• Nenhum resultado encontrado

Com o intuito de constatar a veracidade das formas de ocupação no espaço urbano de Bauru e as suas conseqüências os seguintes procedimentos metodológicos foram realizados:

a) Consultou-se o Departamento de Água e Esgoto de Bauru – DAE (2004) para adquirir os mapas da cidade de Bauru a serem analisados.

O mapa da Figura 11 identifica as áreas de preservação ambiental da cidade de Bauru e sua respectiva bacia hidrográfica em específico os córregos pertencentes aos Setores Especiais de Conservação de Fundo de Vale – SEC’s.

Figura 11: Áreas de Preservação Ambiental na Cidade de Bauru.

Fonte: Prefeitura Municipal de Bauru, Secretaria Municipal do Meio Ambiente - SEMMA, 1996 Escala: 1:100.000

Sua utilização contribuiu para visualizar as áreas de fundo de vale. Para tanto, foram retiradas as partes hachuradas que indicavam a ocupação do espaço urbano para que somente o aspecto físico fosse observado nas áreas de mananciais. O traçado do alto curso do Rio Bauru e de seus córregos foi realçado para melhor visualizá-lo e enumerado para identificação e construção da legenda.

b) Utilizou-se o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da cidade de Bauru fornecido pela Secretaria de Planejamento do Município – SEPLAN para verificar as disposições legais que regulamentassem o uso e a ocupação do solo urbano e averiguar as leis de proteção dos Setores Especiais de Conservação de Fundo de Vale – SEC’s.

c) Por meio de visitas aos respectivos córregos dos fundos de vale foram feitas observações "in loco" para comprovar e registrar as circunstâncias encontradas nas seguintes áreas de conservação permanente:

1. Água da Ressaca 6. Barreirinho 2. Água da Forquilha 7. Vargem Limpa 3. Água do Sobrado 8. Água Comprida

4. Da Grama 9. Ribeirão Vargem Limpa 5. Água do Castelo 10. Rio Bauru

d) Registrou-se por meio de fotografias tiradas com as máquinas Cyber Shot, 4.1 da Sony e Nikon S-3, lente 50 mm a situação encontrada nas áreas de preservação permanente para ilustrar os problemas ambientais causados pela expansão urbana irregular dos córregos urbanos.

e) Por meio de observação direta realizada nas áreas mais baixas dos fundos de vale identificou-se a degradação do ambiente físico e social urbano. Os dados obtidos permitiram a construção de seis tabelas nas quais foram avaliados os itens abaixo. Mapas obtidos junto ao DAE e à Prefeitura do Município de Bauru foram tomados como base para a averiguação efetuada.

1 Desmatamento 6. Adensamento Regular 2.Processo Erosivo 7. Adensamento Irregular 3. Mata Ciliar 8. Lixo Depositado

4. Assoreamento 9. Lançamentos de Esgotos 5. Queimadas 10. Contaminação da Água

f) Através do estudo “in loco” e de consultas ao Departamento de Água e Esgoto de Bauru - DAE, ao Fórum Pró-Batalha de Bauru além do Jornal da Cidade de Bauru, construíram-se tabelas contendo dados do alto curso, médio curso e baixo curso dos córregos relativos ao desmatamento da mata ciliar, processos erosivos, queimadas e deposição de resíduos sólidos, domésticos, industriais e da construção civil. Sempre que possível, tais impactos foram descritos em detalhes e estimados percentualmente.

g) As taxas de adensamentos regulares e irregulares foram apresentadas com base nos seus diferentes conceitos. Os adensamentos regulares foram computados a partir das ocupações aprovadas pelo Poder Público mesmo estando em áreas próximas de fundo de vale. Fizeram parte desta categorização construções verticais, chácaras e condomínios fechados. Por sua vez, os adensamentos irregulares são construções formando favelas e malocas que não foram regulamentadas pelo Poder Público, mas que se encontram nas áreas de fundo de vale. Estas ocupações foram observadas “in loco” no alto, médio e baixo curso dos córregos urbanos.

Levou-se em consideração quanto às ocupações regulares e irregulares conforme a Lei Federal 6.766/79 o parcelamento do solo que determina a distância mínima de quinze metros de cada lado dos córregos urbanos. O Plano Diretor da cidade de Bauru estabelece a distância permanente de trinta metros de cada lado dos córregos quando se trata de área de conservação.

h) Na contaminação da água foi confirmada com base em amostras feitas no local considerando-se o grau de coloração e odor nos diversos pontos alto, médio e baixo curso dos córregos. O lançamento de esgotos foi observado diretamente e por meio de dados obtidos junto ao DAE.

