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III. Material e Métodos

III.1. Estabelecimento de normas DRIS para a cultura da vinha

2. Estabelecimento de padrões nutricionais para a cultura da vinha

No decorrer deste trabalho foi necessário desenvolver e atualizar a base de dados do software do DRIS para que esta se tornasse mais robusta e capaz de, não só refletir a realidade vitícola nacional, mas também de incluir diferenças nutricionais resultantes da variabilidade do fator ano. Com esse propósito, no ano agrícola de 2011, foram contactadas várias associações portuguesas de agricultores, as quais contribuíram com novos dados de parcelas de vinha, relativos aos anos de 2009 e de 2010. Através da sua colaboração constituíram-se seis novas bases de dados, que, no decorrer deste trabalho experimental, foram testadas e estudadas com o objetivo de estabelecer novos padrões nutricionais para a vinha. Estas partem de um vasto conjunto de observações, e resultam de combinações de vinhas provenientes de várias regiões de Portugal continental, apresentando diferentes tamanhos (93 observações e 199 observações). Nelas se testou também a diferença entre o cálculo DRIS englobando todos os nutrientes analisados ou apenas uma seleção destes. Pretendeu-se, com esta metodologia, estimar o impacto da seleção de distintas bases de dados (composição, tamanho e nutrientes) na constituição das normas DRIS, bem como no cálculo dos índices para a cultura da vinha.

2.1. Escolha das parcelas agrícolas

As associações que decidiram participar nesta fase de atualização de padrões nutricionais para a vinha (às quais se agradece a recetividade e o apoio na recolha de dados tão importantes para o desenvolvimento deste trabalho), foram a Associação de Agricultores de Produção Integrada dos Frutos de Montanha (AAPIM), a Associação de Proteção Integrada e Agricultura Sustentável do Zêzere (APPIZÊZERE) e a Associação dos Produtores Agrícolas da Sobrena (APAS). Graças a esta colaboração, foi possível estabelecer novas bases de dados para o cálculo do DRIS.

À semelhança da fase primária de estabelecimento de padrões nutricionais, as parcelas foram divididas em duas subpopulações – de alta produção (A) ou de baixa produção (B) –, consoante a produtividade média por hectare fosse superior ou inferior a 5 toneladas. Solicitou-se ainda que as vinhas de alta produção fossem igualmente selecionadas de acordo com indicadores qualitativos.

Obtiveram-se, por fim, seis bases de dados: A93; B93; C93; A199; B199 e C199. A primeira, a A93, corresponde à base originalmente usada na Fase I do estabelecimento das normas DRIS. As restantes resultaram de diferentes

combinações do universo de observações recolhido, sendo que em todas elas é comum a inclusão das observações a que correspondiam maiores valores de produtividade média, de acordo com as informações fornecidas por alguns parceiros. Esclarece-se ainda que as bases de dados com 199 observações resultam diretamente das primeiras (A, B ou C), às quais se juntaram 106 novas observações.

2.2. Colheita de folhas, determinações analíticas e tratamento dos dados experimentais obtidos

A colheita de folhas foi realizada pelas Associações de Agricultores, segundo as normas pré-estabelecidas constantes do Anexo II. Seguiu-se a sua análise, de acordo com a metodologia descrita no Anexo IV e no ponto 1.2 do Estabelecimento de padrões nutricionais para a cultura da vinha: Fase I. Para cada amostra elaborou-se o respetivo relatório de análise, tendo as recomendações de fertilização sido baseadas no Critério de Intervalos de Suficiência, de acordo com a publicação do INIAP (2006).

2.3. O Formulário DRIS

Em primeiro lugar, estabeleceram-se as normas DRIS respeitantes a cada base de dados considerada. A hipótese do valor r foi excluída, pela razão já anteriormente enunciada. No que diz respeito às funções das razões dos nutrientes, optou-se pela rejeição do método Beaufils (1973) modificado por Elwali & Gascho (1984), dado o facto dos dois outros métodos serem os mais promissores, segundo a bibliografia estudada. Para o método Beaufils (1973), a constante de sensibilidade escolhida foi 0,1 e para o de Jones (1981) foi 30, sendo estes números os que melhor funcionaram nos testes de interação de diferentes valores de k. O somatório das funções envolvendo cada nutriente não contemplou o cálculo do M-DRIS visto a reintrodução do efeito da idade do tecido foliar no processo de diagnóstico nutricional implicar a padronização da colheita de amostra, anulando uma das vantagens proposta pela metodologia DRIS original.

Os índices DRIS foram calculados para cada base de dados na totalidade dos seus nutrientes (N, P, K, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn, Zn e B), ou numa seleção composta pelos seguintes elementos: N, P, K, Ca, Mg e B. A razão da eliminação dos micronutrientes da análise DRIS resulta da observação de valores excessivamente elevados, os quais sugerem contaminações, responsáveis por uma marcada influência no cálculo dos índices DRIS. Destes, manteve-se apenas o boro por ser um dos micronutrientes mais importantes na cultura da vinha. A classificação dos índices DRIS

obtidos foi efetuada de acordo com o referido no ponto 1.3.1 do Estabelecimento de padrões nutricionais para a cultura da vinha: Fase I.

2.3.1. Comparação das bases de dados obtidas

Para cada base de dados calcularam-se os índices de balanço nutricional (IBN), segundo as diferentes modalidades de cálculo. Esta metodologia foi aplicada aos resultados de análises foliares obtidos nas duas parcelas de vinha em estudo. A média do IBN para cada ano, estado fenológico e tratamento de fertilização, serviu como critério de comparação entre as diversas opções.

2.3.2. Estabelecimento de padrões nutricionais para a vinha

Perante os resultados comparativos das diferentes bases de dados criadas, selecionaram-se novos valores de normas (média, desvio padrão, coeficiente de variação) e variâncias a utilizar no cálculo dos índices DRIS na vinha. Mais uma vez, em relação à seleção da ordem de relação entre pares de nutrientes aplicou-se a metodologia do valor F, tendo sido verificadas as diferenças estatísticas entre a variância das relações para a razão entre a subpopulação de baixa produtividade e a população de referência.

2.4. Aplicação do Formulário DRIS: Fase II

2.4.1. Aplicação da metodologia DRIS às parcelas de vinha em estudo

Com o propósito de validar as normas até então obtidas, selecionaram-se duas parcelas de vinha, uma na Região dos Vinhos Verdes e outra na Região Demarcada do Douro, nas quais se aplicou, anualmente, a metodologia DRIS (Secção III.2.).

Nos anos agrícolas de 2009 e de 2010, os cálculos do DRIS foram realizados recorrendo às normas estabelecidas e baseadas na população A93, cuja metodologia se encontra descrita na Fase I. Para efeitos de análise consideraram-se as relações entre todos os nutrientes. Nos dois últimos anos deste trabalho, e após a criação de novas bases de dados e do estudo comparativo das normas por elas geradas, bem como dos índices DRIS e dos valores de IBN, selecionou-se a população A199 para o estabelecimento de padrões nutricionais. Além desta alteração, considerou-se a exclusão da análise dos micronutrientes Cu, Fe, Mn e Zn.

2.4.2. Aplicação da metodologia DRIS ao Critério de Intervalos de Suficiência

A metodologia DRIS, segundo as diferentes bases de dados, foi também aplicada ao cálculo dos índices DRIS para os valores estabelecidos para a vinha, segundo o Critério de Intervalos de Suficiência. Este procedimento tem como objetivo averiguar a concordância dos dois critérios de avaliação nutricional.

III.2. Aplicação da metodologia DRIS na Região dos Vinhos