• Nenhum resultado encontrado

III. Material e Métodos

III.2. Aplicação da metodologia DRIS na Região dos Vinhos Verdes e na Região

3. Instalação e manutenção do ensaio

Neste trabalho, estudaram-se quatro modalidades distintas de fertilização foliar. A saber,

a) TEST – Testemunha

b) CIS – Avaliação dos resultados de análises foliares, segundo o Critério de Intervalos de Suficiência

c) DRIS 1 – Avaliação dos resultados de análises foliares, segundo o método DRIS proposto por Beaufils (1973)

d) DRIS 2 – Avaliação dos resultados de análises foliares, segundo o método DRIS proposto por Jones (1981)

Em ambas as parcelas, com vista a reduzir a variação local decorrente de eventuais gradientes de fertilidade resultantes do aumento de espessura do solo, associados à diminuição do declive das parcelas, bem como outros aspetos inerentes à própria parcela, optou-se por um delineamento em blocos casualizados com quatro repetições. Cada um dos blocos era constituído por oito bardos de vinha, isto é, quatro linhas que representavam as quatro modalidades a estudar, havendo sempre de permeio um bardo de guarda evitando, assim, que as plantas instaladas marginalmente pudessem ser influenciadas pelos diferentes tratamentos experimentais contíguos. De modo a evitar o efeito de outras variáveis no estudo, decidiu-se ainda excluir os pés de vinha iniciais e finais de cada bloco, assim como as linhas de bordadura.

Cada talhão experimental, correspondente a parte de uma linha, era composta por 10 ou 15 videiras – conforme se tratava da Região Demarcada dos Vinhos Verdes ou da Região Demarcada do Douro, respetivamente –, de vigor médio, tendo sido marcadas no terreno de forma permanente. Em resultado deste delineamento experimental, realizado em blocos completos casualisados tipo Split-Plot com medidas repetidas, obtiveram-se, por parcela, 16 talhões experimentais.

Nos anos agrícolas de 2011 e de 2012, optou-se por subdividir os talhões experimentais em duas parcelas, numa delas foi feita uma adubação ao solo segundo as análises de terra do próprio ano, e na outra não houve qualquer intervenção ao nível da fertilização ao solo, formando-se então um novo modelo de delineamento experimental muito semelhante ao Split-Split-Plot.

De referir que a recolha de dados teve como base todas as videiras selecionadas, sendo expressa a média das observações realizadas. Contudo, sempre que as determinações o implicavam, recorreu-se a menor número de registos, englobando apenas algumas videiras selecionadas para esse efeito.

A instalação do ensaio nas duas parcelas encontra-se esquematizada em Anexo (Anexo X). A informação referente à análise estatística e ao tratamento dos resultados estão descritos no ponto 8. Análise estatística e tratamento de dados.

3.2. Fertilização Foliar

A fertilização foliar foi realizada assim que os resultados das análises foliares à Floração eram conhecidos, coincidindo normalmente com o período compreendido entre o estado de Bago de ervilha (Estado K segundo a escala de Baggiolini – Anexo VII) e o estado de Cacho fechado (Estado L de Baggiolini – Anexo VII), conforme se representa na tabela 9.

Tabela 9. Calendário de aplicações foliares em cada parcela.

Parcela Ano Data Fenologia

EVAG

2009 13 de julho Cacho fechado (L)

2010 18 de junho Alimpa (J)

2011 31 de maio Bago de ervilha (K)

2012 22 de junho Bago de chumbo/

Bago de ervilha (K)

QTA S. LUIZ

2009 2 de julho Cacho fechado (L)

2010 15 de junho Alimpa (J)

2011 3 de junho Bago de ervilha (K)

2012 19 de junho Bago de chumbo/

Bago de ervilha (K)

Nota: Na coluna referente à fenologia, as letras maiúsculas entre parênteses representam a notação fenológica segundo a escala de Baggiolini.

O planeamento da fertilização foliar foi estabelecido de modo a que os cálculos para a elaboração da calda tivessem em conta, não só as necessidades em nutrientes estimadas a partir dos resultados da análise de folhas colhidas à Floração e analisadas de acordo com as diferentes metodologias, mas também as formulações comerciais e as doses recomendadas dos produtos aplicados, assim como a área a tratar. Por essa razão, a seleção dos fertilizantes foi um processo criterioso no qual se

considerou a riqueza destes no nutriente que se pretendia veicular. De forma a evitar reações adversas decorrentes da mistura de diferentes fertilizantes, decidiu-se aplicar separadamente cada um dos seguintes nutrientes: azoto, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, ferro, manganês, zinco e boro. Nas tabelas 10 e 11 representa-se o plano de fertilização foliar seguido nas duas parcelas em análise. Esclarece-se ainda que, no planeamento da fertilização segundo o CIS foram, normalmente, considerados aqueles nutrientes cujas concentrações à altura da Floração foram classificadas como baixas. Ainda assim, analisando o conceito de fertilização numa perspetiva global, sempre que o teor de algum macronutriente se encontrava próximo do limite inferior do intervalo, decidiu-se fertilizar. Em relação ao DRIS, recorreu-se ao software de recomendação para realizar simulações, nas quais se suplementava, em cada passo, o nutriente mais limitante até que o valor de IBN obtido fosse o mais baixo possível.

Tabela 10. Fertilização foliar (UF/ha) seguida na EVAG (dose de calda de 800 l/ha).

