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4.2 Trajetória Profissional da Mulher Bancária

4.2.1 Escolha profissional

Para a pesquisa, as seis mulheres foram questionadas quanto a sua escolha profissional, onde foram abordados os assuntos sobre: sua formação, se atua na área na qual é

formada, se costuma dar continuidade aos estudos, como faz isso e se a mesma teve alguma motivação para fazer a sua escolha profissional.

Quadro 4 – Escolha profissional

A1 A2

- Formada em Ciências Contábeis. Atua na área de formação

- Costuma dar continuidade aos estudos: possui Pós em Marketing e em Gestão Empresarial. Cursou 5 anos de inglês. Realiza os cursos internos que a empresa oferece, como por exemplo, o CPA10, curso exigido pelo meio bancário para quem é gerente. Afirma que a empresa lhe proporciona um aprendizado para poder atuar em sua função: “a própria empresa nos proporciona um preparo”. - O que a motivou e a levou a fazer Ciências Contábeis: “na época, a 25 anos atrás, era uma realidade totalmente diferente, ou você fazia Contábeis ou fazia magistério,não tinha outra opção em Santa Rosa e o que me motivou foi isso, pois não queria ser profe, não tinha todas as opções como tem hoje, além de eu ter facilidade com o raciocínio lógico.O que a levou atuar neste meio profissional bancário, foi a comodidade que o concurso público oferece, “Acredito a opção de entrar no meio público é que o concurso até hoje é o que todo mundo procura, estabilidade financeira e os horários de trabalho”.

- Formada em Educação física. Não atua na sua área de formação atualmente, mas já trabalhou na área como professora.

- Costuma dar continuidade aos estudos: possui Pós Graduação em Administração Estratégica e em Recursos Humanos. Cursou 10 anos de inglês, 4 anos de espanhol, além dos cursos internos. “Dentro da empresa tem uma linha de aperfeiçoamento, então temos muitos cursos, temos a universidade da empresa que exige vários cursos e horas para o gerente”, segundo ela existe um plano de treinamentos para cada cargo da empresa. “O que eu faço extra? Eu fiz inglês, espanhol, mais no sentido de relaxar, pra mim é um extra, assim como faço dança academia, eu faço línguas”.

- Educação Física não era o sonho profissional dela, e fez este curso pela afinidade com a área e para não ficar parada, porém, quando percebeu que precisava sobreviver com aquilo, resolveu que não era isso que queria, então teve que fazer algo além, “tem uma coisa que você vai perceber, não interessa muito o que você é, o que interessa é o que você consegue fazer com o que você é, é isso que te move”.Optou por procurar o concurso público para ter estabilidade e por entender que poderia trabalhar e ser reconhecida através de seu salário.

B1 B2

- Formada em Pedagogia. Não atua na sua área de formação. “Hoje sou bancária por opção e porque gosto”.

- Costuma dar continuidade aos estudos: fazendo cursos de especialização, de vendas entre outros. Possui Pós Graduação em Recursos Humanos e Pós Graduação em docência para Curso Superior, “O banco tem todo ano um incentivo quanto a questão financeira, o que influencia a dar continuidade aos estudos”.

- O que a motivou a atuar na área bancária, foi o fato de ter trabalhado em outro banco como terceirizada e temporária, estas experiências a levaram a inserir-se como colaboradora efetiva na instituição na qual atua até hoje, porém nunca foi seu objetivo profissional se tornar bancária: “[...] não sonhava em trabalhar em banco, brincava de banco quando era criança, mas nunca foi meu sonho”.

- Formada em Administração e atua na da formação. - Costuma manter-se atualizada, porém conta que no momento não está estudando, mas participa de treinamentos que a empresa oferece.

- Optou pela sua área de atuação, pois já trabalhava na área comercial de outra empresa, e escolheu o curso para poder inteirar-se melhor sobre a empresa processos e um embasamento maior do meio em que atuava, em suas palavras ”[...] foi realmente para ter uma maior noção sobre financeiro, RH, para ter um embasamento maior sobre uma empresa”.

C1 C2

- Formada em Direito. Não atua na área de formação.

- Costuma dar continuidade aos estudos: possui Pós Graduação em Direito Público e em Gestão de Negócios. Costuma fazer cursos de atualização e aperfeiçoamento, sendo fora e dentro da empresa, além de leitura de livros.

- Sua escolha profissional deu-se pela experiência que teve: “Acredito que tenha sido pelo fato de que meu primeiro estágio foi em um banco do estado, lá não atuava no jurídico como deveria ser, pois eu cursava direito. Então eu atuava no atendimento a clientes: abertura de contas, empréstimo”.

