosofia. Pietra me disse que prefere a Filosofia do jeito que está, com 01 hora/aula semanal e presente nos três anos, do que como era antes, quando ela poderia ser

desenvolvida em duas aulas no primeiro ano e em uma aula no terceiro. De acordo com a docente, quando vagava um ano sem Filosofia, os alunos perdiam o contato com os conteúdos da disciplina. Agora, com a obrigatoriedade em todos os anos, isso não acontece. A docente reforça que 01 hora/aula semanal é pouco, mas que diante das condições atuais da escola, não tem como ser diferente.

Perguntei sobre o plano de ensino e ela me disse que ainda não tinha sido elaborado, mas que ela toma como base o livro da Marilena Chauí intitulado

Iniciação à Filosofia (CHAUÍ, 2012). Esse é um livro que faz parte do Programa

Nacional do Livro Didático, sendo distribuído pelo Ministério da Educação para as escolas da rede pública que escolherem o respectivo livro29. O período de utilização do livro contempla os anos de 2012, 2013 e 2014. Buscando me auxiliar na pesquisa de campo, a professora Pietra me emprestou um dos livros didáticos da escola para que eu pudesse utilizá-lo no acompanhamento das aulas ao longo das observações, caso eu desejasse analisá-lo. Deixamos combinado que o livro ficaria comigo e se a escola necessitasse, eu devolveria.

Além de outros materiais que a professora utilizou, como pequenos textos de outras fontes, ela tomou esse livro como referência principal. De acordo com ela, o livro foi indicado para a próxima professora, a Patrícia, e é composto de 34 capítulos divididos em duas partes: (1) a atividade teórica e (2) a atividade prática. A ideia é de que todos esses capítulos sejam trabalhados ao longo dos três anos do Ensino Médio, ficando a critério do docente a organização do mesmo.

A parte 1 está composta por 22 capítulos, separados em seis unidades, sendo essas: A filosofia; a razão; a verdade; a lógica; o conhecimento; e a metafísica. A parte 2 contém 12 capítulos, estando dividida em seis unidades, a saber: a cultura; a experiência do sagrado; as artes; a ética; a ciência e a política. Dessa forma, é possível identificar que o modo de trabalho com a Filosofia, tanto nessa como na outra escola30, segue o modelo do ensino por “temas” filosóficos (DUTRA, 2010).

Ao final da conversa, combinei com Pietra de me encontrar com a professora Patrícia no sábado seguinte, dia 02 de março de 2013, para fazer a apresentação da pesquisa e saber se a mesma aceitaria, ou não, participar da investigação.

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Os outros dois livros que fazem parte do Programa Nacional do Livro Didático e que poderiam ter sido escolhidos, mas não o foram, são: Filosofando: introdução à Filosofia, de Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins e Fundamentos da Filosofia, de Gilberto Cotrin e Mirna Fernandes (HORN, 2013).

Escolhemos essa data, pois no respectivo dia havia sido marcada uma reunião entre os docentes da escola e possivelmente a professora estaria presente.

Chegando o dia combinado, fui à escola e lá recebi a notícia de que a docente não estava devido a problemas pessoais. Diante do exposto, fui até a secretaria da escola e descobri em quais os dias Patrícia estaria lá. Escolhi a sexta- feira da semana seguinte para fazer uma nova visita.

Chegando a sexta-feira, dia 08 de março de 2013, tive o primeiro contato com a professora Patrícia, que me recebeu muito bem. Conversamos brevemente sobre a pesquisa e a professora se colocou à disposição para ajudar. Naquele momento, apresentei a ela a proposta de investigação e combinamos que em cada série eu faria três observações. Ao longo do diálogo, a professora sugeriu que poderia ser criada uma lei que exigisse a obrigatoriedade de que a docência em Filosofia fosse lecionada por uma pessoa com habilitação na área. Registrei essa sua proposta comigo e depois, em minhas investigações bibliográficas, percebi que já existe o Parecer Nº 322/2007, do Conselho Estadual de Educação, que define essa orientação, a saber: “Os professores de Filosofia e Sociologia, para o exercício da docência, devem ter cursado, respectivamente, Licenciatura em Filosofia e Licenciatura em Sociologia ou Ciências Sociais” (RS/CEE, 2007a, item 29). Após aceitar participar da investigação, combinamos as datas. Inicialmente, eu iria observar os três anos do Ensino Médio em que ela leciona, porém, como ao longo do primeiro semestre descobri que no turno da tarde existia uma turma de primeiro ano regular, que estava sendo regida pela professor Pietra, decidi observar somente o terceiro e segundo ano sob responsabilidade de Patrícia. O primeiro ano será observado no outro turno, para que eu possa contemplar também a metodologia de trabalho desenvolvida por outro docente da disciplina.

