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Capítulo IV – O modelo teórico e o percurso metodológico O incontornável mano a

1. A Escola do ‘Bom Sucesso’ Rápida apresentação

1.3. A Escola vista de dentro

Centremo-nos agora na Escola do ‘Bom Sucesso’ e aduzamos alguns elementos que ajudem a caracterizá-la no Concelho que serve. Actualmente, a escola tem uma população estudantil ao nível do ensino básico esmagadoramente proveniente da freguesia que dá o nome ao município sede do Concelho (43,6%), sendo que os restantes 56,4% dos alunos residem nas outras 23 freguesias. No ano lectivo 2008/09 frequentaram o 9º ano de escolaridade 149 alunos. Os dados disponíveis em termos de população escolar mostram-nos que a escola vai sofrendo flutuações em termos de número de alunos mas com o alargamento da oferta educativa à abertura dos Cursos de Educação e Formação (CEF) e dos Cursos Profissionais, a

sua população escolar aumentou significativamente (cf. quadro nº 11). Actualmente esse número ronda um milhar (exactamente 1.052, no ano lectivo 2009/2010), com tendência para vir a aumentar proporcionalmente à oferta que a escola tem vindo a disponibilizar, de acordo com as necessidades da região que serve em termos de emprego e tendo em conta o perfil dos educandos (cf. quadro nº 10).

Quadro nº 10: Oferta educativa para o próximo triénio (2009-2011)

Cursos Científico-Humanísticos Cursos Educação e Formação Cursos Profissionais Ciências e Tecnologias Operador de Jardinagem Técnico de Análise Laboratorial Línguas e Humanidades Operador de Informática Técnico de Restauração Ciências Socioeconómicas Operador de Pré-Impressão Técnico de Turismo

Artes Visuais Técnico de Informática de Gestão Técnico de Design Gráfico

Fonte: Projecto Educativo da Escola

Quadro nº 11: Frequência de alunos, por ano lectivo entre 2005 e 2008

Ano Lectivo

2005/2006 2006/2007 Ano Lectivo 2007/2008 Ano Lectivo

Sexo Sexo Sexo

Ano de Escolaridade

Nº de

alunos M F alunos Nº de M F alunos Nº de M F 7º ano 131 66 65 170 85 85 170 80 90 8º ano 116 52 64 118 59 59 152 75 77 Básico 9º ano 134 71 63 117 58 59 105 52 53 Ciências e Tecnologias 97 47 50 106 49 57 98 46 52 Artes Visuais 14 7 7 27 16 11 25 15 10 Ciências Sociais e Humanas 28 4 24 49 8 41

Línguas e Literaturas 47 13 34 Tecnológico de Desporto 24 9 15 33 18 15 10º Ano Tecnológico de Multimédia 13 6 7 Ciências e Tecnologias 88 35 53 105 49 56 87 46 41 Artes Visuais 25 6 19 18 9 9 27 18 9 Ciências Sociais e Humanas 14 3 11 33 7 26 39 5 34 Línguas e Literaturas 10 4 6 Tecnológico de Desporto 24 16 8 29 16 13 29 15 14 11º Ano Tecnológico de Multimédia 22 14 8 7 2 5 0 Ciências e Tecnologias 112 51 61 84 37 47 Artes Visuais 20 6 14 20 10 10

Ciências Sociais e Humanas 9 4 5 29 4 25

Línguas e Humanidades 10 4 6 Tecnológico de Desporto 14 8 6 26 14 12 12º Ano Tecnológico de Multimédia 20 11 9 5 1 4 CEF Ano 2 24 15 9 Nº total de alunos: 740 997 967

A Escola do ‘Bom Sucesso’ tem tido um corpo docente estável e experiente, com uma larga maioria de professores pertencentes, há já bastante tempo, ao Quadro de Escola. No que concerne ao tempo de serviço de cada docente é de referir que dos 125 professores, só 2,4 % dos docentes têm até 3 anos de serviço. Todos os outros têm mais de 4 anos de serviço. 34,4 % dos professores têm mais de 11 anos de serviço e 28,8 % têm mais de 25 anos de serviço (cf. quadro nº 12). O quadro nº 13 é bastante claro no que diz respeito ao conhecimento que os docentes têm da escola. Se não, veja-se que 72,8% dos docentes têm mais de 4 anos de serviço nesta escola e 45,6% trabalham aí há mais de 11 anos. Importa realçar aqui que estes números pecam por alguma inexactidão pois nos últimos dois anos 10 professores (o que equivale a 8%) dos mais ‘antigos’ pediram reforma antecipada insatisfeitos, com a forma como consideravam ser tratados pela tutela. Na sequência do concurso de colocação de professores para o ano lectivo 2009/2010, foram colocados 45 novos professores, algo que se reveste de um ineditismo de que importaria retirar ilações no futuro.

