• Nenhum resultado encontrado

4.1 D ESCRIÇÃO DO O BJETO DE E STUDO : A C IDADE DE B AURU A SPECTOS F ÍSICOS

O estudo a respeito da "Expansão Urbana em Áreas de Fundo de Vale na Cidade de Bauru-SP” iniciou-se no ano de 1996 com a aprovação do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado que é fundamental para discutir as relações entre o crescimento urbano e a ocupação nas áreas de fundo de vale.

A cidade de Bauru é uma das mais importantes do Estado de São Paulo devido a sua localização, influências estratégica e econômica no contexto local, regional e brasileiro. Está localizada na porção centro-oeste do Estado de São Paulo na latitude de 22º 20’34” Sul e longitude de 49º 03’13” Oeste.

A Figura 1 mostra o mapa da cidade de Bauru como sede da 7a. Região do Estado de São Paulo.

Figura 1 - Mapa de Bauru a 7ª região do estado de São Paulo Fonte: Prefeitura Municipal de Bauru - 1996 Modificado pelo autor: Valter Luís Barbosa

Sua altitude média é de 615 m predominando o clima Cwa (quente e inverno seco). Clima mesotérmico úmido (subtropicais e tropicais de altitude) com verões quentes, conforme o INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS – IPT, 1996.

O surgimento de Bauru data do ano de 1893 e foi transformado em município no ano de 1896. Possui uma área de 702 Km² e um perímetro urbano de 120 Km² representando 17% da área total do município. A população atual é de aproximadamente 405.622 habitantes (Censo/2000 - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE) sendo que em torno de 400.000 ocupam a área urbana e 5.622 compõem a população rural.

Várias são as cidades que fazem parte da região: ao Norte, está Reginópolis; ao Sul, Agudos; ao Sudoeste, Piratininga; ao Oeste e ao Noroeste, Avaí; ao Nordeste, Arealva e Pederneiras na porção Leste.

A Figura 2 mostra o mapa da evolução urbana na cidade de Bauru.

Figura 2 - Mapa da Evolução Urbana em Bauru, 2004.

Fonte: Departamento de Água e Esgoto de Bauru - DAE, 2004.

Geoprocessamento: www.daebauru.com.br (Modificado pelo autor: Valter Luís Barbosa) Escala: 1:70.000

As principais rodovias que servem o município são: SP 300 (Marechal Rondon), SP 225 (Bauru-Jaú) e SP (Bauru-Marília). Além disso, a cidade dispõe de um aeroporto com vários vôos regionais, uma rodoviária e uma ferrovia utilizada para o transporte de carga.

Na Figura 3 pode-se evidenciar o sistema viário regional que serve às cidades de Bauru e região.

Figura 3 - Mapa do Sistema Viário Regional de Bauru. Fonte: Prefeitura Municipal de Bauru-SP, 1996. Modificado pelo autor: Valter Luís Barbosa

A cidade de Bauru exerce uma influência muito grande no desenvolvimento local e na sua circunvizinhança notadamente na área de serviços cuja vocação proporcionou maior crescimento com um comércio que tem uma força regional polarizando a mão-de-obra. Já o parque industrial do município em expansão não é o setor econômico dominante.

Há uma rede de escolas municipais, estaduais, particulares e o Serviço Social de Indústria - SESI. As escolas técnicas SENAI e o Colégio Técnico Industrial – CTI oferecem cursos profissionalizantes. No nível superior, destaca-se a Universidade de São Paulo – USP com a faculdade de odontologia onde há o chamado “centrinho”, um hospital para a recuperação de lesões labiopalatais.

A Universidade "Júlio de Mesquita Filho" – UNESP possui o Instituto de Meteorologia em que trabalham cientistas e técnicos que contribuem para o desenvolvimento no campo da Meteorologia. As demais faculdades privadas garantem a variedade de opções das mais diversas carreiras universitárias. A cidade de Bauru conta também com um Museu Histórico da Ferrovia e uma Biblioteca Municipal.

As principais bacias hidrográficas do município são: Tietê-Jacaré (onde se localiza o Rio Bauru e seus afluentes) com 174,672 Km² – 25,7% da capacidade de sua área. O Tietê-Batalha (onde se localiza o Rio Batalha e seus afluentes) com 504,698 Km² – 74,3% totalizando uma área de 679,370 Km² (IPT, 1996).

Na Figura 4 temos o mapa da rede hidrográfica da região de Bauru onde se pode observar a bacia do Tietê-Jacaré e Tietê-Batalha com uma visão geral do seu tamanho e dos limites da sua área.

Figura 4 - Mapa da Rede Hidrográfica da 7ª Região Administrativa Fonte: Prefeitura Municipal da Cidade de Bauru-SP, 1996. Modificado pelo autor: Valter Luís Barbosa

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (1995) as taxas demográficas da cidade de Bauru vêm diminuindo em função do percentual de imigração que caiu na década de 90 sofrendo uma desaceleração em torno de 3,7%.

Quanto à vegetação, há o predomínio do cerrado com árvores baixas, cascas grossas e galhos retorcidos. Encontram-se ainda preservadas as vegetações da Mata Semidecídua e do Cerradão. A área total do ecossistema de cerrado é de 679,370 Km², conforme o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente do Município de Bauru (CONDEMA, 2002).

A Figura 5 mostra a mancha urbana de Bauru e a vegetação regional.

Figura 5 - Mapa - Mancha Urbana e a Vegetação Regional

Fonte: Inventário Florestal do Estado de São Paulo - 1993. Modificado pelo Autor: Valter Luís Barbosa

O solo é predominantemente é Latossolo Vermelho Fase Arenosa originário do Arenito Bauru com horizontes Podzolizados de Lins e Marília. De acordo com o Censo Agropecuário de l995-l996 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - 69% das terras do município são ocupadas com pastagens; 17% com lavouras e apenas 14% com matas e florestas incluindo as áreas de reflorestamento (Eucalipto e Pinus).

