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E-T (11) F, 15 Foi o estágio, Menor Aprendiz que faço, o estágio é à tarde e eu estudo de noite.

6 DIALOGANDO COM OS DADOS

J- E-T (11) F, 15 Foi o estágio, Menor Aprendiz que faço, o estágio é à tarde e eu estudo de noite.

J-E-T (12) F, 16 Trabalho. E porque tenho uma filha de um ano e oito meses.

J-E-T (14) F, 18 Trabalho, tive que sair da casa da minha família e a única chance de me

manter era trabalhando.

J-E-T (13) F, 18 Por conta do trabalho, comecei a trabalhar já nova, com 17 anos, aí tive que mudar meu horário. Se não fosse o trabalho, eu estaria numa escola integral, para me preparar para o Enem.

J-E-T (23) F, 20 Trabalho e cursinho pré-Enem.

J-E-T (7) M, 19 A procura pelo emprego.

J-E-T (26) M, 18 Pelo meu emprego.

J-E-T (34) M, 17 Porque eu tinha que trabalhar à tarde e para isso tinha que estudar à noite.

J-E-T (24) M, 17 Eu trabalho à tarde e pela manhã eu faço um curso. Por isso optei por estudar

à noite.

J-E-T (5) M, 19 Doença, um problema de pele, e também porque estou estudando à noite e

estagiando à tarde.

J-E-T (29) F, 18 Eu tive que trabalhar, estagiar, para ajudar em casa e também para me

sustentar.

Fonte: Tabela construída a partir dos dados obtidos pela pesquisa.

Se analisarmos o Quadro 5, podemos perceber como estes jovens vieram a ter acesso ao Ensino Médio noturno. Neste caso, os nossos sujeitos sociais, a sua relação com o trabalho e a educação se estabelece, segundo seus depoimentos, como o principal motivo da busca pelo período noturno. Entretanto, vale ressaltar outro ponto, que diz respeito à maternidade, expressado pelas jovens.

A partir do Censo Escolar (2014), podemos perceber dois movimentos acontecendo com o Ensino Médio no Estado de Pernambuco. O primeiro é a diminuição da oferta de escolas pela rede pública de ensino, assim caracterizado pelo período apresentado, somente se referindo ao campo em que nossa pesquisa está localizada, na cidade do Recife, subdividida em Regionais para melhor atender a gestão escolar no Município. O segundo movimento se torna consequência, por se tratar da diminuição drástica das matrículas iniciais nesta modalidade do Ensino Médio regular.

Deste modo, seguimos apresentando o levantamento do perfil dos jovens-estudantes- trabalhadores da nossa pesquisa.

Gráfico 1 - Levantamento do perfil dos jovens-estudantes-trabalhadores

Fonte: Gráfico construído a partir dos dados obtidos pela pesquisa.

No Gráfico 1, podemos perceber, na amostra analisada, o fenômeno da distorção série- idade na rede pública estadual do Recife. Verifica-se, no entanto, que 23% dos estudantes que compõem o universo da nossa pesquisa, encontra-se na faixa etária entre 15 e 17 anos de idade. Os outros 72% correspondem aos estudantes que estão com idade de 18 anos ou mais; e 5% não opinaram.

Em comparação com os sujeitos que envolvem a nossa pesquisa, jovens-estudantes- trabalhadores, este dado também se repete. Assim, percebemos que 24% desses estudantes que declararam estar trabalhando, encontram-se desta forma na faixa etária compreendida entre 15 e 17 anos, que seria a idade ideal para cursar o Ensino Médio. Isso implica que 73% têm 18 anos ou mais; e 3% estão acima dos 30 anos. Tal dado refletiu diretamente no recorte que inicialmente pensamos em fazer para esta pesquisa. Deste modo, tivemos que reconsiderar o perfil dos nossos sujeitos sociais, pois entendemos que ampliar a faixa etária iria contribuir para que um maior número de pessoas pudesse participar da pesquisa, como já

30 69 14 13 7 133 28 44 8 2 2 84 0 20 40 60 80 100 120 140 15-17 18-20 21-28 MAIS DE 30 NÃO OPINOU TOTAL

considerado acima. Levando em conta as categorias estabelecidas, e também modificadas por conta desta mudança metodológica, diante desses dados preliminares, observamos que 23% dos jovens estão na faixa etária compreendida entre 15 e 17 anos; 73% encontra-se na idade de 18 aos 29 anos; e 3% encontra-se com 30 anos de idade ou mais.

Levamos em consideração, também, todas as dificuldades diárias vivenciadas no âmbito do campo de pesquisa, como, por exemplo, falta de professores, estudantes que não comparecem às aulas, dificuldade em conseguir espaço nas aulas para falar com os estudantes, horário das aulas, e outras dificuldades existentes no contexto da realidade local.

Em nossas idas ao campo de pesquisa, percebemos que, ao ofertar o turno noturno, a escola, em nosso entendimento, vivencia uma experiência pedagógica e escolar pautada pelo pragmatismo. Nesse sentido, a prática pedagógica é restringida às limitações das atividades docentes, da organização escolar e do marco normativo, em que o professor entra em sala, na maioria das vezes com um tempo de aula menor do que o ofertado no turno diurno, e ao terminar, vai para outra sala, e assim segue até terminar o turno. Esta vida escolar, este movimento sem mudanças e alterações, leva-nos a compreender algumas falas que foram apresentadas pelos estudantes em nosso levantamento de dados, e que se encontram no Quadro 6.