Passado alguns meses, em julho entrei em contato com a professora do turno da tarde. Nesse contato, descobri que ela não estava mais lecionando Filosofia, mas que um novo professor tinha assumido a turma. O novo docente chamava-se Paulo. Ele é licenciado em Ciências Sociais e assumiu há pouco tempo a disciplina. Em nosso diálogo, expliquei ao professor o meu interesse em realizar a pesquisa e a observação das aulas, e ele autorizou sem problema algum. Nesse mesmo dia, deixamos combinado que no retorno do segundo semestre começariam

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as observações nas aulas, levando em consideração também a possibilidade de haver greve.

Com relação ao contato com os docentes das outras disciplinas, fui conversando com os demais professores da escola para que me indicassem os colegas de cada uma das quatro áreas. Nessa busca, encontrei os seguintes docentes que aceitaram participar das entrevistas: Paula (de História), Priscila (de Química), Pâmela (de Matemática) e Pedro (de Língua Portuguesa e Literatura).

No que diz respeito ao contato com os alunos, ocorreu algo semelhante à Escola Central. Nos terceiros anos, os alunos ficaram muito tímidos e não se colocavam à disposição para participar da pesquisa. Após insistir um pouco e reforçar que poderia ser em dupla, os adolescentes aceitaram. Colocaram-se à disposição dois rapazes e duas moças. Combinamos o dia da entrevista e a mesma transcorreu com a maior tranquilidade.

Com os segundos anos o contato foi tranquilo. Embora eu tenha observado apenas uma aula e eles tenham estado sem aula de Filosofia desde o final do primeiro semestre até a segunda quinzena do mês de novembro, em outubro de 2013 entrei em contato com os alunos e combinamos de realizar as entrevistas. Nessa turma, novamente dois alunos e duas alunas aceitaram participar da pesquisa.

No que diz respeito aos primeiros anos, no último dia de observação das aulas, perguntei se alguém aceitaria participar da entrevista. Três alunas e três alunos se colocaram à disposição. Agendamos a entrevista para dois dias depois, na escola mesmo. Chegando a data, o dia estava chuvoso e dos possíveis participantes, estavam presentes um rapaz e duas moças. Perguntei se aceitavam participar mesmo assim e eles aceitaram. Dessa forma, realizei a entrevista com as duas moças e o rapaz convidou mais dois colegas, de modo que entrevistei três alunos. Tudo transcorreu tranquilamente.

Utilizando como base o mesmo princípio de identificação dos sujeitos envolvidos na pesquisa com a escola da região central, os docentes citados e a supervisora da Escola Periférica têm seus nomes iniciados com a letra “P” (por ser da região periférica). Com relação aos nomes dos alunos, os mesmos também têm

as iniciais de seus nomes variadas, mas a identificação “P.”. No quadro abaixo, identifico cada um31:

Quadro 7 – Identificação dos sujeitos investigados – Escola Periférica

Função Identificação

Supervisora Pedagógica Paola – Superv. Professora de Filosofia (1º, 2º e 3º ano) Patrícia – Fil. Professor de Filosofia (1º ano) Paulo – Fil. Professora de História

(Área: Ciências Humanas e suas tecnologias)

Paula – Hist.

Professora de Química

(Área: Ciências da Natureza e suas tecnologias)

Priscila – Quím.

Professor de Língua Portuguesa e Literatura (Área: Linguagens e suas tecnologias)

Pedro – Port./Lit.

Professora de Matemática

(Área: Matemática e suas tecnologias)

Pâmela – Mat.

Alunos 3º ano Cristiano P. – 3º ano

Lucas P. – 3º ano

Alunas 3º ano Isabela P. – 3º ano

Cristiane P. – 3º ano

Alunos 2º ano Sérgio P. – 2º ano

Zac P. – 2º ano

Alunas 2º ano Olívia P. – 2º ano

Estefani P. – 2º ano

Alunos 1º ano Roberto P. – 1º ano

Rogério P. – 1º ano Ricardo P. – 1º ano

Alunas 1º ano Carolina P. – 1º ano

Sherlei P. – 1º ano

Após apresentar os sujeitos envolvidos na escola da região periférica, discorrerei na próxima seção sobre a construção das categorias que surgiram a

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O nome da professora Pietra não está presente no quadro, pois não realizei a entrevista e as observações com a mesma.

partir da pesquisa de campo. Essas categorias servirão de base para a organização e análise dos dados coletados.

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