- Formada em Administração e a mesma considera que atua na área de formação.

- Busca manter-se atualizada, para isso procura realizar cursos do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas) e treinamentos oferecidos pela própria empresa. “Eu não fiz ainda especialização, mas busco atualizações através do SEBRAE, pois tem cursos rápidos, procuro cursos na área de recursos humanos, além disso temos uma reunião todos os meses com todas as coordenadoras da região que se reúnem para receber informações, compartilhar aprendizados e ideias”.

- Escolheu o curso de administração para entrar na área bancária por influência do seu pai que trabalhou 12 em banco e sempre a incentivou a seguir a mesma profissão, “Na verdade foi influência do meu pai que trabalhou na área bancária 12 anos, ele que incentivou buscar estágio em um banco e assim que começou minha experiência e gostei desta área”.

Fonte: Dados da pesquisa novembro, 2014.

Das seis entrevistadas, três delas atuam em sua área de formação, A1, B2 e C2, já A2, B1 e C1, não atuam na mesma área da graduação, porém deixam claro que gostam muito da área bancária. Este dado mostra que a atuação independe da formação, e que a alguns anos atrás para participar de um processo seletivo não era pré-requisito estar formado em cursos relacionados a área bancária e sim mostrar estar preparado para o cargo. B1 comenta que, ”quando entrei no banco não me questionaram quanto a minha formação, pois sou pedagoga, hoje a empresa tem como pré-requisito para assumir um cargo, estudar na área de administração ou contabilidade”.

Após serem questionadas sobre as suas formações, todas as seis entrevistadas contam que costumam dar continuidade aos estudos e buscam manter-se atualizadas, seja através de especializações nas suas áreas de atuação, cursos, leituras e entre outros meios. Isso significa que, todas preocupam-se com seu futuro profissional e também com o presente, pois precisam como gestoras influenciar, incentivar e passar segurança naquilo que fazem e falam aos seus colaboradores para que possam alcançar juntos os objetivos da empresa.

Uma peculiaridade comum a todas é percebida quando as entrevistadas comentam que as empresas nas quais trabalham, proporcionam de alguma forma treinamentos ou cursos para que possam suportar suas atividades. Porém percebeu-se que tanto as mais velhas quanto as mais novas, nenhuma comenta em fazer mestrado ou doutorado, ou seja investir em um grau mais elevado de estudos. Percebe-se então que estas mulheres procuram investir em nível de

Pós Graduação, sendo que algumas delas possuem mais um curso deste nível, sendo elas A1, A2, B1 e C1.Algo interessante e que chamou a atenção da entrevistadora é que as bancárias que atuam na área púbica, mesmo tendo estabilidade, mostram-se bastante interessadas em estarem buscando formas de aumentar seus conhecimentos, além daquilo exigido pela instituição que atuam, como por exemplo, A1 e a A2 fizeram por muito tempo inglês e espanhol.

Um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), através do site Portal Brasil (2014), mostra que as mulheres que trabalham em bancos, mesmo com nível escolar mais alto, recebem em média 24,10% a menos que os homens, porém, apesar de receberem salários mais baixos, no quesito nível de escolarização, as mulheres superam os homens, em geral, 71,67% das bancárias têm curso superior, contra 66,52% dos homens.

Quando questionadas sobre a motivação para fazer suas escolhas profissionais, observou-se que cada uma das bancárias tem uma história diferente. Duas das entrevistadas, A1 e A2, dizem que escolheram suas áreas de formação, não porque era o que realmente queriam, mas pela pouca opção que a região de Santa Rosa oferecia na época. As mesmas contam que se tornar bancária foi um desejo mais pela comodidade que uma instituição pública oferece assim como pela estabilidade financeira. Percebeu-se que B1, C1 e C2, tiveram primeiramente a oportunidade de vivenciar a experiência como estagiárias na área bancária e isso foi o que as incentivou a inserir-se efetivamente. B2 conta que o que a fez buscar sua área de formação, foi para entender melhor os processos de uma organização, já que trabalhava na área comercial de uma empresa. A mesma ainda coloca que buscou a área profissional bancária, pois soube da vaga em outro estado onde estaria mais perto de seu irmão e pela fato de que este novo desafio poderia lhe proporcionar crescimento profissional. Percebe-se então que o que as levou a atuar em instituições bancárias não foram as suas formações e sim as experiências particulares de cada uma, seja de alguma vivência neste contexto, assim como incentivo de pessoas próximas, ou pela própria questão financeira.

Portanto, observa-se que as bancárias investem constantemente nas suas carreiras profissionais, dispondo do seu tempo para profissionalizar-se, já em seus cargos de chefia, em áreas que as ajudem a liderar pessoas e processos.