Quadro nº 12: Número de anos de serviço do pessoal docente

Até 3 anos de 4 a 10 anos de 11 a 25 anos mais de 25 anos

3 18 68 36

Fonte: Projecto Educativo da Escola

Quadro nº 13: Número de anos de serviço do pessoal docente, na escola

Até 3 anos de 4 a 10 anos de 11 a 25 anos mais de 25 anos

34 34 51 6 Fonte: Projecto Educativo da Escola

Em termos de formação académica dos docentes, o quadro nº 14 fala por si. Quadro nº 14: Qualificações do pessoal docente

Bacharel Licenciado Mestre Doutor 3 123 7 3 Fonte: Projecto Educativo da Escola

Damos agora conta do panorama geral no ano lectivo 2007/2008 quanto a frequência, taxas de retenção e níveis de abandono da escola em estudo (cf. quadro nº 15).

Quadro nº 15: Taxas de transição/conclusão, retenção e abandono escolar, 2007/2008 Taxas de Transição/Conclusão e Abandono Escolar

Indicadores do sucesso escolar dos alunos --- --- --- Ano Total de alunos Transitou Concluiu Não Transitou/ Não Concluiu Abandonou Anulou a Matrícula Excluído

por faltas Transferido

Taxa de Retenção Taxa de Abandono 7º 177 157 13 2 2 --- 5 7,6% 1,1% 8º 157 149 4 0 0 --- 4 2,6% 0,0% Básico Regular 9º 113 104 2 3 3 --- 4 1,9% 2,7% CEF Ano 2 25 23 0 2 1 1 0 0,0% 8,0% Total Ensino Básico --- 472 433 19 6 6 --- 13 4,2% 1,3% 10º 182 157 9 12 11 1 4 5,4% 6,6% 11º 158 144 10 3 2 1 1 6,5% 1,9% Secundário Cientifico- Humanísticos 12º 138 103 30 2 2 0 3 22,6% 1,4% 10º 17 14 2 1 1 0 0 12,5% 5,9% 11º 32 28 0 4 2 2 0 0,0% 12,5% Secundário Tecnológico 12º 34 15 15 4 3 1 0 50,0% 11,8% Ano 1 50 --- --- 5 4 1 0 --- 10,0% Cursos Profissionais Ano 2 14 --- --- 0 0 0 0 --- 0,0% Total Ensino Secundário --- 625 461 66 31 25 6 8 11,3% 5,0% TOTAL GERAL --- 1097 894 85 37 31 6 21 8,2% 3,4%

Fonte: Projecto Educativo da Escola

Apesar das taxas de retenção no Ensino Secundário se cifrarem entre os 0% e os 50%, (cf. quadro nº 15), retirámos uma passagem do Projecto Educativo da Escola do ‘Bom Sucesso’ relativa aos hábitos e tempos de estudo dos alunos desse nível de ensino. É verdade que a amostra é bastante reduzida (49 alunos do 11º ano de escolaridade e o curso mais representado foi o Curso Cientifico-Humanístico de Ciências e Tecnologias), mas não quisemos deixar de aqui dar conta da informação que veicula, por nos parecer bastante significativa. Ela fala por si: «Quando questionados acerca dos hábitos de estudo, os alunos respondem na sua grande maioria que não estudam (91,8%), só estudam para os testes (73,5%), estudam quando há trabalho para fazer (65,3%) e 65,3% não estudam todos os dias. Quando sentem dificuldades a maioria dos alunos recorre aos professores (83%) e aos colegas (73,5%), 63.3% dizem não recorrer aos pais».

Questionados sobre as razões das taxas de insucesso escolar eles são peremptórios a afirmar que «Na sua opinião e por ordem crescente, do mais importante para o menos importante: má preparação anterior, poucas perspectivas de estudo futuro fora da Escola,

métodos de estudo inadequados, número elevado de alunos por turma, falta de estudo, programas sem interesse, horários mal elaborados e falta de interesse dos professores pelos alunos (14,3%)».

Não obstante o acima referido, não deixam de concordar que «…o que lhes é ensinado na escola está de acordo com os seus interesses, que lhes dá boa preparação humana/cívica, está de acordo com a sua faixa etária e consideram que os prepara para o ensino superior».

Para além dos alunos, foram também auscultados os docentes (numa amostra de 80 professores em 125 possíveis). A sua opinião sobre o seu trabalho aponta, ainda segundo o Projecto Educativo, para o facto de «No que concerne ao funcionamento do grupo disciplinar reconhece-se que os grupos disciplinares trabalham na definição das grandes linhas gerais de orientação mas que falta maior elaboração de planificações intermédias, definição de estratégias para grupos de alunos com dificuldades, articulação entre o Ensino Secundário e o Ensino Básico e ainda o facto de as escolas não estarem organizadas de forma a haver mais espaços de trabalho entre professores.