Quadro 6 - Diferença entre turnos de aulas

Para você existe alguma diferença entre o ensino médio noturno e o diurno? Por que?

J-E-T (4) F, 17 Existe sim. Eu estudava integral antes e tinha bem mais coisas, era bem mais

puxado. À noite tem bem menos assuntos, bem menos aulas, bem menos professores. Então chega a ser complicado estudar à noite, mas é uma coisa que a gente precisa para quem trabalha. Chegou a ser necessário.

J-E-T (9) M, 18 Tem sim, bastante. As aulas são muito poucas, e não dá para aprender

praticamente nada à noite.

J-E-T (7) M, 19 Existe. Primeiramente a diferença de horário, pois de noite é meia hora de

aula e durante o dia são 50 minutos. E tem a diferença na hora da merenda também, de noite é antes de começar a aula, e durante o dia é depois de dois ou três horários de aula.

J-E-T (2) F, 17 Existe. O tempo das aulas, de noite elas são menores. É difícil um professor

dar um assunto, que de manhã pode dar em duas aulas, apenas numa aula de noite.

J-E-T (1) M, 20 Sim, com certeza, porque durante o dia há um grande aproveitamento. As

aulas são de maior duração, a gente não passou um dia de trabalho cansativo para depois chegar com a mente pesada na escola, não conseguindo desenvolver bem. Então com certeza à noite se torna mais difícil estudar devido a esse aspecto.

J-E-T (15) F, 16 Existe, porque eu estudava integral e era mais puxado, o ensino era mais

rigoroso para ajudar a gente ir para uma universidade mais na frente, e era 40 minutos, era de 7h da manhã até cinco e meia da tarde, e aqui só é meia hora de aula.

porque os horários são maiores, 50 minutos. A noite não dá para aprender muita coisa porque é só meia hora de cada aula.

Fonte: Tabela construída a partir dos dados obtidos pela pesquisa.

Deste modo, compreendemos que ao vivenciar uma rotina rígida da sua atividade escolar, o corpo docente da escola tende a apresentar uma negativa a qualquer movimento que surja fora da rotina pedagógica interna. Por isso, relatamos a nossa dificuldade no acesso aos sujeitos no campo de pesquisa. Para conseguirmos aplicar os questionários foi necessário um esforço do pesquisador, tendo em vista esse sistema de aula rígido e com uma duração de tempo inferior ao turno diurno. Assim, acreditamos ser necessário compreender, a partir das falas dos estudantes, como se caracteriza esse novo processo pedagógico. Para tanto, entendemos ser prudente:

Destacar a contingência e a historicidade da escola significa perceber que os processos de escolarização atuais são uma resposta às necessidades de complexificação das sociedades contemporâneas, resultantes das demandas da industrialização e da urbanização, podendo ser reinventados na medida em que esses processos aceleram-se e na medida em que os sujeitos sociais agem sobre eles(...)Destacamos que, no Brasil, esse processo tem suas especifi cidades e realiza-se no contexto da diversidade cultural e da desigualdade social (Mainerz e Caregnato, 2011, p. 44).

Isso nos ajuda a perceber como o Ensino Básico da rede pública encontra-se cercado de variáveis que podem auxiliar no processo de escolarização, ou mesmo provocar obstáculos que venham a minimizar o efeito socializador e transformador da conclusão do Ensino Médio para os jovens que nele estão depositando sua possibilidade de superação das desigualdades sociais existentes em seus contextos de vida.

Essas diversidades relatadas pelos autores são compreendidas quando apresentamos dados que correspondem ao nível de escolaridade dos pais. Ao efetuarmos um levantamento referente à escolaridade dos pais destes jovens, com um comparativo entre as escolas “A” e “B” no que se refere a este ponto específico, percebemos claramente como o papel da mulher e da mãe-mulher torna-se essencial para o desenvolvimento da vida estudantil desses jovens.

Na Escola “A”, encontramos os seguintes dados no que diz respeito à conclusão do Ensino Médio: 21% dos pais concluíram esta etapa de ensino, e as mães alcançam o total de 34% no que se refere à conclusão do Ensino Médio. Nesta escola, 21% dos jovens não sabiam a escolaridade dos pais, e 8% não sabiam das a escolaridade das mães. Na Escola “B”, encontramos um diferencial: 42% das mães concluíram o Ensino Médio enquanto que o número no que se refere aos pais foi de 36%. As respostas vazias dos estudantes em relação a

este questionamento na Escola “B”, tanto para pais quanto para mães, em relação a sua escolaridade, não chega a 3%.

Gráfico 1 A - Escolaridade dos pais - Escola “A”

Fonte: Gráfico construído a partir dos dados obtidos pela pesquisa.

Gráfico 1B - Escolaridade dos pais - Escola “B”

Fonte: Gráfico construído a partir dos dados obtidos pela pesquisa.

Essa comparação é importante para notar que as duas escolas, situadas em regionais diferentes, também apresentam diversidades no que tange à sua população juvenil. Assim, também é pertinente considerar de modo comparativo e perceber que além da diferença

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