Os dados coletados no campo e oriundos das pesquisas documentais foram organizados e, em seguida, analisados comparativamente propiciando um diagnóstico da atual situação urbana das áreas de fundo de vale em Bauru.

4.3-OPROCESSO HISTÓRICO DE BAURU NA SUA FORMAÇÃO ESPACIAL

No começo do século passado Bauru se desenvolveu a partir de sua rede ferroviária ligando São Paulo-Bauru-Corumbá no Mato Grosso do Sul, o que colaborou no aumento da ocupação do leste para o oeste além de levar o crescimento a muitas cidades transportando grande parte da produção para o Porto de Santos.

Distrito em 1893, na jurisdição da Comarca de Lençóis, Bauru é município desde 1896 cercada pelos rios Tietê, Feio-Aguapeí e do Peixe até o rio Paraná. Eram mais de 35.000 Km2 (LIMA, 1978).

A Rodovia Marechal Rondon foi importante para o processo desta construção urbana e a responsável pelo surgimento em menos de meio século dos principais municípios que a margeiam como Botucatu (1855), São Manuel (1880), Lençóis (1865), Agudos (1898) e Bauru (1896). Também havia o município de Espírito Santo da Fortaleza (1887) que acabou sendo extinto e a Vila de São Domingos pertencente à Comarca de Botucatu a qual foi transferida para Lençóis em 16 de abril de 1868 (BASTOS, 1994).

A cidade de Bauru fez parte das chamadas “Frentes Pioneiras” que passaram a apropriar-se das terras do oeste paulista de maneira violenta com fins econômicos, financeiros e políticos através de várias lutas entre os colonizadores e os povos indígenas.

Os grandes fazendeiros dentro do contexto capitalista da produção de café queriam a dominação territorial e ferroviária. Isto tudo com a participação do Estado que desprezava a existência destes conflitos.

Basicamente as “guerras” de posse territoriais foram sempre contadas pelos povos de origem européia predominando a visão do colonizador. Quando um sertanejo resolvia se aventurar a abrir um sítio vinha os índios e o assaltavam não deixando que ele vivesse em paz. Apesar desses conflitos, muitos insistiam em continuar no local formando os povoamentos que deram origem às cidades (BASTOS, 1994).

Poucos registros comprovam a ocorrência de escravidão na região e na Vila de Espírito Santo da Fortaleza, sede antiga do município a que Bauru pertencia. Não se pode

atribuir o extermínio das tribos indígenas somente aos conquistadores e desbravadores porque se estaria sendo preconceituoso e contribuindo para a valorização do instinto de vingança e traição idealizando os “bugreiros” como valentes os quais, na verdade, eram perversos (LIMA, 1978).

Apesar dos índios e dos desbravadores terem contribuído para a destruição das matas, não é só a eles que cabe esta culpa. Para se compreender como se iniciou a degradação ambiental de Bauru, é preciso checar as origens da cidade sob a ótica capitalista na Província de São Paulo que cresceu baseada num novo Estatuto da Terra, a Lei 601, de 1850 (LIMA, 1978).

C

APITULO

5

R

ESULTADOS

-D

ESCRIÇÃO DOS

F

UNDOS DE

V

ALE

,C

ÓRREGOS

,

R

IBEIRÕES E O

R

IO

B

AURU

Pode-se verificar na Figura 12 a seguir a localização dos bairros da cidade de Bauru.

Figura 12: Localização dos bairros na cidade de Bauru Fonte: Produzido pelo autor: Valter Luís Barbosa Escala 1:70.000

Um dos fatores que justifica a degradação sócio-ambiental em áreas no entorno de fundo de vale é a evolução da expansão urbana ocorrida no período de 1996 a 2004 sem a devida preocupação com a capacidade de suporte dos ecossistemas impactados.

Na Figura 13 abaixo vemos a expansão das áreas urbanas em Bauru no ano de 1996 e no ano de 2004 próximas às áreas de fundo de vale.

Figura 13: A expansão urbana em fundos de vale - 1996 e 2004.

Fonte: Prefeitura Municipal de Bauru, Secretaria de Planejamento - SEPLAN, 1996.* Escala: 1:70.000

Prefeitura Municipal de Bauru, Secretaria de Planejamento - SEPLAN, 2004.* Escala: 1:70.000

*Sobreposição de Dados dos Mapas e Modificações Efetuadas pelo Autor: Valter Luís Barbosa

A seguir mostrar-se-ão as fotografias tiradas em vários bairros da cidade de Bauru e os seus respectivos mapas para comprovar a situação sócio-ambiental encontrada no entorno das margens dos córregos, dos ribeirões e do Rio Bauru.

5.1-CÓRREGO DA ÁGUA DO SOBRADO,CÓRREGO DA ÁGUA DA FORQUILHA E CÓRREGO DA