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Na porção sudoeste da cidade de Bauru está localizado o Córrego da Água do Sobrado; ao sul, o Córrego da Água da Forquilha e o Córrego da Ressaca em áreas de fundo de vale.

Os córregos da Água do Sobrado, Água da Forquilha e o Córrego da Ressaca apresentam as seguintes características físico-naturais:

- desmatamento e erosão próximos às cabeceiras dos córregos;

- assoreamento nas margens dos córregos depositando sedimentos no seu curso que elevam o nível de materiais e diminuem a largura do leito das águas;

- águas poluídas com o lançamento de esgoto doméstico e de produtos químicos industriais, lixo urbano, entulho de materiais de construção e detritos industriais;

- presença de queimadas, formação de bancos de areia, construção de chácaras, pesqueiros e pequenas propriedades com cultivos de hortaliças, verduras e criação de animais próximas às margens;

- adensamentos humanos com ocupação regulares e irregulares.

Na paisagem da cidade de Bauru ocorreu uma modificação quanto à expansão urbana que caminhou em direção aos fundos de vale no entorno das margens do Córrego da Água do Sobrado, Córrego da Água da Forquilha e Córrego da Ressaca sem considerar as características ecológicas do local contribuindo para acentuar os desequilíbrios no meio urbano.

Conforme o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – CONDEMA através da Resolução 003/2002, de 09/08/2002 aprovada em Plenário no dia 14/08/2002 foram determinadas as diretrizes ambientais ao parcelamento do solo e às construções em condomínio fechado nas bacias do Córrego Água do Sobrado e do Córrego da Grama em seu Artigo 1º nos seguintes itens:

I – Proibição de desmatamento das áreas naturais conservadas existentes; II – Aplicação de novas soluções estruturais de drenagem que:

a) - promovam o retardamento dos escoamentos de água de forma a propiciar o aumento dos tempos de concentração e a conseqüente redução nas vazões máximas;

b) - amorteçam os picos de enchentes através da retenção em reservatórios, represas, cisternas e barragens com previsão de tempo de retorno no mínimo de 100 anos;

c) - contenham os escoamentos de água no empreendimento através da melhoria das condições de infiltração do solo.

III – Áreas de sistema de lazer/áreas verdes de, no mínimo, 10% para empreendimentos que contenham áreas de preservação permanente e de, no mínimo, 15% para empreendimentos que não contenham áreas de preservação permanente sendo vedado no cômputo a inclusão de áreas de preservação permanente e outras que o Poder Público não autorizar. IV – Proibição de parcelamento de solo e de construções em condomínios nas

áreas de Setores Especiais de Fundo de Vale – SEC’s definidos ainda como áreas de preservação permanente num raio de cinqüenta metros no entorno das nascentes, numa faixa de cinqüenta metros de cada lado das margens do Córrego Água do Sobrado e Córrego da Grama e numa faixa de trinta metros de cada lado das margens de seus afluentes sendo que as mesmas deverão ser entregues recuperadas ao Poder Público devidamente, conforme exigência do órgão ambiental responsável.

A ocupação urbana em áreas de preservação permanente se instalou sem respeitar os limites de recuo necessário estabelecidos pelas leis ambientais para manter a distância entre as edificações e os córregos, conforme rege no Plano Diretor da cidade de Bauru implicando na destruição do entorno dos fundos de vale.

Junto às margens dos córregos da Água do Sobrado, Água da Forquilha e Água da Ressaca ocorreu a ocupação espontânea sem que o Poder Público local garantisse a infra- estrutura urbana necessária como água encanada, rede de esgoto, arborização, áreas de lazer, coleta do lixo, guias, sarjetas e pavimentação asfáltica nas ruas as quais não possuem enquadramento, são esburacadas com erosões e deposição de lixo.

As casas dos moradores de baixa renda na periferia de Bauru são construídas com restos de materiais encontrados nas ruas como madeiras, placas de zinco, papelão e material plástico para ser utilizado como telhado e parede da moradia formando favelas em bairros com traçados irregulares em áreas íngremes de encostas nos fundos de vale.

Por outro lado, nestas mesmas áreas no entorno dos córregos da Água da Forquilha e da Água da Ressaca encontram-se os empreendimentos imobiliários localizados em condomínios fechados na zona sul da cidade de Bauru com terrenos terraplenados que possuem traçados regulares e infra-estrutura urbana como iluminação, pavimentação asfáltica, guias e sarjetas nas ruas, água encanada, rede de esgoto, arborização e áreas de lazer.

É no contexto da valorização espacial que se dá à concretização dos empreendimentos imobiliários. Embora esteja longe do centro tornou-se um “status” morar

nestes condomínios residenciais Villagio e Tívoli localizados no entorno do Córrego da Água da Ressaca e no Jardim do Sul próximo à montante do Córrego da Água da Forquilha.

A urbanização corporativista cuja complexa rede de fatores como tamanho urbano, modelo rodoviário, carência de transporte, especulação fundiária e imobiliária garantem a espacialização da pobreza do centro-periferia.

As condições existentes para a maioria da sociedade que vive em áreas urbanas vêm sendo agravadas. Neste contexto, nota-se a ocorrência dos espaços seletivos obrigando a maioria à submissão das lógicas mercantis e econômicas valorizando algumas áreas e desvalorizando outras (BARBOSA e NASCIMENTO JÚNIOR, 2004).

Contudo, apesar do Córrego da Água da Ressaca e Córrego da Água da Forquilha serem protegidos pela Secretaria do Meio Ambiente de Bauru a ação antrópica tem alterado as áreas de fundo de vale não respeitando a vegetação nativa e os limites ecológicos destas áreas bem como as sub-bacias hidrográficas.