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QUAIS SÃO SEUS TRÊS PRINCIPAIS DESEJOS – JUVENTUDE Ter uma condição financeira boa Conquistar meus objetivos.

Sempre alçar meus objetivos. Ter minha casa.

E ser feliz com minha família. Conhecer Willy Morales, um brasileiro de sucesso.

Dar uma casa para minha mãe. Dar uma vida melhor para minha mãe. Ter uma boa condição financeira futuramente. Ter casa própria.

Viagens e sucesso social. Ser uma pessoa com um futuro bom.

Gravar um cd. Ser sempre melhor que ontem.

Proporcionar uma vida boa para a minha família.

Ter condição boa para meus filhos.

Ter uma condição financeira boa. Conquistar meus objetivos. Fonte: Quadro construído a partir dos dados obtidos pela pesquisa.

Deste modo para os autores supracitados, a escola e o trabalho não se caracterizam como uma garantia para estas promessas. Assim, entende-se que este processo de escolarização vivenciado pelos nossos sujeitos sociais, pode encontrar fragilidade no seu percurso formativo, levando estes jovens ao que esta pesquisa considera ser uma precarização do Ensino Médio noturno. Os desejos de “falar inglês”, “fazer uma faculdade” e “me formar” acabam sendo a única perspectiva real e concreta de mobilidade social para estes jovens- estudantes-trabalhadores. O que podemos perceber, através dos Quadros 17 e 18, é que existe uma clara mudança no perfil destes jovens, que se expressa em uma nova mudança no comportamento organizacional dessa geração de juventude, e que entendemos, mesmo com as ressalvas apresentadas pelos autores, que nitidamente ela envolve a escolarização, a família e o mundo do trabalho. Entendemos que, mesmo diante das fragilidades expressadas pelos jovens, os desejos contidos neste levantamento fazem parte da realidade vivenciada por eles em suas vidas.

Assim, pode-se dizer que a compreensão que a nossa pesquisa apresenta diante da categoria jovem e juventude, e que envolve também as respostas presentes no Quadro 18, agrega algumas características necessárias que, para Cassab (2010), corresponde a um movimento que “exige pensar e tratar o jovem como sujeito social e a juventude como um momento” (p. 40).

Neste sentido, o autor considera ser necessário desnaturalizar essas duas categorias, para, assim, poder tratá-las partindo de um princípio de que as mesmas são construídas social e historicamente, sendo, desse modo, passíveis de total mudança, seja no tempo (geracional) ou no espaço (cultural, social e político, em que se encontram inseridas).

Os desejos expressados por estes jovens através do levantamento realizado para esta pesquisa nos ajudam a pensar como a relação entre mundo do trabalho, juventude e escolaridade vem sendo construída desde a promulgação da Lei nº 5692/1971 (BRASIL, 1971). Isso implica dizer que o projeto de Educação Básica presente em nossas escolas, aqui

utilizando o Ensino Médio noturno como fonte de análise, constitui uma perspectiva de sociedade e de nação voltadas para uma ótica produtivista e exclusivamente pautada por um ideário neoliberal.

Nesta perspectiva, estabelece-se somente um único olhar para a categoria trabalho Saviani (2007) e Frigotto (2009), que é aquele que interessa ao mundo do trabalho, no sentido de estabelecer mão de obra precária para substituir postos de trabalho que fazem parte do subemprego. Isto é o que Oliveira (2018) considera como uma precarização da escolarização, levando estes jovens ao mundo do trabalho precarizado.

Seguindo a nossa linha de análise, que envolve o primeiro momento do levantamento de dados, o último questionamento feito para os jovens volta-se para as três maiores dificuldades encontradas pelas pessoas da sua idade. As respostas seguem a interpretação que estes jovens expressam sobre o mundo do trabalho, a partir de uma realidade social que envolve a escola e também a sua própria juventude.

A ausência de um entendimento maior e mais aprofundado diante da categoria trabalho faz com que estes jovens tenham uma única e reducionista visão do que é apresentado para eles como sendo trabalho. Deste modo, é perceptível como esta visão, em nosso entendimento, é simplória para o campo da empregabilidade, considerando o papel da atividade laboral. Apresentamos em seguida, no Quadro 19, algumas respostas que ilustram o pensamento destes jovens diante do tema que estamos abordando. Neste sentido, (FRIGOTTO, 2009, p. 172) considera:

Por certo o mais comum é que a grande massa dos que pertencem e têm experiência real de classe trabalhadora e que não necessariamente têm consciência de classe tome trabalho e emprego, como sinônimos, assim como o de classe como um contínuo de estratificações, um senso comum imposto pelo pensamento sociológico, econômico e político e sedimentado dia a dia pela mídia: classe A, B, C, D, E...

Como salientado em todo o nosso percurso teórico, a categoria trabalho poderia constituir um papel central no processo de formação destes jovens, podendo ser apresentada na sua perspectiva integradora, na sua integralidade ontológica. Por isso, trabalho e emprego devem ser considerados e apresentados como antônimos, para que estes sujeitos sociais possam ter a oportunidade de se relacionar com esta categoria não apenas e somente através da relação presente entre capital x trabalho, mas também como forma de existir e de agir no meio social em que estão inseridos. Assim, o autor considera que é preciso superar a relação de venda da força de trabalho, para que assim possamos interagir com a categoria trabalho

para além do conceito de empregabilidade. É neste sentido que o Quadro 19 se apresenta como uma possibilidade de analisar a interpretação que essa juventude apresenta a partir das suas dificuldades, sendo dividido entre três agrupamentos de respostas pré-estabelecidas para realizar a nossa análise.

Quadro 19 - Dificuldade de ser jovem Respostas (217) questionários aplicados.

QUAIS AS TRÊS MAIORES DIFICULDADES PARA UMA PESSOA DA SUA IDADE?