Nutriente

2009 2010 2011 2012

CIS D1 D2 CIS D1 D2 CIS D1 D2 CIS D1 D2

UF/ha N 0,35 0,30 0,28 0,43 0,40 0,30 0,10 0,15 0,15 0,25 - - P2O5 0,09 0,47 0,41 0,24 0,38 0,50 - 0,30 0,56 0,21 0,32 0,18 K2O - - - 0,78 1,51 1,32 - - - 0,78 0,39 - CaO 0,28 0,18 0,23 - 0,04 - 0,26 0,35 0,35 0,05 - 0,04 MgO 0,12 0,46 0,46 - 0,44 0,30 - - 0,13 - - 0,05 Cu - - - - Fe 0,03 0,03 - 0,03 - - 0,12 - - 0,03 - - Mn - 0,20 0,37 - 0,26 0,37 - - - - Zn - - - 0,02 - - - - B 0,08 0,08 0,09 - - - 0,08 0,04 0,08

Nota:“–” Ausência de aplicação.

Tabela 11. Fertilização foliar (UF/ha) seguida em S. Luiz (dose de calda de 800 l/ha).

Nutriente

2009 2010 2011 2012

CIS D1 D2 CIS D1 D2 CIS D1 D2 CIS D1 D2

UF/ha N 0,86 0,42 0,51 0,84 0,88 1,02 0,33 0,62 1,05 1,44 0,24 0,62 P2O5 - 0,59 0,30 - 0,37 0,33 - 0,24 0,59 - - - K2O 2,71 0,97 1,82 2,71 2,64 3,88 2,09 2,95 3,88 2,71 2,48 2,25 CaO 0,33 0,27 0,28 0,35 0,38 0,45 0,25 0,38 0,48 0,07 - 0,11 MgO - 0,14 0,15 0,21 - 0,60 - - - - Cu - - - - Fe 0,12 0,01 - 0,12 0,01 0,02 - - - - Mn - 0,02 - - 0,02 0,03 - - - - Zn - - - - 0,02 0,14 - - - - B 0,03 0,04 0,04 0,06 0,07 0,08 - - 0,06 0,06 - 0,07

O procedimento de aplicação foliar destes fertilizantes foi realizado por dois operadores que fertilizavam em simultâneo a mesma linha de ambos os lados, recorrendo a um pulverizador de dorso. Em relação ao número de plantas a adubar, definiu-se que na Região dos Vinhos Verdes iriam ser pulverizadas 15 videiras, por cada talhão experimental, enquanto na Região Demarcada do Douro tratar-se-iam 30 plantas. O volume de calda foi de 800 l/ha.

De forma a complementar os resultados, em cada área de ensaio, foram distribuídos, aleatoriamente, papéis hidrosensíveis de 26  76 mm (Oliveira et al., 2004), com a finalidade de comparar a qualidade e a uniformidade das aplicações efetuadas nas modalidades a testar.

3.3. Fertilização ao Solo

Nos anos agrícolas de 2011 e de 2012, optou-se por subdividir os talhões experimentais em duas partes. Numa delas foi feita uma adubação ao solo, de acordo com as análises de terra desse mesmo ano, e na outra não houve qualquer intervenção ao nível do solo.

Na EVAG, a aplicação dos fertilizantes foi feita mecanicamente, com distribuidor de adubo sendo que, nas zonas de fronteira entre sub-modalidades (3 cepas) se decidiu fazer a aplicação localizada, junto à linha, evitando assim contaminações indevidas. Em S. Luiz, no ano de 2011, a fertilização foi feita manualmente, junto à linha. Todavia, no ano seguinte, a opção recaiu sobre fertirrigação. Para tal, com o intuito de compensar o declive da parcela e dado que a vinha não tinha instalado nenhum sistema de rega, fez-se um covacho imediatamente acima de cada videira, de modo a permitir a adubação no local.

A fertilização ao solo teve lugar nos meses de março e abril, tendo a fertirrigação sido prolongada desde abril a agosto, segundo um esquema de aplicações quinzenais. Nas tabelas seguintes (Tabelas 12, 13 e 14) encontram-se resumidas as fertilizações ao solo realizadas nas duas parcelas de vinha estudadas.

Tabela 12. Esquema de fertilização ao solo (UF/ha) seguido na EVAG.

Nutriente Ano 2011 Ano 2012

(UF/ha) N 7,5 43,9 P2O5 27,8 38,5 K2O 15,0 - CaO 20,5 74,9 MgO 2,1 12,8 B 0,321 -

Nota:“–” Ausência de aplicação.

Tabela 13. Esquema de fertilização ao solo (UF/ha) seguido em S. Luiz no ano de 2011.

Nutriente Ano 2011 (UF/ha) N 29,0 P2O5 58,0 K2O 87,0 CaO 21,8 MgO 14,5 Cu 0,014 Fe 0,375 Mn 0,175 Zn 0,035 B 0,033 Mo 0,015

Nota:“–” Ausência de aplicação.

Tabela 14. Esquema de fertirrigação (UF/ha) seguido em S. Luiz no ano de 2012.

Nutriente Abril Maio Junho Julho Agosto

Total anual UF/ha N 0,45 0,315 1,35 0,315 1,35 3,78 K2O 5,65 4,65 4,65 4,65 4,65 24,25 CaO - - 1,8 - 1,8 3,6 MgO - 1 - 1 - 2 Fe - 0,005 - 0,005 - 0,01 Mn - 0,005 - 0,005 - 0,01 Zn - 0,002 - 0,002 - 0,004 B - 0,025 - 0,025 - 0,05 Mo - 0,0001 - 0,0001 - 0,0002