«Os Conselhos de Turma funcionam bem, na sua generalidade, mas reconhece-se que os saberes continuam a estar enclausurados no âmbito de cada disciplina, havendo pouca interdisciplinaridade. O espaço de reunião dos Conselhos de Turma (fim do dia) não é seguramente o melhor quer pela escassez de tempo para os mesmos quer pelo facto de decorrerem ao fim de um dia de trabalho quando todos estão ansiosos por irem para casa. Aponta-se ainda que os Conselhos de Turma deveriam definir estratégias para o envolvimento dos Encarregados de Educação. (…)

«No parâmetro materiais usados na sala de aula verificou-se que estes são basicamente o manual e fichas de trabalho. O uso da Internet é ainda escasso (2,3%). A falta de meios da Escola neste aspecto poderá estar na origem desta situação.

«A metodologia de trabalho adoptada com os alunos é também uma área a necessitar de reflexão, uma vez que ainda predomina o trabalho em grande grupo (Professor/turma) ou, então, o trabalho individual (aluno).

«Quanto à tipologia de trabalho adoptada, a maioria dos docentes considera ter aulas expositivas mas também solicitam aos alunos pesquisas quer para trabalhos escritos quer para exposições na sala de aula. 58,1% dos docentes discute com os alunos os trabalhos desenvolvidos pelos mesmos e procede à devolução comentada dos mesmos.

«Os instrumentos de avaliação são diversificados compreendendo testes de tipologia diversificada. É necessário, no entanto, promover a apresentação de relatórios, quer de trabalhos individuais quer de trabalhos de grupo. É urgente que os alunos façam relatório das visitas de estudo que realizam. Cerca de 27,5% dos docentes usa o portefólio como instrumento de avaliação.

«A relação pedagógica com os alunos é sem sombra de dúvida um ponto claramente positivo na Escola. Quase 90% dos docentes comenta com os alunos os progressos e as dificuldades; 53,2% ouvem as sugestões dos alunos e a generalidade admite modificar o seu comportamento face a críticas pertinentes dos alunos. 96% diz elogiar o trabalho dos alunos».

Não devemos ignorar que, por oposição a estas declarações dos docentes, referimos acima que 14,3% dos alunos inquiridos entendem que os professores demonstram falta de interesse por eles.

Neste momento decorre o processo de auto-avaliação da Escola do ‘Bom Sucesso’.

Utilizando o modelo SWOT (Strengths – forças; Weaknesses – fraquezas; Opportunities –

oportunidades e Threats – ameaças), foram detectados os vectores de mais-valia da escola bem

como os aspectos que importa melhorar. Foram percepcionados como pontos claramente fortes da escola a Qualidade no processo de ensino-aprendizagem, o Rigor e Exigência; a Transparência no processo de avaliação; a Disponibilidade dos professores para o atendimento aos alunos; a Oferta educativa diversificada. Isto é relevante em termos contrastivos com os dados apurados na investigação que levamos a cabo. Como aspectos a melhorar foram considerados, entre outros, os seguintes: Mais recursos informáticos; Mais disciplina e fazer os alunos cumprir o regulamento interno; Melhorar as condições de trabalho dos professores na escola; (…) Articular o ensino básico e o ensino secundário; (…) Proporcionar aos alunos projectos de enriquecimento curricular; Diminuir a burocracia. As grandes oportunidades passam basicamente pelo alargamento da oferta escolar tanto para os Cursos de Educação e Formação (CEF) e Cursos Profissionais como em termos de implementação de um “Centro de Novas Oportunidades". O alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos será outra mais- valia pois trará também mais alunos, e durante mais tempo, à escola. As principais ameaças definidas são: a Revisão curricular do ensino; as Restrições orçamentais do Estado; o Défice de empresas a nível local; a Falta de orçamento para recursos; o Aumento de alunos por turma; a Redução do número de professores; a Burocracia excessiva.

A escola traçou como objectivos a atingir, entre outros, a promoção do sucesso pessoal, educativo e profissional dos alunos; a formação contínua da população escolar e contribuir para a melhoria de qualificação da população da região. Proporcionar a toda a comunidade escolar as melhores condições de segurança, de ensino-aprendizagem, de trabalho e lazer. A implementação e o desenvolvimento de medidas de diferenciação positiva tendentes a assegurar reais oportunidades de sucesso escolar e educativo dos discentes.

Para o 3º Ciclo do Ensino Básico – que é o ciclo que estudámos com maior detalhe – foram apresentadas as seguintes metas a cumprir no próximo triénio (2009/2010, 2010/2011, 2011/2012): Melhoria do sucesso escolar dos alunos – de 2%; intervalo de tolerância entre a Classificação Interna Final (CIF) e a Classificação Externa (CE) – 1 nível; Taxa de abandono escolar (alunos que não concluem a escolaridade obrigatória) e alunos que frequentam os Cursos de Formação e Educação – até 2%.

Em resumo, a Escola do ‘Bom Sucesso’ propõe-se, nos próximos três anos lectivos «elaborar e implementar o seu projecto educativo e pedagógico para melhorar o seu ambiente, o seu funcionamento, os seus resultados».

1.4. Os alunos do 9º ano da Escola do ‘Bom Sucesso’, em 2008/2009, e a Escola