Além disso, o município contém uma peculiaridade por estar rodeado de Unidades de Conservação Ambiental, tais como: o Parque Municipal, dez Setores Especiais de Conservação – SEC’s e três Áreas de Proteção Ambiental – APA’s nos fundos de vale e estas últimas criadas pela Lei n° 4126/96:

APA 1 - Área de Proteção Ambiental Rio Batalha;

APA 2 - Área de Proteção Ambiental Vargem Limpa - Campo Novo; APA 3 - Área de Proteção Ambiental Água Parada.

A Figura 6 mostra a cidade de Bauru rodeada pelas Unidades de Conservação Ambiental.

Figura 6 - Mapa das Unidades de Conservação Ambiental em Bauru.

Fonte: Prefeitura Municipal de Bauru, SEMMA - Secretaria Municipal do Meio Ambiente, 1996. Escala: 1:100.000

A cidade de Bauru vem apresentando nas últimas décadas problemas em relação às ocupações urbanas irregulares com a formação de favelas fruto do seu crescimento populacional.

Para SOARES e NASCIMENTO JÚNIOR (1997), "as primeiras favelas de Bauru surgiram no final da década de 70. Como não havia interesse ou controle por parte do Poder Público sobre esta população acentuou-se a formação dos bolsões de pobreza que acabaram por transformar-se em favelas” (SOARES e NASCIMENTO JÚNIOR, 1997, p. 51).

Podem ser observados na Figura 7 os pontos de áreas com favelas, áreas com favelas removidas, áreas com favelas a serem removidas e o desfavelamento em Bauru no ano de 1996.

Figura 7 - Mapa das áreas com favelas, áreas com favelas removidas, áreas com favelas a serem removidas e o desfavelamento em Bauru no ano de 1996.

Fonte: Prefeitura Municipal de Bauru - Coordenadoria do Desfavelamento, 1996. Escala 1:70.000

Modificado pelo Autor: Valter Luís Barbosa

A concentração de favelas próximas às áreas de fundo de vale trouxe à cidade de Bauru a formação de bolsões de pobreza até o ano de 2002 com o conseqüente agravamento das condições mínimas de sobrevivência da população carente e a periferia. O adensamento de moradores de baixa renda contribuiu para o desequilíbrio sócio-ambiental no local.

A Figura 8 demonstra a evolução das favelas e dos bolsões de pobreza na cidade de Bauru.

Figura 8 - Mapa da Evolução das Favelas e Bolsões de Pobreza em Bauru - 2002. Fonte: Secretaria de Planejamento Urbano de Bauru - SEPLAN, 2002. Escala: 1:100.000

Modificado pelo Autor: Valter Luís Barbosa

Os habitantes das favelas se expõem às condições de moradia insalubre e desumana morando próximos aos lugares mal cheirosos perto do lixo e de restos de materiais que são usados como matéria prima de suas moradias precárias.

Os locais irregulares e sem infra-estrutura urbana, muitas vezes, colocam em risco os seus habitantes, pois além de estarem na ilegalidade não desfrutam de condições mínimas de higiene e estão sujeitos a todo tipo de doença.

Em 1996, com os adensamentos humanos em favelas as condições sócio- ambientais se agravaram pelo acúmulo dos detritos urbanos formando bolsões de entulho próximos às áreas dos Setores Especiais de Conservação de Fundo de Vale – SEC’s.

A Figura 9 apresenta o mapa que identifica os bolsões de entulho em Bauru.

Figura 9 - Mapa dos Bolsões de Entulho em Bauru, 1996.

Fonte: Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano - EMDURB, 1996 Escala: 1:70.000

Modificado pelo Autor: Valter Luís Barbosa

Os Setores Especiais de Conservação de Fundo de Vale - SEC’s estão situados nas áreas de fundo de vale em Bauru. Os córregos, rios, ribeirões além da vegetação marginal ou ripária aos corpos d’águas e das encostas fazem parte dos SEC’s.

Os SEC's pertencentes à cidade de Bauru são:

1. a região do Córrego da Água do Sobrado na porção oeste de Bauru;

2. o Córrego da Forquilha e o Córrego da Ressaca que se localizam na região Sul da cidade de Bauru;

3. o Córrego da Água Comprida no sudeste de Bauru e o Ribeirão da Vargem Limpa mais ao leste;

4. o Córrego Barreirinho localizado ao norte de Bauru;

5. o Córrego da Água do Castelo ao noroeste; o Córrego da Grama (oeste) e o Rio Bauru que recebe todos estes córregos.

Na Figura 10 pode-se visualizar o local dos Setores Especiais de Conservação de Fundo de Vale - SEC’s em Bauru.

Figura 10 - Mapa dos Setores Especiais de Conservação de Fundo de Vale – SEC’s em Bauru

Fonte: Prefeitura Municipal de Bauru, Secretaria Municipal do Meio Ambiente - SEMMA, 1996 Escala: 1:100.000

Modificado pelo Autor: Valter Luís Barbosa

Os SEC’s formam importantes locais de mananciais para o abastecimento de água da população e sob o prisma ambiental e social são áreas de extremo valor. A sua vegetação torna-se essencial para reduzir e controlar a radiação solar.

Tem ainda como função especial, controlar a temperatura e umidade do ar, amenizar os ruídos, diminuir a velocidade dos ventos e atenuar o impacto causado pela pluviosidade. Também é responsável na manutenção do fluxo das águas nos córregos e rios evitando a erosão e o assoreamento em sua calha.