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Nesta seção são apresentadas as perguntas de pesquisa concernentes aos objetivos geral e específicos; as categorias analíticas; e também as definições constitutivas e operacionais das mesmas.

3.1.1 Apresentação das Perguntas de Pesquisa

Partindo do pressuposto que o empreendedorismo é um fenômeno social, que depende das condições socioculturais e históricas constituídas no ambiente, sendo influenciado pelas instituições vigentes e dependente dos recursos intercambiados por meio das redes sociais, facilitado pela existência de relações de confiança que caracterizam o capital social, constituem-se as seguintes perguntas de pesquisa que nortearão este estudo:

• Como as redes sociais estão constituídas dentro dos APLs de confecção analisados?

• Como se dão as interações entre os empreendedores e as instituições presentes no meio?

• Comparativamente, quais os recursos acessados por meio destas redes nos dois APLs analisados?

• Como se manifesta o capital social entre as redes estabelecidas pelos empreendedores?

3.1.2 Apresentação/Definição das Categorias Analíticas

Redes Sociais

DC: Para Julien (2010) e Johannisson (2000), as redes são ligações interpessoais interconectadas de maneiras múltiplas, que permitem dinamizar cooperação entre os indivíduos conectados, partindo da troca de informações. Birley (1985) as categoriza como formais e informais podendo, para Granovetter (1977) e Ducci e Teixeira (2011) serem também categorizadas pela frequência de contatos como sendo fortes (estabelecidas pelos contatos frequentes) e fracas (estabelecidas por atores que dispendem pouco tempo entre seus relacionamentos.

DO: São as estruturas de contatos sociais desenvolvidos entre os diferentes empreendedores, entidades e instituições formais e informais que compõem os APLs, e que são utilizadas no intercâmbio de recursos necessários a atividade empreendedora. Serão identificadas por meio das entrevistas realizadas a campo, da observação do meio social e pela consulta a documentos disponibilizados pelos atores entrevistados.

Capital Social

DC: Para Marteleto e Silva (2004, p.44), o capital social é definido “como as normas, valores, instituições e relacionamentos compartilhados que permitem a cooperação dentro ou entre os diferentes grupos sociais”. Segundo Putnam (2015), o capital social pode ser categorizado em capital social de ligação, desenvolvido endogenamente ao grupo, que permite o alcance de uma maior coesão às relações sociais e capital social de integração, desenvolvido entre grupos e que permite a o acesso a recursos diversificados dentro da estrutura social a partir da expansão das redes.

DO: É caracterizado pela frequência de contatos estabelecida pelos empreendedores presentes no APL, e pelos vínculos de confiança estabelecidos entre eles que permitem a efetivação do intercâmbio de recursos entre suas redes sociais. Será identificado através dos relatos dos entrevistados sobre as ações

coletivas desenvolvidas e os tipos de recursos intercambiados durante a realização destas interações.

No quadro 2 é realizada uma síntese das categorias analíticas e dos elementos de análise operacional definidos como objetos do presente estudo, seguindo proposta semelhante a executada por Ducci e Teixeira (2011):

Quadro 2 – Resumo das categorias analíticas

Categorias Analíticas Elementos de Análise

Caracterização e Tipos de Redes

Redes informais – Constituídas por contatos pessoais (relacionamentos, vínculos familiares e

de amizade);

Redes formais – constituídas por contatos profissionais, estabelecidos entre

empreendedores e outros agentes de instituições formais locais (BIRLEY, 1985)

Recursos Acessados Suporte emocional, informações; aconselhamento; recursos financeiros; e conhecimento utilizados na identificação e

aproveitamento de oportunidade; reforço identitário (DUCCI e TEIXEIRA, 2011; HOANG e

ANTONCIC, 2003; JULIEN, 2010; NEUMAYER, 2018).

Capital Social Confiança presente nas relações estabelecidas entre os empreendedores e demais atores presentes no meio; frequência de contatos entre

os atores (DUCCI e TEIXEIRA, 2011); Capital Social de ligação e Capital Social de

Integração (PUTNAM, 2015). Fonte: O autor (2019).

A utilização das redes sociais e dos recursos intercambiados por meio destas como categorias analíticas pretende possibilitar a identificação das estruturas de comunicação entre os integrantes do APL, permitindo visualizar a influência das instituições formais e informais sobre os relacionamentos dentro do arranjo e quais

os benefícios e restrições proporcionados à atividade empreendedora. A identificação de como o capital social se manifesta no arranjo permitirá compreender como os vínculos de confiança estão estabelecidos entre empreendedores e instituições, proporcionando a possibilidade de triangulação dos achados com a teoria de base estabelecida para a compreensão de seus efeitos sobre a atividade empreendedora nos APLs.

3.1.3 Apresentação/Definição de Outros Termos Relevantes

Empreendedorismo Regional:

DC: Para Julien (2010) o empreendedorismo regional é um fenômeno localizado e dependente das relações estabelecidas entre os atores regionais, o meio e o ambiente, em que as oportunidades empreendedoras são geradas a partir das interações realizadas no território onde a atividade ascende.

Desenvolvimento Endógeno

DC: “...consiste em um processo de mudança estrutural localizada (em uma área territorial denominada "região") que está associada a um processo permanente de progresso da própria região, da comunidade ou da sociedade que a habita e de cada um dos membros da região” (BOISIER, 2001, p. 07).

Instituições

DC: Para North (1990, 2006) e Hwang e Powell (2005), as instituições podem ser consideradas crenças e valores compartilhados em modelos cognitivos que estabelecem como as coisas devem ser feitas no meio social. Elas podem ainda ser caracterizadas como instituições formais, que são regras e normas legalmente estabelecidas (através de leis, normas legais e decretos) responsáveis por regular a sociedade ou informais, que incluem normas de conduta não registradas, advindas de tradições normais sociais e culturais e que se estabelecem a partir dos vínculos históricos constituídos em determinado contexto (NORTH, 1990; WILLIAMS e VORLEY, 2014).

DC: Para Cassiolato e Lastres (2003) e Jacometti et al. (2016), os APLs se caracterizam como aglomerados de empresas, direcionadas a oferta de produtos e serviços específicos vinculados a um setor de atividades, que se encontra em processo de formação, onde as empresas participantes desempenham papéis fundamentais na proposição de seu desenvolvimento, apresentando vínculos relacionais incipientes